quinta-feira, 2 de julho de 2015

Lutando contra o que considero errado

São duas coisas distintas, a primeira é minha luta pelo que considero qualidade, boa versão do dinheiro público, a segunda são minhas convicções humanas. Minhas posições estão baseadas no que a vida me ensinou.
A saber:
Fui contra a forma como o Pró Ciclista da SVMA SP criado por Paulo Salim Maluf caminhou, fui contra a ciclovia da Radial Leste, contra a ciclovia do rio Pinheiros, contra a Ciclo Faixa de Domingo, assim como sou contra a forma como se está fazendo o cicloviário de São Paulo. Sou contra a bicicleta? Não, não sou.
Por partes:
O Pró Ciclista da Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo, administração Paulo Salim Maluf, criado pelo ex Secretário Werner Zulauf, sendo responsável Gunter Bantel, tinha como projeto a implantação de várias ciclovias espalhadas e sem ligação entre si pela cidade de São Paulo. Era apelidado de minhocário. Bantel, homem de posições fortes e na época um tanto inflexível, criou muitos atritos, alguns ainda hoje não esquecidos pela CET e outros técnicos de transporte. Pouca coisa foi entregue, praticamente todo trabalho e investimento foi perdido.
Fui contra a Ciclovia da Radial Leste pela forma como foi construída, em paralelo a via expressa Radial Leste, muito em razão de sua visibilidade. O ideal é que fosse implantada do outro lado das linhas de Metro e trem, o que diminuiria muito custos, facilitaria o intermodal, melhoria a mobilidade dentro de vários bairros, chamaria muito mais ciclistas. Enfim, melhor custo/benefício. A obra, de novo, cara, parou no meio do caminho. O acesso à ciclovia e desta às estações e bicicletários obriga o sempre perigoso cruzamento da Radial Leste. A ciclovia ficou muito tempo vazia. Eu tinha contato com o primeiro escalão do Serra e fiz minhas críticas pessoalmente e por escrito. Infelizmente não encontro os textos. Continuo contra.
Fui contra a ciclovia do Rio Pinheiros por que o número de ciclistas circulando seria pequeno pela falta de acessos, que são muito caros. Fui o único a condicionar meu apoio à assinatura de um termo de contrapartida de devolução para o rio de uma faixa de rodagem da marginal. Quase apanhei. Mesmo o alto número de ciclistas que circula nos fins de semana, a maioria esportista ou lazer, talvez não justifique o dinheiro invertido ali quando se leva em consideração a grande quantidade de ciclistas que se transportam no traçado urbano paralelo ao rio. Passados muitos anos o número de acessos é pequeno e a maioria ruim, o que dificulta o uso massivo de quem pedala para transportar-se. Pelo menos fico feliz que esta ciclovia tenha servido para o que ninguém imaginava: um aumento maluco de reclamações sobre as condições das águas do rio Pinheiros. Mais: o pessoal tem um lugar para treinar e diminuiu muito o problema dentro da Cidade Universitária da USP, que era para lá de sério. Agora os conflitos entre ciclistas alucinados e humanos normais passaram para as margens do Pinheiros.
Fui contra a Ciclo Faixa de Lazer de Domingo. Quem estava na reunião de apresentação lembra bem da confusão que armei. O ideal teria sido uma grande ação de acalmamento de trânsito aos domingos e feriados que educaria para o convívio pacífico todos, ciclistas, pedestres, motoristas e motociclistas. Mais, com o acalmamento, principalmente redução de velocidade nas vias escolhidas, provavelmente a Prefeitura teria conseguido gerar algum commultas por excesso de velocidade. Na reunião de apresentação da Ciclo Faixa de Domingo afirmei que o projeto não serve para educação no trânsito, como diziam técnicos, o que está mais do que provado. Tira os bandeirinhas e veja quantos ciclistas vão parar no sinal fechado. Outra questão é que a operação custa um caminhão bem grandão de dinheiro. “É patrocínio...” É dinheiro de patrocínio para projeto público, que não vai para outros projetos, educação séria, por exemplo. No final de contas é dinheiro público mal gasto. O lado bom é que o sucesso total da Ciclo Faixa de Domingo gerou uma pressão social sem precedentes.

Bom, enfim....
Do que foi feito no Pró Ciclista pouco restou, quase tudo se perdeu. Muito investimento perdido.
A Ciclovia da Radial Leste teve um investimento que talvez ainda hoje não se pague.
A ciclovia do Rio Pinheiros, que hoje está funcionando pela metade, tem um custa alto de manutenção e mesmo assim as histórias de problemas e assaltos não param. Infelizmente dinheiro não nasce em árvore e o custo dos acessos é bem alto. Lembre-se que o ciclista tem que passar por cima da linha do trem e da larga via expressa marginal ao Pinheiros. É uma obra e tanto.
A equação custo/benefício das melhorias para ciclistas é muito positiva a médio e longo prazo, mas isto não justifica investir de qualquer forma em qualquer coisa. Dinheiro público não nase em horta comunitária.
Parece que não cai a ficha do pessoal por que o Brasil nunca antes tão maravilhoso vai tão maravilhosamente bem. Já não experimentamos demais desta cachaça? “Faz que depois se conserta” é de uma irresponsabilidade sem tamanho. Mais, é de uma falta de civilidade, falta de patriotismo, falta de auto respeito sem tamanho.
É óbvio que de toda esta bagunça vai sobrar algo de bom, mas a que custo, a que custo?
Tenho muito medo que estejamos entrando no mesmo caminho da Argentina populista que afunda sem parar a 60 anos.

Minhas convicções políticas: “NÃO EXISTE ALMOÇO GRÁTIS!”. Mais...
Sim, tenho um problema com quem até bem pouco sacaneou o que pode a bicicleta, ciclistas e pedestres; que fez o que pode e não pode (burrice, incompetência, prepotência, soberba, imbecilidade...) pelo automóvel e moto e com isto arrebentou a maioria das cidades brasileiras. Sim, tenho um problema com quem deixa a cidade com um ar de péssima qualidade pela falta de inspeção veicular. Sim, tenho problema com quem ajudou a estraçalhar meu país; com quem pedalou inflação, economia e outros dados oficiais. Sim tenho problema com quem foi a público em apoio ao Estado Islâmico, ao Chaves, à Cristina Kirchner, a outras ditaduras; que entregou a ditadura de bandeja quem pediu asilo político; que abriga julgados e condenados de países inquestionavelmente justos. Acredito que você leitor, como eu, tenha algum problema com que apoiou os que desintegraram a Petrobrás; que dividiu toda sociedade em nós e eles. Tenho um problema contra quem fica ao lado de Presidente da República que diz em público qualquer barbaridade sem se lembrar que representa uma nação e não os interesses próprios e dos companheiros. Tenho problema com quem diz que fez pela educação o que os fatos mostram que não é bem assim. Tenho um puta problema com escravagistas de todo tipo, talvez principalmente os que compram com mentiras e dinheiro a liberdade dos necessitados. Tenho mais problema ainda em aceitar gente que criou, foi responsável, aceitou, apoiou tudo isto e mais uma infinidade de outras imbecilidades que fizeram do Brasil o que ele é hoje e ninguém pode negar.
Por favor, peço pela enézima vez, vejam os quatro capítulos do “Revistando a Segunda Guerra Mundial” sobre o surgimento do nazismo. Venho repetindo isto muito antes de Reinaldo de Azevedo ter usado palavras sarcásticas, que considero exageradas, mas não tão deslocadas do que está acontecendo.
Bicicleta é do bem, sempre foi. Dá para continuar no mesmo caminho?

4 comentários:

  1. Parabéns, você consegue mensurar o tamanho dos problemas, pena que o alcance seja tão pequeno . Precisaríamos de uma plataforma para o lançamento de uma consciência geral e única . Todos alavancados pelo mesmo ideal, que é transformar este país de forma digna . Se você for candidato, meu voto é seu . Precisamos de ideais sérios e abrangentes .

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  2. Hoje só vejo o Brasil de longe, e de longe da pra ver sinais cada vez mais claros de um país dividido. Seguidos anos de um sistema político orientado ao poder e à sua permanencia nele somente reforçou a alienação geral do povo e a divisão cada vez mais clara e acentuada das classes (sociais, culturais, ...). Cidadãos, transformados pouco a pouco em consumidores e eleitores, praticamente nada mais, se agridem mutuamente a cada divergência de opinião superficial.
    A comparaçao com o surgimento do nazismo é valida mas, denovo, para o Brasileiro comum, ela é um pouco vazia. O Brasil ainda vê o nazismo pelas lentes dos filmes norte-americanos, retrato do mal absoluto, distante, inacreditável, intangível, bem diferente do nacionalismo autoritario e populísta baseado em propaganda e controle dos meios de comunicação que vemos na atual america latina (quando na verdade a diferença é bem sutil).
    Não perca as esperanças, alguém tem que te-las.

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  3. Nich, meu caro. Bato demais na necessidade de ver o Revisitando a Segunda Guerra Mundial exatamente por que estes novos documentários mostram que a história é muito mais profunda, muito mais em baixo, do que foi mostrada até pouco. Concordo com você, infelizmente o brasileiro não consegue chegar lá. Ouve a expressão e não sabe bem sobre o que se trata, mas acredita que é a luta de um suposto bem contra um mal que lhe é vendido.
    Caro anônimo. Obrigado pela sua intenção, mas sei que uma pessoa com meu perfil não traz resultados esperados. A história prova isto e eu acredito no que a história ensina.

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  4. Uauuu! Primeiro ciclista com cérebro e que pensa. Parabéns! Depois de tanta "Malddad" borrado de vermelho que chamam de ciclovia que ligam o "nada" ao lugar "nenhum" surge um ser pensante com preocupação séria numa discussão construtiva. Chega de discursos esquerdista caviar com bike de marca...

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