sexta-feira, 30 de outubro de 2015

depois corrige: A volta da miséria

... depois corrige...
O pessoal que nos meteu neste inferno é exatamente o mesmo do ... depois corrige...
Por favor, só lembrem que bicicleta é um importantíssimo fator de combate a pobreza extrema. Mas só tem resultados quando não se vende a alma. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

lixo de sociedade

Acabo de ver mais vez uma cena tipicamente brasileira, completa vergonha de todas classes sociais independente do nível social ou escolaridade: jogar lixo na rua sem o menor pudor. 
Estava conversando com um amigo e exatamente na nossa frente (rua Oscar Freire em frente à Bacio di Late) parou uma BMW 550i preta, blindada, placas DSK 00XX, a porta direita de trás se abriu no meio da via e o senhor que estava sentado jogou com toda tranquilidade umas quatro revistas pequenas no asfalto e fechou a porta certo de não ter sido visto. Deu para perceber que era um senhor já pelos seus 80 anos, muito bem vestido, sendo conduzido por um chofer e aparentemente mais ninguém no carro. Como o trânsito estava parado meu amigo foi até lá, pegou as revistas no asfalto e ficou abanando-as na janela enquanto eu urrava com o porco senhor. Envergonhado o senhor abriu a porta e recolheu as revistas. (86).
É deprimente que cidadãos que deveriam servir de exemplo social se comportem assim, mas infelizmente é regra.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Mortes sem imprensa e a imprensa doente


Nesta última semana fiquei sabendo de mais duas mortes de ciclistas, Matheus Mello na esquina da av. Faria Lima com av. Cidade Jardim, e uma jovem dentro de um posto de gasolina. Angelo, juiz aposentado, sempre repete que a imprensa não dá praticamente nada do que realmente acontece e não poderia ser diferente. Temos uma morte violenta a cada dois minutos... Mais, o que chega ao público tem baixa qualidade de informação.

Estou muito cansado de dar entrevistas por que praticamente todo jornalista quer ouvir o que quer ouvir, não tem capacidade de entender o que o entrevistado está dizendo, não sabe o que é checar, cruzar informação do que foi dito, não tem no próprio dicionário a palavra "investigar", o que é deprimente, de uma pobreza sem fim. Sem investigação não há jornalismo, não há imprensa. 

Muitos dos problemas que estão ocorrendo agora com os ciclistas decorrem do monte de besteira que foi e continua sendo publicado pelas mídias e imprensa, não importando, o tamanho, a força e ou tradição do órgão ou jornalista envolvido. Todos carecem de inteligência, quando não de dignidade.

A notícia sobre a morte de Matheus peca por erros básicos, que começam pelo local, já que a av. Faria Lima não cruza com a av. Nove de Julho, como está escrito, e terminam pelo crime de imputar culpa automática ao motorista do caminhão envolvido no acidente. Conheço bem o local, mesmo assim voltei lá hoje. A visibilidade do ciclista é total, minimamente de uns 30 metros em qualquer direção. É muito difícil não ver ou ouvir um caminhão mesmo que este esteja desembestado. Gostaria de saber o que aconteceu de fato.

O outro acidente fatal, que soube por uma conhecida da vítima, ocorreu dentro do posto de gasolina quando a jovem estava agachada calibrando o pneu e foi atingida por um motorista que deu marcha a ré, provavelmente sem conseguir vê-la. Ela caiu e apagou.

Não dá para divulgar todo acidente e morte, principalmente pela absurda avalanche de corpos frios que temos minuto a minuto no Brasil. O Brasil real, como é mostrado no site http://ocamera.com.br/site/, deve ser exibido, mas é pouco produtivo.  É muito melhor ter informação geral de qualidade que nos dê ferramentas para pensar, decidir e agir com inteligência. Um dos grandes prazeres, e motivo de profunda tristeza também, que tenho quando estou fora do Brasil é ver noticiários e debates. Jornalismo de verdade sobre a vida, não a morte.



No texto A liberação está nos fatos Fernão Lara Mesquita comenta a gravíssima denuncia publicada pelo jornal O Globo, Cofres abertos: Remuneração em Ministério vai até R$ 152 mil, e faz uma pesada crítica ao posicionamento e forma de trabalho do jornalismo e imprensa brasileira. Não sem razão. A denuncia, baseada em números do próprio governo federal, faz do Petrolão só um pequeno deslize, mesmo assim não repercutiu na imprensa e menos ainda na sociedade. Estamos fodidos!

domingo, 18 de outubro de 2015

Eu sou a mudança - livro

"Eu sou a mudança", da Editora Mol, apresenta em breves textos e entrevistas um pouco do que está acontecendo no olho do furacão da questão da bicicleta no Brasil do nunca antes neste país.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Sumiram os freios

Agradeço e faço reverência aqui a todo trabalhador honesto, que somos maioria.
O Brasil gerou mais uma de suas pérolas quando um delegado da Polícia Federal de Roraima abriu inquérito contra uma faxineira que roubou um bombom que estava sobre sua mesa. Este é o primeiro capítulo da nossa eterna novela ridícula. De um pequeno furto, que deveria ser resolvido com uma reprimenda, talvez até demissão, evidentemente passamos à história de uma mulher pobre com quatro filhos para cuidar no país do nunca antes.
Eu tive a sorte de comprar por R$ 1.000,00, na nota e em 6 parcelas, uma GT Timberline 29 zero que era mostruário e estava com problema no sistema de freio a disco (um pequeno vazamento no hidráulico novinho?). A bicicleta foi vendida com a garantia da loja (uma grande rede) que eu teria um sistema de freio novo em dois dias. Ficaram com meu telefone, mas não ligaram. Coloquei um sistema de freio mecânico, que prefiro, e estou muito feliz, parecendo uma criança.
A mesma loja está com duas KHS 29 em oferta e fui lá ver. Estavam sem o sistema de freio hidráulico, exatamente como na minha GT. O menino que me atendeu primeiro perguntou se eu tinha recebido e instalado o sistema de freio novo (Shimano hidráulico). "Não, ninguém me ligou e eu não recebi nada". Perguntei o que tinha acontecido com os freios daquela KHS 29 em oferta. Curiosamente os dutos hidráulicos de duas KHS foram cortados no dia seguinte da demissão do mesmo mecânico que deveria ter me ligado e instalado os freios na minha GT. 
Estou farto de ouvir histórias como esta em tudo quanto é parte, não só em bicicletarias. Estou farto de ouvir histórias sobre funcionários sem princípios que não param nos empregos e mesmo assim continuam conseguindo vaga em outro lugar para de novo ser demitido pelas mesmas causas. Coisas se perdem, atrasos, faltas, má vontade, faltas sem avisar ou justificar, serviço de péssima qualidade, mais coisa que some.... Falar em roubo não pode, duvidar das histórias mal contadas menos ainda.
O furto do bombom obviamente não é caso de se gastar tempo com a justiça e muito menos presídio, mas não dá para passar batido. Já a história dos freios... mereceriam uma investigação, que neste Brasil é praticamente impossível de ser realizada. Nossos presídios estão lotados de pequenos casos criminosos, o que é injustiça e insensatez completa porque gera mais violência ainda. Tão ou mais grave que a operação bombom sonho de valsa do delegado da PF é a postura de toda a sociedade que brinca de três macaquinhos - não vejo, não ouço, não falo. Isto é mostrar a bunda! Isto é aceitar! É desprezar a honestidade.
Espero que os que me leiam este texto reajam. Não dá mais para ficar quieto com qualquer ato antissocial. Silenciar é sacanear com trabalhador sério, honesto, que é a imensa maioria. Nosso silêncio acaba transformando a vida deles num inferno.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Projeto São Paulo - Jorge Wilheim

Olhando para a estante de livros dei novamente com o pequeno livro de capa azul Projeto São Paulo de Jorge Wilheim, uma das minhas referências para pensar a questão de nossa cidade e nela fazer a inclusão da bicicleta. As primeiras ideias que tiveram como base conversas com meu irmão, Murillo Marx, e seus amigos e leituras sobre nossa realidade e a experiência internacional, principalmente a americana, particularmente a Californiana. Para mim é quase impossível pensar a questão da bicicleta sem ter um olhar sobre o todo da vida urbana. O Projeto São Paulo de Wilheim mostra que o sonho era e poderia ser outro, muito mais rico, menos selfy.
Vai com esta sugestão de leitura um pedido de desculpas porque tenho consciência plena de meu grau de raiva com tudo que tem acontecido. Repito: meu sonho é outro; melhor: meus conceitos são outros, muitos outros. Para mim não importa a bicicleta, mas a vida.
Tem uma curiosidade: na foto onde estão todos colaboradores aparece meu irmão, Murillo, ao centro, quase no topo da escada, o terceiro do alto para baixo, voltado para trás, conversando, como sempre.

Pura coincidência, eu estou fotografado. Quando vi não acreditei

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

o sinal de Mariana

Acabei de passar por uma situação que oferece mais uma possibilidade da causa do acidente fatal da jovem ciclista modelo Mariana. Eu vinha pela av. Faria Lima e um pouco antes do cruzamento onde aconteceu o acidente olhei para o semáforo e vi a luz verde para os ciclistas. Continuei pedalando e tirei o olho do semáforo. Voltei a olhar para ele quando estava praticamente no cruzamento e o semáforo estava verde. Quando estava cruzando a rua Chopin Tavares de Lima percebi que eu estava no semáforo verde para o ônibus. A luz verde para o ônibus é muito mais forte que a vermelha para os ciclistas, e uma está colada na outra, tornando a luz vermelha quase invisível. Ou seja, no momento de distração o verde passou do semáforo do ciclista para o semáforo do ônibus, e como os dois semáforos estão juntos, encostados e alinhados, eu simplesmente não percebi.  Meu cérebro fez uma linha contínua e única dos dois sinais verdes.
Eu gostaria de ver o laudo da Perícia para o acidente de Mariana. Será que eles vão levar em consideração o problema de sinalização, ou seja, o erro técnico de projeto e implantação? Ou mais uma vez se vai ficar na dualidade da responsabilidade ou do ciclista ou do motorista? 
Em que momento se vai acionar a Justiça pela responsabilidade técnica do poder público? Em que momento a sociedade vai se interessar por estes detalhes cruciais?

domingo, 11 de outubro de 2015

O fim do sonho de Subir na vida para as classe mais baixas

São poucas as leituras que oferecem uma luz que realmente ilumina, claro e nítido, acontecimentos. É imperdível a leitura do editorial "Soberba, autoritarismo e incompetência" do O Estado de São Paulo de sábado, 10 de Outubro de 2015; e a Entrevista de André Torretta "O fim do sonho de subir na vida" das páginas amarelas da Veja edição 2447 que tem como capa POR QUE CAEM OS PRESIDENTES que foi às bancas no mesmo dia. 
Da Entrevista de André Torretta dou um tira gosto dos subtítulos:
"O especialista na vida dos brasileiros antes pobres, mas que passaram a frequentar shoppings e faculdades, diz que, com a crise, muitos deles se sentem traídos pelo governo."
"Para uma família típica de classe C, a filha teve de sair da faculdade em março, o filho perdeu o emprego em agosto e o Natal será uma desgraça. O ápice, contudo, não chegou. No Nordeste, a crise ainda vai aparecer."
"O maior pecado de Dilma Rousseff, do ponto de vista dos mais pobres, foi mexer na educação, em vez de cortar um monte de outras coisas. Com isso, ela arruinou o slogan que seu governo criou, o da 'Pátria Educadora'"
Junte-se o que está escrito nesta entrevista com o editorial do O Estado de São Paulo que coloca a história do surgimento e trajetória de Lula, PT e o que está acontecendo no Governo Dilma, e temos um conto de terror sobre é de fato o Brasil real. 
O interessante é que se pode tirar uma visão otimista para o futuro do Brasil, afinal, será que este pessoal que foi usado e agora é sacaneado pelo PT, Lula e sua gerenta, não vai reagir?


Nem um, nem outro; não consegui os links. Então, deem uma olhada nos gráficos...
Os anos gordos ficaram para trás - entrevista com André Torreta no O Estado de São Paulo, E&N. 
 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

coração valente?

Coração valente? Já vi um monte destes pequenos cartazes espalhados por ai. Levam a foto de Dilma em sua fase guerrilheira. Foi um dos motes da última campanha. Gostaria de saber que público foi atingido por esta propaganda. Feministas? Talvez, quem sabe? Pelo que estou lendo feminismo historicamente teve e continua tendo várias facetas. Não seria difícil que algumas delas tenham embarcado na ladainha da coração valente. 
A meu ver Dilma, a dita Presidenta, é uma vergonha para as mulheres. O Brasil desintegrado que está ai é prova inequívoca. Mulher para mim tem consistência, força, dignidade, não aceita ser sombra de qualquer homem, mesmo que seja um semi endeusado populista, nem sai tendo chilique ou saiu berrando quando contrariada. Minhas mulheres, de toda minha história de vida, pelas quais tive e sigo tendo paixão e amor, foram grandiosas, fortes, inteligentes, charmosas, graciosas, femininas, mulheres; foram mulheres. Souberam se posicionar, ô! como souberam se posicionar!
Maria Cristina Ruano, linda menina magra e de cabelos escuros, lisos e longos foi quem, em 1981, me colocou a par dos assédios e algumas agressões que uma ciclista sofria pela cidade. Na época eram raras as mulheres em bicicleta, pelo menos nas áreas mais ricas das cidades grandes. Nestes 35 anos pedalando com inúmeras mulheres ouvi menos relatos de assédio ou agressão que tenho ouvido ultimamente. Gostaria de entender o que está acontecendo. Não resta dúvida que há uma mudança de cultura, mas espero que não seja coisa de coração valente. 

Estive na exposição da Frida Kahlo no Instituto Tomie Otake. Imperdível. Conhecia o trabalho de Frida Kahlo por livros e umas poucas pinturas e não gostava muito. Minha visão mudou com esta ótima exposição. E o conjunto de obras femininas vale como referência para este "debate" sobre a mulher ciclista.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

fafalha de comunicação


No trânsito:
Demorei umas duas semanas para começar a entender o que o povo de Olinda falava. Nos primeiros dias foi um horror, não entendia quase nada quando o pessoal falava um pouco mais rápido. Quem era do sertão então era impossível; falam outra língua. Zé Carlos Viana me levou para uma reunião de amigos e o pessoal disparou a conversar bla bla bla e "axé poco", blablabla e "axé poco". "Axé poco? Pensei com meus botões "sei o que é Axé, mas axé pouco não faço ideia. Coisa do candomblé regional?" Uns dias depois de muita dúvida perguntei para Zé Carlos e ele deu uma boa gargalhada e foi dizendo em tom pausado, "Arturo, é Eu acho é pouco; Eu acho é pouco! É o nome de um bloco carnavalesco".
Plantando ciclovias:
Tive que replantar uma árvore de romã que estava no meu jardim. Árvore linda, grande para uma romã, frequentemente florida, cheia de frutos, cresceu sobre uma tampa de concreto de fossa que não sabia existir e depois de uma chuva mais forte quase tombou. Perto de casa tem uma pequena ponta de terreno público e lá escolhi para a nova moradia de minha romã. Quando comecei a cavar a cova apareceu o Sombra, morador de rua que vive na pracinha ao lado. Sombra veio dizendo que a praça era pública, que eu não deveria plantar ali, e mais outras coisas que não consegui entender. Como ele estava começando a ficar alterado parei o plantio e voltei no dia seguinte para continuar. Recomecei e Sombra reapareceu tentando explicar algo que de novo não consegui entender. Ele se afastava um pouco e voltava gesticulando, apontando para o outro lado da rua, e mais isto e aquilo que eu continuava a não entender. Para evitar mais confusão parei mais uma vez. No dia seguinte a cova que eu havia cavado estava coberta com um cobertor e cheia de pertences que imaginei ser de Sombra. E é óbvio que ele logo apareceu. Falou com um pouco mais calma que aqueles pertences eram de um outro morador de rua, novo no pedaço. Sombra amigavelmente pegou tudo que estava na cova, levou para o outro lado da rua, voltou e pediu para eu plantar mais para lá. Como sempre não entendi por que. Finalmente terminei a cova, replantei a romã. Dois dias depois, quando fui regar, conversei com o vendedor de churrasquinho que trabalha ali e só ai entendi toda história. Sombra queria que eu plantasse a árvore um pouquinho mais a esquerda para não atrapalhar a lona que o vendedor de churrasquinho estica ali. 
A letra da lei, o CTB e suas versões:
Estudei em colégio de padres e tive problemas porque não queria assistir as missas. Não era para menos: as missas eram em latim ou em português, numa ou noutra versão para mim incompreensíveis. Por esta e por outras acabei sendo convidado a me retirar do colégio. Graças a Deus! Passadas décadas por pura curiosidade acabei lendo a Bíblia que era de minha mãe, leitura agradável. E um pouco depois achei meu vergonhoso boletim e a Bíblia oficial do colégio e das aulas de religião que não me lembrava da existência, leitura chata, pesada, desagradável, cheia de comentários ortodoxos, alguns muito da igreja da época e pouco religiosos. Que diferença dela para a Bíblia de minha mãe! O incrível é que tem muita gente que reza pela chatice, pela cartilha de pensamentos arcaicos, incovenientes.