segunda-feira, 8 de outubro de 2018

A mais nova esperança: veículos elétricos

A quantidade de patinetes com micro motores elétricos circulando por Paris impressiona, a maioria de aplicativo. Já se via muito patinete, mas agora a cidade está próxima de uma epidemia. Skates elétricos que surfam em ondas suaves, para lá, para cá deliciosamente, perigosos para os pedestres. E a nova geração de bicicletas elétricas com motor central, que é muito melhor. E mais um montão de geringonças circulando nas ruas e calçadas, ou estacionados ou largados em qualquer lugar. Além de scooters e carros de todos tamanhos, vans e caminhonetes de entrega puramente elétricos, e ônibus coletivos que estão rapidamente mudando para híbridos. 
A primeira vez que estive em Paris, faz 10 anos, era uma cidade com sensível frota de veículos diesel. Me impressionou que o colarinho da camisa não ficava imundo como em São Paulo.  Nem a meleca saía escura.
O trânsito está cada dia mais caótico. Não sei quando Paris seguirá Londres e outras capitais que já tem data para a proibição de circulação de veículos a combustão na área central. Isto não bastará para pôr ordem na casa. A simples troca de modal energética não solucionará o problema dos congestionamentos e do uso do espaço público.
Pelo menos a indústria está se mexendo. É relativamente fácil ver que várias marcas embarcaram para valer neste futuro elétrico. Faz alguns dias o Presidente do Conselho do grupo Renault, Nissan Motors e Mitsubishi, líder de vendas de veículos elétricos, deu uma entrevista para um jornal francês que levava primeira página com um "Vamos para o elétrico total" e "Com o elétrico a guerrilha de Trump (contra as questões ambientais e comerciais) perde o sentido". VW, Tesla, Smart, BMW, Volvo, Ford e a maioria das marcas estão se mexendo para não sumirem do mapa. E os chineses são esperados para brigar pesado neste mercado.
E os governos estão se mexendo. Junto com a chegada dos veículos elétricos tem que haver também uma enorme mudança no setor elétrico de todos países. Tem que produzir e distribuir mais e melhor a eletricidade. Não entendo nada sobre o assunto, mas sou brasileiro e sei muito bem o que significa apagão. Imagine só o sistema de distribuição não suportando a carga e entrando em colapso. Hoje o mais grave que pode acontecer é perder a comida da geladeira. Com uma frota basicamente movida a eletricidade um apagão elétrico pode levar ao colapso de toda a distribuição de bens básicos, incluindo produtos alimentares, um exemplo que nós brasileiros acabamos de experimentar com a greve dos caminhoneiros. Além de que a economia derreterá como manteiga ao sol em pouquíssimo tempo.

O Brasil ainda tem uma matriz energética desequilibrada por muito dependente da geração hidrelétrica. Para piorar sequer fez a lição de casa da rede de distribuição de energia, que está no limite, ou talvez tenha passado dele. Mais uma vez perdemos o bonde do tempo. O setor automobilístico dá graças a Deus porque terá muito tempo para desovar aqui, no país do nunca antes, tecnologias que não só estarão obsoletas, mas proibidas na maioria dos países civilizados.

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