Amanha embarco de volta para o
Brasil de nunca antes. Nestes 20 e poucos dias aqui, Europa, passados meio a meio
Espanha, Madri e Sevilha, e Paris, tive poucas e péssimas notícias de meu país,
como é normal. Já não sei mais se quero chamar de meu país, de tanta raiva que
estou. Uma das últimas notícias que soube falam sobre um doleiro ligado a turma
do nunca antes que transferiu para fora do Brasil simplesmente 30 bilhões de dólares,
em operações (transferências internacionais de dinheiro não declarado) simplesmente
inexplicáveis. US$ 30.000.000,00 pluft??? “Nunca antes o caralho; jamais na
história do Brasil”. Infelizmente tenho que voltar. Infelizmente.
Estou ligado na TV France 3, que normalmente
a esta hora passa documentários de altíssima qualidade sobre os mais diversos
temas ligados à França. Dentre eles vi dois programas sobre a história da
marinha mercante francesa, cada um com uma hora de duração, dando uma visão clara
e abrangente sobre o aconteceu com o setor naval francês pós Segunda Guerra
Mundial. Indústria naval, portos, marinheiros, comércio exterior, políticas
governamentais, economia mundial, e muito mais. Muitos depoimentos. Compreensível
e imparcial. Impensável no Brasil, principalmente no Brasil do nunca antes. Se
abrir a nossa história da forma como abrem aqui muita gente vai ficar com a bunda
ao vento, muita gente mesmo, principalmente o pessoal do nunca antes. No Brasil
não é história, mas propaganda, exatamente como se vem fazendo com a Petrobrás,
dentre “n” outras.
Daqui a dois dias volto à minha
casinha amada. Espero que desta vez não a tenham invadido e furtado, o que no
Brasil é absolutamente normal. Pelo menos nós assim achamos. Provavelmente
terei que fazer um planejamento para entrar discretamente com as malas ou corro
o risco que um veja e me transforme e alvo. Pensando bem minha primeira
preocupação é não ter problemas entre o avião e minha casa. Bem vindo ao Brasil.
Mesmo dentro de nossos aeroportos nunca se sabe.
Em Madri o recepcionista do hotel
disse para tomar cuidado com os batedores de carteira, que é o maior problema
de segurança por lá. O mesmo aqui em Paris. Tudo bem, tem golpista, destes que
mostram abaixo assinado ou jogam aliança no chão, mas para por ai. Incrível, eles
não fazem ideia do que seja e para que é usada uma banana de dinamite.
Os caixas eletrônicos ficam encaixadas
nas paredes dos edifícios, escancarados, funcionando 24 horas. Anda-se com
absoluta tranquilidade por todos lugares. Restaurantes sofisticados, que
recebem a nata da sociedade francesa, têm mesas na calçada, as prediletas. Lojas
chiquérrimas, como a Shang Xia - www.shang-xia.com,
que tem em sua vitrine um impecável serviço para chá em porcelana de menos de 1
milímetro de espessura por 4.100,00 Euros, abre a porta e recebe um pé rapado
com eu com uma delicadíssima cortesia e um chá feito dentro das normas da tradição
milenar chinesa.
Próximo de lá uma loja sofisticadíssima de roupas masculinas tem em sua vitrine uma maravilhosa e sofisticada bicicleta com aros de madeira produzidos na Itália. O porteiro me abre a porta, mesmo que eu esteja desgrenhado, vestido com jeans, camiseta e tênis velho, e o gerente pede desculpa por que ainda não tem o preço. Deveria ter entrado no Hotel Lutécia, como entrei em outros hotéis caríssimos, para ver o saguão e restaurante. Ninguém é barrado, não fazem perguntas. É normal por que é seguro. Ou é seguro por que é normal. Como queira.
Próximo de lá uma loja sofisticadíssima de roupas masculinas tem em sua vitrine uma maravilhosa e sofisticada bicicleta com aros de madeira produzidos na Itália. O porteiro me abre a porta, mesmo que eu esteja desgrenhado, vestido com jeans, camiseta e tênis velho, e o gerente pede desculpa por que ainda não tem o preço. Deveria ter entrado no Hotel Lutécia, como entrei em outros hotéis caríssimos, para ver o saguão e restaurante. Ninguém é barrado, não fazem perguntas. É normal por que é seguro. Ou é seguro por que é normal. Como queira.
No que o Brasil se transfomou?
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