sexta-feira, 10 de abril de 2015

Ciclovia de verdade?



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São Paulo Reclama
O Estado de São Paulo

Como fui tratado de stress agudo eu não acreditei no que vi e só deixei minha angustia de lado quando voltei para o local, rua Ana Vieira de Carvalho, no Jardim Panorama, um dos locais mais ricos, mais elite, de São Paulo e do Brasil, e confirmei que ali o pessoal do Haddad, Prefeito de São Paulo, pintou mesmo uma ciclovia, ou ciclofaixa, seja o que for. Conheço bem o bairro e não tenho a mais remota dúvida que por lá não circula ciclista; pelo menos não me lembro de ter cruzado um nestes 45 anos de pedal. A rua começa em uma avenida muito movimentada, a av. Adalberto Penteado, e dá acesso a umas poucas mansões de luxo, é sem saída, termina em paralelepípedo, que felizmente não foi pintado de vermelho. 

Não faço ideia qual possa ter sido a intenção de se colocar a pintura vermelha naquela rua, mas se foi de fundo social erraram a rua. A pequena comunidade, ou a favela (politicamente incorreta), tem um acesso secundário pela próxima rua, a Armando Petrella. O curioso é que a rua Armando Petrella também dá acesso a um imenso condomínio de alto luxo (atrás do luxuoso Shopping Cidade Jardim) e também - dizem - a fortaleza de um conhecido banqueiro do bicho, É verdade que a rua Armando Petrella é muito estreita e cheia de curvas, tem pouco  ou nenhum movimento, e não comporta uma ciclovia/ciclofaixa/ pintura vermelha/ o que seja; mas isto é outra história. A maioria dos moradores da pequena comunidade, a maioria pedestres e crianças, e uns raros ciclistas, usam mesmo o acesso pela Marginal Pinheiros. 
Portanto, o que quer que seja aquilo pintado de vermelho na rua Ana Vieira de Carvalho não faz o mais remoto sentido; a não ser mal versão de dinheiro público.
Finalmente: como ciclista (a mais de 45 anos) afirmo que não acredito o que vi em outras ruas próximas dali. Tenho que voltar lá e confirmar que são as ciclovias do Haddad por que não consigo acreditar. O fato é que sobre o sistema cicloviário para acesso da ciclovia Eliseu de Almeida, que é ali, não se fala uma palavra.

Para piorar: os cidadãos que residem nesta pequena favela citada têm que circular no asfalto da Marginal Pinheiros por que o mato nunca é cortado e o entulho lá fica eternamente. Várias pessoas que por ali passavam afirmaram que quando o mato foi cortado foi ação dos próprios moradores do local e que nunca viram a Prefeitura trabalhando no local. 
Enfim, tem dinheiro para pintar ruas calmas de bairro de luxo de vermelho, mas não para manter a calçada sempre movimentada de cidadãos carentes na Marginal Pinheiros. Parabéns! É muito social!

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