terça-feira, 13 de março de 2012

Paris, motos, bicicletas e ônibus


Estou há uns 10 dias aqui em Paris, vivenciando dois bairros que normalmente um turista não vê, mesmo sendo os dois na área central da cidade. Um deles, atrás da Estação de trem de Montparnasse, de gente mais simples. O outro é La Mouet, a uns 2 km do Arco do Triunfo, bem mais sofisticado, com construções antigas e algumas realmente maravilhosas.

Há muito mais motos e principalmente scooters circulando pela cidade do que da última vez que estive por aqui, creio que em 2007. Estão estacionadas por todas as partes, inclusive calçadas, e parece que as autoridades fazem vista grossa quando estas realmente atrapalham a passagem dos pedestres, o que é relativamente comum. O número de estacionamentos regulamentados está muito longe de suprir a demanda. Mas o que me espantou foi ver, várias vezes, motociclistas circulando pela calçada, alguns até em velocidade alta. Nem em São Paulo vi tanta cara dura. Os parisienses parecem resignados e não reclamam. Numa das situações perdi a cabeça e desandei a gritar com um motociclista, e o gozado é que todos olharam para mim espantados, mas gostaram.



Estou numa lavanderia esperando a máquina terminar o trabalho. Ao meu lado há uma menino de uns 4 ou 5 anos, máximo, completamente quieto, me vendo teclar. Acabei abrindo uns filmes que tenho de Montreal e NY para ele ver e em todos não vi uma moto sequer circulando pelas ruas. Complemente diferente de Paris.

O interessante daqui é acordar cedo e ver pais e mães levando seus filhos para a escola. Há muita menina nova, lindas e bem vestidas, circulando em pequenas scooters réplicas de Lambretas. Há também várias Vespas e Lambretas originais, restauradas, perfeitas, sem soltar qualquer fumaça. Muitas scooters recebem uma espécie de capa de proteção para as pernas do motociclista, o que no frio deve ajudar muito. Há um modelo da Honda que é intermediário entre uma moto normal e uma scooter, ou seja, uma scooter com rodas grandes. Bem interessante.

Fiz uma foto de uma velhinha que espero que gostem. Eu adorei. Se pudesse obviamente a teria comprado. Linda! Aliás, eu gostaria de levar ela, mais uns Renault 4, Citroen 2CV, Fiat 500 original e outras coisinhas velhas, estranhas e especiais que ainda circulam normalmente. Maravilhosas!!!

Um detalhe muito interessante: vi algumas 125 YBR circulando por aqui. O pessoal usa mesmo moto grande – todas com silenciador em ordem – ou scooter. Moto pequena é rara. Há uma Ducatti bicilíndrica em V imensa, que não faço ideia do que seja, mas é linda.

Todos os ônibus de transporte municipal são automáticos e com piso baixo em toda a cabine. Os nossos ditos piso baixo tem um degrau no meio que sempre considerei um crime. Paris é praticamente plana, o que ajuda no uso dos ônibus automáticos, mas tenho a sensação que os daqui são mais suaves. Pode ser por causa do treinamento dos motoristas, que no geral são muito suaves na condução. Mais ao estilo brasileiro só uma motorista mulher, grande, bonita, simpática, mas uma verdadeira vaca louca para os padrões da cidade. A madame sabia muito bem o tamanho do ônibus e em nenhum momento sentiu qualquer constrangimento em usar sua força – sorrindo, é lógico. Ao contrário dos homens que tem um cuidado na incrível condução.

A relação dos ônibus com as bicicletas é tranquila. Os ciclistas, com raríssimas exceções, tem um comportamento tranquilo e seguem as regras. Muita mulher pedalando, todas bem vestidas. É muito raro ver um ciclista vestido de “franga”. Há uma quantidade relativamente grande de bicicletas elétricas, mas geralmente o pessoal pedala e usa o motor em momentos específicos, como subidas ou rotatórias.

Para terminar, fiz uma pequena excursão no fim de semana, e fomos num ônibus com câmbio mecânico de 12 marchas, 6 normais e 6 reduzidas, mas de acionamento computadorizado e automático. É como se um piloto de Fórmula 1 estivesse mudando as marchas de um câmbio tradicional, até com punta-taco, aquela técnica de redução de marchas usando a ponta do pé no freio e o salto do sapato no acelerador para acertar o giro e fazer as marchas entrarem no tempo. Tivemos que fazer uma frenagem de emergência e eu ainda estava achando que o ônibus era mecânico puro. Fiquei pasmado com a redução de marchas absolutamente precisa. O motorista, Ms. Theiry, tinha 30 anos de estrada, dirigia com uma suavidade incrível, duas mãos ao volante, braços a 45 graus, passar de mãos sobre o volante clássico, perfeito nas curvas, o que ajudou demais na agradabilíssima viagem, talvez a melhor que fiz na vida.

Desculpem, a foto da moto velhinha está na maquina lá em casa e mando depois. Até.

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