A mais de 100 anos foi realizada
em NY o primeiro encontro para trocar experiências e buscar soluções que
melhorassem a qualidade de vida de grandes cidades. Na virada das décadas 60
para 70, quando São Paulo passou a sofrer mais uma das suas grandes transformações
históricas, foi construído o Viaduto Presidente Costa e Silva, mais conhecido
como Minhocão. Naquela época já se sabia dos males que um viaduto colocado no
meio de uma importante avenida do centro da cidade viria a causar, mesmo assim
a população paulistana aplaudiu a obra.
A consequente degradação da área,
afetando a própria sustentabilidade de boa parte do Centro, se faz sentir até
hoje, quase meio século depois de sua construção. Outro exemplo é o corredor de
ônibus da av. Santo Amaro que, mal feito, destruiu uma das mais simpáticas
avenidas desta cidade. São inúmeros os exemplos de erros grosseiros cometidos, todos
na contramão dos bons exemplos do mundo. E assim foi, e, infelizmente, assim
continuará sendo.
É inacreditável que a população
deste país fica empacada a alguns dogmas. Mesmo os privilegiados que têm acesso
às melhores cidades deste planeta acabam não entendendo nada. Brasileiro só tem
civilidade quando cruza o aeroporto de Orlando rumo aos parques de diversão. Eu
retiro o que disse. Nem ai conseguimos entender o que é uma cidade, o que
coletividade, o que é compartilhar espaços públicos, principalmente suas
vias. Nossos medos, até pertinentes, não nos permitem.
Estive andando pelo interior de
São Paulo e vi algumas pequenas cidades com ciclovias. Ótimo, dirão. Ótimo?
Simplesmente por que a cidade precisa acompanhar as modernidades e estimular a
bicicleta? Ciclovia significa segurança? Significa inclusão? É mesmo? Onde?
Os prefeitos destas cidades torraram
o curtíssimo orçamento da Prefeitura para dar ao povo ciclovia, como a
inacabada de Ibiúna. Mesmo que sejam necessárias, o que realmente duvido, são
mal projetadas e executadas, acabando por ser perigosas. Em Juquiá um trecho
termina numa rotatória e os ciclistas acessavam pela contramão. Em cidade
pequena o dinheiro é curtíssimo, tipo fez aqui deixou ali sem nada. A ciclovia de
hoje é o que foi a nova fonte da praça ou o novo portal de entrada da cidade.
Seja bem vindo a... É como Piedade, que orgulhosa está terminando o seu primeiro
edifício alto, uns 15 andares. Para que uma cidade pequena precisa de um
edifício, para dizer que tem? Para ser importante? Patético, pobre!
O triste é que estes lugarejos
seguem o exemplo, melhor dizendo, as modas da grande cidade. E ai vem a
barbaridade que se está fazendo por aqui, São Paulo Capital. A apoteose deste
retardamento será a ciclovia da av. Paulista, tão aplaudida.
A propaganda da Prefeitura colada nos vidros dos
taxis fala em compartilhar. Compartilhar o que? Compartilhar a segregação? Compartilhar o que foi feito 40 anos atrás?
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