Estabelecer corretamente as prioridades
é literalmente imprescindível.
Mirian Leitão falou hoje no Bom
Dia Brasil a palavra mágica maldita: resseção. Os empresários estão reticentes
em investir por que não sabem como vai ficar a questão da energia. Vai faltar
ou não? Vai aumentar o custo ou não? As linhas de transmissão vão aguentar por
quanto tempo? Estamos ou não em resseção agora é quase uma questão de definição
técnica. Chegamos aqui por que a escolha das prioridades foi errada, patética. Em
nome de uma dita distribuição de renda (ou distribuição de presentes?) foram
usados artifícios, chamadas por eles de prioridades, que sabida e
comprovadamente seriam um tiro de grosso calibre no pé. A mira da prioridade
estava mal calibrada ou o alvo era propositalmente outro?
Prioridade errada, caminho
errado, final incerto. A escolha da prioridade pode não ser fácil, mas a
seleção dos pontos prioritários sim, basta ter como norte outras experiências, sensatez,
e principalmente a História (com “H” maiúsculo, não uma versão ideológica conveniente).
Diminuir a vergonha, melhor dizendo, burrice da pobreza vem sendo uma das prioridades
no Brasil muito antes do país do nunca antes; o que mudou foi a forma e
principalmente a propaganda. Nossa, a propaganda! Os meios justificam os fins.
Como se diminui a pobreza? Pode
ser uma discussão sem fim, mas a história prova que algumas ações funcionam,
outras não. Estimular a ansiedade coletiva até perder o controle social não
funciona, nunca funcionou e não funcionará. Portanto manter a calma coletiva é
crucial. Falou em coletivo, massa social, falou em cidade, urbano, portanto
qualquer que sejam as prioridades o urbano, a cidade, tem que estar incluída
entre as prioridades prioritárias, como ponto de encontro, troca, convívio,
desenvolvimento, estabilidade e segurança dos indivíduos. A bicicleta, veículo
individual, ajuda muito na construção deste coletivo frutífero, mas é a
prioridade? Ou faz parte das prioridades? Qual é a prioridade urbana, mobilidade
ou a bicicleta?
As cidades estarem completamente
congestionadas por conta do nunca antes IPI Zero é ótimo para a bicicleta. Se o
carro não anda vai de bicicleta... Um carro a menos. Resseção também pode
ajudar muito a causa da bicicleta. Quanto menos dinheiro circulando
provavelmente mais ciclistas irão para as ruas.
Estratégia pode mudar os caminhos
e colocar uma prioridade na frente da outra. Faz parte do jogo, mas tem seus
limites. Ilumina-se o que inevitavelmente dá certo em nome da propaganda e ai até
aquele velho e corriqueiro discurso “quanto pior melhor” pode ajudar. “Foda-se
quem não quer mudar”. Foda-se?
Mas qual era a prioridade? Mais
bicicletas nas ruas, mais ciclistas? Simplesmente? A que custo? “Ciclovias já”
como o pessoal repetiu por décadas e aos gritos sem pensar? Ciclovia era a
prioridade e o “ciclovias já” nos conduziu onde chegamos, praticamente sem
ciclovias e sem segurança desejada. Tiro no pé. Como não havia, e continua não
havendo, nem espaço nas vias nem verba suficiente o pedido de ciclovia foi e
continua sendo usado para não se fazer nada. Estão certos eles. Os ciclistas
eraram a prioridade: queriam segurança, falaram ciclovia. Esqueceram de pensar
no todo, no espaço comum, nas demandas, na economia, nas leis, para os que decidem,
quem decide, e esqueceram, ou ficaram calados, sobre a questão da insegurança
de se pedalar numa ciclovia, fato perfeitamente documentado em documentos de
várias origens e línguas. Chupa! Tiro no pé.
Ontem num programa sobre economia
internacional comentaram que se está usando com frequência a expressão
“argentinização” para países que foram ricos e estão sendo desmontados por
idiotices aos poucos, dentre eles Itália. A expressão vem do fato que Argentina
caminha para trás desde que a prioridade passou a ser o social populismo, mais
conhecido como Peronismo ou Justicialismo, como queiram. A população comprou e
continua comprando. A propaganda maquiavélica, mentirosa, sobre o que é
prioritário mantem o poder. Chupa!
Ter como prioridade a ciclovia é
simplesmente fechar os olhos para o tecido urbano de nossas cidades e o uso que
o resto da população faz deste. Sem ciclovia não dá para mudar? É óbvio que dá,
mas há inúmeras maneiras de fazer a transformação, algumas corretas e outras
erradas. Olhando só por um lado não funciona; na porrada menos ainda.
Argentinização. Cada um escolhe a
prioridade que quer, mas prioridades reais demandam inteligência e boa fé.
O Brasil do nunca antes reforçou
a pauta da questão do nosso abismo social, assim como os movimentos da
bicicleta colocaram em pauta a questão da necessidade imediata de mudança nas
cidades, o que é muito bom. O que deixa dúvidas é o caminho apresentado, o que
remete a escolha das prioridades. Afinal, quer assassinar uma prioridade? Use o
politicamente correto como critério.
Oi Arturo!
ResponderExcluirSe fôssemos tomar um café juntos passaríamos à tarde toda conversando sobre seu post e ainda assim a conversa não acabaria:-)
Mas vou ser objetivo, já te fiz essa pergunta, vc disse que não sabia! Vou perguntar novamente! Para quem vc vai votar para presidente e governador? - Desculpe pela chatice, sou chato mesmo :-)
sensacional!
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