No próximo domingo, 16 de Maio, vou sentar com
Renata Falzoni no SESC Santo André para um bate papo público sobre “Bicicleta,
Cidadania e Mobilidade Urbana”. Parto do pressuposto que faremos sobre Brasil e
muito provavelmente sobre a capital paulistana. No vídeo de divulgação digo
“ela (Renata) é a favor e eu sou contra”, e, sim, sou contra, por que o que se
está fazendo por aqui no Brasil se é pela bicicleta é burro, é uma ação de
cidadania para lá de duvidosa, e se tem a ver com mobilidade urbana é por que
brasileiro aceita qualquer coisa como normal.
Fui, sou e serei a favor da cidade via e aprazível,
portanto da bicicleta, cidadania e da mobilidade urbana. Como já tenho uma boa
estrada percorrida nesta vida sei que de boa intensão o inferno está lotado.
Nem falo de más intenções por que vemos todo dia em jornais, rádio e TV que até
o diabo negocia fazer o inferno das cadeias um pouco mais humano.
Em 1982, quando apresentei na Casa Madre Teodora o
"Projeto de Viabilização de Bicicletas como Modo de Transporte, Esporte e Turismo
para o Estado de São Paulo", Projeto de Governo Franco Montoro, não fazia
ideia que estava apresentando uma proposta de plano de mobilidade, como se diz
hoje. (http://escoladebicicleta.com.br/topicos.html e http://escoladebicicleta.com.br/bicicletatransporte.html).
Desde então sempre fui absolutamente contra o discurso monoteísta das "ciclovias
já" como única e exclusiva solução para a segurança dos ciclistas, o que
definitivamente não é.
Cidadania? Cidadania no Brasil? Saiam às ruas e
olhem o lixo no chão e não precisa dizer mais nada. Cidadania no Brasil? Brasil
é um rejuntamento de interesses individuais e corporativos mui específicos.
Cidadania pressupõe o respeito pelo coletivo, que até tínhamos não faz muito. O
pai nosso mudou neste país do nunca antes e a ladainha atual só recita direitos
individuais.
Mobilidade urbana? Brasileiro sabe o que é
mobilidade por que sente na pele o problema, MAS, a meu ver, brasileiro não faz
ideia do que seja uma cidade, portanto o urbano. Cidade é uma construção
coletiva baseada na cidadania, portanto, a meu ver, não a temos. Mobilidade urbana
sem cidadania? Estranho, não é?
Cá estão algumas das razões pelas quais sou contra o
que se está fazendo aqui:
- Recomendo que se pesquise no dicionário se mobilidade é sinônimo de
bicicleta? Se mobilidade não é sinônimo de bicicleta, pergunto: não haverá
não estão vendendo gato por lebre?
- A quase totalidade do que vi pessoalmente no Brasil são ciclovias
precárias sem estrutura complementar, com falhas grosseiras de
projeto, precariamente executadas, uma tantas inseguras, mal conservadas, muitas
abandonadas, que começam do nada e terminam em lugar nenhum. Dinheiro público
nasce em árvore?
- A imensa maioria das ciclovias que vi Brasil afora são sub utilizadas,
quando utilizadas. Aliás, minto, muitas são aproveitadas por pedestres.
- Qual é o percentual de ciclistas nas ruas? Qual é o custo benefício
da obra?
- Será que não existe outra forma de fazer um sistema cicloviário?
Eu, pessoalmente tenho certeza que sim, e infinitamente mais barato e
simples.
- Conflitos na implantação de sistemas cicloviários houve em todas as
partes do mundo. Num país onde que é público não é de ninguém, como o Brasil,
a população engole com facilidade propaganda enganosa.
- A lei 8.666 faz tudo ficar mais difícil. Criada com a melhor das
intenções transformou a coisa pública do Brasil nisto que estamos vendo.
- Será que não aprendemos nada com o que está acontecendo no Brasil?
Será que a política de faz de qualquer jeito já não se provou como errada?
Será que brasileiro ainda não aprendeu que uma coisa é fazer para o bem
público e outra, completamente diferente, é propaganda enganosa?
- Pedestres representam mais de um terço dos modais, a maioria gente
de menor poder aquisitivo, mesmo assim a proposta para melhorar calçadas é
de uma timidez...
- E tem o pessoal portador de alguma deficiência, 17% da população,
um pouco menos de 2 milhões invisível nas pesquisas. Invisíveis por que
não conseguem sair às ruas.
- Congressos internacionais sobre mobilidade, cidade, desenvolvimento
urbano, melhora de cidadania, bicicleta, administração pública...,
acontecem com frequência. Entidades internacionais atuam no Brasil. Técnicas
para fazer bem feito podem ser encontradas facilmente na internet. E o
brasileiro diz que somos diferentes? Que fazemos diferente? O que? A
experiência da humanidade não nos serve? UAU!
Poderia continuar, mas acho que já
basta. Sou contra!
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