O Estado de São Paulo São Paulo Reclama 30 de Junho de 2015
A falta de critério para multar
Sou
ciclista e costumo pedalar fora de avenidas, em caminhos alternativos. Tem sido
cada vez mais frequente ver carros sendo guinchados pela CET, sempre em locais
onde não faz qualquer diferença para a fluidez ou a segurança do trânsito, o
maior problema da cidade. Que diferença faz se o carro está mais próximo da esquina
que o previsto numa rua onde praticamente não existe trânsito ou estacionado em
frente de uma guia rebaixada de uma obra que está parada faz mais de 20 anos? E
a fluidez do trânsito, a segurança do pedestre, do ciclista, de todos?
Preciosismo no meio do caos e falta de critério na aplicação de multas tiram um
crédito importante da CET como autoridade de trânsito. É um erro crasso. Duvido
que seja posição do experiente corpo técnico da CET, mas sinto que isto tem
cheiro de administração Haddad. Afinal, puxem da memória, o mesmo aconteceu na
administração Marta.
Até 1930 o Tour de France era
uma prova duríssima, coisa para bem poucos homens. A partir dai o regulamento é
reformado, começam as transmissões por rádio e são permitidas as caravanas
publicitárias que vem atrás dos competidores fechando a prova do dia, ou seja,
começa o profissionalismo para valer. Até hoje a França praticamente para para
ouvir, assistir e comentar as provas e por onde a prova passa a população
espera ansiosa as quase carnavalescas caravanas publicitárias, uma pura
diversão.
Antes da Segunda Guerra
Mundial as bicicletas tinham pouquíssimas marchas, quando tinham. Nos
primórdios tinham duas marchas, uma para o plano e outra para subida. Para
"trocar de marcha", como dizemos atualmente, o ciclista era obrigado
a parar, soltar a roda traseira, girar 180º a roda, montar de novo no quadro e
só então voltar a pedalar. Ou seja, de um lado da roda traseira ficava a
catraca para o plano e do outro lado da mesma roda ficava a catraca com mais
dentes para as subidas. Simples assim. E ai criaram as duas marchas, duas
coroas no pedivela, que eram trocadas por uma pequena alavanca junto ao tudo de
selim. Surgiram as três marchas no cubo. E um dia a Campagnolo apareceu com um
sistema de múltiplas marchas, quatro coroas numa catraca na roda traseira com
um passador de marchas funcionando por baixo da catraca, que é o sistema mais
comum que temos hoje em dia.
Nos anos 30 poucos ciclistas
tinham algum apoio, a maioria contava com o apoio da população que oferecia
todo tipo de comida, vinho, cerveja e outras bebidas alcoólicas. Nas garrafas
de alumínio com tampa de rolha, presas no suporte do guidão, alguns levavam
água, mas nem todos.
O "X" que se vê no
peito dos ciclistas são pneus tubulares reserva. É um pneu costurado em forma
de tubo com uma câmara de ar dentro. Consertar um furo nestes pneus tubulares é
um trabalho muito complicado. Tem que desgrudar o pneu do aro, abrir a costura,
tirar a câmara, consertar o furo, colocar a câmara para dentro do pneu,
costurar o pneu, passar cola no aro e pneu e só então montar o pneu no aro. E é
lógico que tudo tem que ser feito com um cuidado muito grande por que se não
fura de novo. Se eu tivesse começado a pedalar bicicletas de estrada um pouco mais
cedo, lá pela década de 60, não teria outra opção que os tubulares. A primeira
vez que vi o conserto de um fiquei pasmado com a trabalheira que dá.
No filme é possível ver alguns
pequenos obstáculos, como estradas sem asfalto, enchentes, ciclistas esperando o
trem passar...
Com a Segunda Guerra Mundial o
Tour de France para e só volta em 1947 para cruzar uma França devastada pela
guerra. Mas a partir dai a prova fica muito mais civilizada. Os heroicos ficam
no passado.
Hoje o nível de sofisticação
de uma equipe de ponta se assemelha a uma equipe de Fórmula 1. Vence o Tour de
France o melhor ciclista junto com a equipe que trabalhou com mais perfeição
durante os 21 dias de prova e sabe-se lá quantos de preparação.
Mesmo que não entenda francês,
vale a pena ver o filme pelas imagens.
Este livro é leitura imperdível, uma referência incrível sobre o que deve ser a cidade viva, a cidade que estamos sonhando. Bernard Rudofsky era complemente a frente de seu tempo. Todo baseado em experiências vividas por elenas décadas de 50 e 60 em várias cidades do mundo, principalmente da Itália, prova o quanto está correta a busca pela vida nas cidades. Cidades para todos, o que não é o que se está fazendo por aqui, São Paulo. A crítica de Bernard sobre as cidades americanas e a sociedade do automóvel já naquela época leva o leitor a refletir sobre a cidade da bicicleta, bem entendido: só da bicicleta, da bicicleta salvadora, da bicicleta futuro... A cidade tem que ser da vida, invadida pelo pedestre, cheia, mercantil, de cheiros, sombras, volumes... Viva!
Washington impressiona mesmo quando
se chega ao grande parque, uma longa praça retangular que tem em suas pontas o
Lincoln Memorial de um lado e o Capitólio do outro, e no centro, abrindo-se
para a lateral, outro retângulo se estende até a Casa Branca. No centro do
parque, em frente à Casa Branca, o monumento aos mortos da Segunda Guerra
Mundial, que é de arrepiar. Outros monumentos, todos impecavelmente cuidados e
respeitados, vão preenchendo e dando um tom de forte emoção ao parque. A
esquerda do Lincoln Memorial está o West Potomac Park com o Thomas Jefferson
Memorial do outro lado do “lago”.
Museus maravilhosos bordeiam o
parque principal: o Museu Nacional de História Americana, a Galeria Nacional de
Arte, o Museu Nacional Aero Espacial Smithsonian, e o Museu Hirshhorn de artes.
Só eles já valem uma longa estadia em Washington. Infelizmente peguei um deles
fechado para reforma, justamente o Museu de História Americana que agora está com
a exposição sobre a bicicleta.
Fiquei em Georgetown e me
senti quase em casa. O lugarejo data de 1751 e ainda respira uma gota ares
passados, com um resquício charme de patrimônio histórico, incluindo a
Universidade de Georgetown, um longo passeio que acompanha o rio Potomac, o
canal com suas comportas, clubes de remo, agitação na medida certa, comida boa,
passeios a pé, e a proximidade do centro da capital americana. A Casa Branca vai-se
a pé. Como em qualquer lugar civilizado é possível sair a noite e andar
tranquilamente.
Pedalar em Washington é fácil.
Há ciclovias, ciclofaixas, e o partilhar a via com os veículos é muito tranquilo.
As distâncias não são longas mesmo para um ciclista com pouca de prática. A
cidade tem um sistema de bicicletas comunitárias que funciona bem. Não lembro
qual é o tempo livre de pedal, mas é suficiente para pedalar e ver a cidade com
tranquilidade. É fácil: toca o cartão de crédito na torre da estação de
bicicleta e sai pedalando. Pedalou mais que o permitido pela regra é cobrado
direto no cartão. Para quem vai só por uns dias não recomendo levar bicicleta
daqui. Sai muito mais caro que o uso das bicicletas comunitárias e dá muito mais
trabalho. Caso o ou a ciclista seja baixo ainda assim melhor que levar é alugar
uma lá, o que também é fácil. A única coisa estranha é que não há estações de
bicicletas na porta dos museus. Também não importa muito por que o local é tão
lindo que caminhar faz bem para a alma. Uma das estações está na Washinton Union
Station, atrás do Capitólio, que vale ser visitada. Washington em si é uma
cidade quadradona, uniforme, um tanto monótona, com um detalhe interessante
aqui outro ali.
Recomendo pedalar na
Constitution Ave., uma larga avenida que corre paralela ao grande parque, que
tem no seu centro uma também larga ciclofaixa. É ciclofaixa, linha pintada no
asfalto, não ciclovia, e é absolutamente seguro. O susto que tomei foi por
conta de um segway a milhão. Os carros ficam distantes.
Pegue o metro e vá até
Alexandria e passe o dia por que é realmente muito simpática. Pegue uma bicicleta lá e saia do centrinho. Vá até a grande ponte.
E divirta-se em
Georgetown. Lembre-se de fazer reserva nos restaurantes ou não vai conseguir
comer. Recomendo o italiano “Filomena”, que vale por que é bom, surrealista,
mas os pratos são tamanho feijoada completa. Na esquina da M St NW com a 30th
St NW tem o Pier 2934, uma diversão para quem gosta de se lambuzar com frutos
do mar, mas muito cuidado com a pimenta. Sentar num dos bares a beira do
Potomac no fim de tarde e ver o pessoal correndo, pedalando, remando, é muito divertido.
No início do parque florestal tem um dos clubes de remos mais antigos dos
Estados Unidos. E ainda tem mais.
O que significa a obra que está sendo realizada na av. Pedroso de
Moraes e av. Prof. Fonseca Rodrigues, sua continuação? Para que estão picotando
o bom concreto do canteiro central já instalado? Para a colocação de mais uma
camada de cimento (ou concreto) na cor vermelha. Vai me dizer que todo aquele
trabalho custa menos que pintar de vermelho o que já está feito? Não sei porque,
mas aquilo tem um cheirinho tão parecido com o das obras do país do nunca antes
da turma do Lula.
Neste momento de crise mexer no que está bem feito e se presta bem
à necessidade é um absurdo. A obra é uma aula de como picar dinheiro do
contribuinte. Não há outras urgências ou prioridades na Regional de Pinheiros?
Duvido! Não dá para pegar este dinheiro e restaurar o concreto danificado da
ponte Bernard Goldfarb, só para dar um exemplo?
Acredito que o CTB deve permitir um uso mais racional de tinta por
que já passei por cidades onde a tinta vermelha foi usada com bom senso e
inteligência. Para que ir além de cruzamentos e trechos onde é realmente necessário?
Aliás, pintar tudo de vermelho é de uma burrice ou vontade
política sem tamanho, ou ainda as duas juntas mais mal uso de dinheiro público.
Dirão eles “obrigação do CTB”. Será? Onde fica a independência do Município?
O CTB, Código de Trânsito Brasileiro, precisa ser urgentemente revisto
para atender a nova realidade de ciclistas, pedestres, pessoas com deficiência
e outras realidades que ai. Nem a sinalização específica para ciclistas o
CONTRAN aprova na rapidez necessária.
O velho código de trânsito era rodoviarista, progredimos para este
CTB mais urbano, mas tudo mudou muito rápido e precisamos urgentemente de um
código próprio para mobilidades em espaços públicos e privados de uso público,
que é a cidade nova que todos nós sonhamos. Da forma que está vamos continuar
sempre na mesma.
Condição do concreto existente no canteiro central da av. Pedroso de Moraes
O mesmo concreto sendo preparado para receber uma nova camada de cimento vermelho. Será que precisa mesmo?
O asfalto da Praça Panamericana sendo corrigido... depois da Prova 9 de Julho
Segurança é ciência, não é besteirada; Por favor, dá uma lida nestes links:
http://escoladebicicleta.com.br/dicascapacetes.html http://escoladebicicleta.com.br/dicascapacetes.html - Este o link para a leitura de uma série de estudos, pesquisas e documentos sobre capacetes para ciclistas, todos com base em procedimentos científicos, ou seja, com o menor grau de erro possível. O que me deixa muito triste é que praticamente não adianta falar, conversar, mostrar, provar. As pessoas por aqui, Brasil, seguram suas verdades, tiradas sabe-se lá de onde, com unhas e dentes. Incrível que tantos tenham comprado a verdade vendida pelos fabricantes de capacetes. É absolutamente incrível que tenham aceito como verdade palavras de quem sempre foi apoiado ou patrocinado pelo fabricante de capacete. É deprimente que nunca tenham se perguntado se o que estava sendo dito pelos interessados na venda de capacetes era mesmo verdade. Pior mesmo é não respeitar a diversidade, aproveitando que o tema está na moda do politicamente correto, desrespeitando quem não usa capacete. Eu cansei de ser desrespeitado em público até mesmo por amigos. Na mais patética das situações, saindo de uma reunião na SVMA e voltando pela Paulista, fui insultado e proibido de continuar pelando ali por que estava sem capacete. O mais grave desta história é o tempo e a força perdida pelo movimento da bicicleta. Se o pessoal falasse menos besteira, mas muito menos besteira, poderíamos estar muito mais avançados. Mas a opção foi usar montanhas de tempo brigando por capacete, pintura vermelha, ciclovias... Ciclovias... ora ciclovias... continuem a falar sobre ciclovias. Igualzinho ao capacete. Daqui uns vinte anos vocês talvez percebam que o caminho poderia ter sido mais curto e menos acidentado. Poderíamos hoje já ter uma cidade muito mais humana, muito melhor para ciclistas, pedestres, deficientes e até motoristas. Mas, fazer o que? Ciclovia é único caminho para a segurança, dizem todos. Por favor, pelo menos um pouco de dúvida, de questionamento, de incerteza. Por favor, um pouco de inteligência! O Brasil do nunca antes está ai para todos nós engolirmos a seco. Valeu a pena? Vocês aceitam sem questionar. Vamos mal, muito mal.
Onde você errou? Qual foi sua responsabilidade no que aconteceu? Qual a responsabilidade de todos?
Brasil tem várias definições, mas nestes dias vale as futebolísticas, de lembranças certeiras que nos trazem este dia 16 de Julho de 2015, após 65 anos da derrota por 2X1 em pleno Maracanã, e os 7X1 de um ano atrás. Os dois resultados são reflexo inconteste de quem somos. Não, não é o que o Brasil é, é de quem nós somos. Brasil não é uma entidade externa, alheia a nossas ações, a quem se deve descarregar nossas mazelas. Nós somos o Brasil, não o contrário.
Já dizia Nelson Rodrigues: — temos dons em
excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por vezes, invalida as
nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de “complexo de vira-latas”.
O que teria escrito Nelson Rodrigues sobre o Brasil de hoje, o país do nunca antes fomos tão 7X1?
Ontem morreu Ghiggia, o jogador uruguaio que fez o gol decisivo do que chamamos de Maracanaço. Patético; comemoramos antecipadamente; deu no que deu. Igualzinho aos dias de hoje. Elevamos Ghiggia à condição de carrasco. Patético! Coisa de vira-lata.
Interessante esta comparação. Quem conhece cachorros sabe que vira-latas são eternamente gratos a seus salvadores. Nelson Rodrigues estava absolutamente correto.
Não foram os uruguaios que jogaram melhor e por isto venceram, foi Barbosa que falhou no gol.
Não os outros, aqueles de Brasília, dos palácios, dos poderes, que destroem este país; é a mentira que está dentro de nós que nos derrota.
A crítica sobre a exposição "Bicycles=Liberation" montada no National Museum of American History do Smithsonian Institute, Washington D.C. , fez que o jornal New York Times publicar um dos melhores textos sobre a história da bicicleta nos Estados Unidos que já li. Um pouco apaixonado, mas não piegas, mostra algumas das pequenas notáveis revoluções sociais e técnicas que a bicicleta introduziu na sociedade americana e quais foram as influências destas na América dos dias de hoje.
Major Taylor - ciclista e primeiro campeão negro dos USA
Triste é que o Brasil não tenha uma referência mais detalhada sobre nossa história da bicicleta. Temos um trabalho aqui, outro ali, uma ótima coleção particular de bicicletas deste, outra daquele, a maravilhosa coleção do Perassolo que algumas vezes comparece com algumas peças numa exposição, o Museu da Bicicleta de Joinville..., mas definitivamente não temos um estudo detalhado da importância social da bicicleta no Brasil. Pior, algumas das peças mais importantes desta história estão se perdendo e outras morrendo. Brasil, país sem memória! Deprimente!
Depois de três anos sem ser
realizada, ontem aconteceu a tradicional Prova Ciclística Nove de Julho. Voltou
a ser corrida em ruas e avenidas, como sempre foi e deve ser. Mais de 500
ciclistas largaram. A administração Haddad, que se diz tão preocupada com os
ciclistas, não teve o mínimo cuidado de tapar os buracos espalhados pelo
circuito, perigosíssimos numa prova onde ciclistas pedalam em pelotão a uma velocidade
média superior aos 45 km/h. É praticamente impossível desviar de qualquer irregularidade
na pista. A queda de um ciclista, sempre violenta, leva a queda de tantos
quantos vierem atrás.
Foram realizadas reuniões
preparatórias, onde estiveram presentes os três Subprefeitos, de Pinheiros,
Butantã e Vila Mariana, responsáveis pelo circuito, e outras autoridades. Foi alertado
sobre problemas, alguns graves, no pavimento do circuito e foi prometida pelas
autoridades solução. A única providência foi cobrir as grades de escoamento de
água do Túnel Sebastião Camargo.
No Túnel Dr. Euricledes de
Jesus Zerbini, no cruzamento da av. Lineu de Paula Machado com a av. Francisco
Morato foram deixadas abertas quatro crateras (fotos) das que por milagre ainda
não arrebentaram um motociclista ou um ciclista usuário da Ciclo Faixa de
Domingo. Na Praça Panamericana, Alto de Pinheiros, e na av. Professor Fonseca
Rodrigues o asfalto está deformado pelos ônibus, o que a Haddad diz ser uma de
suas prioridades.
O horário da largada, cedo, 7:45
h, reduziu muito o público provavelmente para não atrapalhar o trânsito. Triste.
A recuperação das cidades só é possível trazendo a população para socializar vias
e espaços públicos, e aproveitando com inteligência a força de grandes eventos.
Definitivamente não é o que acontece aqui em São Paulo onde eventos esportivos
são tratados como incômodos necessários. Vide a Maratona de São Paulo, cada dia
mais segregada do público para não atrapalhar o trânsito. Estranha dicotomia ideológica.
Eu sei que Haddad e sua turma
acha que ciclista esportivo é tudo “coxinha”, riquinho desprezível, mas também
não precisa tentar matar.
Fotos tiradas no Túnel Dr. Euricledes de
Jesus Zerbini após o fim da Prova Ciclística Nove de Julho e logo depois da montagem da Ciclo Faixa de Lazer.