Já contei várias vezes isto, mas vale relembrar sempre.
Terminada a administração Haddad fui procurado por seus partidários que haviam trabalhado no projeto cicloviário, leia-se 400 km, e me disseram que pelo menos 25% do que havia sido implantado não servia para nada. Passado um tempo um deles, gente que sabe o que fala, afirmou que 25 desperdiçados era pouco. Mais, ninguém sabia e continua não sabendo quanto custou.
Agora estão forçando para chegar aos 1.000 km. Quantos km não servirão para nada? O que do que foi feito realmente vale o quanto foi gasto? Tem dinheiro sobrando? Quais são as prioridades urgentes urgentíssimas dos cidadãos e da cidade para o parco dinheiro?
"Nós (holandeses) pedalamos. Americanos usam capacete".
A ironia, se é que se pode dizer isto, pendurada em grandes placas nas locadoras de Amsterdam, é de um humor inteligente tipicamente holandês, de gente que sabe o que fala quando o assunto é qualidade de vida urbana, cidade e bicicleta, nesta ordem.
Os holandeses constroem cidades de alta qualidade de vida. Nós brigamos por quando mais melhor.
Nós, paulistanos, não conseguimos nos livrar de nossas tacanhices. Nos recusamos a ver e aprender com o que está estabelecido e apresenta resultados positivos inequívocos. No caso da bicicleta, ou da mobilidade alternativa, continuamos a cacarejar o discurso ciclovias e ciclofaixas, sem saber exatamente sobre o que se fala, mas crendo piamente que é certo, que é verdade. Felizmente sobre o capacete diminuiu a histeria.
Relembrei a crítica sobre os 25% agora porque, muito tarde, se está acertando a geometria viária do cruzamento da esquina da rua Estados Unidos com Canadá. Ou seja, acalmamento de trânsito, traffic calming, a solução que oferece de fato segurança para pedestres, as grandes vítimas de nosso trânsito, também para ciclistas, e todos os outros cidadãos, memo aqueles que muitos ciclistas afirmam que não o são.
Traffic calming. É o que se faz em todas as cidades civilizadas. Aqui? Acertar a geometria das esquinas, uma cá, outra lá, muito aos poucos enquanto os mortos não esperam, com critério de implantação que não consigo entender bem qual ou para que?
1.000 km de ciclovias e ciclofaixas. Pedestres? Que olhem com atenção para os dois lados.
Se é para falar em números, quantos traffic calming foram implantados?
O uso de bicicleta cresceu 18%? Tenho perguntas. Como? Onde? Por que? O que, ou quanto o sistema cicloviário tem a ver com isto? Quantas perguntas não estão respondidas?
O número de atropelados também cresceu. Não quero ver o número, mas onde é por quem foram atropelados?
Sou contra ciclovias, ciclofaixas e capacetes? Não, definitivamente não, repito.
Sou contra fazer pelo fazer, fazer da forma como foi feita, quando há provas sólidas e irrefutáveis que há técnicas de engenharia de trânsito para segurança muito mais eficazes para se chegar aos resultados desejados.
É burrice minha ficar batendo na mesma tecla. Confesso estar exausto, mas o que devo fazer? Calar? Nunca!
Estamos assistindo de deprimente camarote a derrocada de um império que se curvou ao populismo da pior espécie. Ignóbil! Populismo da pior espécie são todos.
Aqui estamos. Vamos fazer São Paulo melhor de novo. Acho que já ouvi isto antes.
A ignorância é uma benção... para o populismo.
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