terça-feira, 12 de julho de 2016

A história das ciclovias de São Paulo

Reginaldo Paiva me telefonou e pediu para tomarmos um café para conversar sobre como foi a história dos projetos cicloviários do Município de São Paulo. Quais foram os primeiros projetos cicloviários da cidade? Minha memória é péssima, mas creio que o primeiro projeto oficial foi a ciclovia que deveria ter ligado o Parque Ibirapuera à Cidade Universitária, feito lá pela metade dos anos 80. Não vou contar o Projeto de Viabilização para Bicicletas de 1982 com 255 km de sistema cicloviário completamente interligado por caminhos alternativos porque mesmo apresentado oficialmente para Covas, Getúlio Hanashiro e engenheiro Montans, não foi aceito como algo viável por este último, a palavra final do CET de então. Também não posso dizer que foram projetos internos dentro da própria CET, bem antes de 1980, porque nunca vi pessoalmente, mas confirmo ter ouvido várias vezes a existência destes projetos.
 Sábado a noite cai em mais uma discussão sobre a questão das bicicletas por aqui e a menina Taís, articulada, inteligente, caiu no discurso comum que tudo existe por causa de Haddad. Não adianta argumentar que Haddad tem o mérito de ter conseguido colocar a coisa na rua, mas que sem a trabalheira pró bicicleta que houve antes deles muito provavelmente Haddad teria conseguido muito pouco. A cidade é uma construção contínua. Para Nova Iorque chegar onde está teve Ed Koch, que pegou uma cidade literalmente desintegrada e colocou as bases Giuliani e Bloomberg
 É normal que qualquer ciclista menos experiente ou vivido no selim conduza a bicicleta com todos os vícios de um condutor de automóvel ou moto. Há vários problemas nesta confusão, o mais imediato, direto em relação à segurança no trânsito. Indireto é o fato que continuando a seguir pelos caminhos do carro ou moto o ciclista provavelmente não descobrirá a cidade que vive e a liberdade que a bicicleta oferece.

A discussão sobre a questão da bicicleta se faz em bases medíocres, não importa de que lado da questão se esteja. O problema começa e termina pelo fato que há lados, os a favor e os contra. O que está correto e o que foi feito errado são simplesmente pontos de apoio para armar ataques de um lado para o outro. É fato que não se discute a cidade, a vida de todos, o que fazer e como realizar de maneira realista. Colocar a pergunta "que cidade você quer?" é inútil porque o discurso geral não é coletivo, mas individual e seletivo.
Infelizmente Haddad só ajuda esta dualidade porque tem um discurso pobre, pouco inteligente. Numa entrevista para a Rádio Estadão, já faz uns dias, repetiu duas vezes a mesmíssima resposta sobre redução de velocidade, demonstrando mais uma vez sua incapacidade de fugir do discurso pronto, da propaganda pura decorada. O que o pessoal não se pergunta sobre estas falas corretas é "e ai, o que mais?", qual é o outro lado da moeda?
De minha parte tenho a dizer que o que realmente importa é cidade, os cidadãos, todos, não grupelhos, mesmo que estes tenham um potencial positivo imenso, como é o caso dos usuários da bicicleta. 
Enfiar o bem goela abaixo dos outros é contraproducente, até porque o bem de uns pode não ser o bem de outros.



http://www.estadao.com.br/ Ciclistas e sem terra 
entrevista de Haddad a Rádio Estadão
http://radio.estadao.com.br/audios/detalhe/radio-estadao,fernando-haddad-viu-erro-em-acao-que-resultou-na-morte-de-crianca-em-perseguicao-na-cidade-tiradentes,599485 

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