Até 1930 o Tour de France era
uma prova duríssima, coisa para bem poucos homens. A partir dai o regulamento é
reformado, começam as transmissões por rádio e são permitidas as caravanas
publicitárias que vem atrás dos competidores fechando a prova do dia, ou seja,
começa o profissionalismo para valer. Até hoje a França praticamente para para
ouvir, assistir e comentar as provas e por onde a prova passa a população
espera ansiosa as quase carnavalescas caravanas publicitárias, uma pura
diversão.
Antes da Segunda Guerra
Mundial as bicicletas tinham pouquíssimas marchas, quando tinham. Nos
primórdios tinham duas marchas, uma para o plano e outra para subida. Para
"trocar de marcha", como dizemos atualmente, o ciclista era obrigado
a parar, soltar a roda traseira, girar 180º a roda, montar de novo no quadro e
só então voltar a pedalar. Ou seja, de um lado da roda traseira ficava a
catraca para o plano e do outro lado da mesma roda ficava a catraca com mais
dentes para as subidas. Simples assim. E ai criaram as duas marchas, duas
coroas no pedivela, que eram trocadas por uma pequena alavanca junto ao tudo de
selim. Surgiram as três marchas no cubo. E um dia a Campagnolo apareceu com um
sistema de múltiplas marchas, quatro coroas numa catraca na roda traseira com
um passador de marchas funcionando por baixo da catraca, que é o sistema mais
comum que temos hoje em dia.
Nos anos 30 poucos ciclistas
tinham algum apoio, a maioria contava com o apoio da população que oferecia
todo tipo de comida, vinho, cerveja e outras bebidas alcoólicas. Nas garrafas
de alumínio com tampa de rolha, presas no suporte do guidão, alguns levavam
água, mas nem todos.
O "X" que se vê no
peito dos ciclistas são pneus tubulares reserva. É um pneu costurado em forma
de tubo com uma câmara de ar dentro. Consertar um furo nestes pneus tubulares é
um trabalho muito complicado. Tem que desgrudar o pneu do aro, abrir a costura,
tirar a câmara, consertar o furo, colocar a câmara para dentro do pneu,
costurar o pneu, passar cola no aro e pneu e só então montar o pneu no aro. E é
lógico que tudo tem que ser feito com um cuidado muito grande por que se não
fura de novo. Se eu tivesse começado a pedalar bicicletas de estrada um pouco mais
cedo, lá pela década de 60, não teria outra opção que os tubulares. A primeira
vez que vi o conserto de um fiquei pasmado com a trabalheira que dá.
No filme é possível ver alguns
pequenos obstáculos, como estradas sem asfalto, enchentes, ciclistas esperando o
trem passar...
Com a Segunda Guerra Mundial o
Tour de France para e só volta em 1947 para cruzar uma França devastada pela
guerra. Mas a partir dai a prova fica muito mais civilizada. Os heroicos ficam
no passado.
Hoje o nível de sofisticação
de uma equipe de ponta se assemelha a uma equipe de Fórmula 1. Vence o Tour de
France o melhor ciclista junto com a equipe que trabalhou com mais perfeição
durante os 21 dias de prova e sabe-se lá quantos de preparação.
Mesmo que não entenda francês,
vale a pena ver o filme pelas imagens.
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