Madri é surpreendentemente
agradável. Limpa, tranquila, organizada, rica, sempre cheia de gente vivendo a
vida por todas os lados, gente feliz, educada, cordial, atenciosa. Há uma real sensação
de segurança. Pode-se caminhar, parar, manusear a carteira, usar celular, tirar
fotos com I-pad, sentar no meio das praças e trabalhar ligado no WiFi público.
Algumas lojas tem segurança interna, mas não se vê um homem de óculos e terno preto
no meio da rua. Segurança é responsabilidade da segurança pública, uns vestidos
de amarelo e outros de azul. Como em qualquer lugar do universo que é
civilizado não há brincadeira, jeitinho ou coitadinhos. Tal qual outras grandes
cidades até os pedintes e mendigos sabem que há regras para o bem coletivo. Mas
não os ciclistas.
O trânsito flui relativamente bem,
sem altas velocidades, sinalizado, pouco poluído e é normalmente silencioso. Madri
é deliciosamente menos barulhenta que qualquer cidade que conheci, o que é
ótimo para o estado de espírito. Não se vê conflitos a não ser quando um carro
avança sobre a faixa do pedestre. Ai o famoso espírito espanhol vem a público e
o tom da voz sobe alto instantaneamente.
Segundo os madrilenos o número de
usuários da bicicleta tem crescido rapidamente, e com eles os conflitos,
principalmente com os pedestres. Não há muitos ciclistas circulando, mas infelizmente
a maioria acha que pode fazer o que bem entende, em particular circular pelas
calçadas de uma forma muito pouco civilizada. Homens, mulheres, jovens de ambos
sexos, todos enfim usam qualquer espaço público como se fosse uma ciclovia de
mão única vazia.
Óbvio que a administração da
cidade está se mexendo, implantando ciclovias, ciclo-faixas e faixas partilhadas
sinalizadas, boa parte delas evitadas, vazias. A opção é pedalar pela calçada,
não sei porque. Mesmo no interno de bairro onde a velocidade é bem baixa e não seria
necessário o pessoal vai pelo exíguo espaço dos pedestres. Infelizmente a
história se repete em todas as partes, em todos continentes: ciclovia dá voto, educação
dos ciclistas vale zero. Os trouxas compram a enganação. Em Madri não é
diferente. A população está irritada e com razão.
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