segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Menos carros, mais ônibus e ciclovias. Só isto? Por que não funcionou?

Rádio Eldorado FM
SP Reclama
O Estado de São Paulo

Sobre entrevista de Sérigio Aveleda para a Rádio Eldorado FM

Tirar os carros da rua. Ótimo. Aumentar o número de usuários no transporte público. Certo, lógico, ótimo. Implantar mais ciclovias. Fechou, ótimo!  Completou o menu da melhora do trânsito e da vida na cidade. Será? Só isto? E o que mais?

Antes de Penalosa, Mockos preparou a população de Bogotá para uma profunda mudança. O que Sadi Khan iniciou com a Broadway, NYC, incluindo o sistema cicloviario pela cidade, foi preparar a população para uma grande mudança urbana. Foram 2.000 reuniões oficiais com a população, a maioria nas ruas, para explicar o que seria feito e ouvir. As grandes cidades da Europa e algumas dos USA tiveram um processo de venda, leia-se preparação, para as mudanças que viriam e já estava claro que seriam necessárias. Começaram logo após a Segunda Grande Guerra, 1945, na reconstrução de algumas vias das cidades destruídas, pegou embalo a partir da década de 60 nos países nórdicos, e a partir de 1972 e a revolta contra atropelamentos de crianças em Amsterdam, virou referência mundial. Isto para ficar nos últimos 50 anos da metade do século XX.
Exemplos como estes são inúmeros e em inúmeras cidades. Aliás, ou vende a ideia bem vendida ou está fadado ao fracasso. É fator humano, qualquer produto só vai para frente com o imaginário bem estabelecido, cristianismo que o diga.  

São Paulo? Brasil? Paulistano vem há muito perdendo a noção do que é cidade e ser cidadão. Não só paulistano, porque a cidade mais rica normalmente exporta conceitos. Sentir-se hoje paulistano tem a ver com o que? Com a vida particular da pessoa em seu bairro, no local de trabalho, no clube, no shopping, atrás dos muros dentro de casa? Da visão que ele tem da cidade a partir do carro? No que se transformou a cidade? O que é o Município de São Paulo para os paulistanos? Há pesquisas?

São Paulo vem apagando sua história impiedosamente. Quem é o paulistano hoje? No que e para que está se transformando a cidade? Se não se sabe ao certo com qual público se está trabalhando, como saber o que fazer? Ok; a parte financeira se pode imaginar, mas dinheiro não é urbanidade. Menos carros, mais transporte coletivo, mais ciclovias, (melhorias para pedestres, pouco falada), são falas mágicas, soluções óbvias, discurso comum, real, repetido a exaustão, mas da forma como é dito (e sempre repetido), tem um cheirinho e gosto de populismo. 

A pandemia..., sempre a pandemia... e o pós pandemia. Boa e justa justificativa, ou será desculpa, mas e o que mais? Por que tivemos estes impactos pós pandemia e outras cidades pelo mundo não, pelo menos não nesta intensidade? Onde está a diferença?

Av. Faria Lima costuma ser apresentada como sucesso das ciclovias e consequente aumento do uso da bicicleta. Quantas bicicletas/dia? Quantos automóveis/dia no mesmo periodo? Qual a relação da evolução das bicicletas com a diminuição do trânsito no mesmo local? 4.000 motoristas a menos, mais ou menos. Em quanto tempo? E quantos carros a mais? Quais as razões para a mudança de modal? Por que naquele caos diário absurdo o número ciclistas não aumenta muito mais rapidamente? Qual o tempo de viagem de carro X tempo de viagem a pé? Etc...

Nossas cidades, as brasileiras, estão entrando em colapso porque o discurso correto, com saídas óbvias, foi repetido a exaustão e não cola mais. Estão querendo vendendo soluções para uma população que não faz ideia do que é uma cidade, começamos por aí. Aliás, não faz a mais remota ideia do que qualidade de vida, a real, não a da 'classe média vai ao paraiso'. "Eu conheço NYC", dizem os viajados. Conhece? "Fiquei três dias passeando pelos pontos turísticos e fazendo umas comprinhas obrigatorias". Upa! Deve conhecer mesmo.

O discurso que se faz para melhorar a cidade é o mesmo faz mais de 50 anos. Adiantou? Pelo que tudo indica, não. Então, como se faz? Lenga lenga em época de ormações e novidades faiscantes?

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