domingo, 29 de agosto de 2010

Bárbara Gancia e a liberdade de imprensa

Fica aqui a minha recomendação para que releiam as duas colunas de Bárbara Gancia, Cicloativíssima e A burca do talibiker, agora que a tormenta passou e está bem longe. Não acompanhei tudo o que saiu, mas quem o fez, e muitos o fizeram, conta sobre várias mensagens que vão além da discordância e partem a agressão; quase uma reação histérica coletiva, o que é realmente triste. Sei que há muita gente que acha que a solução de todos os problemas é ir para o próprio extremo. “Minha verdade é o que vale!”. Um julgamento bipolar, numa sociedade que está sendo encaminhada para o bipolar. Aos nossos e por nossa causa vale tudo. Já ouvi esta história antes. Toda humanidade ouviu-a antes várias vezes. E toda vez, sem exceção, que assim foi todos, sem exceção, se deram mal, os caga-regras, os amigos, os inimigos e supostos inimigos, e principalmente quem não tinha a ver. Bipolaridade é doença individual ou coletiva. Liberdade de expressão é santo remédio para estes casos.
No Brasil temos a história da “Escola Base”- http://www.igutenberg.org/biblio6.html - muito simbólica e esquecida. Não é caso isolado, muito pelo contrário. Brasileiro tem uma queda pelos linchamentos, como apontam várias pesquisas nacionais e internacionais. “Minha verdade é o que vale e dela não arredo pé!”. Há até tentativas recentes de criar várias mordaças, das quais discordo em grau, gênero e número. Não se pode falar mal, fazer piadas ou divulgar notícias sobre erros ou falcatruas de gente ligada a um determinado grupo político bem popular ou eles tem chiliques e tentam bloquear a verdade. Talvez tenham medo da verdade e seu conseqüente linchamento. Mas quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? E coloco desta forma efetivamente para provocar.
Eu fico com a plena e completa liberdade de expressão. Sou contra difamações ou mentiras, o que é tipificado pela lei. Gostaria demais que este país fosse discutido a sério, pontualmente, e com números, verdades, estatísticas, que apóiem princípios, filosofias, a própria verdade (novamente e sempre). Eu fico com o politicamente incorreto, o deboche, a sátira, o grotesco. Fico com os loucos, os que se fazem de, os que são incompreendidos e por isto ditos loucos. Repito, o texto de Bárbara é exagerado no geral, mas fora o que deve ser tipificado na lei por inverdade, é só uma forma de expressão, de liberdade, a qual ela tem pleno direito. E com o que nós deveríamos tirar bom proveito.
Outro dia saiu um artigo bem interessante sobre a relação de liberdade completa e a estabilidade social de um país; no caso a Dinamarca. Interessante, vale o mesmo para qualquer pais ou cidade do planeta onde a verdadeira e sábia liberdade impera. Todos têm em comum o limite estabelecido pela lei, que por sua vez é feita por quem vive e sabe das benesses da liberdade responsável, da importância da expressão individual na formação de uma coletividade sólida. Aliás, não há liberdade nem progresso perene de outra forma.
Passados pelo menos duas décadas de luta mais organizada pelo respeito ao ciclista creio que já passou da hora de aprender a ouvir vozes discordantes. É uma questão de maturidade. E destas, as piores que sejam, devemos aprender a tirar algo de bom para nosso lado. Chutando o pau da barraca é que não dá.

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