quinta-feira, 21 de junho de 2018

Manifesto aos candidatos 2018

Manifesto a todos candidatos das eleições de 2018 Pela redução imediata do genocídio no trânsito epela reconstrução para cidades menos violentas


CONTRAN:
·         Ter um CONTRAN dinâmico, ligado à realidade, às rapidíssimas mudanças que estamos vivendo. As respostas são absurdamente lentas para a carnificina que temos.
·         Aprovação de sinalização própria para ciclistas e outros transportes ativos
·         Ser realista
·         Derrubar o uso indiscriminado de pintura vermelha em ciclovias e ciclofaixas. Racionalizar os recursos. Dar inteligência.
·         Imediata regulamentação de luzes e faroletes para bicicletas. Regulamentar pisca-pisca
·         Estradas conurbadas – caminho de trabalhadores – estudar e dar solução para os movimentações ativas: ciclistas, pedestres,...
·         Multas: estabelecer critérios que priorizem a segurança e preservação da vida. A indústria da multa, existente ou não, tira autoridade, o que é péssimo para a segurança no trânsito. Evitar pegadinhas

Congresso:
·         Unificar B.O.s em todos níveis, Municipal, Estadual, Federal – Guarda Municipal, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária, Polícia Federal
·         Unificar banco de dados sobre multas, acidentes e mortos. Regionalizar
·         Melhorar condição de trabalho das polícias Técnica, Científica e Legista
·         IBGE: mapear e cruzar dados sobre mortes violentas e outros tipos de violência e acidentes de trânsito
·         IBGE: incluir levantamento número de bicicletas, de ciclistas, outras mobilidades ativas e seus modais, no Brasil.
·         Fazer seminário ou congresso periódico de âmbito nacional com todos
·         Estabelecer normas para intermodais.
·         Banco de dados nacional sobre roubos de bicicletas – parece bobagem, mas é uma questão seríssima, influenciando na segurança geral, vide situação nas grandes capitais do mundo e em especial na Holanda
·         Iniciar trabalhos com vista a criação de sistemas cicloviários intermunicipais, regionais e metropolitanos
·         Vincular construção de novas estradas às movimentações, segurança e bem estar da população não usuária de veículos motores
·         Estradas conurbadas: ver legislação e fazer modificações necessárias para resolver as questões de segurança de pedestres e ciclistas. As soluções atuais tem se mostrado impróprias na maioria dos casos.

CTB:
·         Rever CTB: estabelecer vias como espaços públicos e espaços privados de uso público, dando suporte legal a nova dinâmica de vida que todas as cidades não só do Brasil estão ganhando. O padrão ainda rodoviarista está sendo revisto em todo mundo
·         Ver a questão de transporte como mobilidades humanas e transporte para cargas
·         Mudar padrões técnicos de geometria viária de forma a dar mais segurança, conforto e prazer a todos transportes ativos.
·         Imediata ação para minimizar problemas causados por estradas conurbadas. Repensar conceitos para vias expressas
·         Rever as leis, e seus conceitos, sobre dinâmica e eficiência linear das movimentações em vias públicas (exemplos: diferentes velocidades para momentos diferentes do dia e local; rever os conceitos de semaforização, sinalização horizontal e vertical; uso de inteligência para os fluxos, no que estamos atrasados décadas...)
·         Iniciar estudos, colher dados, informações, e fazer pensar os caminhos que as redes sociais darão às cidades de hoje e de amanhã. Propor regulamentações e leis específicas.
·         Rever legislação e normas sobre vias sobrepostas: viadutos, túneis, anéis viários, vias expressas...

Bicicletas e Mobilidades ativas:
·         Estudar e propor soluções para a questão de todos veículos elétricos individuais de pequeno porte - monociclos, patinetes, bicicletas, mini scooters, segway.…
·         Criar e regulamentar sinalização própria para ciclistas e mobilidades ativas. Continuar a usar sinalização comum a todo trânsito motorizado para ciclistas cria uma série de confusões perigosas. A dinâmica de leitura da sinalização por quem se transporta de maneira ativa é muito diferente.

Educação:
·         Criar sistema educacional realista para crianças e escolas. Fazer as crianças brincar de adultos talvez não seja o único nem o melhor caminho para educação infantil.
·         Ser realista: entender a situação local e trabalhar segurança no trânsito comendo o mingau quente pelas bordas. A lei pela lei, o CTB como única salvação, só amplia o gravíssimo problema de segurança que temos no país. Na atual situação o CTB não tem a legitimidade que deveria.
·         Ciclistas e pedestres estão praticamente no mesmo barco (para não citar pessoas com deficiência e outros). É inaceitável a falta de cortesia (para dizer o mínimo) dos ciclistas para com os pedestres, fato infelizmente comum. Não só com eles, mas com outros ciclistas também. Se faz urgente um plano de educação para os ciclistas.

Cidade; urbanismo, outras mobilidades:
·         Obrigar a existência de mapas urbanos com um mínimo de três níveis: solo, subsolo e corte das construções. Sem mapeamento é literalmente impossível resolver grande parte dos problemas que temos de transportes. Mais: sem mapeamento estamos condenados não acompanhar o desenvolvimento urbano necessário para as cidades tecnológicas, o que representa riscar o Brasil do mapa dos países em desenvolvimento
·         Pensar desenho urbano de favelas e suas mobilidades

Ciclismo esportivo
Cicloturismo
·         Cicloturismo e ciclismo esportivo é realidade, fato consumado, e precisa ser tratado com realismo. A tendência irreversível é crescimento constante
·         Formalizar, sinalizar, tomar providências para estradas que já são caminhos de romeiros ou áreas de treinamento de ciclistas
·         Estradas conurbadas – problema seríssimo
·         Estradas vicinais
·         Acostamentos – manutenção
·         Uso de federações e clubes de cicloturismo para educar ciclistas
·         Definir normas e treinar Polícias Rodoviárias

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Manifesto entregue aos candidatos a Prefeito até a eleição de 2008.

Do que foi pedido a todos candidatos a Prefeitura de São Paulo em até 2012 o que foi realizado? O que falta realizar? Como mudar a situação que temos hoje, esta foi a pergunta que me fizeram ontem, para a qual respondi que no meio desde baderna Federal que estamos vivendo me parece sensato parar de pensar no local, na sua cidade, e pensar no geral, no que se pode pressionar os futuros candidatos dos níveis Federal e Estadual, principalmente Federal, para mudanças que influam no âmbito das cidades. Dois exemplos: ter políticas prioritárias de longo prazo que não sejam mudadas a cada nova administração na Prefeitura, como a questão das águas. Ou proibir que o CONTRAN fique sem presidente e sem reuniões por um ano, como aconteceu a pouco tempo. 

Esta eleição que está por vir é crucial para todos. Melhor focar nela e dar um tempo com outras questões.

Manifesto para a Viabilização do Uso de Bicicletas e outros Modos de Transporte Não Motorizados para o Município

POR UMA POLÍTICA MUNICIPAL PARA NÃO MOTORIZADOS


Sobre o número de ciclistas e bicicletas nas cidades brasileiras

A bicicleta deixou de ser só um meio de lazer, esporte ou brinquedo e se tornou definitivamente uma opção de transporte.

Nestes últimos anos o número de ciclistas circulando pelo Município não pára de crescer, seja por questões de praticidade, economia ou por causa das deficiências do transporte público. Cresce seu uso, independente da faixa etária, sexo, condição social, econômica e da ausência do Poder Público no implemento de melhorias e ordenamento garantido em Lei.

Há uma imensa demanda reprimida de usuários da bicicleta, o que pode ser comprovado nos fins de semana, quando a frota de bicicletas na rua aumenta sensivelmente. Somente um terço das bicicletas existentes no país saem às ruas.

Sobre o traçado urbano e a topografia, e o uso da bicicleta:

O trânsito denso e pesado na cidade está concentrado em avenidas e vias expressas específicas o cria ilhas de tranqüilidade no interior do bairro, o que pode ser usado como excelente opção de caminhos alternativos voltado para ciclistas e outros não motorizados.

A desculpa da topografia acidentada já não constitui problema porque a maioria das bicicletas é dotada de marchas, o que permite vencer com certa facilidade até aclives acentuados. Isto faz com que o padrão técnico de declividade para uso de bicicletas existentes hoje seja outro.

A bicicleta é veículo ideal para pequenas e médias distâncias, muito eficiente até 4 km. Tem uma média de velocidade urbana entre 12 e 18 km/h, dependendo do número de semáforos. Sua aceleração e manutenção de velocidade tornam incompatível o convívio do ciclista com trânsito de vias expressas. Portanto é dentro dos bairros e suas ruas tranqüilas onde há a situação mais apropriada para estabelecer o uso da bicicleta.

Pensada com inteligência a bicicleta traz notáveis benefícios para o seu usuário, para a comunidade local e para a economia da cidade como um todo. Bicicleta abre as portas para um desenvolvimento urbano mais justo para todos os outros não-motorizados.
O uso da bicicleta transforma e educa para a vida.

A vida do ciclista e dos não-motorizados hoje

Não resta dúvidas que o uso da bicicleta está e continuará crescendo, independente da presença ou vontade dos Governos, o que positivamente não é uma situação ideal.  A conseqüência disto está nas poucas estatísticas que mostram o aumento de problemas.
O descuido beira o inaceitável.
Não é de interesse dos ciclistas e menos ainda de toda sociedade que, por descaso do poder público, haja mais um veículo gerando conflitos em vias que já estão no seu limite.
Esta situação pode apagar a imagem simpática que a bicicleta ainda tem, o que só faria piorar a situação.

Pela ordem e o progresso respeitando todos direitos.

Urge respeitar direitos e cumprir a Lei, fazer presente o poder público em suas obrigações com relação aos ciclistas e todos demais não-motorizados.
É conveniente abrir canais de comunicação e obter colaboração de ciclistas e outros não-motorizados experientes para a solução dos problemas.

Quem não usa veículos motorizados se encontra abandonado. É necessário rever a política de transporte para que esta inclua e integre todos os modais de transporte.

Infelizmente, parece ser necessário lembrar que todo cidadão tem direito à mobilidade, ao compartilhamento do espaço destinado ao trânsito, à saúde pública, à redução de acidentes, à preservação do meio ambiente, enfim, ao respeito e a dignidade.
É absolutamente impossível continuar negando a existência da bicicleta, do ciclista, do cadeirante, do deficiente, do pedestre e de todos outros não-motorizados.


Por uma política de trânsito democrática.

Pela criação de uma política de mobilidades amplamente inclusiva.



 Pontos básicos de reivindicação:

Para todos:
1.    pedestres!: lembrar sempre que nós todos somos pedestres!
2.    iniciar política voltada para todas as mobilidades.
3.    respeitar os direitos de menores, idosos e não motorizados
4.    inclusão a curto prazo de deficientes (15% da população)

Para o estímulo ao uso da bicicleta:
  1. Levantamento geral da situação atual:
  2. Mapeamento feito sob o ponto de vista do ciclista
  3. Campanha Educativa
  4. Educação para o Trânsito voltada para Crianças e Adolescentes
  5. Bicicletários, pára-ciclos e estacionamentos
  6. Criação de órgão responsável pelas bicicletas e não-motorizados para o Município e área Metropolitana
  7. Dar treinamento específico para policiais e técnicos
  8. Criação de Polícia-ciclística
  9. Formação de orientadores / professores de segurança ciclistas
  10. Banco de dados específico
  11. Contato com entidades representativas de motorizados
  12. Rever Leis e tomar providências necessárias
  13. Levar em conta todas alternativas - não restringir-se a ciclovias
  14. Planejamento e execução de projeto melhorias: Ciclo Rede
  15. Colocar na rua orientadores / professores de segurança no trânsito voltados para o ciclista comum, que trabalhem pedalando e vivenciando os problemas da bicicleta; educação + pesquisa = banco de dados = segurança = menor custo
  16. Cadastramento e controle imediato das bicicletas profissionais – bicicletas de carga / entrega, definindo responsabilidades.
  17. Criar facilidades em estradas que cortam o Município.
  18. Criar áreas de treinamento esportivo
  19. Definir responsabilidade legal sobre a criança ciclista e uso de calçada
  20. Definir regras de uso em parques e espaços públicos






(O que) Pedir aos futuros candidatos (em) Junho de 2010

Este texto foi publicado em 14 de Junho de 2010 e me impressiona com a atualidade que ainda tem. Serve como reflexão para o que devemos propor para a próxima campanha eleitoral. Esqueçam por agora os problemas locais, pensem nesta próxima eleição que é realmente decisiva para o futuro do país.

Escola Blogspot
14 de Junho de 2010

Pedir aos futuros candidatos

A eleição está bem próxima. Finda a Copa do Mundo de Futebol o circo pega fogo. Entra no jogo quem tiver gasolina. Seria interessante que mais uma vez o pessoal que tem demandas se organize para entregar reivindicações para os candidatos dos três níveis, presidência, governador de estado e deputados federais. Distrito Federal também elege nesta.
A partir da eleição de 2000 um grupo pequeno de ativistas pela qualidade de vida na cidade, em especial o saudoso Sérgio Luiz Bianco, vem entregando um detalhado manifesto pró bicicleta e ciclista para todos os principais partidos, para alguns candidatos majoritários e alguns deputados federais interessantes. Antes de 2000 já havia alguma pressão, mas feita de forma individual e focalizada em alguns candidatos, mesmo assim deu resultados.
Na eleição presidencial de 2002 um acordo para a entrega de reivindicações acabou resultando na primeira manifestação pública da história sobre a bicicleta feita por um candidato à presidência do Brasil, no caso o Serra. Esta entrega de documento acabou gerando uma seqüência de fotos de Rita Camata tomando um tombo da bicicleta que foi primeira página em praticamente todo país. O mesmo documento foi entregue para a campanha de Lula que acabou não se manifestando. Sérgio Luiz Bianco havia trabalhado e assinado o projeto de governo de Lula, Marina Silva para o Senado, e do candidato a governador para o Estado de São Paulo do PT. De qualquer forma a pressão acabou surtindo efeito tempos depois com a criação do Bicicleta Brasil do Ministério das Cidades.
Desde então a situação da bicicleta mudou muito. Há um bom tempo era possível sentir que a bicicleta estava cada vez mais presente no dia a dia. Um pouco depois estourou uma epidemia ciclística mundial, a bicicleta passou a ser um “must” lá e cá. Aqui bicicleta há muito já era o veículo mais usado no país por várias razões: transporte coletivo de massa caro e ineficiente, congestionamentos cada dia piores, busca de liberdade de transporte pessoal e de mercadorias. Muito da mudança foi espontâneo, empurrado pela sociedade civil. E o poder público correu atrás. De qualquer forma o Bicicleta Brasil apareceu, trabalhou no que pode, infelizmente sem a força política e verbas necessárias e esperadas para o tamanho do problema.
Nesta sexta-feira passada, dia 11 de Junho de 2010, houve uma reunião em Brasília para avaliar as propostas apresentadas visando rever e corrigir o rumo do Bicicleta Brasil. Os anos vindouros da bicicleta tem que ser mais produtivos e devem atender melhor as necessidades de todos, ciclistas, pedestres e outros modos de transportes não motorizados. Fomos divididos em grupos de trabalho e para o nosso, Articulação e Integração, chamou atenção o número de propostas enviadas mal feitas ou sem qualquer noção da realidade e possibilidades legais dentro da coisa pública. Passado uma década algumas coisas praticamente não saíram do lugar, principalmente a maturidade política dos ciclistas.

A Escola de Bicicleta dispõe há um bom tempo a página “política e ativismo” - http://www.escoladebicicleta.com.br/politica.html (infelizmente pouco visitada), onde se encontra o texto (explicativo sobre) “o funcionamento da  coisa pública” - http://www.escoladebicicleta.com.br/cicloativ.html, revisado por Laura Ceneviva, ex-diretora do Pró-Ciclista de São Paulo, profunda conhecedora das coisas do setor público, além de uma das melhores cabeças deste país.  O texto foi criado exatamente para evitar que o pessoal fique batendo em tecla desafinada e os sonhos demorem tanto para a se realizar. Quando se fala de ação pública é bom não gastar cartucho à toa ou há o risco de servir de inocente útil ou, pior, virar um idiota.

Sugestão:
É muito importante não perder o que já foi alcançado. Portanto é crucial que haja pressão da sociedade civil para que o processo avance. A página “bicicleta, política e ativismo” - http://www.escoladebicicleta.com.br/cicloativismoEB.html - oferece uma espécie de manual de feitura de uma documento de reivindicações, que nós chamamos de manifesto. A formula é a mesma de outros carnavais, ops..., desculpem, outras eleições. O que se quer é dar objetividade ao que se pede, fazendo assim que o documento tenha a maior força possível perante os partidos e candidatos.
Talvez o ponto mais importante seja manter o que já existe para aperfeiçoá-lo para frente. Manter o Bicicleta Brasil e sua micro estrutura é crucial. Do contrário se perde muito tempo para fazer a máquina engrenar, e tempo é justamente o que a questão da bicicleta não tem para desperdiçar. Infelizmente o Bicicleta Brasil existe por decreto e não por lei, o que faz deste avanço muito frágil. Não há nenhuma garantia de sua continuidade.

Outro ponto que para mim básico é organizar o setor da bicicleta no Brasil, que hoje pode ser definido como muito precário. Eu simplesmente não acredito em resultado pleno dos esforços para implantar sistemas cicloviários de qualidade sem ter todo o setor produtivo, distribuidor, bicicletarias e oficinas funcionando com um padrão mínimo de qualidade. O que temos é inaceitável em termos de política estratégica para o desenvolvimento da segurança, conforto e prazer do ciclista. 

Ponto zero da questão é rever todos impostos que incidem sobre o setor, que hoje são os mesmos dos veículos motorizados. Segundo, é crucial uma política de treinamento para todas as bicicletarias, que quem faz a ligação mais direta entre o setor produtivo e distributivo com o ciclista, e é quem difunde conceitos que influenciam diretamente na integridade do ciclista, portanto nos resultados de segurança dos projetos cicloviários. De novo e sempre lembrando que técnicos de trânsito acreditam que 35% morrem por falha mecânica da bicicleta, o que é uma vergonha nacional.

É impossível pensar numa política urbana que exclui a bicicleta porque ela faz parte da cidade. O que necessitamos é construir uma cidade melhor para todos onde a bicicleta seja parte da construção desta melhoria. Pedestres e deficientes físicos e de mobilidade devem caminhar juntos, quando não a nossa frente.

Sobre os candidatos
Dois dos três mais fortes candidatos à Presidência eu tenho certeza que têm em seus times lutadores da  causa da bicicleta. Serra, que em sua época de universitário usou a bicicleta, conta com o deputado Walter Feldman, há muito apresentando leis e empurrando a causa; Stela Goldenstein, ex-chefe de gabinete; Aloísio Nunes, ex-Casa Civil e pedestre apaixonado; Gilberto Nataline, para citar alguns nomes que já vi resultados. Marina tem no time de ponta Soninha Francine, Vereadora em São Paulo e ex Sub Prefeita da Lapa, e Eduardo Jorge, ex Secretário do Meio Ambiente do Município de São Paulo, ambos ciclistas no dia a dia e muito briguentos pela causa; além do Gabeira, a quem conheci pessoalmente quando da longa visita dele ao Museu da Bicicleta de Joinville.
Sobre o pessoal da Dilma eu desconheço, mas sei que no partido há quem realmente gosta da bicicleta. O que não sei é quem do núcleo quer para valer resolver a questão da bicicleta. Como fui visinho do Suplicy, quando ele morava na rua Grécia, e o conheço faz tempo, digo por experiência suas falas são bastante oportunistas e só. Diferente do caso do Nabil Bonduki e do Chico Mascena. Mascena em especial mostra que o objetivo é a bicicleta e que é aberto para chegar aos resultados. Enfim, não sei quem são e como é “núcleo duro” da campanha de Dilma.

O fato que nos interessa agora, ciclistas, é pressionar. Quer ajudar seu candidato, ótimo. Mas se quiser resultados de fato para nossa questão é necessário pressionar todos os lados, independente de nome ou partido. Vamos a luta!

terça-feira, 19 de junho de 2018

... não é a quilometragem, mas a qualidade - Zé Lobo

Em entrevista recente para o Cidades e Soluções da Globo News Zé Lobo disse algo como "...não é a quilometragem (de ciclovias), mas a qualidade (do sistema cicloviário) que faz diferença (para estimular o uso da bicicleta)". Infelizmente o programa exibido neste sábado, 16 de Junho de 2018, só está disponível para assinantes e não tenho a frase exata, mas é por aí. A entrevista dada por Zé Lobo, sensata como de habitual, me lavou a alma. P.S.: Zé Lobo fala em nome de pesquisa, com números, com assertividade; como sempre.
Como devem saber sou aqui de São Paulo e fui contra a maré dos que deram pulinhos de alegria a cada quilômetro implantado na cidade, até mesmo os que não faziam o menor sentido. Dinheiro público jogado no lixo? Até hoje tem quem continue no discurso "nem um km a menos!", para mim uma besteira, uma forçação de barra desnecessária mesmo com esta administração "me aDória!". Quem não sabe reconhecer erros não saberá fazer com correção. (Verdade que vale para todos os lados.)
Não tenho os números exatos nem fui lá medir, mas mesmo o pessoal mais radical pró 400 km que foram implantados aqui em São Paulo reconhecem que pelo menos uns 100 km foram um erro. Ou seja, uns 25%. Mas falam a boca pequena. Assim como falam a boca pequena, esta nem tanto, que nunca entenderam os custos para pintar ciclovias e ciclofaixas. Ou seja, 25% + quanto?

O que me leva a um outro ponto: o que pesa mais no nosso bolso, ineficiência ou corrupção? Ineficiência brasileira está por volta de 8% do PIB enquanto a corrupção leva uns 2% do mesmo PIB (links das matérias referência abaixo). Começa nas obras públicas bobas e não termina só na construção da Norte - Sul de trem que nunca termina. 
Não me irrita só a questão da forma como foram feitas as ciclovias daqui de São Paulo, mas a forma estúpida como aceitamos qualquer "pôgresso" (sim, pôgresso. Progresso é outra história) A qualidade da imensa reforma que fizeram aqui em Pinheiros por conta da Operação Faria Lima é ridícula. Passados uns 8 anos, se tanto, já falam em refazer as calçadas, já se faz necessário refazer o concreto da via, as concessionárias de comunicação e energia tem dificuldade em descobrir onde estão os dutos enterrados... Fora o crime que fizeram derrubando boa parte do patrimônio histórico no Largo da Batata e Largo de Pinheiros. 
Usando e parafraseando: "É a economia, estúpido!"; "Não é a ciclovia, é o picar dinheiro público não importa em que nome ou sob qual razão,...."

Simples: ou todos nós, brasileiros preparados, forçamos uma discussão séria com números e visões diferentes da situação geral do Brasil, dos Estados e Municípios, Executivo, Legislativo, Judiciário, ou condenamos este país a miséria da discussão surda de ideologias, crendices e cretinices, toneladas de cretinices. 
Fala Zé Lobo! Não é quanto, mas é com que qualidade. 2+2=4. O resto é populismo destrutivo.

Daria para ter sido feito com qualidade. Não quiseram. Estranho, não era um carro a menos? Então como apoiaram quem tirou o IPI dos carros e colocou nossas cidades em colapso?
Poderíamos ter um outro país agora, bastava não apoiar populismos

Links referências, mas tem muito mais no Google, inclusive números oficiais do Governo Federal de 2002, 2003,... 2014...:

Vídeo gravado em 2012:

Projeto Cicloviário de Taboão da Serra, continuação da Eliseu de Almeida

Este é o projeto que foi apresentado em 2008 para um sistema cicloviário de Taboão da Serra, vizinho de São Paulo e que seria a continuação da ciclovia da Av. Eliseu de Almeida, que está na ponta superior à direita. A via superior é a continuação do córrego Pirajussara, a inferior do córrego que acompanha a Campo Limpo.
Junto com o projeto do sistema cicloviário proposto para alimentar as ciclovias da Eliseu de Almeida e av. Jorge João Saad - Paraisópolis daria a uma extensa região muito mais que ciclovias, mas uma série de parques lineares criados a partir do Projeto Córrego Limpo da Sabesp, 7 em São Paulo e mais alguns em Taboão da Serra, beneficiando morados de bairros, em especial mães, crianças, idosos, pessoas com deficiência, e novos ciclistas, isto para dar uma explicação muito básica do que se pretendia na época

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Breve história do olhar. E o reaprender a olhar

Tire os olhos de sua telinha do celular e olhe para qualquer lado. Se estiver no meio do povo mui provavelmente vai ver uma quantidade de pessoas com o olhar enterrado no celular. E dai? Normal. 
E dai? Normal? Nós estamos desaprendendo a olhar, a ver, e isto tem consequências sérias.

Como qualquer animal o homem primitivo usava todas as possibilidades de seu corpo, movimentando-se para todos lados, de todas as formas possíveis, em todas as posições necessárias para sua dura sobrevivência, usando praticamente todos os músculos e sentidos. Sua visão tinha que ser aguçada para poder caçar e não ser caçado. 
Com a formação de uma estrutura social mais organizada a necessidade de uso pleno do corpo e sentidos foi diminuindo em consequência do aumento da segurança e conforto que esta oferece. Só os que se lançavam à caça ou a guerra precisavam ter sentidos apurados, em especial a visão, os demais podiam relaxar e manter o olhar mais focado nos afazeres para a comunidade.
Com a formação das propriedades, vilas e cidades as necessidades de uso do corpo, de sua musculatura e sentidos, foi diminuindo, sendo aos poucos mais focada em trabalhos e esforços cada vez mais mecanizados e de curto alcance. O horizonte visual vai ficando mais curto, restrito, o muda a forma do olhar.
A cidade em si muda completamente a forma do olhar, não só pelas distâncias e larguras do que se vê, num horizonte de curta distância, mas também pela importância crescente da forma de organização social que as cidades trazem, o que faz cada vez mais os cidadãos olharem para dentro de si. Templos, igrejas e mais tarde os livros, mudam completamente a função do olhar, do ver, do sentir.
Com o aumento da velocidade, principalmente a partir do trem, e o consequente abandono do campo pela cidade, mais a revolução industrial, as revoluções sociais, iniciamos o olhar moderno, um olhar rápido que capta fragmentos da realidade.
Por uma questão de funcionalidade desta nova sociedade cada vez mais veloz toda a vida dos cidadãos, dentro de casa, nas ruas, no trabalho, na diversão..., foi e segue sendo construída para que as funções do corpo, todas, do sistema ósseo-muscular à visão, funcionem basicamente em uma única direção, a que está a frente do "ser humano".
E vem a TV e olhar fixo numa realidade que não é realidade. O computador; agora a revolução das mídias sociais numa telinha mínima, que mudou todas as dinâmicas do olhar e ver. A base "cultural" do olho é o celular; o mundo fora dali virou abstrato. Realidade virtual. Mais, é um olhar e ver parado, estático, sem necessidade do uso do corpo, do movimento. Aliás, em nome da segurança recomenda-se que se faça uso do celular "parado". A desconexão com o homem primitivo, com a natureza mais profunda do animal homo erectus, se dilui assustadoramente.
Com as mudanças do olhar vieram mudanças emocionais. Vários estudiosos de saúde mental e vícios consideram a realidade virtual uma questão pandêmica de saúde a ser tratada.
Hoje, o que é de nosso olhar?
Pare um pouco e olhe em volta. Talvez valha a pena reaprender a olhar e ver. Faz toda diferença para sua segurança.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Copa da Russia começou?

Tive que comprar tenis novo. O velho derreteu. Fui muito bem atendido pela vendedora Gilmara Lima, lutadora de jiu jitsu e, pelo que ela contou, campeã mais de uma vez. Tentei confirmar no Google, não consegui, só achei o Facebook e fotos dela, uma delas capa de revista. As ferramentas do Google são eficientes na busca de besteiras, gente que está na moda, acontecimentos loucos, coisas do gênero que passam e não deixam nada para trás. Insignificancias. Gilmara é vendedora porque não tem patrocínio, história típica brasileira. Conhecemos inúmeros casos de esportistas de ponta que aqui, Brasil, não são ninguém, incluindo aí vergonhosamente até mesmo medalhistas olímpicos. Pelo menos fiquei feliz porque dentro da Decatlhon, loja de todos esportes, nem percebi que a Copa do Mundo de Futebol começa agora. Talvez os 7X1 tenham servido para algo mais.
Terminado o jogo contra a Alemanha, 7X1, peguei a bicicleta para voltar para casa. O número de bandeiras do Brasil jogadas nas ruas foi impressionante. Catei muitas que ainda estão aqui em casa. Hoje continuo com a esperança, vã provavelmente, que um dia o Brasil seja o país de todos esportes, não só o pão e circo das arenas do futebol. Sim, faz sentido: futebol é o ópio do povo. Todo povo, sem excessão.
Até agora vi menos de 10 carros decorados e só uma rua pintada. Quer saber? Acho ótimo. Que Brasil queremos?

Sou ouvinte da Rádio Eldorado desde que não lembro mais, e isto faz muito tempo. Nos velhos tempos sabía-se pela Eldorado um pouco sobre vários esportes: automobilismo, vela, nautica, hipismo, golf, atletismo, natação.... Hoje o "Esportes" deles, com s, é futebol e ponto. E a Eldorado é joia raríssima num universo de  número de rádios com baixíssima qualidade de programação

Outro dia ouvi histórias da Dailza Damas... a primeira brasileria a cruzar o Canal da Mancha

pequenas referências que fazem um país



Esta é Beethovenstraat, em Amsterdam. A motorista do Fiesta errou a entrada numa rua e ficou parada no meio da passagem dos ciclistas sem saber o que fazer. Todo trânsito do fim de tarde parou até que ela se ajeitasse, o que demorou um bom tempo. Foi mais uma pequena e absolutamente normal referência de quem são os holandeses.

Um país se constrói com referências, algumas insignificantes, mas profundamente expressivas. Via de regra a construção destas referências é fruto de elites...
Origem   ⊙ ETIM fr. élite 'o que há de melhor'
 
Voltando: ...elite cultural, musical, esportiva, educacional, política, social, economica, religiosa, gastronômica, comunitária...  de todas as crenças, credos, ideologias e pensamentos Elite: os melhores. Acho necessário dar esta explicação porque quando se fala "elite" no Brasil é líquido e certo que alguém vai ter um ataque histérico na defesa ou ataque das elites. Nós, brasileiros, conseguimos elevar a palavra "elite" ao patamar do politicamente correto, sem dúvida um feito. Ou do pecado, como queira. Brilhante! De uma inteligência...

Mas só se ouve e dá a devida atenção ao valor das elites (bem dito, as verdadeiras, as que tem  essência) quando os ouvintes tem um mínimo de civilidade.

civilidade
substantivo feminino
  1. 1.
    conjunto de formalidades, de palavras e atos que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito e consideração; boas maneiras, cortesia, polidez.
  2. 2.
    o fato e a maneira de observar essas formalidades.

Fomos tomar café numa padaria. Do lado de fora tinha uma mesa livre mas só com uma cadeira. Ao lado estavam sentados em duas mesas um casal com seu cachorro, uma amiga e duas bolsas, cada qual em sua cadeira. Fiquei em pé ao lado da mesa, eles olharam, não deram bola. Seguiram  conversando sobre a maravilhosa viagem a uma praia do Caribe, cada qual abundado em sua cadeira: uma mulher numa cadeira, a segunda mulher noutra cadeira, homem noutra cadeira, cachorro que latia sem parar aboletado em sua cadeira; as duas bolsas em silêncio, cada qual também em sua cadeira. Cada qual em sua cadeira. E eu em pé sem cadeira. E assim fiquei até o dono da padaria vir lá de dentro com uma cadeira e pedir desculpas pela falta de civilidade dos três. Ou serão seis? Meu complexo de inferioridade me diz que tenho menos valor que uma bolsa.
Moral da história: o outro simplesmente não existe. Salve-se quem puder.
Elite. Elite?

A comparação entre as duas situações é raza e inadequada? Pode ser, mas a frequência com que se vê falta de civilidade aqui no Brasil é espantosa, começando pelo lixo espalhado por todas partes. Nossas referências são pobres, são ruins, são perigosas. Perdemos a referência do coletivo, o que é uma tragédia sem tamanho.


Não temos só um problema de educação formal, aquela da escola, mas do que se pode chamar de educação social, coletiva: bom dia, boa tarde, boa noite, por favor, a senhora quer sentar, posso ajudar?..., uma espécie de educação empírica que se estabelece por acordo histórico social, um cooperativismo espontâneo, digamos assim. Civilidade.

"Sabe com quem está falando?" lembra que povo? Precisamos urgente mudar este país e muito se fala de escola como salvação, mas escola não resolverá. Ou estabelecemos um acordo social ou o Brasil acabou - literalmente!

terça-feira, 12 de junho de 2018

Bicicletas do Itaú

As novas bicicletas coletivas do Itaú pegaram. Mudaram as bicicletas, mudou o aplicativo, mudou o visual, a forma de pagar, as estações, mudou tudo. Tem aumentado muito a quantidade de ciclistas pedalando pelas ruas com elas e tem de tudo, desde os que é visível que sabem pedalar até novatos, que neste momento parece ser a maioria.
Eu gostava muito das bicicletas antigas do Itaú. Eram simples, como uma bicicleta deve ser, mas viviam cheias de problemas. Pecavam por alguns problemas de qualidade, em especial da manutenção, tanto pelos critérios adotados quanto pela finesse muito difícil de conseguir em grande escala. Um dos erros do velho projeto foi apostar no simples, básico, funcional, para o que definitivamente nossa sociedade não está preparada. Bom lembrar que a primeira geração do Bike Sampa foi inaugurada em Maio de 2012. Fez sucesso e funcionou bem enquanto o sistema era novidade. Tudo envelheceu, inclusive o aplicativo.
As bicicletas novas do Itaú e seu novo sistema foram projetados a partir de uma consistente coleta de dados, o que faz toda diferença. São melhores que as de Paris, Londres, NY, Munique, e todas outras de primeira geração. São bem mais agradáveis que as do Bradesco, bicicletas de ótima qualidade, muito bem construídas, fortes, mas pesadas de pedalar. E os responsáveis por este novo projeto Bike Sampa tiveram uma boa sacada de usar rodas aro 24 em vez das aro 26 comuns, o que melhora a relação de marchas do Nexus e proporciona acelerações bem mais rápidas, importante fator para quem pedala no trânsito.
Tudo indica que o aplicativo e as estações estão funcionando bem. Varias estações foram criadas e algumas antigas remanejadas para locais mais adequados. As bicicletas receberam luzes dianteira e traseira que pisca sem ofuscar outros ciclistas e o resto do trânsito, o mesmo sistema das Velib de Paris. 
Falta dar orientação aos usuários do sistema, principalmente a boa leva de novatos que saem pedalando felizes, mesmo sem saber o que estão fazendo em cima da bicicleta, apavorando todo mundo, incluindo ciclistas mais experientes. Já vi e passei por cada barbaridade que nem conto! Esta seria a hora de entrar em ação bike anjos oficiais do Bike Sampa Itaú orientando de forma realista, não com baboseiras de legalista que nunca colocou a bunda num selim ou de histéricos. 
Minha experiência recomenda que infelizmente não busque ajudar ou orientar, o que na maioria das vezes é tomado como desnecessário ou até ofensivo pelo prego (aquele que pedala mal). Seria uma ótima oportunidade do Itaú aprofundar seu marketing já que outras bicicletas coletivas estão chegando às ruas e mais pregos irão pedalar.

Froome e o pedalar preservando energia


Ontem pedalei ao lado de um ciclista jovem e muito forte, vestido de terno e mochila, provavelmente voltando do trabalho para casa. Estávamos rápido pela rua Paes Leme e tive vontade de orienta-lo sobre a forma de pedalar nas ruas e no meio do trânsito. Infelizmente não deu. Não senti que havia espaço para comentar os erros dele, que provavelmente pedala bicicleta de estrada. Bicicleta na rua não é ciclismo, mas se pode aprender muito do ciclismo esportivo para para melhorar a segurança nas ruas.
"Ciclismo é a arte da suavidade", ou em outras palavras "Ciclismo é a arte de preservar energia". No ciclismo de competição ser suave, que outras palavras significa preservar energia, é essencial para obter bons resultados. O ciclista que não consegue antever, pensar, prever as situações e o pedal como um todo fica desperdiçando energia que no final, ou em algum momento, fará falta. No Giro d'Italia deste ano tivemos ótimo exemplo do que se deve e não deve fazer. Yates era lider e venceu uma prova de montanha como há muito não se via, deixando o pelotão para trás, indo só de cara para o vento os últimos 8 km e chegando muito a frente dos demais. Errou feio. Nas etapas seguintes desapareceu do Giro, morreu como se diz. E Froome mais uma vez provou que o uso inteligente das próprias forças é o melhor caminho para o bom resultado, no caso uma vitória incontestável neste Giro d'Italia 2018.
Ser suave e preservar energia nas ruas e principalmente no meio do trânsito é mais que essencial para a própria segurança e chegar bem em casa. Ser suave para evitar incidentes desnecessários e assim ter energia para situações inesperadas ou de emergência. Ver o sinal fechado e continuar pedalando até ter que frear com força é mais que um simples desperdício de energia, é colocar-se em risco mais a frente. 
"Quem só pensa em perigo não tem tempo para ser seguro" pode ser lido como "...e os outros? O perigo está nos outros". Segundo pesquisas não está no outro, pelo menos não como o dito popular erroneamente faz crer. Os números não mentem: não há qualquer sombra de dúvida que conduzir qualquer veículo, incluindo bicicleta, com suavidade praticamente zera a possibilidade de acidente, independente dos outros. É a famosa "direção defensiva".
Cris Froome tomou um senhor tombo na primeira etapa deste Giro 2018, colocou a cabeça no lugar, olhou para prova como um todo, manteve a calma, deixou para trás o acidente, coisa que acontece, e teve mais uma vitória incontestável em sua carreira. Prevaleceu a inteligência. Porque não aprender com os campeões?

segunda-feira, 4 de junho de 2018

2+2=5? Como mentir com estatística.



Hoje tive que explicar para Maria Clara, de 12 anos, o que significa 2+2=5. Não foi difícil. Uma mulher diz que só compra calças tamanho 38 porque vai emagrecer e seu número sempre foi 38. A questão é que ela usava 38 a uns 10 anos e como qualquer ser humano normal seu corpo mudou. Hoje todas as calças 38 que ela experimenta ficam apertadas, deixam o corpo feio, principalmente olhando por trás. Ninguém tem um retrato fiel da própria bunda porque é humanamente impossível ter. Espelho, espelho meu... não dá! Por comentário ou foto tirado por outro ou outra? Duvido. Cada um tem o corpinho que acha que tem e ninguém muda esta verdade! Voltando; uma das vendedoras sugere que ela leve uma calça tamanho 40, ou mesmo 42, que lhe cairá bem e que em casa corte a etiqueta. "Não! Eu só compro tamanho 38!" A numeração é mais importante que o vestir apropriado, assim como para muitos princípios e ideologia são muitíssimo mais importantes que um resultado sensato. Este é o 2+2=5 que está pululando em corações e mentes brasileiros: a matemática do populismo. Não vai dar certo porque a história prova que nunca deu bom resultado. Pode até dar certo no início, quando ela sai da loja feliz da vida com a calça 38, mas sempre acaba em ruína, por melhor que sejam os propósitos. No primeiro peido a costura vai abrir.
Resultado de imagem para como mentir com estatisticaÉ possível transformar qualquer coisa em verdade. O clássico "Como mentir com estatística" de Darrell Huff, publicado pela primeira vez em 1959 e sucesso de vendas desde então, dá aulas sobre como se pode fazer ou alcançar qualquer coisa usando números corretos e comprovados, bastando fazer a demonstração dos fatos até o ponto a partir do qual a verdade não favoreça o objetivo desejado. Lembrou de "política"? Políticos somos todos, sem nenhuma exceção, porque sem política não existe convívio social, portanto não existe sociedade e sem ela a humanidade jamais teria chegado onde chegou. Querendo sim ou não ninguém escapa da política, que pode ser benéfica ou maléfica, e esta sim é uma opção individual e coletiva. Mente-se com estatísticas por comodidade, preguiça, desinformação. A busca pela compreensão do que os outros dizem e a formação do ponto de equilíbrio dos fatos pode cansar porque demanda interesse e tempo.
A greve dos caminhoneiros colocou em pauta um Brasil que vem rodando numa estrada muito mais cheia de problemas que se podia imaginar. Quem tem um mínimo de interesse sério por este país está tendo a oportunidade de conseguir informações que até então não eram colocadas em pauta nem pela própria imprensa. Diferente do rompimento da barragem de rejeitos de Mariana, uma tragédia anunciada de resultados absurdos, extensos mas localizados, a greve dos caminhoneiros pegou todos os brasileiros de calças curtas porque a enxurrada atingiu todo o país. Tal como qualquer tragédia deveria deixar alguma lição, algum aprendizado.