segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Mortes sem imprensa e a imprensa doente


Nesta última semana fiquei sabendo de mais duas mortes de ciclistas, Matheus Mello na esquina da av. Faria Lima com av. Cidade Jardim, e uma jovem dentro de um posto de gasolina. Angelo, juiz aposentado, sempre repete que a imprensa não dá praticamente nada do que realmente acontece e não poderia ser diferente. Temos uma morte violenta a cada dois minutos... Mais, o que chega ao público tem baixa qualidade de informação.

Estou muito cansado de dar entrevistas por que praticamente todo jornalista quer ouvir o que quer ouvir, não tem capacidade de entender o que o entrevistado está dizendo, não sabe o que é checar, cruzar informação do que foi dito, não tem no próprio dicionário a palavra "investigar", o que é deprimente, de uma pobreza sem fim. Sem investigação não há jornalismo, não há imprensa. 

Muitos dos problemas que estão ocorrendo agora com os ciclistas decorrem do monte de besteira que foi e continua sendo publicado pelas mídias e imprensa, não importando, o tamanho, a força e ou tradição do órgão ou jornalista envolvido. Todos carecem de inteligência, quando não de dignidade.

A notícia sobre a morte de Matheus peca por erros básicos, que começam pelo local, já que a av. Faria Lima não cruza com a av. Nove de Julho, como está escrito, e terminam pelo crime de imputar culpa automática ao motorista do caminhão envolvido no acidente. Conheço bem o local, mesmo assim voltei lá hoje. A visibilidade do ciclista é total, minimamente de uns 30 metros em qualquer direção. É muito difícil não ver ou ouvir um caminhão mesmo que este esteja desembestado. Gostaria de saber o que aconteceu de fato.

O outro acidente fatal, que soube por uma conhecida da vítima, ocorreu dentro do posto de gasolina quando a jovem estava agachada calibrando o pneu e foi atingida por um motorista que deu marcha a ré, provavelmente sem conseguir vê-la. Ela caiu e apagou.

Não dá para divulgar todo acidente e morte, principalmente pela absurda avalanche de corpos frios que temos minuto a minuto no Brasil. O Brasil real, como é mostrado no site http://ocamera.com.br/site/, deve ser exibido, mas é pouco produtivo.  É muito melhor ter informação geral de qualidade que nos dê ferramentas para pensar, decidir e agir com inteligência. Um dos grandes prazeres, e motivo de profunda tristeza também, que tenho quando estou fora do Brasil é ver noticiários e debates. Jornalismo de verdade sobre a vida, não a morte.



No texto A liberação está nos fatos Fernão Lara Mesquita comenta a gravíssima denuncia publicada pelo jornal O Globo, Cofres abertos: Remuneração em Ministério vai até R$ 152 mil, e faz uma pesada crítica ao posicionamento e forma de trabalho do jornalismo e imprensa brasileira. Não sem razão. A denuncia, baseada em números do próprio governo federal, faz do Petrolão só um pequeno deslize, mesmo assim não repercutiu na imprensa e menos ainda na sociedade. Estamos fodidos!

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