Os motoristas dos ônibus são sempre os culpados. Principalmente os cariocas, que primam pela velocidade e imprudência, que se diga a verdade, endêmica do Rio de Janeiro, portanto não só uma exclusividade dos motoristas de ônibus. Não importa o que, eles são sempre os culpados.
Um destes casos foi o de Gisela
Mattos, conhecida produtora da TV Globo, e muito amiga de Bel Murray e Fê
Lemos, minha enteada e genro. Logo após ter sido avisado da notícia da morte de
Gisela escrevi para Zé Lobo para pedir que ele levantasse o que havia
acontecido. Zé Lobo, que tem um ótimo trabalho para o desenvolvimento e
segurança dos ciclistas, foi atrás de alguma informação, que só chegou a mim na
última quinta-feira quando tive o prazer de revê-lo pessoalmente. Ele foi ao
local do acidente, conversou com várias pessoas que viram o que ocorreu, cruzou
outras informações, e não há dúvida que Gisela fez uma série de erros primários,
o pior e definitivo colocar-se num espaço muito estreito entre o ônibus e o
meio fio a uns metros da esquina, numa posição que o motorista nem que quisesse
conseguiria vê-la. A reação imediata de toda imprensa foi divulgar que Gisela
fora atropelada, em textos que empurram diretamente toda responsabilidade para
o motorista e de quebra fazem da bicicleta um perigo mortal.
Umas semanas depois morreu o
triatleta Pedro Nikolay em outro acidente com um ônibus, desta vez com filmagens
de dentro do próprio ônibus e da rua. Eu havia estranhado o que se vê do
acidente por que não se percebe uma redução de velocidade ou tentativa de
desvio do ciclista. É óbvio que toda imprensa falou em atropelamento, o
ciclista foi pego de frente pelo ônibus, bla bla bla..... Não é o que parecia
acontecer nas imagens.
Depois de contar o que sabia
sobre a Gisela, Zé Lobo falou sobre este acidente. Pedro estava testando uma bicicleta
e vinha dando sprints, provavelmente estava de cabeça baixa, colidindo em alta
velocidade na lateral do ônibus sem vê-lo. É praticamente impossível para um
motorista de veículo grande perceber a batida de um ciclista na lateral,
principalmente se o nível de ruído interno do ônibus for tão alto como normalmente
é naquelas latas velhas.
“E o pessoal está dizendo o que”,
perguntei eu sobre a reação dos cariocas. “Que os motoristas de ônibus são
todos uns assassinos” respondeu Zé Lobo.
Por partes:
Não existe atropelamento de
ciclista, nem que ele esteja desmontado e cruzando a faixa de pedestre, o que
provavelmente o colocará perante a lei como pedestre empurrando uma bicicleta.
O vulgo atropelamento de ciclista
é legalmente uma colisão entre veículos. No caso de Gisela ela estava errada
por que a lei, o CTB, diz que a ultrapassagem deve ser feita pela direita. E foi
Pedro que colidiu no ônibus.
Quanto aos motoristas de ônibus,
o que se esperar deles? Começando pelo veículo que conduzem, a forma como são
tradados, a condição e quantidade de horas do trabalho.... Nós aceitamos o que
está ali....
Aliás, se fossem só os motoristas
que fizessem besteiras no trânsito brasileiro... que maravilha seria.
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/04/produtora-da-tv-globo-morre-ao-ser-atropelada-em-bicicleta-no-rio.html
http://oglobo.globo.com/rio/dentista-triatleta-morre-apos-ser-atropelado-por-onibus-em-ipanema-8248417
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