A inauguração da Ciclovia da Marginal de Pinheiros neste segundo dia de vida já causa certo furor em todo ciclista que quer ver São Paulo como uma cidade minimamente amigável para o ciclista. Pela manha, no pouco tempo antes da chuva cair, a nova linha vermelha cicloviária estava cheia. Para a maioria é um passo a frente, mesmo que em todas as conversas sempre haja a afirmação que só duas entradas é muito pouco. O governo quer terminar o mandato com obras realizadas, mas não o que eles pretendiam a princípio.
Eu vivi os bastidores e Serra e alguns secretários, como Walter Feldmam, Eduardo Jorge, Stela Goldstein, Aloysio Nunes, José Luiz Portella, e o ex Secretário e hoje Vereador Gilberto Natalini, trabalharam nestes anos tentando fazer alguma coisa pela bicicleta e não conseguiram; agora correm atrás do tempo perdido. Há uma questão eleitoral, sim há, não resta dúvida, mas não creio que o problema deles não é unicamente este. Há muita gente, em vários níveis de governo, que apóia a bicicleta e que está com um grande osso entalado na garganta. Não se realizou nada nestes anos e não foi por falta vontade de girar os pedais.
Quando eu e Sérgio Luiz Bianco decidimos criar e distribuir o Manifesto pelas Bicicletas (http://www.escoladebicicleta.com.br/cicloativismoEB.html) para todos os candidatos à Presidência da República, foi Serra, no segundo turno contra Lula, o primeiro e único candidato da história do Brasil que foi na TV e rádio propôs cuidar da questão da bicicleta. Ninguém mais se manifestou.
Três meses depois de Serra assumir a Prefeitura eu estava na primeira de muitas reuniões para do “Projeto GEF Banco Mundial”. Foi a primeira vez na história de São Paulo que se montou um grupo inter-secretarias e órgãos, com a presença da sociedade civil, um grupo de umas 15 técnicos do mais alto nível, para fazer estudos, vistorias e propostas visando implantar um projeto cicloviário em um bairro de baixa renda que tivesse comprovado número de ciclistas circulando e visando a ligação destes com o sistema de transporte de massa. O dinheiro para o primeiro projeto, US$ 2 milhões, viria do Banco Mundial. Caso este processo acontecesse com rapidez seria destinado mais US$ 10 milhões para mais cinco outros projetos. No que deu? Nada. Para mim sobrou uma frase triste dita por um dos especialistas internacionais que passaram por aqui e fizeram de tudo para concretizar algo: “Nem na África (Central, boa parte em guerra civil) tivemos tantos problemas burocráticos”.
Não deu em nada. Muita gente graúda ficou furiosa com toda a história porque se gastou muito tempo e trabalho para nada. Também se gastou muito dinheiro internacional sem resultado. As explicações para o insucesso diziam, de um lado, que a responsabilidade estava na burocracia nacional; e do outro, culpavam as exigências internacionais. No meio da confusão mudou uma presidência qualquer, do Banco Mundial ou GEF, e eles acabaram com tudo. Enfim, nada! O pessoal de cima ficou, por assim dizer, chateado.
Na mesma época surgiram outras propostas e mesmo projetos de ciclovias, sistemas cicloviários e outras coisinhas mais; pelo menos uns 750 km de melhorias. Absolutamente nenhum deles frutificou. Alguns tinham dinheiro de empresas privadas e sairiam na faixa para a Prefeitura. Nicas! Todos, sem exceção, pararam num mesmo ponto: a negação da assinatura técnica. Sem ela é impossível dar um passo a frente. Há uma “coisa” que eu apelidei de “lei de assinatura técnica”, definida em lei Federal, que dá pleno poder a um técnico de trânsito, ou seja, no caso de São Paulo um funcionário da CET com CREA, que diz “sim” ou “não” para qualquer projeto que envolva um modo de transporte e sua utilização do sistema viário. “Se eu quiser assino, se não quiser não assino e ponto.” E ponto final, como diz a lei.
Assina, assina, assina...
Se tiver família e não quiser se meter no que ele considera encrenca não assina. Se for se aposentar ou não entender nada do assunto também tem pleno direito de não assinar. E assim por diante com qualquer que seja a razão: achar a bicicleta coisa do passado, para lazer ou esporte; ter medo de pedalar no trânsito; não ter expertise em ciclistas e bicicletas; não querer trair os companheiros; ter um ego grandinho; sentir ódio de quem lhe cruze o caminho... Qualquer razão é razão. Bicicleta não é tema fácil para certas pessoas.
Mas faço justiça e aqui faço a defesa de quem se nega a assinar. A lei diz que se der alguma coisa errada no projeto quem paga o pato é quem assinou e não a Prefeitura ou a CET. O culpado é a pessoa que assinou, ponto. Se um ciclista se machucar num local sinalizado pelo órgão de trânsito e este ciclista acionar seus direitos quem vai se ferrar é quem assinou a colocação da placa. É compreensível que não queiram colocar o deles na reta. Não justifica tudo, mas fazer o que, bicicleta e ciclista é tão difícil...
Repito sempre e não me canso de dizer que a CET de São Paulo é um dos melhores corpos técnicos de trânsito do mundo, mas para fluidez de motorizados. Eu nunca li o estatuto da CET, mas parece que a razão da existência dela foi para dar fluidez ao trânsito motorizado. Não sei como está, mas ainda hoje a questão do pedestre e bicicleta é claramente relegada a um plano bem secundário. Vide os números oficiais que não me deixam mentir. Aliás, que números!
Automóvel em 60 meses
Por outro lado a CET sofre uma brutal pressão da sociedade motorizada para fazer o trânsito funcionar. De novo aos números e fica absolutamente claro que o paulistano está se lixando para os pedestres e ciclistas, inclua-se ai mais os 14% da população que tem alguma deficiência física. Telefone para a CET e pergunte quantos funcionários cuidam dos 34% pedestres, dos 0,6% (oficiais) ciclistas, que circulam diariamente em São Paulo ou dos deficientes físicos (14% da população) que deveriam conseguir circular? Nossa sociedade está interessada em passar rápido sem ter que ficar em congestionamentos ou mesmo semáforos estúpidos, ponto. Pedestre que se dane. O número de mortos atropelados não interessa. Ciclista atrapalha a fluidez... Como você acha que a CET reage a esta pressão? Como você iria reagir numa situação destas? Desculpem, mas eles são humanos, e como tal tem qualidades e defeitos, como qualquer um de nós.
Mas ai vem a questão do político, do mandante. Segundo a maioria quem é responsável por não haver melhorias para ciclistas é o Prefeito, os Secretários, o Governador, enfim, quem manda. Isto aqui é que é terra de Papai Noel, de Santo Milagreiro! “O chefe sempre tem todo poder, ele faz o que quiser.” Desculpe, mas estamos vivendo numa baderna que ainda é um estado de direito e, portanto, está sob o poder das leis. É óbvio que tem político paizão que faz o que bem entende, que manda e desmanda, para o qual lei é só entrave, e é óbvio que tem o povão acha lindo. Mas a política do paizão sempre acaba dando caca. Mandante que tem um mínimo de noção das coisas, respeito pelas regras do jogo legal e político, não se mete a besta.
No caso de São Paulo é muito complicado que um mandante vá mexer num vespeiro do tamanho da CET sem um grande respaldo popular. É muita inocência acreditar que Prefeito, Governador ou Secretário irá peitar o corpo técnico de uma companhia de excelência por causa de meia dúzia de pessoas que reivindicam o direito real, moral e legal de uma massa. Vamos dizer que ele peite, que coloque a mão forte sobre a CET, você acredita mesmo que não haverá reação? E se tirar do jogo parte do corpo técnico que se recusam a ver pedestres e ciclistas como parte do trânsito, onde encontrar gente com conhecimento e prática suficiente para manter a cidade funcionando? Quem quiser que acredite: não dá para peitar a CET, não sem muita pressão popular. E povo quer é carro novo em 60 prestações. Ponto. Você como governante como agiria numa situação destas?
O que foi inaugurado?
Vamos lá, o que foi inaugurado desde de 2004, quando Serra assumiu: a Ciclovia da Radial Leste, até hoje inacabada; a Ciclo Faixa de Domingo, e agora a Ciclovia do Rio Pinheiros. Os bicicletários nas estações do Metro e CPTM. Tem mais uma coisinha ou outra, mas coisa pouca. (Poderíamos ter pelo menos uns 250 km de melhorias realizadas.)
Uma rápida olhada nas duas grandes ciclovias e há um detalhe interessante em comum: são vias sem cruzamentos, sem conflitos com o trânsito dos motorizados. Uma está encostada ao muro da Linha 3 - Vermelha do Metro, começa na estação Tatuapé e vai até a estação Corinthians - Itaquera; e a outra está entre a Linha 9 - Esmeralda e o rio Pinheiros. As duas estão praticamente segredadas da vida dos bairros adjacentes. Na da Radial Leste há algumas entradas nas quais você tem que esperar uma eternidade até o semáforo abrir. Mas do que adianta uma ciclovia sem cruzamentos se toda a vida e até mesmo os bicicletários estão do outro da avenida? Na da Marginal Pinheiros agora há duas entradas, mas está proposto mais outros acessos, uns cinco. Mesmo que esta venha a ter um acesso em cada ponte aposto como seu uso será quase que exclusivamente voltado ao lazer e esporte. Ou para uns raros ciclistas trabalhadores que fazem longas distâncias. Para qualquer usuário de bicicleta é muito mais sensato, rápido e seguro manter-se no interno de bairro. Subir e descer uma passarela com altura padrão para a Marginal é um esforço sensível e uma perda de tempo para a maioria dos ciclistas. Vale lembrar que a distância média percorrida por um ciclista comum é menos de 4 km (2.3 km segundo Bicing - Barcelona). Mas a questão não é exatamente esta. A sutileza é que estas ciclovias estão ai porque não tem cruzamentos. Serão assim para não atrapalhar o trânsito?
Briga de cachorro grande
Eu daria minha vida para ter assistido as “conversas” sobre a criação da Ciclo Faixa de Domingo. Ela também não tem cruzamentos. Ou tem; mas cruzamentos com baby siter embandeiradas, uma ou mais em cada esquina. E horário de funcionamento. Por que será?
Algo me diz que estas melhorias para os ciclistas foram enfiadas goela abaixo dos que não gostam de bicicleta ou dos lobos fantasiados de cordeirinhos. Não sei como pode ter acontecido, mas talvez tenham aprendido com a Sub de Parelheiros que só chamou os técnicos quando a ciclovia estava pronta e não havia mais nada a fazer, o que foi uma caca total, mas também não deixou de ser uma boa idéia. É; talvez a idéia tenha colado. Fato consumado e pronto!
Não há ciclistas...
Uma das alegações é que não há ciclista suficiente para demandar um trabalho maior ou uma mudança de rumos. A Ciclo Faixa de Domingo e os primeiro fim de semana da Ciclovia da Marginal Pinheiros provam exatamente o contrário, exatamente como o óbvio das ruas e o trabalho de Carlos Paiva, da própria CET, apontam. A da Radial não entra nesta conta porque está praticamente vazia em razão de ser desagradável por estar incompleta, ser poluída, suja e muito barulhenta. Mas há, sim, ciclistas na Zona Leste, muito mais que eu próprio tive notícias. Jardim Helena surgiu do nada para ser a campeã em ciclistas circulando, 7.700/dia numa área relativamente pequena. Não sei como, mas Jardim Helena aconteceu. E outros fatos mais.
Ciclistas na cidade há, muitos, e não para de crescer. O que ainda não é reivindicação em massa, com peso maior que o dos motoristas. No meio da briga de foice, do osso entalado, da birra “eu não quero”, do poder das leis, da omissão da Justiça em coibir a omissão de responsabilidade, restou a saída de entregar ciclovias e ciclofaixa sem cruzamentos. É um jogo político. E o povo está adorando. É uma forma bizarra de fazer acontecer que espero que dê certo.
Ihhhh...coitado do povo! O problema de quem não se interessa por política é que são governados por aqueles "espertos" que se interessam!!! Exemplos? Serra, Arruda, Lula, etc, etc, ....
ResponderExcluirMuito bom seu post!
ResponderExcluirSei que é duro ser ciclista aí em São Paulo porque já fui e sei o que é ter um ônibus te jogando para a guia e todos os outros carros que, simplesmente, te odeiam.
Infelizmente o paulistano quer mesmo é andar de carro e esse é o grande problema, até mais do que os problemas burocráticos existentes. Enquanto as pessoas não pararem prá pensar se não vale mais a pena ir até a padaria de bicicleta do que de carro, a cidade vai continuar repleta de trânsito. É só você perguntar para seus próprios amigos se eles largariam o carro prá ir de bicicleta para o trabalho...
Concordo que a lei que coloca *do técnico* na reta se alguma coisa der errada é cruel, mas desinformação e má vontade também contribuem para que as coisas não sigam.
Enfim, espero que as ciclovias já existentes sirvam para motivar outras pessoas a pegarem suas bicicletas. E, como diria meu irmão: "a necessidade faz o sapo pular", ou seja, se aparecer muito ciclista, o pessoal "lá de cima" vai ter que rebolar prá fazer mais ciclovias...
Só sinto tristeza porque os gestores do trânsito daqui de Recife copiam os modelos paulistas. Nossa cidade já bate recordes de engarrafamentos, mata gente de calor parado em esperas horárias. Creio que vc tem absoluta razão de que apenas quando as massas encherem as ruas com suas bicicletas, forçando a todos a pensar, é que os carros irão perder sua "realeza". Até lá, é pedir proteção a Deus na saída e agradecer a ele ter chegado inteiro!
ResponderExcluirAchei quem eu queria. Estarei te seguindo. Bjus
ResponderExcluirarturo, tenho essa mesma sensação sobre as ciclovias/ciclofaixas de 'desculpa'. é uma relação dúbia, confusa e provocadora de sentimentos contraditorios. eu mesma ja fui varias vezes na ciclofaixa de lazer e na ciclovia da marginal. de fato nao ajudam em absolutamente NADA quem pedala todos os dias, em todos os horarios. mas de um todo tb nao é ruim. mostra pra esses incompetentes que tem muita bicicleta rodando e esperando a hora pra rodar. o que me incomoda mesmo é o discursso politico que esta por traz disso tudo, é aproveitar a hype pra falar que faz e acontece em prol dos ciclistas.. isso eh mentira, isso me deixa P. da vida. e o que sobra pra nós que utilizamos a bicicleta como meio de transporte? reclamar, reinvidicar, mas as migalhas estão aí - nao podemos negar - e em algum momento elas começarão a fazer mais mal do que bem! disso tenho muito medo
ResponderExcluirA hype surge porque há coisas acontecendo e se movimento em prol da bicicleta na cidade.
ResponderExcluirA dicotomia Transporte X Lazer é equivocada. Ninguém nasce pedalando. Ninguém começa pedalando 40k em um dia. Ninguém acorda e decide trocar o carro pela bike, assim, sem pensar e testar a viabilidade. Quem pedala em SP sabe o que é compartilhar o viário. Quem pedala sabe que, quanto maior o numero de ciclistas na rua, maior a segurança para eles mesmos.
Automóveis têm IPI zero. Facilidades. Milhões de midia e propaganda. Lobby histórico. Eles empregam e contam com apoio irrestrito do Governo Lula. O pré-sal parece a salvação do país, a Petrobras é um orgulho nacional. Há poucos meses o Brasil bateu o recorde histórico em venda de carros. E o que fizemos? Comemoramos.
Pergunta que surge: Como inverter esta lógica? Como trazer o tema “bicicleta” para as grandes cidades com este cenário carrocrata? Como combater o sedentarismo e a zona de conforto? E por aí vai...
Este post do Arturo é inteligente mas, como toda edição, é somente um olhar sobre as coisas.
Ciclovia/ Ciclofaixa de “desculpa” é justamente a criação de infra-estrutura cicloviária em local de tradicional passagem de ciclistas e compartilhamento e respeito entre os modais (como em alguns pontos da periferia de São Paulo).
Ciclovia/ Ciclofaixa de “impacto” deve estar justamente no coração das cidades, os locais nevrálgicos, onde sequer se imaginava que a bicicleta chegaria. Ciclofaixa de Lazer e Ciclovia da Marginal Pinheiros são isto. Exatamente isto. Mídia, formadores de opinião, recursos públicos e privados investidos, público assíduo.
Some a isto a valorização do cicloativismo, a criação de 2 novos institutos de ciclismo urbano, o envolvimento de importantes agentes públicos com força política e a habilidade de articulação entre os 3 setores, centenas de eventos que acontecem (destaco Bike Tour e as Bicicletadas das ultimas sextas-feiras), projetos pontuais e especiais, e muito mais.
Qual é o resultado disto? Para mim é parte da solução às perguntas colocadas parágrafos acima.
1) Temos mais ciclistas pedalando no dia-a-dia (ouso dizer que este número dobrou desde a última pesquisa Origem/Destino, de 2007);
2) Famílias retomando a bicicleta e o prazer de iniciar seus filhos;
3) Humanização necessária da cidade, das relações e a requalificação urbana a partir disto;
4) A cultura da bicicleta! Não param de pipocar pedidos para realizar novas ciclofaixas, passeios ciclísticos, provas, pedaladas, projetos. Até a Viviane Senna quis comemorar os 50 anos do seu irmão (piloto de AUTOMOBILISMO) sobre 2 rodas!
Semana que vem assinaremos um convênio entre a Secretaria de Esportes e o CEBRAP. Durante 5 meses faremos o levantamento completo das rotas ciclo-amigáveis (Ciclorotas) do Centro Expandido. Criaremos uma base nova, que será disponibilizada através de um Portal e de mapas distribuídos em diversos pontos da cidade.
Bike hype surge em decorrência deste esforço todo. DE TODOS. Bike hype só surge porque há movimento, há ações acontecendo, há uma revolução em marcha.
Quem rema contra esta maré ou sofreu um golpe narcísico, ou está verdadeiramente cego para enxergar as transformações.
sim, guth.. concordo com tudo isso que vc colocou brilhantemente.. alias.. são ações que de certa forma vem dando muita visibilidade pra bicicleta e trazendo pros pedais pessoas que antes sequer olhavam pro lado dentro de seus carros.
ResponderExcluireu sinto e vejo verdade em algumas atitudes, só que continuo olhando isso de cima.. esperando profundamente que as mudanças nao parem por ai (ou sigam em função da pessoas que usam esse modal todos os dias, assim como EU E VOCE).
bicicleta como lazer e como meio de transporte são obviamente duas coisas completamente diferentes, mas na hora do rush não é isso que escuto... se está claro pra uns essa diferença não está pra um monte de outras pessoas (especialmente os motorizados) que enchem a boca pra olhar pra mim e dizer "VAI PRA CICLOFAIXA" "BICICLETA SÒ DE DOMINGO" "A CICLOFAIXA JA FECHOU, PASSOU DO HORARIO" "VAI PASSEAR NO PARQUE"........
juro que ja escutei tudo isso e foi a pior sensação do mundo!
a hype ta aí, bombando.. otimo! quero mesmo que pessoas como eu, andre, arturo, falzoni, etc etc etc e os montes que amam a bike ganhem MUITO dinheiro com isso. quero a cidade mais humana, as pessoas mais gentis, uma porrada de bicicleta rodando e todo mundo sorrindo com isso.. quem nao quer?
só precisamos fazer o que os tropicalistas fizeram pra burlar a opressão.. fingir que entendeu o recado e agir por baixo dos panos no sentido oposto. essa é a pegada. subversão.
e quando digo que meu medo é a hype ser usada nos discursos politicos, estou me referindo aos politicos que nao fazem absolutamente nada em prol da bicicleta (ao contrario) e trata as pessoas como idiotas. vejo sua luta e de poucos.. lutas de verdade, diárias, de formiguinha. aplaudo de pé! mas como vc disse, a guerra vai longe.. e tem muita gente dizendo que é 'amiguinho' e não é....
viu como os sentimentos sao contraditorios??
ResponderExcluiracabo de lembrar de outra hype que me incomoda muito.... a inicicativa privada está em polvorosa colocando a bicicleta em suas ações (vide bradesco, santander, banco do brasil, mas nao so eles etc). o bike tour é um grande exemplo disso..
mas ai eu vou no banco tirar dinheiro E NAO TENHO ONDE DEIXAR MINHA BICICLETA!!! e o segurança ainda olha feio apontando pra uma grade fora da agencia!!!!!!
isso me deixa P. da vida! é disse que to falando entende? do discurso mentiroso e aproveitador.. que 'diz que faz e acontece' mas na hora H, na hora de mostrar que gosta e entende a bicicleta isso simplesmente nao acontece!!!!
sobre a ciclovia da marginal pinheiros, vai outro post interessante: http://guaciara.wordpress.com/2010/03/23/a-ciclovia-da-merda/
ResponderExcluirarturo, desculpa a invasão! hahaha
arturo!
ResponderExcluirmatou a charada. sejamos claros. embora haja esforço de alguns dentro do governo (o guth se esmera em relatar isso), o fato é que estado e sociedade mandam as bikes às favas, e adoram automóveis. assim como hj alguns próceres do psdb parecem gostar de bikes, antes não o faziam, enquanto governavam o brasil. a sociedade brasileira é carrocrata e adora a solução da roda triangular: dá apenas 3 trancos por volta (25% menso trancos!). assim se fala em aumentar a fuidez de carros, aumentar o conforto de carros pra não se estressarem enquanto estão parados e etc.
são paulo criou e está exportando o "just in time de gente", pois o paulistano hj fica no trabalho só o suficiente pra trabalhar, e em casa só o bastante pra dormir, sem perceber que mora mal, mora no lugar errado, que o grande problema da cidade, não é de trâsnito, mas é de urbanismo, o trânsito é resultado do urbanismo mal feito, baseado no lucro privado e privatista da indústria imobiliária. primeiro se lucra com a construção da berrini, depois a CET que se vire pra resolver o trâsnito na região. e assim é na cidade inteira, com o centro degradado e lançamentos habitacionais cada vez mais longe...
malgrado todo o esforço teu e do sérigo há tantos anos, malgrado as brigas da rê falzoni, do pasqualini, do benicchio e de outros tantos, nadamos não apenas contra a corrente, mas contra a movimentação de oceanos inteiros....
em tempo, um dia quero aprender com vc a desmpenar rodas como vc fez naquela bike que emprestou ao cleber no dia da assembléia da ciclocidade.