"Pavlof, neurolinguistica, vícios de linguagem, comunicação" - que bosta de título! começando por aqui.
As brigas são intermináveis dentro da casa. A mãe tem lá suas manias, o que enlouquece o casal de filhos, que por sua vez não se entende e não para de brigar. Já ouviu histórias semelhantes? Ouvi, aos montes, mais que meus pobres ouvidinhos gostariam de ter ouvido. Hoje, enquanto esperava por uma prestação de serviço ouvi mais uma vez história parecida do sujeito que estava sentado ao lado.
Por que nos comportamos assim?
Será que dá para mudar?
Mais uma vez o pai engrossou para valer com uma besteira que o filho fez, nada de muito grave. Entrou na casa da ex, onde morava o filho, foi direto a ele aos gritos, não estava minimamente interessado nem quis saber o que e por que de fato se passara, começou a gritaria no quarto, encurralou o filho no banheiro, o empurrou para dentro do box do chuveiro e só não o espancou porque teve o punho fechado seguro no ar pela mãe. O filho, cansado dos rompantes do pai, avisou que não o veria por dois anos. E assim o fez.
Comportamento individual ou coletivo? Vício de linguagem de quem? De quantos?
É uma mulher maravilhosa, linda, com uma cultura rara, pró ativa na vida, conhecida por muita gente, tantos que se pode dizer conhecida por grande público. Cercada de amigos fieis, de boa conversa, sorridente, com uma vida social agitada por pessoas diversas e interessantes. O que mais se pode contar sobre suas qualidades? Não faltam. Com um ponto e vírgula: a relação com filhos. "Como assim?", espantou-se o amigo que nunca havia percebido absolutamente nada, sempre considerava aquela uma família perfeita, equilibrada, sorridente e cheia de conversar entre si quando entre amigos ou estranhos.
"Eles tem que fazer uma terapia familiar". É mesmo? E o que mais? O que sustenta estes desequilíbrios internos em círculos de relação íntimos?
Bom dia, boa tarde, boa noite, muito obrigado. O que posso fazer? Posso ajudar?
Quem é o adulto?
Passaram-se dois anos, e o filho leve e feliz por não ter o pai por perto; mas a pressão de todos na família foi tal que ele aceitou ir jantar para acabar com a história. Vão, ele e o pai, a um restaurante italiano, sentam, entre as entradas e os pratos conversam sobre besteiras para amenizar o ambiente. Que bosta de restaurante!" - escolhido pelo pai, começou mal, escuro, ambiente pesado, vazio, mal servido, como sempre "É ótimo, é de um amigo" - do pai . Tomado de uma paciência que o filho não sabe de onde tirou, ou sabe: das suplicas da mãe, ele ouve as histórias, bla bla bla bla..., da vida 'interessantíssima' do pai - em silêncio. Vem a massa, mal feita também. O pai entra nas argumentações sobre o acontecido, fala, fala, fala, bla, bla, bla, bla... o filho termina a última garfada na pasta mole e cheia de molho, parmesão falsificado, comida horrorosa, mal feita, e continuando em silêncio. E o pai bla bla bla bla bla.... fala, fala, fala... Vem a sobremesa, que numa deferência até estranha o pai perguntou se o filho queria. Muito doce, sem graça. E o pai fala até não ter mais o que falar - sobre as maravilhas de sua vida e seus feitos, e então cala. Faz se um silêncio. "Desculpe, mas quem é o adulto aqui?" pergunta o filho para o pai, que atônito, sabendo que a pergunta era mais que pertinente, pergunta "quer café?".
O que é maturidade?
Décadas mais tarde a tia, irmã do pai, conta que o apelido dele entre os mais velhos da família é "o eterno adolescente".
"Faz terapia!" Por que não se consegue conversar dentro de casa?
"Familia, familia, social, social"; duas realidades distintas e unidas, uma complementa a outra. Treina-se em casa o que se vai fazer no mundo. E deveríamos aprender no mundo o que nunca fazer dentro de casa, com nossos mais próximos.
"O que acontece dentro desta casa não deve sair desta casa. Lá fora, sorria."
"Não sei de onde eles (filhos) saíram, mas de mim que não foi". Esqueceu completamente de olhar as qualidades que eles tem no trabalho e na vida social. De resto eles são o reflexo de quem é a mãe, principalmente. O pai não pode estar presente. Lembro que aqui neste Brasil, muitos pais somem, o que não foi o caso. A maioria da formação dentro de casa é feita por mulheres que tem tripla jornada de trabalho.
A afirmação que não reconhece nos filhos sua criação vem muito da dificuldade que eles tem em se comunicar. Lavar roupa suja? E porque não, mas de que forma?
Faz muito passou na TV uma série americana, Os Waltons, história de uma pequena família do velho oeste, da época que tudo se resolvia no bang-bang, onde havia um fortíssimo "sabe com quem está falando?". Mesmo num ambiente muito conturbado, eles resolviam tudo com conversas calmas e sensatas.
Quando todos falam alto, ninguém escuta, ninguém entende. Outro dia uma amiga professora disse que seria crucial que se voltasse a obrigar os alunos a ler perante os seus colegas. De fato, era um aprendizado incrível de como se comunicar socialmente.
Agora é sobre o que eu, Arturo, fui e sou.
Olho para trás e fico impressionadíssimo como fui ineficiente conversando ou expondo minhas ideias. Como me prejudiquei por não saber falar, não saber me comunicar corretamente. Forma, tom de voz, volume, tempo. Afinação. Ouvir.
Pavlof, neurolinguística, comunicação.
Se se consegue treinar um animal de estimação com as técnicas de Pavlof, por que não conseguimos melhorar nossa qualidade de vida social?
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