Depois que Emerson Fittipaldi
saiu da F1 e antes sua ingresso na Fórmula Indy fizeram uma corrida de kart na
Praça Charles Miller com kartistas profissionais. Praça cheia, gente se divertindo.
Fez lembrar tempos passados que corrida de kart se fazia no meio das cidades.
Eventos na área do Estádio do Pacaembu acabaram por que os vizinhos que não
querem ser incomodados; o que é um direito deles, mas uma tremenda sacanagem
com a cidade. Eventos no meio da rua ou estacionamentos são essenciais para a
vida na cidade.
Os irmãos Anderson, Clovis, Celso
e Cleber (ainda tem mais três) começaram no ciclismo participando de um torneio
escolar que dava a volta no quarteirão. Mais ou menos na mesma época surgiram
algumas pistas de BMX me praças públicas ou terrenos baldios. A molecada achava
o máximo. De lá saíram ciclistas olímpicos e campeões internacionais. Porque
não se repete?
A maratona, as meia maratonas, as
de 10k e a São Silvestre tiveram seus trajetos recentes estabelecidos para
atrapalhar o mínimo possível o trânsito. A descida da Major Natanael logo
depois da largada da São Silvestre é um crime contra todos corredores. Correr
na Marginal Pinheiros é outro crime contra os maratonistas. E assim vai. Pior,
perdeu-se grande parte do público que assistia, aplaudia, se divertia, e
principalmente uma oportunidade maravilhosa de estímulo à melhoria da saúde
pública.
Eu presenciei o último Passeio
Ciclístico da Primavera no Ibirapuera. Vi a largada e fiquei esperando o fim da
saída da multidão de ciclistas que não acabava mais para ir atrás e aproveitar melhor
as avenidas fechadas e pedalar em paz. Vi com estes olhos, de cima do carro de
som, ao lado de Bruno Caloi e Caio Pompeu de Toledo, Secretário Municipal de
Esporte e Turismo e responsável pelo passeio (idealizado por Caio Carvalho), os
primeiros ciclistas terminando o passeio lentamente quando ainda faltava largar
muita gente, uma assustadora e deliciosa confusão nunca vista. Fez-se um anel de
10 km de ciclistas entupindo avenidas largas. Fiquei tão admirado que acabei não
indo pedalar, mas voltei para casa completamente realizado. No ano seguinte o
Passeio Ciclístico da Primavera foi diluído...
A Nove de Julho, a prova mais
importante de ciclismo do calendário de São Paulo foi realizada durante muitos
anos nas avenidas do entorno do Ibirapuera, com um bom público. Depois passou
para o entorno do Campo de Marte, com um público muito menor. E dai foi para
Interlagos, com um público muito menor ainda, mínimo, horrível. Triste fim para
um evento ciclístico que foi tão importante que dava primeira página de jornal,
saía de Santos, subia a serra cruzava São Paulo e terminava no mesmo
Ibirapuera.
Infelizmente, ou felizmente, não
sei bem, não participei ou vi de perto o World Bike Tour de São Paulo deste
ano, mas mesmo longe pude entender que algo saiu muito errado. Será o fim de
mais um grande evento de rua? O evento escorregou feio e teve que ser adiado por
uma semana para tentar corrigir erros de organização e ter todas as bicicletas
em ordem, o que não aconteceu. No dia seguinte o SPTV da TV Globo, apoiadora do
evento, noticiou os problemas com as bicicletas, que com certeza não se
restringiu só às 16 alegadas pelo organizador. Eu estava na Ponte Cidade
Universitária por onde passaram muitas bicicletas capengas, principalmente
pedais soltos, uma repetição do erro estúpido do primeiro WBT. Os participantes
relataram uma grande bagunça na entrega das bicicletas, um pega o que puder e
até um leva quem quer. Triste. Será o fim de mais um evento de grande público?
O que fica claro é que a cidade da
administração pública historicamente não é para as pessoas, para a vida, não é
da alegria, do bem estar, da continuidade de eventos de sucesso. Infelizmente
nós, brasileiros, temos pouco apreço pela tradição, pela continuidade.
Sei os limites de atuação da
administração pública e sei que eles não podem interferir numa organização com
a do WBT, mas o evento é público, um sucesso e (talvez ainda) de interesse
estratégico para a cidade. Com inteligência poderia ter sido usado como
divulgação ou mesmo propaganda de coisas boas. Não estão fazendo isto com o
futebol, que não passa de um rentabilíssimo negócio privado (mesmo sendo inadimplente)?
Por que não apostar algumas fichas para evitar uma confusão com esta do WBT? Dá
para fazer algo sem cair na ilegalidade.
fotos: Teresa D'Aprile
Triste fim? Espero que não seja o fim...
ResponderExcluirOu que venham outros melhores e mais organizados...
Abraços
Luís Gustavo
bicicletapartiu.blogspot.com.br