As discussões se seguem. Passado
o primeiro momento de espanto começam a sair do armário os que acham que os
cartunistas do Charlie Hebdo não tinham o direito de ofender outros. Temos ou
não o direito de ofender os outros? Talvez não seja uma questão de direito, mas
de ser apropriado ou não.
Qual é o contexto no qual que foi
feita a ofensa? É lógico que num contexto formal não é apropriado ultrapassar
alguns limites que podem ser entendidos como ofensa. Como também é lógico que
num contexto próprio para falar besteiras ou qualquer nonsense dificilmente o
que se falará será entendido como uma ofensa, mas como uma gozação ou piada. E
rimos muito destas situações e isto nos faz muito bem.
Afinal, ofensa é dita contra uma
pessoa ou é uma pessoa que recebe o que foi dito como ofensa?
Como sempre a história nos
ensina.
O que seríamos de nós se, por
exemplo, Francisco De Goya y Lucientes, ou simplesmente Goya, feroz crítico da
sociedade de sua época, não tivesse a liberdade, ou melhor, a coragem de expressar
suas "ofensas" contra a Santa Inquisição?
Não se pode negar que piadas, que
normalmente são ofensivas, fez a sociedade e seus
indivíduos mais abertos e educados, menos sensíveis a besteiras, mais
distantes do impulso de vestir a carapuça de ofendido.
O contrário, frear as ditas ofensas,
é o politicamente correto, cópia mal feita e envergonhada da santa inquisição,
onde há regras para o que é ou não ofensa, de preferência sempre direcionada
para os interesses, dogmas, crenças, ideologias, corporativismos ou qualquer
coisa do gênero de alguns. Isto não tem nada a ver com proteger a liberdade plena de expressão e sim com o aceitar o cerceamento. Então que se queimem livros, proíbam teatro, cinema, TV,
rádio, internet... Já vimos isto antes e definitivamente não dá certo.
As perguntas que se devem fazer
quando se sente ofendido é "Porque estou me sentindo ofendido? O que está
me afetando? No que estou errado? Como melhorar?"
A liberdade nos alcança quando
nos tornamos imunes às ofensas. Ou serão elas, as ofensas, placas de
orientação para a liberdade?
Que se façam piadas
de portugueses, argentinos, irlandeses, franceses, bascos, mouros,
pretos... dos quais tenho um pouco de sangue. E de todos as raças, credos,
etnias, religiões...
“Ou se ri da vida ou a vida ri de
você.”
Viva Chico Anísio. Viva a
liberdade! Viva a inteligência!
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