Segundo pesquisa da Nova São Paulo, divulgada na Rádio Eldorado FM, 62% dos paulistanos se pudessem sairiam da cidade. Razões não faltam.
Depois das chuvas torrenciais, eu também, a remo.
Tem solução, óbvio que tem solução, mas alguém se interessa? Quem quer?
Nós nos acostumamos com o ruim.
Ontem estive num evento com dois dos cardeais da CET, senhores que trabalharam praticamente toda a vida na empresa, conhecem o recado de ponta cabeça e de trás para frente, e estão lá, aposentados, porque gostam e porque o atual presidente da empresa pediu que ficassem. Por que? Simples, porque eles têm experiência, conhecimento e sabem o que se tem que fazer. E porque a nova geração, afirmo eu, não tem km rodados (na vida), cultura e experiência para tocar aquilo tudo para frente. Claro que tem gente boa, que é bem capaz, mas falta km, como disse o cardeal. Um outro que estava na conversa contou que as novas gerações assistem aulas ou fazem reuniões com um olho na aprovação ou no salário e outro no celular, muito mais prático e atual que um olho no peixe e outro no gato, o que é bem provável que nunca tenham ouvido falar, nem conseguem imaginar o que signifique.
Dirão os críticos de sempre é ocasião: "A CET é uma merda, não sabe o que faz, e o trânsito de São Paulo é o que é por causa deles". É mesmo? Por favor, explica? A culpa aqui no Brasil sempre é do outro. Mesmo sem saber a história completa, sem saber detalhes, bastidores, sem saber se havia e há apoio e colaboração da população para a coisa funcionar. Óbvio que a culpa é do outro, a culpa sempre é do outro, não resta dúvida.
Estou velho, meu grande prazer é pedalar e trabalhar. Adoro onde moro, a bagunça durante a hora do almoço, no fim de tarde e aos fins de semana, o silêncio e tranquilidade à noite, mas estou cansado de ter que me locomover pela cidade e não conseguir passar nem de bicicleta. Estou cansado de ouvir baboseira, fórmulas mágicas, burrices risíveis que não se pode rir no momento. Estou cansado de não conseguir colaborar para melhorar, aliás, é o que mais me dói.
Estou desesperado para dar uma fugida não tanto da cidade que me cansa, mas de uma série de problemas pessoais que estão me atropelando irremediavelmente no dia a dia. Se fugir, provavelmente volto mais calmo e consigo respirar um pouco mais a cidade que amo.
Fato é que a cidade fez 471 anos, o que pouco significa. Como assim? A cidade que que as gerações mais antigas (?) conheceram e amavam praticamente desapareceu, foi linchada. Uma coisa é transformação urbana, outra é a barbárie que vem acontecendo nestes últimos anos, já disse isto e ainda não estou cansado de repetir. Quem te viu, quem te vê.
Placa de sinalização furada a tiros |
Outro dia fui ao Tatuapé, que conhecia bem, e simplesmente não consegui reconhecer. Mandaram abaixo tudo e transformaram num treco alto e chique, sei lá para quem e para que. É assim por tudo quanto é canto. A história da vida na cidade está sendo apagada sem piedade e com a concordância dos mesmos que não sabem o que significa um olho no peixe e outro no gato. Eles são o futuro. Futuro?
Quando mandaram abaixo um dos pontos mais importantes da história desta cidade, o Largo da Batata, parada dos tropeiros, e criaram uma praça que era um deserto e hoje é um pátio cimentado com árvores, caiu minha ficha que São Paulo estava morrendo. Aquela morreu e seu restos forram jogados sabe-se lá onde no meio do entulho da demolição.
Quem te viu, quem te vê. A pesquisa da Nova São Paulo diz muito.
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