segunda-feira, 18 de março de 2013

jornalismo descobre o óbvio

São Paulo Reclama
O Estado de São Paulo
sobre:
Até vias próprias para bicicleta são inseguras, reclamam ciclistas
Metrópole 
C1 | Domingo, 17 de Março de 2013


Ótima iniciativa do jornal Estado de São Paulo em abrir um canal de reclamação para ciclistas no ‘estado.com.br’. Com isto ficou claro para o jornal uma série de problemas que até então o mesmo parecia se recusar ver. Infelizmente o tema ‘trânsito’ é tratado por toda a imprensa de maneira pouco investigativa, quase oficiosa, deixando de lado questões importantes, como critério de aplicação da lei, geometria da pista e sinalização, o que em vários casos é a causa real dos incidentes e acidentes. Isto se dá por que as matérias quase sempre foram apoiadas em dados oficiais e entrevistas com os órgãos responsáveis, ex-funcionários, consultores, o que está correto, mas que obviamente defendem seus próprios interesses ou procuram acobertar sua incapacidade ou inépcia. Infelizmente não tiveram a preocupação em buscar outras fontes ou mesmo simplesmente observar os fatos. Pior ainda no caso da bicicleta, que até recentemente era vista por jornalistas como brinquedo, esporte ou lazer. Há uma visão distorcida da realidade. A sensação que se tem é que matérias sobre a questão da bicicleta foram passadas para ‘focas’ (jornalistas novos e inexperientes) ou para jornalistas menos capacitados. O jornalismo se ateve a clichês como ‘pedalar é perigoso’; ‘a cidade não tem ciclovias’, ‘ciclista morto’... Em meus mais de 30 anos de ativismo pela bicicleta, pedestres, pessoas com deficiência e uma cidade menos violenta, cito um único jornalista com o bom viés jornalístico, Caio do Valle, que é uns dos que assina a matéria citada acima. Esta iniciativa do O Estado de São Paulo, abrindo um canal através de seu ‘estado.com.br’ é um excelente primeiro passo para o entendimento real das causas de nosso trânsito sanguinário, que estão muito além da análise simplista, por que não dizer simplória, que vem sendo feita sobre um tema crucial, porque não dizer ‘vital’.

 

3 comentários:

  1. Caro Arturo,
    Em 42 anos de ciclista, basicamente andando pelas ruas, avenidas e calçadas(desculpe sei que não é adaquado), sofri algumas quedas e passei por alguns sustos, porém sempre "inteiro". Em 2011acidentei-me, adivinha onde? Na Ciclovia!!!
    Da forma como são construídas, do descaso quanto a informação e conservação; no momento não as avalio como seguras. O responsável direto é o poder público que não educa/informa de maneira adequada...não forma condutores, sejam ciclistas ou motoristas...e marginaliza o pedestre. É tudo uma bagunça.
    Via é sinônimo de ordem, organização. A questão é como impor-se a ordem numa confusão generalizada instituida e sacramentada?

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  2. Via é sinônimo de ordem, organização. A questão é como impor-se a ordem numa confusão generalizada instituida e sacramentada? É isto ai. A questão é que o jornalismo passa informações precárias e nós, população, infelizmente vamos no efeito boiada

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  3. Olá Arturo,

    O principal problema que acho é que somos muitos omissos e não participamos da vida pública, o que deixamos passar são estas obras mal-planejadas e mal mantidas. Primeiro, a gente geralmente se omite em denunciar mal uso das vias públicas, por exemplo, carro parado na calçada. Podemos desviar deles, mas um dia destes um carro atrás nos pega em cheio por desviar deste carro parado na calçada, ou melhor, metade na calçada e metade na via. Como é também do interesse do pedestre, acho que nestas horas tem que chamar a CET, via 1188, ou se é algo frequente usar o SAC da prefeitura. E ir insistindo até a ouvidoria. Quanto mais gente fazendo isto melhor, porque de tanto reclamarmos a autoridade competente terá que tomar atitude. Bem não é somente isto, mas é um bom modo de começar a cobrar o cumprimento tanto da administração pública, como para a população mal informada ou educada. Temos este papel no cumprimento das boas maneiras e ao mesmo tempo educando as pessoas a serem mais sensatos. Estas pequenas transgressões que não tem nada a ver com os ciclistas, é que acaba criando essa insegurança. Poderia dizer que não funciona, mas as coisas funcionam quando decidimos usar e fazer funcionar.
    Como outro exemplo que não está relacionado diretamente, mas indiretamente causa problemas é supermercado que não tem praticamente estacionamento, e é liberado para funcionar, e os clientes acabam colocando os carros na calçada e bloqueando pedestres, e até mesmo ciclistas. Dá para pensar em vários exemplos como este, para demonstrar esta nossa omissão, e falta de participação.
    Como você havia mesmo dito em algum lugar, que a gente deveria pensar em agir na periferia, dado este fato de 70% dos ciclistas usarem para trabalho, e geralmente na periferia ( http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,70-dos-ciclistas-de-sp-usam-bicicleta-para-trabalhar-e-so-4-para-o-lazer,694438,0.htm ), e também o seu próprio artigo do "Pelo menos fez algo" ( http://www.viaciclo.org.br/portal/artigos/99-artigos/370-fez-algo ), me fez compreender que o problema não é exatamente a administração pública, o problema somos nós que não sabemos usar a administração pública. Aquele negócio de fatalismo que o brasileiro tem. Portanto, o caminho é denunciando más práticas de nossos conterrâneos, e fazer com que esta administração faça o que deveria fazer.

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