Nesta última semana fiquei
sabendo de mais duas mortes de ciclistas, Matheus
Mello na esquina da av. Faria Lima com av. Cidade Jardim, e uma
jovem dentro de um posto de gasolina. Angelo, juiz aposentado, sempre repete
que a imprensa não dá praticamente nada do que realmente acontece e não poderia
ser diferente. Temos uma morte violenta a cada dois minutos... Mais, o que
chega ao público tem baixa qualidade de informação.
Estou muito cansado de dar
entrevistas por que praticamente todo jornalista quer ouvir o que quer ouvir,
não tem capacidade de entender o que o entrevistado está dizendo, não sabe o
que é checar, cruzar informação do que foi dito, não tem no próprio dicionário
a palavra "investigar", o que é deprimente, de uma pobreza sem fim.
Sem investigação não há jornalismo, não há imprensa.
Muitos dos problemas que estão
ocorrendo agora com os ciclistas decorrem do monte de besteira que foi e
continua sendo publicado pelas mídias e imprensa, não importando, o tamanho, a
força e ou tradição do órgão ou jornalista envolvido. Todos carecem de inteligência,
quando não de dignidade.
A notícia sobre a morte de
Matheus peca por erros básicos, que começam pelo local, já que a av. Faria Lima
não cruza com a av. Nove de Julho, como está escrito, e terminam pelo crime de imputar
culpa automática ao motorista do caminhão envolvido no acidente. Conheço bem o
local, mesmo assim voltei lá hoje. A visibilidade do ciclista é total, minimamente
de uns 30 metros em qualquer direção. É muito difícil não ver ou ouvir um
caminhão mesmo que este esteja desembestado. Gostaria de saber o que
aconteceu de fato.
O outro acidente fatal, que soube
por uma conhecida da vítima, ocorreu dentro do posto de gasolina quando a jovem
estava agachada calibrando o pneu e foi atingida por um motorista que deu
marcha a ré, provavelmente sem conseguir vê-la. Ela caiu e apagou.
Não dá para divulgar todo
acidente e morte, principalmente pela absurda avalanche de corpos frios que
temos minuto a minuto no Brasil. O Brasil real, como é mostrado no site http://ocamera.com.br/site/, deve ser
exibido, mas é pouco produtivo. É muito
melhor ter informação geral de qualidade que nos dê ferramentas para pensar,
decidir e agir com inteligência. Um dos grandes prazeres, e motivo de profunda tristeza
também, que tenho quando estou fora do Brasil é ver noticiários e debates. Jornalismo
de verdade sobre a vida, não a morte.
No texto A
liberação está nos fatos Fernão Lara Mesquita comenta a gravíssima
denuncia publicada pelo jornal O Globo, Cofres
abertos: Remuneração em Ministério vai até R$ 152 mil, e faz uma
pesada crítica ao posicionamento e forma de trabalho do jornalismo e imprensa
brasileira. Não sem razão. A denuncia, baseada em números do próprio governo
federal, faz do Petrolão só um pequeno deslize, mesmo assim não repercutiu na
imprensa e menos ainda na sociedade. Estamos fodidos!
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