sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Qual é a prioridade?

Estabelecer corretamente as prioridades é literalmente imprescindível.
Mirian Leitão falou hoje no Bom Dia Brasil a palavra mágica maldita: resseção. Os empresários estão reticentes em investir por que não sabem como vai ficar a questão da energia. Vai faltar ou não? Vai aumentar o custo ou não? As linhas de transmissão vão aguentar por quanto tempo? Estamos ou não em resseção agora é quase uma questão de definição técnica. Chegamos aqui por que a escolha das prioridades foi errada, patética. Em nome de uma dita distribuição de renda (ou distribuição de presentes?) foram usados artifícios, chamadas por eles de prioridades, que sabida e comprovadamente seriam um tiro de grosso calibre no pé. A mira da prioridade estava mal calibrada ou o alvo era propositalmente outro?
Prioridade errada, caminho errado, final incerto. A escolha da prioridade pode não ser fácil, mas a seleção dos pontos prioritários sim, basta ter como norte outras experiências, sensatez, e principalmente a História (com “H” maiúsculo, não uma versão ideológica conveniente). Diminuir a vergonha, melhor dizendo, burrice da pobreza vem sendo uma das prioridades no Brasil muito antes do país do nunca antes; o que mudou foi a forma e principalmente a propaganda. Nossa, a propaganda! Os meios justificam os fins.
Como se diminui a pobreza? Pode ser uma discussão sem fim, mas a história prova que algumas ações funcionam, outras não. Estimular a ansiedade coletiva até perder o controle social não funciona, nunca funcionou e não funcionará. Portanto manter a calma coletiva é crucial. Falou em coletivo, massa social, falou em cidade, urbano, portanto qualquer que sejam as prioridades o urbano, a cidade, tem que estar incluída entre as prioridades prioritárias, como ponto de encontro, troca, convívio, desenvolvimento, estabilidade e segurança dos indivíduos. A bicicleta, veículo individual, ajuda muito na construção deste coletivo frutífero, mas é a prioridade? Ou faz parte das prioridades? Qual é a prioridade urbana, mobilidade ou a bicicleta?
As cidades estarem completamente congestionadas por conta do nunca antes IPI Zero é ótimo para a bicicleta. Se o carro não anda vai de bicicleta... Um carro a menos. Resseção também pode ajudar muito a causa da bicicleta. Quanto menos dinheiro circulando provavelmente mais ciclistas irão para as ruas.
Estratégia pode mudar os caminhos e colocar uma prioridade na frente da outra. Faz parte do jogo, mas tem seus limites. Ilumina-se o que inevitavelmente dá certo em nome da propaganda e ai até aquele velho e corriqueiro discurso “quanto pior melhor” pode ajudar. “Foda-se quem não quer mudar”. Foda-se?
Mas qual era a prioridade? Mais bicicletas nas ruas, mais ciclistas? Simplesmente? A que custo? “Ciclovias já” como o pessoal repetiu por décadas e aos gritos sem pensar? Ciclovia era a prioridade e o “ciclovias já” nos conduziu onde chegamos, praticamente sem ciclovias e sem segurança desejada. Tiro no pé. Como não havia, e continua não havendo, nem espaço nas vias nem verba suficiente o pedido de ciclovia foi e continua sendo usado para não se fazer nada. Estão certos eles. Os ciclistas eraram a prioridade: queriam segurança, falaram ciclovia. Esqueceram de pensar no todo, no espaço comum, nas demandas, na economia, nas leis, para os que decidem, quem decide, e esqueceram, ou ficaram calados, sobre a questão da insegurança de se pedalar numa ciclovia, fato perfeitamente documentado em documentos de várias origens e línguas. Chupa! Tiro no pé.
Ontem num programa sobre economia internacional comentaram que se está usando com frequência a expressão “argentinização” para países que foram ricos e estão sendo desmontados por idiotices aos poucos, dentre eles Itália. A expressão vem do fato que Argentina caminha para trás desde que a prioridade passou a ser o social populismo, mais conhecido como Peronismo ou Justicialismo, como queiram. A população comprou e continua comprando. A propaganda maquiavélica, mentirosa, sobre o que é prioritário mantem o poder. Chupa!
Ter como prioridade a ciclovia é simplesmente fechar os olhos para o tecido urbano de nossas cidades e o uso que o resto da população faz deste. Sem ciclovia não dá para mudar? É óbvio que dá, mas há inúmeras maneiras de fazer a transformação, algumas corretas e outras erradas. Olhando só por um lado não funciona; na porrada menos ainda.
Argentinização. Cada um escolhe a prioridade que quer, mas prioridades reais demandam inteligência e boa fé.

O Brasil do nunca antes reforçou a pauta da questão do nosso abismo social, assim como os movimentos da bicicleta colocaram em pauta a questão da necessidade imediata de mudança nas cidades, o que é muito bom. O que deixa dúvidas é o caminho apresentado, o que remete a escolha das prioridades. Afinal, quer assassinar uma prioridade? Use o politicamente correto como critério.

2 comentários:

  1. Oi Arturo!

    Se fôssemos tomar um café juntos passaríamos à tarde toda conversando sobre seu post e ainda assim a conversa não acabaria:-)

    Mas vou ser objetivo, já te fiz essa pergunta, vc disse que não sabia! Vou perguntar novamente! Para quem vc vai votar para presidente e governador? - Desculpe pela chatice, sou chato mesmo :-)

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