domingo, 31 de janeiro de 2021

Como assim acabou janeiro?

Acabou 2020 e ninguém sentiu falta. Aliás, alguém viu, alguém tem notícias de 2020? Agora olho o calendário e acabou janeiro? Janeiro de que ano? Janeiro de 2021? Qiospi! Como assim? Não é possível! Então passou num Twiter ou num Whatsapp sem graça porque nem me lembro.

Quero minha vida analógica de volta. O tempo está passando em velocidade digital Core i7, chique no úrtimo, mas invivível. No tempo da onça a gente tinha tempo para coçar o saco, ah! e como era bom. Hoje, what's upp?

Pelo menos a última semana foi divertida. Opa! Janeiro de 2021 existiu! Teve até dia 21 às 21h 21m do ano de 21. Não me lembro mais dos textos que escrevi, mas nunca me lembrei, então não há novidade. A memória seleciona o que quer, sempre dependendo de inúmeras variáveis. A minha não lembra de nada, segundo alguns pensadores uma ignorância que não tem preço.

Mas a última semana foi divertida. Ou se ri da vida ou a vida ri de você.


Entrei no domingo passado com o pesadelo de ter que tratar de burocracia na terça; segunda-feira foi feriado. Tinha comprado tinta para a impressora e descobri que agora não se pode mais comprar só preto; ou se compra todas as cores do arco-íris ou nada feito. Como assim? A HP inventou um tal de HP Smart que simples não reconhece a impressora. Fuça daqui, dali, imprimi. Terça fui entregar os documentos no banco. Da forma como estavam não valem nada. Como assim? Refaz tudo. Odeio burocracia, papeis, formalidades legais. A noite ajoelhei ao pé da cama para ver se Deus me ouvia e ressuscitava Hélio Beltrão, meu queridíssimo Ministro da Desburocratização. Sim, tivemos um Ministro da Desburocratização, abençoado, Deus o tenha. Calor FDP! até pedalar é difícil. Falta o comprovante de residência, toca imprimir, saem quatro folhas, duas com propaganda. FDP! sabe quanto custou estes cartuchos. Quarta-feira o fogão do apartamento pegou fogo. Como assim? Lixo! PQP! Internet, busca por "fogão acendedor automático gás de rua", respostas, todas, fogão gás de bujão. Pesquisa, pesquisa, pesquisa, OK!, vai este em liquidação, bom preço. Aviso: recomendamos que se troque o cano flexível. Manhã seguinte pedal às compras; eu quero aquele, um metro, quanto?, desculpe, não entendi, pode repetir, desculpe, quanto? R$ 85,00? PQP! E, acreditem se quiser, o fogão chega no dia seguinte: gás de bujão. PQP! Como assim? Volto para onde gastei os R$ 85,00 para comprar o Kit conversão e ouço do educado atendente que cada marca e cada modelo tem um Kit específico; "Qual é o seu?" respondo Consul; "Só na autorizada". Toca para a autorizada Consul, calor 34°. "No Brasil não se fabricam fogões para gás de rua; não compensa, só GLP, gás de bujão. Entra pelo Whatsapp e pede para fazer a conversão"; e inocente pergunto "Desculpe, vocês não são a autorizada oficial? Não posso fazer por aqui?"; "Não, só pelo Whatsapp"; "E em quanto tempo vem?"; ele dá de ombros, dá boa tarde com um sorriso e fecha a porta. Entre meios, ia esquecendo, banco; numa aceitaram, noutro nem tanto. Volto para casa, marco a conversão, vou almoçar, sento à mesa, peço cerveja, vem geladérrima, delícia. Passa ao meu lado uma baixinha toda redonda, maravilha, destaque de escola de samba, anima qualquer homem de saco cheio. Senta na mesa em frente, linda, belos olhos, que é o que posso ver com ela sentada, pede algo, continuo melhorando meu humor, chega seu suco e ela tira a máscara. Pelo amor de deus minha filha, coloca esta máscara, toma de canudinho, não fode o momento de paz deste velho. Para sair dali como rápido, engulo a comida e a cerveja e saio correndo feliz para o calor de 35° da calçada sem sombra. Não tenho tempo sequer de tirar uma soneca e disparo no pedal para o banco, bem entendido, o segundo banco, este lá pela região da Paulista, ou seja, 35° + poluição dos carros na Rebouças + pouco tempo para chegar ou o banco fecha. Chego suando em bicas, sobe escada, pega informação, desce escada usa o caixa automático, sobe escada pega informação, desce escada caixa automático... Ufa, deu. Disparo para cartório, ufa, a tempo. Nossa, e acertei o cartório. Volto para casa. Semana terminou - felizmente. Paz! A internet não funciona. Pego o telefone fixo; não funciona. O 4G não funciona. Ligo para a Vivo para o fixo, ligo para a Vivo para a internet, ligo para a Vivo para o 4G. Fedido, exausto, tiro a roupa e vou para o chuveiro, abro a cortina, o celular dispara; família brigando, quebrando o pau. PQP! Liga para cá, liga para lá, pau geral, gritos, insultos, circo pegando fogo. PQP! Pego a bicicleta e vou exaurido ver o que posso fazer com a lona do circo, se é que sobrou uma. Não me lembro como, quando e onde cai duro. Não foi bebida, foi exaustão mesmo.

Acordo sábado muito cedo completamente zureta. Pego a bicicleta, saio para as ruas ainda completamente vazias no caminho de volta para casa. Delícia de pedal, fresquinho matinal, silêncio. Passo pela padaria que em 10 minutos vai abrir, pego pão quente, tomo um belíssimo café da manhã, faço a barba numa chuveirada rapidíssima, e ouço gritos no meu portão: Vivo! Vivo! Como assim? E não é que apareceram! Ótimo técnico, olha aqui, olha ali, abre a caixa na rua e descobre que para ligar a internet do vizinho cortaram a fibra ótima da minha internet e desligaram meu fixo. Conserto? Vai ser amanhã cedo, com o supervisor junto. Uau! e acreditem se quiser, instalaram o fogão. "Mas por favor troca a tomada (por uma três pinos do Lula)". PQP!

Quase esqueci da boa notícia; ganhei um pet, um morcego que está cagando toda minha varanda. Estou bravo? Muito pelo contrário, feliz da vida: meus mosquitos acabaram.
Estou triste, meu morcego desapareceu.

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