sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A vida e o karma da bicicleta

A vida tenta nos ensinar, mas é difícil, quase impossível aprender. Com frequência ela nos leva e nosso ego ainda delira que estamos conduzindo a vida. Fruto da acomodação.
Esta semana estive a mercê dos desígnios chatos vida. Oh semaninha! Provavelmente foi um treinamento zen. Vale para quem acredita. Ainda não sei o que devo tirar deste aprendizado. Talvez o recado seja a paciência por si só, o que já bastaria. Zen...
Não somos treinados para olhar com atenção e aprender do que a vida em seus detalhes mais simples e bobos nos ensina, ou tenta nos ensinar. Temos um bloqueio que serve para proteção da saúde mental que estabelece até onde conseguimos absorver as verdades da vida. A partir dai entra a fantasia não só um instrumento de acomodação, mas principalmente de sobrevivência. Passou de certa aceleração é arremessado pela tangente incerta. O problema é que a fantasia é verdade coletiva e parece o caminho correto dos ineptos funcionais.
E ai vem a magia da bicicleta, como a da vida. Bicicletas tem vida própria, tem alma. Não, não é discurso de alguém que ama bicicletas, mas física pura, ciência pura. Resiliência, simplesmente resiliência.
Do IDicionário Aulete:
(re.si.li:ên.ci:a)
sf.
1. Fís. Propriedade de um material retornar à forma ou posição original depois de cessar a tensão incidente sobre o mesmo, determinada pela quantidade de energia devolvida após a deformação elástica, ger. medida em percentual da energia recuperada que fornece informações sobre a elasticidade do material.
2. P.ext. Ecol. Capacidade de um ecossistema retornar à condição original de equilíbrio após suportar alterações ou perturbações ambientais.
3. Fig. Habilidade que uma pessoa desenvolve para resistir, lidar e reagir de modo positivo em situações adversas.
[F.: Do lat. resilientia, part. pres. de resilire.]

Nada se cria, tudo se copia. Exatamente como na vida é muito difícil transmitir conhecimento sobre a vida da bicicleta e o pedalar, principalmente no meio de um povo que não tem a cultura do ouvir, como o brasileiro. “Eu sei pedalar”; “Este é meu jeito”...
Bicicleta tem vida própria. Deixa ela te levar. Se você brigar com ela provavelmente vai se machucar. Olhe a sabedoria dos “pé de chinelo”, aqueles ciclistas de baixa renda que nasceram sobre uma bicicleta, aprenderam a pedalar numa coisa de duas rodas, não tem outro opção modo de transporte, pedalam o que tem a disposição e onde é possível. A vida/bicicleta os leva naturalmente por que eles aceitam. Aceitar, simplesmente aceitar!
Aprendemos da vida quando esta não nos dá alternativa. Ou quando nos permitimos. E perdemos oportunidades quando apanhamos da vida e nos recusamos a tentar entender o que aconteceu. Na vida, como na bicicleta, há uma hierarquia e nós devemos aceitar que somos simplesmente passageiros, mas que, com gentileza, podemos conduzir nossos destinos. Quando fazemos assim seguimos em frente com tranquilidade. Karma!

A bicicleta está ali. Suba nela e deixe que ela o leve. Respeitei-a com um ser. Divida. Zen é a arte de pedalar com segurança. Ciclismo é a arte da suavidade. 

Um comentário:

  1. Concordo, Bicicleta tem vida própria tem alma! Lindo texto Arturo..... e a paciência vem em primeiro lugar! beijo

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