Felipe Massa e Rubinho Barrichello são dois profissionais de ponta que sabem muito bem o que são regras e contratos a serem respeitados e cumpridos. É difícil aceitar que o melhor não receba o merecido, que os acontecimentos não tenham desfecho que parece natural, mas a vida normalmente não é uma terra de fantasias onde todos vivem felizes para sempre. Todo mundo sabe disto, ou pelo menos deveria saber. Ficar chateado ou até desgostoso vendo o ídolo deixar o companheiro de equipe passar para a vitória é uma reação normal, mas dependendo do tamanho da reação deve ser tomada no mínimo como falta de maturidade. Gostaria muito de saber o que mais dói nestes dois excelentes profissionais, se é a dureza do cumprimento do dever ou ser execrado pela torcida de seu país. Rubinho foi e continua sendo motivo de chacota aqui no Brasil e Felipe Massa provavelmente vai passar pelo mesmo escárnio. A diferença dos dois para os que lhes fazem chacotas é que ambos trabalham para o que há de melhor em matéria de organização, tecnologia e resultados, e são profundamente respeitados fora do Brasil; e os furibundos daqui vivem em cidades mal organizadas, sujas, violentas, alem de ter um presidente que diz em tom de piada que se for necessário para o Brasil ser campeão em nossa provavelmente malfadada Copa pára o jogo no meio, ou seja, rouba para vencer. Bem poucos aqui reclamaram da falta de bom senso de nosso representante máximo, o que é uma pena ou péssimo sinal da situação das coisas.
Rubinho neste fim de semana, depois de ter sido deslealmente emparedado por Schumaker, campeão um tanto kid vigarista, que acabou ficando para trás, respondeu que preferia ensinar seus filhos a chegar em segundo do que agir com mau caráter. A meu ver ele está certo. Chico Buarque descreve bem o que nós, brasileiros, somos em sua “Geni e o zepelim”. Pelo menos é como estamos nos comportando. Minha preocupação é o tamanho do estrago que a aceitação geral da venda da falta de caráter vinda de cima nos trará no futuro. Se ainda queremos construir um país descente, este que vai para frente na ordem e progresso é bom demonstrar um mínimo de bom senso, respeito e apoio pelos que têm como norte respeitar regras e cumprir contratos. Como minha mãe sempre disse: “O tempo diz tudo a todos”.
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