sexta-feira, 1 de julho de 2016

Fazer com qualidade ambiental

Por conta de danos causados pela construção do edifício que fica nos fundos de minha casa tive que fazer reparos nela. Minha preocupação foi gerar o menor impacto ambiental possível, o que pelas circunstâncias traduzi como o menor número de caçambas de entulho possível. Das previstas 4 caçambas para toda obra consegui reduzir para 1 e meia. Boa parte desta redução se deu porque decidi correr o risco de reformar o telhado sem trocar todas telhas, como me foi recomendado. Funcionaria - se muito bem feito. O trabalho foi porco e na primeira chuva forte a casa virou um chuveiro. 
A troca de todo o telhado se tornou inevitável, o que foi feito. Confesso que fiquei deprimido com a troca. Com meu sonho ambiental gastei dinheiro, tempo, paciência e ilusão. Dói mais uma vez a perda do sonho, da ilusão de fazer correto, de tentar ser ambientalmente honesto. Fica mais uma vez a certeza sobre quão crucial é a qualidade.
Já foi dito e repetido que é muito difícil conseguirmos qualidade ambiental sem educação ou pelo menos treinamento. Reformar o telhado dependia de colocar no nível, alinhar, assentar e encaixar corretamente uma telha na outra. Não conseguiram, ou não quiseram, sei lá.
Educação e treinamento não bastam. Tem que ter seriedade, vontade de fazer o correto, de ver o trabalho perfeitamente realizado. 
Eu confiei nos pedreiros porque o trabalho que tinham feito até então foi bom, correto. Foi conversado sobre os cuidados que deveriam ser tomados para que o telhado ficasse bom. Não consegui acompanhar o trabalho do telhado porque fazia um calor estúpido e tenho pressão baixa. Velhinho caindo de telhado costuma não dar certo. Quando consegui subir lá fiquei horrorizado com a porcaria que vi. 

Nesta troca de telhados ainda tentei evitar que as telhas antigas virassem entulho. É socialmente desonesto não conseguir que uns 50 m² de telha francesa não chegue a quem necessita. Fernando, da F2 Telhados que está instalando o telhado novo, entendeu minha preocupação e procurou entidades, como a Casa André Luiz, que normalmente recebem telhas usadas, mas todas responderam que não tem mais espaço para telhas. Fernando ainda procurou uma empresa que recebe as telhas, tritura elas e faz com elas uma espécie de pedrisco para jardins, mas a resposta foi que o mercado está completamente parado. Com profunda tristeza vi todo telhado se transformar em entulho numa caçamba. 

É inevitável fazer uma comparação entre o que aconteceu com meu telhado e o que provavelmente vai acontecer com boa parte do cicloviário de São Paulo. 

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