São duas coisas distintas, a primeira
é minha luta pelo que considero qualidade, boa versão do dinheiro público, a
segunda são minhas convicções humanas. Minhas posições estão baseadas no que a
vida me ensinou.
A saber:
Fui contra a forma como o Pró
Ciclista da SVMA SP criado por Paulo Salim Maluf caminhou, fui contra a
ciclovia da Radial Leste, contra a ciclovia do rio Pinheiros, contra a Ciclo Faixa
de Domingo, assim como sou contra a forma como se está fazendo o cicloviário de
São Paulo. Sou contra a bicicleta? Não, não sou.
Por partes:
O Pró Ciclista da Secretaria
do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo, administração Paulo Salim
Maluf, criado pelo ex Secretário Werner Zulauf, sendo responsável Gunter
Bantel, tinha como projeto a implantação de várias ciclovias espalhadas e sem
ligação entre si pela cidade de São Paulo. Era apelidado de minhocário. Bantel,
homem de posições fortes e na época um tanto inflexível, criou muitos atritos,
alguns ainda hoje não esquecidos pela CET e outros técnicos de transporte. Pouca
coisa foi entregue, praticamente todo trabalho e investimento foi perdido.
Fui contra a Ciclovia da
Radial Leste pela forma como foi construída, em paralelo a via expressa Radial
Leste, muito em razão de sua visibilidade. O ideal é que fosse implantada do
outro lado das linhas de Metro e trem, o que diminuiria muito custos,
facilitaria o intermodal, melhoria a mobilidade dentro de vários bairros, chamaria
muito mais ciclistas. Enfim, melhor custo/benefício. A obra, de novo, cara, parou
no meio do caminho. O acesso à ciclovia e desta às estações e bicicletários obriga
o sempre perigoso cruzamento da Radial Leste. A ciclovia ficou muito tempo vazia.
Eu tinha contato com o primeiro escalão do Serra e fiz minhas críticas
pessoalmente e por escrito. Infelizmente não encontro os textos. Continuo
contra.
Fui contra a ciclovia do Rio
Pinheiros por que o número de ciclistas circulando seria pequeno pela falta de
acessos, que são muito caros. Fui o único a condicionar meu apoio à assinatura
de um termo de contrapartida de devolução para o rio de uma faixa de rodagem da
marginal. Quase apanhei. Mesmo o alto número de ciclistas que circula nos fins
de semana, a maioria esportista ou lazer, talvez não justifique o dinheiro
invertido ali quando se leva em consideração a grande quantidade de ciclistas
que se transportam no traçado urbano paralelo ao rio. Passados muitos anos o
número de acessos é pequeno e a maioria ruim, o que dificulta o uso massivo de
quem pedala para transportar-se. Pelo menos fico feliz que esta ciclovia tenha servido
para o que ninguém imaginava: um aumento maluco de reclamações sobre as
condições das águas do rio Pinheiros. Mais: o pessoal tem um lugar para treinar
e diminuiu muito o problema dentro da Cidade Universitária da USP, que era para
lá de sério. Agora os conflitos entre ciclistas alucinados e humanos normais passaram
para as margens do Pinheiros.
Fui contra a Ciclo Faixa de Lazer
de Domingo. Quem estava na reunião de apresentação lembra bem da confusão que
armei. O ideal teria sido uma grande ação de acalmamento de trânsito aos
domingos e feriados que educaria para o convívio pacífico todos, ciclistas,
pedestres, motoristas e motociclistas. Mais, com o acalmamento, principalmente redução
de velocidade nas vias escolhidas, provavelmente a Prefeitura teria conseguido
gerar algum commultas por excesso de velocidade. Na reunião de apresentação da
Ciclo Faixa de Domingo afirmei que o projeto não serve para educação no
trânsito, como diziam técnicos, o que está mais do que provado. Tira os
bandeirinhas e veja quantos ciclistas vão parar no sinal fechado. Outra questão
é que a operação custa um caminhão bem grandão de dinheiro. “É patrocínio...” É
dinheiro de patrocínio para projeto público, que não vai para outros projetos,
educação séria, por exemplo. No final de contas é dinheiro público mal gasto. O
lado bom é que o sucesso total da Ciclo Faixa de Domingo gerou uma pressão social
sem precedentes.
Bom, enfim....
Do que foi feito no Pró Ciclista
pouco restou, quase tudo se perdeu. Muito investimento perdido.
A Ciclovia da Radial Leste teve
um investimento que talvez ainda hoje não se pague.
A ciclovia do Rio Pinheiros,
que hoje está funcionando pela metade, tem um custa alto de manutenção e mesmo
assim as histórias de problemas e assaltos não param. Infelizmente dinheiro não
nasce em árvore e o custo dos acessos é bem alto. Lembre-se que o ciclista tem
que passar por cima da linha do trem e da larga via expressa marginal ao
Pinheiros. É uma obra e tanto.
A equação custo/benefício das
melhorias para ciclistas é muito positiva a médio e longo prazo, mas isto não
justifica investir de qualquer forma em qualquer coisa. Dinheiro público não
nase em horta comunitária.
Parece que não cai a ficha do pessoal
por que o Brasil nunca antes tão maravilhoso vai tão maravilhosamente bem. Já
não experimentamos demais desta cachaça? “Faz que depois se conserta” é de uma
irresponsabilidade sem tamanho. Mais, é de uma falta de civilidade, falta de
patriotismo, falta de auto respeito sem tamanho.
É óbvio que de toda esta
bagunça vai sobrar algo de bom, mas a que custo, a que custo?
Tenho muito medo que estejamos
entrando no mesmo caminho da Argentina populista que afunda sem parar a 60 anos.
Minhas convicções políticas: “NÃO
EXISTE ALMOÇO GRÁTIS!”. Mais...
Sim, tenho um problema com quem
até bem pouco sacaneou o que pode a bicicleta, ciclistas e pedestres; que fez o
que pode e não pode (burrice, incompetência, prepotência, soberba, imbecilidade...)
pelo automóvel e moto e com isto arrebentou a maioria das cidades brasileiras.
Sim, tenho um problema com quem deixa a cidade com um ar de péssima qualidade
pela falta de inspeção veicular. Sim, tenho problema com quem ajudou a
estraçalhar meu país; com quem pedalou inflação, economia e outros dados
oficiais. Sim tenho problema com quem foi a público em apoio ao Estado Islâmico,
ao Chaves, à Cristina Kirchner, a outras ditaduras; que entregou a ditadura de
bandeja quem pediu asilo político; que abriga julgados e condenados de países inquestionavelmente
justos. Acredito que você leitor, como eu, tenha algum problema com que apoiou os
que desintegraram a Petrobrás; que dividiu toda sociedade em nós e eles. Tenho
um problema contra quem fica ao lado de Presidente da República que diz em
público qualquer barbaridade sem se lembrar que representa uma nação e não os interesses
próprios e dos companheiros. Tenho problema com quem diz que fez pela educação
o que os fatos mostram que não é bem assim. Tenho um puta problema com
escravagistas de todo tipo, talvez principalmente os que compram com mentiras e
dinheiro a liberdade dos necessitados. Tenho mais problema ainda em aceitar
gente que criou, foi responsável, aceitou, apoiou tudo isto e mais uma
infinidade de outras imbecilidades que fizeram do Brasil o que ele é hoje e
ninguém pode negar.
Por favor, peço pela enézima vez,
vejam os quatro capítulos do “Revistando a Segunda Guerra Mundial” sobre o
surgimento do nazismo. Venho repetindo isto muito antes de Reinaldo de Azevedo ter
usado palavras sarcásticas, que considero exageradas, mas não tão deslocadas do
que está acontecendo.
Bicicleta é do bem, sempre foi.
Dá para continuar no mesmo caminho?
Parabéns, você consegue mensurar o tamanho dos problemas, pena que o alcance seja tão pequeno . Precisaríamos de uma plataforma para o lançamento de uma consciência geral e única . Todos alavancados pelo mesmo ideal, que é transformar este país de forma digna . Se você for candidato, meu voto é seu . Precisamos de ideais sérios e abrangentes .
ResponderExcluirHoje só vejo o Brasil de longe, e de longe da pra ver sinais cada vez mais claros de um país dividido. Seguidos anos de um sistema político orientado ao poder e à sua permanencia nele somente reforçou a alienação geral do povo e a divisão cada vez mais clara e acentuada das classes (sociais, culturais, ...). Cidadãos, transformados pouco a pouco em consumidores e eleitores, praticamente nada mais, se agridem mutuamente a cada divergência de opinião superficial.
ResponderExcluirA comparaçao com o surgimento do nazismo é valida mas, denovo, para o Brasileiro comum, ela é um pouco vazia. O Brasil ainda vê o nazismo pelas lentes dos filmes norte-americanos, retrato do mal absoluto, distante, inacreditável, intangível, bem diferente do nacionalismo autoritario e populísta baseado em propaganda e controle dos meios de comunicação que vemos na atual america latina (quando na verdade a diferença é bem sutil).
Não perca as esperanças, alguém tem que te-las.
Nich, meu caro. Bato demais na necessidade de ver o Revisitando a Segunda Guerra Mundial exatamente por que estes novos documentários mostram que a história é muito mais profunda, muito mais em baixo, do que foi mostrada até pouco. Concordo com você, infelizmente o brasileiro não consegue chegar lá. Ouve a expressão e não sabe bem sobre o que se trata, mas acredita que é a luta de um suposto bem contra um mal que lhe é vendido.
ResponderExcluirCaro anônimo. Obrigado pela sua intenção, mas sei que uma pessoa com meu perfil não traz resultados esperados. A história prova isto e eu acredito no que a história ensina.
Uauuu! Primeiro ciclista com cérebro e que pensa. Parabéns! Depois de tanta "Malddad" borrado de vermelho que chamam de ciclovia que ligam o "nada" ao lugar "nenhum" surge um ser pensante com preocupação séria numa discussão construtiva. Chega de discursos esquerdista caviar com bike de marca...
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