Quando ainda existiam parquinhos de diversão um dos prêmios do tiro ao alvo eram vasos cópias muito básicas de peças da mais fina porcelana Luís XIV; bem entendido, a cópia da cópia da cópia da cópia... de porcelanas de um dos mais sofisticados (e empetecados) reinados da França, o de Luís XIV, entre 1643 e 1715. Estes desejados prêmios acabavam fazendo parte da parca decoração orgulhosa de casas de gente simples ou de pouca posse. Óbvio que não faziam a mais remota ideia do que significavam, qual a história por traz daquele simples vaso. Simplesmente melhoravam o ambiente. Hoje é possível encontra-las em antiquários.
No fim das contas absolutamente todos nós montamos nossa casa usando moveis e elementos decorativos que tem uma história por trás sobre a qual não fazemos ideia; talvez exceto colecionadores. Vale o “gosto” ou “não gosto”, ou ainda “fica bem na minha sala”.
A casa de nossos antepassados era toda referências porque tudo era difícil de conseguir e mais difícil ainda de repor. Quando há um vínculo familiar forte estas peças são divididas cuidadosamente entre a família e mesmo os amigos mais presentes como herança. Sem vínculos familiares a decoração da casa dos avós ou mesmo pais não raro acaba se desfazendo por ser vendida, doada, ou mesmo desprezada, quando não jogada ao lixo. A alma de cada peça acabará em outras mãos e ganhará um sentido histórico completamente novo.
Os tempos são outros, as relações mudaram. Bom reflexo deste novo tempo está na arte grafite, algumas simplesmente maravilhosas, realmente obras de arte, portanto marcos da humanidade, mesmo assim completamente efémeras. Em pouquíssimo tempo simplesmente não existirão mais. Não são obras de relação íntima, mas para um coletivo também completamente efémero. Talvez reste delas referência em foto, mas fotografia é uma imagem mais que simplória da realidade passada. Por melhor que seja o fotografo a expressividade da imagem nunca trará cheiros, sons e vozes da casa, por exemplo. A vida de uma família está num complexo jogo de detalhes quase impossíveis de se replicar, muito menos num instantâneo.
A necessidade de produção em grande escala e principalmente a redução de custos levou a uma perda de referências históricas. A pouca vida útil dos produtos vendidos hoje faz com que a memória se apague com uma rapidez impressionante, o que não é bom para ninguém, nem para o indivíduo, nem para o coletivo. Pegue um armário vendido a preço de banana: costumam ser cópias simplórias e mal feitas de mobília modernista, mas são fabricados com aglomerado de madeira, portanto terão uma vida útil curta, o que de certa forma é aceito por quem o comprou. Sua história acabará no lixo. Que história? As referências da casa da família mudarão constantemente, portanto não serão referências.
Viver sem referẽncias pode ajudar a explorar o desconhecido, mas para a maioria desnorteia, cria um vazio perigosíssimo. "Quem sou eu? Onde estou? De onde vim?" Está provado que falta de referência é uma das causas de desajustes sociais e mesmo violência. "Quem é o outro?"
Quando se olha a história da humanidade é possível ver que pequenas referências construíram grandes histórias. Povos que hoje tem o melhor IDH são profundamente apegados a estes pequenos detalhes, os familiares e os coletivos. As crianças nascem e crescem aprendendo a importância do que está próximo, principalmente dentro de casa. Quebrou, acabou, perdeu. A vida segue em frente repaginada, mas de alguma forma sempre sobre as mesmas bases. O novo sempre olhará o passado. Não há futuro sem semente.
No fim das contas absolutamente todos nós montamos nossa casa usando moveis e elementos decorativos que tem uma história por trás sobre a qual não fazemos ideia; talvez exceto colecionadores. Vale o “gosto” ou “não gosto”, ou ainda “fica bem na minha sala”.
A casa de nossos antepassados era toda referências porque tudo era difícil de conseguir e mais difícil ainda de repor. Quando há um vínculo familiar forte estas peças são divididas cuidadosamente entre a família e mesmo os amigos mais presentes como herança. Sem vínculos familiares a decoração da casa dos avós ou mesmo pais não raro acaba se desfazendo por ser vendida, doada, ou mesmo desprezada, quando não jogada ao lixo. A alma de cada peça acabará em outras mãos e ganhará um sentido histórico completamente novo.
Os tempos são outros, as relações mudaram. Bom reflexo deste novo tempo está na arte grafite, algumas simplesmente maravilhosas, realmente obras de arte, portanto marcos da humanidade, mesmo assim completamente efémeras. Em pouquíssimo tempo simplesmente não existirão mais. Não são obras de relação íntima, mas para um coletivo também completamente efémero. Talvez reste delas referência em foto, mas fotografia é uma imagem mais que simplória da realidade passada. Por melhor que seja o fotografo a expressividade da imagem nunca trará cheiros, sons e vozes da casa, por exemplo. A vida de uma família está num complexo jogo de detalhes quase impossíveis de se replicar, muito menos num instantâneo.
A necessidade de produção em grande escala e principalmente a redução de custos levou a uma perda de referências históricas. A pouca vida útil dos produtos vendidos hoje faz com que a memória se apague com uma rapidez impressionante, o que não é bom para ninguém, nem para o indivíduo, nem para o coletivo. Pegue um armário vendido a preço de banana: costumam ser cópias simplórias e mal feitas de mobília modernista, mas são fabricados com aglomerado de madeira, portanto terão uma vida útil curta, o que de certa forma é aceito por quem o comprou. Sua história acabará no lixo. Que história? As referências da casa da família mudarão constantemente, portanto não serão referências.
Viver sem referẽncias pode ajudar a explorar o desconhecido, mas para a maioria desnorteia, cria um vazio perigosíssimo. "Quem sou eu? Onde estou? De onde vim?" Está provado que falta de referência é uma das causas de desajustes sociais e mesmo violência. "Quem é o outro?"
Quando se olha a história da humanidade é possível ver que pequenas referências construíram grandes histórias. Povos que hoje tem o melhor IDH são profundamente apegados a estes pequenos detalhes, os familiares e os coletivos. As crianças nascem e crescem aprendendo a importância do que está próximo, principalmente dentro de casa. Quebrou, acabou, perdeu. A vida segue em frente repaginada, mas de alguma forma sempre sobre as mesmas bases. O novo sempre olhará o passado. Não há futuro sem semente.