sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

R$ 1 bi na Mega da Virada. Qual seu sonho?

A bem da verdade, meu sonho foi ter acertado o bilhão de dólares de um prêmio sorteado nos Estados Unidos. Se é que é para chutar o pau da barraca da sorte, então... Um bi de Reais é... (5 X menos, quanta pobreza!)
Delírio a parte, voltando a realidade...

O Jornal da Band de hoje, 26 de dezembro soltou uma matéria sobre o que dá para fazer com 1 bi de reais, prêmio da Mega Sena desta virada para 2026. A comparação foi primeiro com quantas Bugattis dá para comprar, depois quantas Ferraris, depois com sei lá que carro, mas creio que tenha ouvido algo sobre "executivos". Não sei, sai de frente da TV para não continuar ouvindo tanta burrice. Que puta comparação asquerosa, pobre, mediocre, estúpida, distorcida, absolutamente improdutiva! E colocaram a matéria no ar! Mas é inegável que a deprimente besteirada é um reflexo fiel do pensar brasileiro. 

A matéria expõe a completa falta de noção do brasileiro médio sobre o que é ter dinheiro, sobre valores da vida, o que é qualidade de vida, sobre o que é futuro, sobre para o que serve riqueza.

Estou na cama, pronto para dormir. Eu ia terminar este texto depois, mas não dá. A comparação feita com carros esportivos de alto luxo remete a, melhor, reflete com precisão este Brasil completamente desvairado que estamos vivendo. Deprimente!

Para começo e fim de conversa, a cada dia estes esportivos de alto luxo são pegos pela Polícia Federal na mão de gente que tem séria dificuldade de justificar a origem do dinheiro. Daí para frente, pensar nesta matéria...

Esquece, por onde se pense no que foi editado e levado ao ar é... reflexo perfeito deste Brasil. Infelizmente a imensa maioria não vai entender quão grave foi, ou é, a burrice 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Feliz Natal

Este foi o melhor Natal que passei em anos. Sozinho. 

Como seria esta comemoração, do nascimento de Jesus, caso naquele 25 de Dezembro, tivesse um monte de gente fazendo uma festa (algazarra?) como a que fazemos? 

O melhor deste Natal para mim começou com uma série de gags trazendo Maria e José para a realidade atual, em versões italianas e americanas (SNL e outras). Afinal, é uma história humana. Por que tem que ser sisuda, chata, mal humorada?

A pergunta que nos, eu e vários amigos, fizemos, antes do Natal, é: Mudei eu ou mudou o Natal? Provavelmente, mui provavelmente, mudaram os dois, resta saber qual dos dois, nós, ou o espírito do Natal, mudou mais. Difícil responder. Fato é que Natal não é o mesmo, há qualquer coisa no ar que nos faz pensar que Natal virou pouco natalino.
Ouso responder que nós mudamos, muito, e com ele o espírito do Natal. Selfie!

Sozinho tive paz. Creio que a celebração seja relativa a um momento intimista, o nascimento de uma criança, muito especial, diga-se de passagem. Sentimento de paz.
Minha comemoração foi tirar da vitrine meu Papai Noel montado numa bicicleta e colocá-lo bem visível. Deitei, agradeci, apaguei a luz e dormi feliz.

Hoje pela manhã falei com uma amiga, desejar Feliz Natal, mas não consegui. Estourei na gargalhada. A cara dela é de quem passou por uma festa rave com direito a todas as loucuras possíveis. Esta foi a noite de Natal que ela teve com a família e o único e amado neto. Não deve ser a única que está acordando 'meio' torta, nada pronta para o almoço de Natal, sonhando em voltar para cama e ver como acorda amanhã. Tenho muitos amigos que tudo que querem é que acabe, e que a vida volte ao normal.
Peru? Tender? Farofa? Rabanada?
Tenho uma amiga que faz plantão no Natal. Quis organizar para ela estar com os seus, filha e neta, mais alguém. "Por favor, não! Não vou ficar servindo ninguém e ainda correndo atrás de neta. Quero paz. Trabalho no Natal exatamente para isto".

Comemoramos o início da História que nos deixou um legado proveitoso.  




segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Pavlof, neurolinguistica, vícios de linguagem, comunicação: família

"Pavlof, neurolinguistica, vícios de linguagem, comunicação" - que bosta de título! começando por aqui.

As brigas são intermináveis dentro da casa. A mãe tem lá suas manias, o que enlouquece o casal de filhos, que por sua vez não se entende e não para de brigar. Já ouviu histórias semelhantes? Ouvi, aos montes, mais que meus pobres ouvidinhos gostariam de ter ouvido. Hoje, enquanto esperava por uma prestação de serviço ouvi mais uma vez história parecida do sujeito que estava sentado ao lado. 
Por que nos comportamos assim?
Será que dá para mudar? 

Mais uma vez o pai engrossou para valer com uma besteira que o filho fez, nada de muito grave. Entrou na casa da ex, onde morava o filho, foi direto a ele aos gritos, não estava minimamente interessado nem quis saber o que e por que de fato se passara, começou a gritaria no quarto, encurralou o filho no banheiro, o empurrou para dentro do box do chuveiro e só não o espancou porque teve o punho fechado seguro no ar pela mãe. O filho, cansado dos rompantes do pai, avisou que não o veria por dois anos. E assim o fez. 
Comportamento individual ou coletivo? Vício de linguagem de quem? De quantos?

É uma mulher maravilhosa, linda, com uma cultura rara, pró ativa na vida, conhecida por muita gente, tantos que se pode dizer conhecida por grande público. Cercada de amigos fieis, de boa conversa, sorridente, com uma vida social agitada por pessoas diversas e interessantes. O que mais se pode contar sobre suas qualidades? Não faltam. Com um ponto e vírgula: a relação com filhos. "Como assim?", espantou-se o amigo que nunca havia percebido absolutamente nada, sempre considerava aquela uma família perfeita, equilibrada, sorridente e cheia de conversar entre si quando entre amigos ou estranhos.
"Eles tem que fazer uma terapia familiar". É mesmo? E o que mais? O que sustenta estes desequilíbrios internos em círculos de relação íntimos? 

Bom dia, boa tarde, boa noite, muito obrigado. O que posso fazer? Posso ajudar?   


Quem é o adulto?
Passaram-se dois anos, e o filho leve e feliz por não ter o pai por perto; mas a pressão de todos na família foi tal que ele aceitou ir jantar para acabar com a história. Vão, ele e o pai, a um restaurante italiano, sentam, entre as entradas e os pratos conversam sobre besteiras para amenizar o ambiente. Que bosta de restaurante!" - escolhido pelo pai, começou mal, escuro, ambiente pesado, vazio, mal servido, como sempre "É ótimo, é de um amigo" - do pai . Tomado de uma paciência que o filho não sabe de onde tirou, ou sabe: das suplicas da mãe, ele ouve as histórias, bla bla bla bla..., da vida 'interessantíssima' do pai - em silêncio. Vem a massa, mal feita também. O pai entra nas argumentações sobre o acontecido, fala, fala, fala, bla, bla, bla, bla... o filho termina a última garfada na pasta mole e cheia de molho, parmesão falsificado, comida horrorosa, mal feita, e continuando em silêncio. E o pai bla bla bla bla bla.... fala, fala, fala... Vem a sobremesa, que numa deferência até estranha o pai perguntou se o filho queria. Muito doce, sem graça. E o pai fala até não ter mais o que falar - sobre as maravilhas de sua vida e seus feitos, e então cala. Faz se um silêncio. "Desculpe, mas quem é o adulto aqui?" pergunta o filho para o pai, que atônito, sabendo que a pergunta era mais que pertinente, pergunta "quer café?". 

O que é maturidade? 

Décadas mais tarde a tia, irmã do pai, conta que o apelido dele entre os mais velhos da família é "o eterno adolescente".

"Faz terapia!" Por que não se consegue conversar dentro de casa?  

"Familia, familia, social, social"; duas realidades distintas e unidas, uma complementa a outra. Treina-se em casa o que se vai fazer no mundo. E deveríamos aprender no mundo o que nunca fazer dentro de casa, com nossos mais próximos.

"O que acontece dentro desta casa não deve sair desta casa. Lá fora, sorria." 

"Não sei de onde eles (filhos) saíram, mas de mim que não foi". Esqueceu completamente de olhar as qualidades que eles tem no trabalho e na vida social. De resto eles são o reflexo de quem é a mãe, principalmente. O pai não pode estar presente. Lembro que aqui neste Brasil, muitos pais somem, o que não foi o caso. A maioria da formação dentro de casa é feita por mulheres que tem tripla jornada de trabalho. 

A afirmação que não reconhece nos filhos sua criação vem muito da dificuldade que eles tem em se comunicar. Lavar roupa suja? E porque não, mas de que forma?

Faz muito passou na TV uma série americana, Os Waltons, história de uma pequena família do velho oeste, da época que tudo se resolvia no bang-bang, onde havia um fortíssimo "sabe com quem está falando?". Mesmo num ambiente muito conturbado, eles resolviam tudo com conversas calmas e sensatas. 

Quando todos falam alto, ninguém escuta, ninguém entende. Outro dia uma amiga professora disse que seria crucial que se voltasse a obrigar os alunos a ler perante os seus colegas. De fato, era um aprendizado incrível de como se comunicar socialmente.

Agora é sobre o que eu, Arturo, fui e sou. 
Olho para trás e fico impressionadíssimo como fui ineficiente conversando ou expondo minhas ideias. Como me prejudiquei por não saber falar, não saber me comunicar corretamente. Forma, tom de voz, volume, tempo. Afinação. Ouvir. 

Pavlof, neurolinguística, comunicação.
Se se consegue treinar um animal de estimação com as técnicas de Pavlof, por que não conseguimos melhorar nossa qualidade de vida social?

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Falta de eletricidade, a decisão da juiza, e o empurra-empurra



Resolver um problema envolve um processo estruturado: Definir o problema claramente, Analisar suas causas (causa raiz), Gerar múltiplas soluções, Avaliar as opções, Implementar a melhor, e depois Revisar os resultados para aprender, mantendo a calma e priorizando tarefas para progredir de forma organizada e eficaz.

Esta é uma resposta básica, primária, encontrada com facilidade no Google, para a pergunta 'como resolver problemas, quaisquer'. Nós, brasileiros, conseguimos responder minimamente a contento estes pontos básicos apresentados quando se trata da questão da falta de energia? Não. Conhecemos a realidade, as causas profundas do problema, o que poderia nos levar a uma melhoria de fato? Tenho tudo para duvidar, mas tenho certeza que a maioria irá responder "Nao me interessa saber. Eu quero meu problema resolvido. Eles que resolvam!".
A segunda parte da resposta que imaginaria dada pelo cidadão mui provavelmente irá incluir um herói de plantão, aquele que tudo resolve como passe de mágica. "Ou religam em 12 horas, ou serão multados por hora" é uma destas respostas mágicas. Como teve gente aplaudindo. Prefeito, governador e presidente invejosos devem ter pensado "eu mato, eu pico, eu ponho num penico", o que seria maravilhoso para os seus objetivos populistas, mas a brincadeira de criança histérica que está em jogo, entre eles, é outra, portanto "comporte-se", fale como um político inteligente. Político inteligente? Nos tempos que estamos vivendo? (Pausa para as gargalhadas).

Agências reguladoras. "Quem? Desculpe, o que (são)?" Boa pergunta.

Outra busca no Google:
"Ao Deus dará" é uma expressão idiomática que significa à toa, ao acaso, sem rumo, descuidadamente ou abandonado, indicando falta de planejamento ou de controle sobre uma situação, entregando-a à sorte ou ao destino. Sua origem remonta ao século XVII, possivelmente no Brasil, com um comerciante que, sem ter o que dar, dizia "Deus dará", popularizando a ideia de esperar por um acaso ou auxílio divino.


Ajuda te que ajudar-te-ei. Senhoras e senhores, até Deus sabe que se não se mexer a coisa complica. 
Terminando, ajudar se não tem nada a ver com bater o pé, espernear, ter chiliques. 

Você está correto. A sabedoria popular nos lembra que a ajuda é mais eficaz, genuína e relevante quando baseada em conhecimento prévio, experiência ou familiaridade com a pessoa, a situação ou o contexto em questão


segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Andreas Kisser: precisamos conversar sobre morte

O Estado de São Paulo
Comentários


A não discussão séria sobre morte é um tiro no pé sem tamanho, principalmente neste país onde a morte (do outro) é a coisa mais normal do mundo. "Morreu, morreu, antes ele do que eu", velho ditado popular. Os números que temos neste Brasil são absurdos, absolutamente inaceitáveis, e ainda ficamos divagando sobre o assunto (que não se pode falar abertamente porque é tabu ou sagrado).

Inacreditável hipocrisia. Sigam morrendo (os outros)... esta é nossa verdade.

Se um dia quiserem andar nas ruas com segurança, se um dia quiserem que nosso sistema de saúde funcione a contento, se um dia quiserem um país socialmente mais justo, se quiserem ter uma qualidade de vida mais digna, lembrem-se, nós nascemos, vivemos e morremos, com um pequeno detalhe: de duas coisas não se escapa nesta vida, pagar impostos e morrer. Como não temos sequer a capacidade de discutir, melhor dizendo, decência, para resolver a insanidade dos impostos deste país, guardo o direito que vamos continuar morrendo das maneiras mais estúpidas possíveis. Pelo menos nos velórios encontraremos os velhos amigos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Ditados

Quais os ditados que colaram na cabeça dos brasileiros? Ao o que eles nos levaram, ou nos levam?

O Brasil nunca viveu uma baderna com esta que estamos vivendo agora. É simplesmente inacreditável as loucuras que vem acontecendo sem parar dia a dia, ou hora a hora. Não faz muito, não estou conseguindo acreditar na quantidade de absurdos publicados nos jornais escritos, irradiados e televisivos. Não estou falando de fake news, de coisa de IA, mas de fatos e ocorrências investigadas por jornalismo sério, respeitável, com documentos, imagens, depoimentos. A baderna e a barbárie correm soltas. Feminicídios? Selvageria sem o menor sentido? Inéptos falando besteiras sem tamanho em nome do povo?

Quais são as verdades pétreas que estão encrustradas em nossas cabeças? Quais são as palavras, frases e ditados que formam nosso espírito?

Como vender conceitos novos, produtivos, pragmáticos, que transformem de fato este povo, este país? Como quebrar as besteiras tomadas como verdades definitivas?

Soltei uma grita sobre o novo PNE, Plano Nacional de Educação. Repito, dar urras ao novo PNE, agora, em 2026 que está aí? Para mudar o que e em quanto tempo? Este PNE pode ser ótimo, mas chegou com décadas, talvez séculos de atraso. Que seja bem vindo, mas guardo o direito de achar que antes tarde do que nunca neste caso é uma tragédia vestida para festa baile.

Educação se pode dividir em pedaços. Vou colocar dois mais básicos: a transmissão oral de valores sociais, que chamam de educação caseira, e a educação formal, leia-se escola. O dito bom novo PNE vai, ou poderá, talvez, quem sabe, apresentar resultados bem para a frente. Precisamos com urgência resultados sociais ontem, melhor, antes de ontem, aliás muito antes de ontem. 

A única saída para ter resultados a curto prazo é ter um macro plano para se corrigir o que está sendo transmitido informalmente, no boca a boca. Os ditados que este artigo discute. Ou vamos continuar convivendo com a estupidez e a barbárie que está aí. 


 

PNE, você sabe o que é? Se interessa?


Desculpem, mas em que ano estamos mesmo? 2025? Quase 2026? Agora é que se apresenta mais um "projeto" para se resolver a gravíssima deficiência de nossa educação? Ok, "plano", o que em outras palavras pode se traduzir em 'intenções', ou seja, sabe se lá quando vai acontecer, se acontecer, que pelo que prova o passado se pode duvidar que algo aconteça. Acho deprimente este meu comentário, mas absolutamente realista, pertinente. Estamos em 2026. Nosso passado nos condena, a todos, sem exceção. Educação deveria estar resolvida e gerando resultados positivos desde sempre, ponto final. Nossa! Que bacana! Agora vai? Nossa opção, de todos, sem exceção, é pela ignorância que oferece oportunidades imediatistas. Educação? Dar ferramentas para pensar e progredir com sustentabilidade? Construir de fato um país do futuro? A quem interessa?

Eu exagero?

O que nos define como brasileiros em relação à educação e cultura é o Museu Nacional ter sido incinerado.

A última que morre é a esperança. Tenho 71 anos e provavelmente vou morrer sem ver o Brasil com uma educação minimamente descente.

Lembrando que em 2028 completamos um século da reforma da educação do Distrito Federal, então Rio de Janeiro.

E em 2032 serão 100 anos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.

Não sabe sobre o que se trata? Leia!

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Águas. Sem ela não se vive.

Amanheceu um dia bonito e sem nuvens. Ótimo, vou lavar roupas. E não fosse uma olhada no celular, eu teria lavado. A previsão era que a partir das 9h30 haveria possibilidade de tempestades. Mudei meu plano, peguei a bicicleta e fui fazer o que precisava com ela antes da chuva. Entrei na ciclovia do rio, onde se tem uma visão ampla do horizonte, e havia uma outra outra nuvem, nada especial. Busquei uns papéis com uma amiga, uns 7 km sul de casa, falei sobre a previsão e ela me disse para me apressar porque seu filho, com acabara de falar e que estava a uns 15 km mais ao sul, lá por Interlagos, disse que o tempo estava fechando muito rápido e que vinha tempestade. 
Consegui terminar o que precisava fazer, voltei para casa com o céu mais nublado, mas ainda sem cara de tempestade. Almocei, sai de dentro da casa, olhei as nuvens, e aí estava com cara de chuva, nada demais. Pouco depois caiu uma tempestade que me assustou, não pela intensidade, que já vi piores, mas pelo barulho forte, como se tivesse um jato comercial parado sobre minha casa. O corredor encheu de água, meu tonel de 220 litros que capta água do telhado demorou menos de 10 minutos para transbordar, muita água!
O celular não parou de dar alertas sobre tempestade. Pelo aplicativo deveria ter tido mais uma outra tempestade, que não veio, pelo menos aqui. Liguei para amigos para saber como estava a tempestade por lá, um a 4 km sul, o outro 4 km norte. Os dois responderam que estava forte, mas nada excepcional. Caiu só aqui. E nas represas? Isto que interessava. Não sei.

Jantando acabei assistindo mais uma vez este The Future com Hanna Fry sobre a crise mundial da água e as possíveis soluções. Coisa séria para pensar.

São Paulo mais uma vez entrou numa crise hídrica. Quando ainda não tínhamos o problema de falta de água na magnitude que estamos tendo, muito tempo atrás, um dos maiores especialistas em recursos hídricos deu uma entrevista declarando que São Paulo era uma das cidades mais secas do mundo, mesmo estando assentada sobre uma vasta rede de rios e corregos. E explicou com uma conta simples: número de habitantes X consumo médio : pela disponibilidade de água. Muita gente, pouca água. Estou falando de uma entrevista dada faz algumas décadas. Ninguém levou a sério, como de praxe.

O cálculo hoje leva em consideração mais fatores, como distância de captação, sistemas interligados, mesmo assim o resultado continua sendo o mesmo, ou pior. O índice de perda melhorou um pouco, mas ainda é altíssimo para os padrões internacionais. A conta não fecha, temos uma crise hídrica, mas quem se importa?

A baderna urbana que estamos vivendo, construção imobiliária desregrada e desenfreada, ainda não entrou nos cálculos, ninguém sabe, ninguém viu, mas estejam certos que vai entrar, e não vai ser por aumento ou concentração populacional, mas pela visível interferência ambiental que até cego vê. Interferência ambiental no solo, aérea e subterrânea; ou, de drenagem, ventos e pontos de calor, e fluidez das águas subterrâneas e lençol freático. Meus termos podem estar incorretos, mas dá para entender o que estou falando, e aí sei sobre o que se trata.

Tivemos que nos mudar da casa de minha infância, em 1966, porque o terreno secou e a casa começou a afundar, o que é mais comum nesta cidade do que possa crer. Agora moro numa casinha próxima do rio Pinheiros, em terreno de turfa. Construíram um edifício nos fundos, entre a casinha e o rio, o que mudou a fluidez das águas subterrâneas. Resultado? A casa se movimenta muito, a ponto de portas abrirem ou não dependendo do tempo estar seco ou chuvoso. 

Não faz muito estive na casa de amigos que vivem na Represa de Guarapiranga. Todos afirmam que a represa não é a mesma faz muito, que o nível da água é muito mais baixo. Na última crise hídrica passei por várias represas e o que vi foi assustador. Novamente vivemos a mesma situação, basta ter um mínimo de interesse e acompanhar o nível das represas pelo aplicativo. Mesmo as autoridades não tendo declarado emergência hídrica, saber que temos só 20% de água é assustador. Quem se importa?

Há desinteresses que são próximos ao suicídio a prestação. Um deles, talvez o mais gritante, é a questão hídrica. Água! Sem ela não há vida,simples assim. Parece que nós, brasileiros, ainda não nos demos conta do tamanho do problema. Quem se dá conta age, e não agimos, não tomamos providências. Reclamar da falta de água definitivamente não serve para nada. Soluções há, são conhecidas, são multi disciplinares, basta começar a agir. Mas falar o que, se até quando se abre uma rua para consertar um vazamento todos gritam contra?




https://youtu.be/FDY2McKLvlM?si=fdbViUEhvIWk8puQ