Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo
Por que chegamos a este ponto? A resposta passa por pela nossa dificuldade conversar, discutir, ouvir, e saber o momento certo de falar, regra básica na troca de ideias. O desrespeito como Marina Silva foi tratada no Congresso é só mais uma ocorrência trivial no planeta de nossas autoridades, nada demais. Não trocamos ideias, atropelamos o outro com verdades particulares. Temas de extrema importância para o país são discutidos de forma pouco ou nada produtivas, isto quando são discutidas. A prova irrefutável? Brasil, o país do futuro (que nunca vem). Se constrói o futuro agregando, não acuando.
Marina tem o respeito e reconhecimento internacional, o que já bastaria para fazer aqueles senhores (?) ouvi-la com atenção, mesmo que ela estivesse ou esteja errada. Da forma como se levou o encontro fica a pergunta: aqueles senhores sabem sobre o que estão falando? Sim, sabem, porque falam com pleno conhecimento de questões particulares, imediatistas, quem sabe em proveito próprio. "Serei reeleito?"
O Ministério do Meio Ambiente atrasa o progresso do Brasil, disse um deles. Faltou aos distintos políticos perguntar à Sra. Ministra do Meio Ambiente se a demora na definição da liberação das licenças não se deve à falta de pessoal, estrutura e verbas, e a uma discussão séria sobre o que é economia ambientalmente correta e qual a qualidade de futuro - econômico, se quiserem - que ela trás. Pecuaristas estão descobrindo que os mesmos ambientalistas que atrasam o futuro do Brasil estavam certos, e vem adotando medidas produtivas por eles há muito recomendadas.
Se os mesmos parlamentares que fizeram a senhora Marina, a Ministra, se levantar e sair, estão tão interessados no futuro do bem estar da população afetada pelas demoras, deveriam se perguntar por que eles mesmos, Congresso e Senado, não colocou em urgência urgentíssima dispositivo para o fortalecimento das várias investigações pendentes no meio ambiente, principalmente a lavagem de dinheiro e saída de bens de forma criminal do país. Dentre outras. Brumadinho que o diga.
Está claro que estes Congresso e Senado não têm sérias dificuldades para falar sobre meio ambiente. Pelo que já demonstraram, não lhes interessa destravar o futuro de todos, sem exceção, mas deixar a boiada deles passar.
O Brasil é mestre em perder janelas de oportunidade. Há momento apropriado para tudo, inclusive para baixarias que sempre devem ser evitadas, mas infelizmente acontecem. Tratar alguém muito respeitado mundo afora de forma que este venha a se levantar e sair de uma reunião oficial que está divulgada por todas as mídias, aos quatro ventos, é dar mais uma prova que as autoridades brasileiras são imaturas, imprevisíveis, pouco polidas, o que, isto sim, sem nenhuma dúvida, atrapalha uma barbaridade o Brasil. Não só faltou sensibilidade, faltou inteligência, o que infelizmente também é fato corriqueiro. Não coloco aqui se foi ele ou ela, o que só piora a baixaria, mas o estrago sem tamanho para a imagem, comercial inclusive, de um país que já está vergonhosamente enrascado com a COP 30.
Em entrevista para o Estadão, Kenneth Medlock, coloca que, por exemplo, a exploração de petróleo na faixa equatorial poderia financiar o frear da extração de madeira e do garimpo ilegais. "Poderia", mas no Brasil real terá alguma chance de ir? Quem se interessa de fato pelo meio ambiente? Interessante, a cada dia quem vem se interessando nos resultados ambientais é o agro busines.
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