É 8:30h da manha deste dia 31 de Outubro, segundo turno da eleição 2010, e acordei com uma angústia sem fim. Quando esta carta for publicada já teremos um novo Presidente da República. O que se pode tirar desta campanha é que a discussão política que fazemos, brasileiros, é muito imatura, absolutamente incompatível com a grandeza do país que geramos “todos” com nosso suor do dia a dia. Todos: a dita elite (????), a classe média e os abandonados ou desprovidos. Há um abismo entre o país que nos leva para o futuro, que é o país da qualidade, das coisas bem feitas, honestas, com busca de resultados sustentáveis, de muito trabalho, o que é fato em vários setores de nossa economia; e o país dos que crêem que “se melhorou é por que está tudo certo”, do “pior que está não fica”, dos discursos inflamados, da falácia, esmola, mentira, inconsistência, do populismo, perigoso e deprimente populismo praticado por estes e aqueles em maior ou menor grau. Faço minhas as palavras de Hélio Bicudo, que caíram praticamente no vazio, mas também não deixo de ter certa crítica aos que apoio. Entre a população, os de cá e os de lá, principalmente os de melhor esclarecimento, perderam a noção das coisas e a discussão do futuro deste país caiu num processo bipolar, muito parecido ao dos fanáticos por futebol. Corinthians ou Palmeiras (quase que literalmente)? É muito provável que não adiante urrar que nunca mais poderemos curvar nossa decisão a debates tão precários, trinta segundos pergunta, dois minutos para resposta, dois para réplica, dois para tréplica. Ninguém faz idéia do é melhor ou pior de verdade, mas todos conseguem recitar o que os marketeiros venderam. Que país é este? Quem sabe?
Devemos, como leitores deste jornal, nos preocupar com a integridade do O Estado de São Paulo (e todos meios de comunicação) porque este teve a coragem de posicionar-se por uma das partes e já está sobre longa censura absolutamente inadmissível. Há um silêncio da sociedade sintomático e apavorante que prova nossa imaturidade. O Brasil chegou ao ponto de não atinar que liberdade, esta sim, literalmente não tem preço. Sem liberdade não há diálogo, sem diálogo não há acordo, sem acordo não há futuro sustentável, ordem e progresso.
Rezo para que este momento, esta eleição, não seja um réquiem. Que eu esteja errado.
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