quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Negacionismo: praxe brasileira

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Negacionismo não é novidade no Brasil, muito pelo contrário. Faz parte de nossa história optarmos pelo caminho contrário do que diz a experiência, a inteligência e a sensatez mundial. Fomos o último país a abolir a escravatura; lutamos contra a vacinação de Oswaldo Cruz; transformamos nossa boa educação pública num completo caos; substituímos a saúde preventiva por uma farmácia em cada esquina; insistimos na irracionalidade fiscal, burocracia, o altíssimo custo Brasil, mas nos negamos a corrigi-los e assim diminuir nosso abismo social; damos incentivos questionáveis... Negamos o básico: tratamento de esgoto. Faz décadas que o mundo vem transformando suas cidades para serem mais sadias, prazerosas, para dar mais espaço para a vida, para pedestres, idosos, mães, crianças, pessoas com necessidades especiais, para o lazer produtivo, para a liberdade que agrega. Curitiba já na década de 70 entendeu este caminho e ainda hoje é considerada bom exemplo internacional, mas desprezado aqui no Brasil. Negando dados precisos que apontam o alto número de veículos motorizados circulando como causa de deterioração urbana, desagregação social, aumento da violência, piora da saúde pública, diminuição de atividades econômicas e de impostos recolhidos, num populismo anacrônico e irresponsável foram concedidos incentivos fiscais de todos tipos para a compra de veículos novos. Negando o princípio básico "unidos venceremos" os ditos socialistas iniciaram a divisão do "Brasil, País de todos" em "nós e eles". Por puro negacionismo aceitamos Bolsonaro. Não dá para negar que a incerteza de uma vacina se encaixa nesta nossa história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário