sexta-feira, 15 de março de 2013

Fazer Justiça

Ozires Silva, (ex) Presidente da Embraer, deu uma entrevista no Jornal da Cultura onde falava sobre os progressos da segurança na aviação civil, que é o modo de transporte mais seguro que existe. O ponto principal é que nos acidentes de aviação não se procura um culpado, mas a compreensão de absolutamente todos os fatos diretos e indiretos que causaram o acidente, sem buscar culpados. Quando se busca um culpado e depois se vai para os fatos há uma distorção da verdade, e com isto não seja às causas reais do ocorrido. Segurança é a busca contínua da qualidade, de evitar repetir erros cometidos. Culpado é outra história. O que nos interessa: achar culpados ou evitar acidentes?

Infelizmente temos, brasileiros, a deprimente mania de primeiro apontar culpados, deixando para segundo plano a lógica dos fatos e a busca da verdade. Feito isto lavamos a mão.

No deprimente caso do ciclista que teve o braço amputado na Paulista as circunstâncias do acidente vão além do que a imprensa divulgou. A história é mais complicada do que parece. A favor do ciclista está o fato de ele ter ido para a contramão da avenida por que esta já estava conificada para a Ciclo Faixa de Lazer de Domingo, portanto segregada para a circulação de ciclistas. Mesmo assim, perante a lei ele estava na contramão. Ou talvez não. Vai depender do entendimento de detalhes legais. O julgamento deste detalhe vai ser uma complicação.

O fato mais importante é a total falta de... ética(?), moral(?), caráter do motorista, que por ter bebido deve ser responsabilizado pelo acidente e por ser estudante de ciência médica não ter prestado socorro. Se analisar a ação e comportamento motorista, situação social tão comum nos dias atuais, se vê um espelho do Brasil de hoje, sem ética, moral, caráter, irresponsabilidade, individualista, consumista, mal informado, tendencioso. O que aconteceu na Paulista provavelmente se repete Brasil afora sem a mesma divulgação. Vide os brutais números de mortes no trânsito e mortes violentas.

A meu ver é muito interessante que a UCB tenha um papel de orientação em casos jurídicos. Precisaríamos de um advogado ou bacharel para ajudar. Tenho receio em ver leigo falando sobre justiça. Tenho receio em ver julgamentos sem conhecimento neutro dos fatos reais. Mas acredito que a UCB deva fazer este exercício e se posicionar, se possível ajudar.

Para quem não sabe, segundo documento de órgão da ONU o Brasil é um dos campeões mundiais de linchamento. Físico, moral e legal. Quem se lembra, por exemplo, da história horrorosa da Escola de Base? O que foi feito da vida dos então imediatamente acusados?

Adoro a ideia da UCB realizar assessoria ou orientação jurídica, mas com critérios bastante claros, e acima de tudo justos. Quando digo justos, falo em justiça de verdade, sem tendências.

Só com Justiça se dará a segurança de fato para ciclistas, e principalmente pedestres, deficientes (17% da população), motociclistas, motoristas....

OU TODOS TEM JUSTIÇA, OU NINGUÉM TEM A VERDADEIRA JUSTIÇA

OU TODOS TEM SEGURANÇA, OU NINGUÉM TEM SEGURANÇA DE FATO

Arturo Alcorta

Presidente da UCB

 

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