Tudo é organizado, limpo e
funciona bem por aqui. Que diferença! Estive quatro dias em Boston e agora
estou em Georgetown, Washington, próximo do imenso parque que liga Casa Branca,
Capitólio, memoriais, tendo ao centro o grande obelisco. É impressionante, só
vendo pessoalmente para entender escala e força. Georgetown continua sendo uma
pequena cidade histórica, com a maioria das construções de meados de 1800. Olho
para a leveza daqui e não quero lembrar o absurdo que fizeram com a
modernização de Joinville, que em pouco tempo demoliu uma das mais lindas
cidades que conheci. Foi-se muito da bela história de nossa colonização alemã.
Deprimente. Esquece, vamos voltar para cá.
Boston é realmente muito
simpática, cidade de estudantes, ciclistas e corredores a pé, que são vistos em
todas as partes e todas horas. Corrida a pé é tão importante em Boston que no
aeroporto há uma espécie de rosa dos ventos com os oito principais eventos
históricos da cidade e um deles é a figura de uma maratonista. Correr pelos
parques que margeiam as águas, principalmente o canal, deve ser maravilhoso.
Deve ser... por que infelizmente não corri. Fiz a volta completa no canal pedalando
ao por de sol, o que já foi uma benção comparável (mar é mar) a pedalar nas
praias do Rio. Pretendia correr lá no dia seguinte, mas infelizmente o tempo
mudou. Boston é mágica para quem corre a pé por que, repito com uma imensa
inveja, sempre tem gente correndo para todos lados o tempo todo. E gente feliz.
E meninas maravilhosas correndo em shortinhos ou pedalando em mini saia. Belos
corpos, belos corpos!, de todas cores, raças e etnias; tamanhos e belezas. Deve
ter menino bonito também, mas não consigo lembrar. As meninas... Comentário de
velho, avô, sem segundas intenções.
Aqui em Georgetown é praticamente
a mesma coisa, numa escala menor. Há remadores, que não os sei distinguir na
rua, mas das belas margens podem ser vistos treinando. O número de ciclistas é sensível,
de todas as idades, a maioria vestido para trabalho, magros, bem condicionados.
Numa América com sério problema de obesidade, principalmente longe de suas
bordas oceânicas, é ótimo ver tanta gente bem condicionada, bonita, com pernas realmente
vigorosas.
Boston e Washington têm sistemas de
bicicletas comunitárias. A bicicleta é a mesma, mas com marca e pintura diferente,
é lógico. É tão ou mais pesada que uma Velib e roda parecido. Basta passar o
cartão de crédito na máquina, responder algumas questões no visor e rapidamente
sair pedalando. Os dois sistemas são relativamente novos e as bicicletas ainda
estão pouco rodadas, portanto não se vê os problemas das Velib já muito surradas
e com alguns problemas.
Pedalar pelas ruas é muito fácil.
Americano dirige com grande cuidado, ou com muito medo de parar na frente de um
juiz. As ruas são todas sinalizadas, mas se não fossem também seria fácil
pedalar. Falo por que pedalei antes desta febre ciclística. Como em qualquer lugar
do planeta o perigo para terceiros está nos malditos celulares, principalmente
quando digitados, o que não é exclusividade de motoristas e inclui pedestres. Muita
gente se movimenta por estas ruas, mas está em outro planeta. Nas calçadas você
tem que ir desviando, o que é ridículo.
Triste é que os malditos faróis pisca-pisca
estão por toda a parte. Quando vão regulamentar? Do jeito que está só aponta
para uma epidemia mundial de individualismo, nada diferente do que acontece com
celulares, smart fones e outras porcarias.