sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ciclofaixa de Moema e apoio a esta

O Estado de São Paulo
São Paulo Reclama

 A gritaria sobre a Ciclofaixa de Moema seria normal caso não viesse de todos lados, incluindo dos próprios ciclistas. A questão não é a proposta de criação de um sistema cicloviário, tão necessário a São Paulo, mas  a qualidade do que foi entregue à população. A quantidade de problemas é grande e freqüente, alguns deles colocando em risco a segurança de motoristas, pedestres e até dos próprios ciclistas, objetivo final da ação.

A alegação que os problemas decorrem por conta da novidade para a CET não cabe. A primeira proposta no sentido da criação de um sistema cicloviário contemplando ciclovias, ciclofaixas, trânsito partilhado, acalmamento de trânsito, sinalização e estacionamento para bicicletas para toda a cidade foi apresentada e entregue em 1983 à CET, por ordem do então Prefeito Mário Covas, com encaminhamento do Secretário de Transportes Getúlio Hanashiro. Desde então tem havido várias entregas de propostas e projetos, oferecimento de colaboração e treinamento técnico do corpo técnico da CET por parte de particulares, profissionais liberais, ciclistas e entidades de grande respeito internacional especializadas na questão da mobilidade não motorizada e transporte público. Há vários precedentes bem sucedidos, como as ciclovias do centro de Ubatuba que também ficam à esquerda da via, solução que deve ser adotada só em casos muito específicos e que aqui em São Paulo estão tornando-se fato comum e a meu ver de forma até inadequada. Em Buenos Aires todo sistema à esquerda foi retirado para dar vez a outro mais bem pensado.

É inaceitável entregar um trajeto para ciclistas com buracos, água correndo, arbustos invadindo a via, sinalização insuficiente, dentre outros. A CET tem uma história que deve ser respeitada, inclusive por seu próprio corpo. Lembro a todos que esta ciclofaixa foi realizada em local público e com verba pública, sob a responsabilidade de uma empresa mista que atende a obrigações legais e presta serviços públicos, o que, segundo lei Federal, implica em responsabilidade legal sobre os resultados. Alegar “que com o tempo nós vamos corrigindo” é não dar o trato devido e esperado ao dinheiro público, que é meu, seu, de todos, incluindo ciclistas.

No meio desta gritaria, que não pára, apareceu um abaixo assinado de apoio à Ciclofaixa de Moema. Na Internet circulam mensagens de apoio irrestrito ao trabalho realizado, seguido de agradecimentos. Dizem que se não houver apoio ao projeto a CET volta atrás e pára o processo, o que não creio porque a CET já se deu conta que a bicicleta é uma questão a ser resolvida, e Kassab sabe que o tema é um dos poucos pontos positivos de seu governo e crucial para seu futuro político. Parece que os ciclistas não se dão conta que há uma sensível diferença entre demandar um sistema cicloviário para a cidade e dar apoio a um amontoado de erros infantis. Eu, como usuário da bicicleta há quase quatro décadas, apoio qualquer melhoria para cidade que tenha qualidade, mas não servir de inocente útil, mesmo que seja para dar apoio a pessoas conhecidas e velhas lutadoras. Avançar aceitando qualquer coisa é perpetuar erros recorrentes que corroem qualidade de vida de todos.


Arturo Alcorta
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2 comentários:

  1. ‎"a CET já se deu conta que a bicicleta é uma questão a ser resolvida, e Kassab sabe que o tema é um dos poucos pontos positivos de seu governo e crucial para seu futuro político." Que grande ingenuidade achar que a bicicleta é assim adorada pela maioria da população. Se o objetivo da Prefeitura fosse apenas popularidade, não se arriscaria nessa empreitada 'maluca' e IMPOPULAR. A mudança de paradigma na CET e na Prefeitura está aí - mesmo que vindo de cima prá baixo, imposta pelo Prefeito e Secretário, está aí. é corajosa sim. E o projeto está cheio de falhas, que devem ser criticadas. Digo sim, que há uma sensível diferença entre dar apoio a um monte de erros infantis e fazer o jogo da pureza, prá quem o melhor é não se comprometer com a realidade tão cheia de problemas. Uma pena que você tenha caído nessa!

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  2. "Você faria um projeto cicloviário dentro de uma área que você tem espasmos de não ouvir o trânsito?"
    Eu entendi direito tua pegunta? Voce disse que em áreas com barulho forte de avião não deve haver projeto cicloviário?????

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