Estou há uns 10 dias aqui em Paris, vivenciando dois bairros que normalmente um turista não vê, mesmo sendo os dois na área central da cidade. Um deles, atrás da Estação de trem de Montparnasse, de gente mais simples. O outro é La Mouet, a uns 2 km do Arco do Triunfo, bem mais sofisticado, com construções antigas e algumas realmente maravilhosas.
Há muito mais motos e principalmente scooters
circulando pela cidade do que da última vez que estive por aqui, creio que em
2007. Estão estacionadas por todas as partes, inclusive calçadas, e parece que
as autoridades fazem vista grossa quando estas realmente atrapalham a passagem
dos pedestres, o que é relativamente comum. O número de estacionamentos
regulamentados está muito longe de suprir a demanda. Mas o que me espantou foi
ver, várias vezes, motociclistas circulando pela calçada, alguns até em
velocidade alta. Nem em São Paulo vi tanta cara dura. Os parisienses parecem
resignados e não reclamam. Numa das situações perdi a cabeça e desandei a
gritar com um motociclista, e o gozado é que todos olharam para mim espantados,
mas gostaram.
Estou numa lavanderia esperando a máquina terminar o
trabalho. Ao meu lado há uma menino de uns 4 ou 5 anos, máximo, completamente
quieto, me vendo teclar. Acabei abrindo uns filmes que tenho de Montreal e NY para
ele ver e em todos não vi uma moto sequer circulando pelas ruas. Complemente
diferente de Paris.
O interessante daqui é acordar cedo e ver pais e
mães levando seus filhos para a escola. Há muita menina nova, lindas e bem
vestidas, circulando em pequenas scooters réplicas de Lambretas. Há também
várias Vespas e Lambretas originais, restauradas, perfeitas, sem soltar qualquer
fumaça. Muitas scooters recebem uma espécie de capa de proteção para as pernas
do motociclista, o que no frio deve ajudar muito. Há um modelo da Honda que é intermediário
entre uma moto normal e uma scooter, ou seja, uma scooter com rodas grandes.
Bem interessante.
Fiz uma foto de uma velhinha que espero que gostem.
Eu adorei. Se pudesse obviamente a teria comprado. Linda! Aliás, eu gostaria de
levar ela, mais uns Renault 4, Citroen 2CV, Fiat 500 original e outras
coisinhas velhas, estranhas e especiais que ainda circulam normalmente.
Maravilhosas!!!
Um detalhe muito interessante: vi algumas 125 YBR
circulando por aqui. O pessoal usa mesmo moto grande – todas com silenciador em
ordem – ou scooter. Moto pequena é rara. Há uma Ducatti bicilíndrica em V
imensa, que não faço ideia do que seja, mas é linda.
Todos os ônibus de transporte municipal são
automáticos e com piso baixo em toda a cabine. Os nossos ditos piso baixo tem
um degrau no meio que sempre considerei um crime. Paris é praticamente plana, o
que ajuda no uso dos ônibus automáticos, mas tenho a sensação que os daqui são
mais suaves. Pode ser por causa do treinamento dos motoristas, que no geral são
muito suaves na condução. Mais ao estilo brasileiro só uma motorista mulher,
grande, bonita, simpática, mas uma verdadeira vaca louca para os padrões da
cidade. A madame sabia muito bem o tamanho do ônibus e em nenhum momento sentiu
qualquer constrangimento em usar sua força – sorrindo, é lógico. Ao contrário
dos homens que tem um cuidado na incrível condução.
A relação dos ônibus com as bicicletas é tranquila.
Os ciclistas, com raríssimas exceções, tem um comportamento tranquilo e seguem
as regras. Muita mulher pedalando, todas bem vestidas. É muito raro ver um
ciclista vestido de “franga”. Há uma quantidade relativamente grande de
bicicletas elétricas, mas geralmente o pessoal pedala e usa o motor em momentos
específicos, como subidas ou rotatórias.
Para terminar, fiz uma pequena excursão no fim de
semana, e fomos num ônibus com câmbio mecânico de 12 marchas, 6 normais e 6
reduzidas, mas de acionamento computadorizado e automático. É como se um piloto
de Fórmula 1 estivesse mudando as marchas de um câmbio tradicional, até com
punta-taco, aquela técnica de redução de marchas usando a ponta do pé no freio
e o salto do sapato no acelerador para acertar o giro e fazer as marchas
entrarem no tempo. Tivemos que fazer uma frenagem de emergência e eu ainda
estava achando que o ônibus era mecânico puro. Fiquei pasmado com a redução de
marchas absolutamente precisa. O motorista, Ms. Theiry, tinha 30 anos de
estrada, dirigia com uma suavidade incrível, duas mãos ao volante, braços a 45
graus, passar de mãos sobre o volante clássico, perfeito nas curvas, o que
ajudou demais na agradabilíssima viagem, talvez a melhor que fiz na vida.
Desculpem, a foto da moto velhinha está na maquina
lá em casa e mando depois. Até.
roupa de "franga" pode ser sexy...
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