Um dos projetos mais
importantes do Brasil é o Programa Córrego Limpo da SABESP em parceria
com o Município de São Paulo. Iniciado em 2006, a ideia inicial era recuperar
as águas e meio ambiente de 40 córregos, mas o impacto foi tão positivo que
logo puxaram o objetivo para 100 córregos, onde está ou deverá ser realizada a
eliminação do despejo de esgoto, limpeza de contaminações no córrego e
monitoramento da qualidade das águas, recuperação ambiental com reurbanização.
Quando li sobre o programa pela primeira vez vi uma grande oportunidade de
casamento com a questão da bicicleta por que é exatamente nas várzeas que estão
os caminhos mais planos. Mais ainda, abria-se ai a possibilidade de se
implantar parques lineares para pedestres, mães, crianças, idosos, pessoas com
deficiência e ciclistas. Numa cidade com tão baixo índice de área verde e parques
ter novos parques lineares é “a” boa revolução.
Conheço alguns córregos
que já foram recuperados e a cada córrego limpo novo fico mais apaixonado ainda
pela ideia. Lembro de ter pedalado nos córregos da Coruja, em Pinheiros; São
José e mais três na Represa de Guarapiranga; no Tiquatira e Ponte Rasa, na Zona
Leste; e mais uns dois ou três na Zona Norte, todos incluídos no programa. No
Ponte Rasa, que desagua no Tiquatira, estava com Gesner Oliveira, então
presidente da SABESP, e um bom punhado de funcionários da mesma SABESP. Ver
águas transparentes (“ainda falta trabalho”, apontou Gesner) foi uma daquelas boas
emoções difíceis de esquecer. A verdade é que a emoção em ver os córregos recuperados
foi ntensa, principalmente os que receberam tratamento urbanístico por parte da
Prefeitura, que infelizmente não são todos.
Quando ainda estava
trabalhando com a questão da bicicleta, indo a muitas reuniões, inclusive umas poucas
dentro da SABESP, passei a tentar vender a ideia do casamento córrego –
bicicleta, infelizmente com menos resultados que esperava, principalmente entre
os ciclistas.
Hoje no almoço com uma
amiga que deu uma força nesta história conversamos sobre a seca de São Paulo e
mais uma vez me questionei se não poderia ter feito mais para vender a ideia ou
mesmo para torna-la real. Na época estive envolvido em algumas propostas e
mesmo projetos funcionais de sistemas cicloviários que beneficiariam 7 córregos
no Butantã (ITDP), 5 no entorno da Guarapiranga (com Eric Ferreira), mais 4 em
Guarulhos (STT GRU); todos os de Caraguatatuba (sozinho); e sei lá quantos
mais, caso inclua o velho Projeto de Viabilização de Bicicletas. Quando os ciclistas
foram convidados para uma reunião sobre a implantação de ciclovias nas
Marginais Tiete e Pinheiros, que seriam contrapartida da perda de área verde
para criação de novas pistas nas mesmas marginais, disse que só concordaria
caso o Governo do Estado de São Paulo assinasse um termo com cronograma de
devolução das margens dos rios por faixas de rolamento, pelo menos a primeira
em menos de 10 anos. Quase apanhei.
...a vida continua... Descobri
que uma comunidade próxima da balsa de Bororé, Zona Sul de São Paulo, na
represa de Billings, que num passado apoiou, ou pelo menos fez vista grossa, às
invasões das margens de um córrego, hoje estão quase em pé de guerra com os
mesmos invasores para ter seu parque linear limpo, organizado, e próprio para
toda população.
Ps.: as fotos são bem antigas, 2008 e antes
Nenhum comentário:
Postar um comentário