quinta-feira, 8 de maio de 2025

Acidente na porta do vagão do metrô: como evitar

Fórum do Leitor 
O Estado de São Paulo 

Quantos passageiros por acidente fatal? Qual a causa real do acidente fatal? Quais as circunstâncias/ fatos / elementos causa da ocorrência? Etc... Quantas perguntas mais devem ser respondidas antes de se chegar ao que realmente aconteceu? Muitas, muitas mesmo.

Aviação é o modo de transporte mais seguro porque investiga sem apontar responsáveis ou causas. Interessa a verdade para que se evite que se repita. Esta técnica de investigação foi criada pelo sistema ferroviário a partir do século XIX. Desde então, trens têm índices de acidente / passageiro baixíssimo.

Brasil tem um dos piores índices de ocorrência no trânsito do planeta, provavelmente o pior entre países ricos. Uma das razões é a falta de investigação adequada, melhor, minimamente adequada, e divulgação de achismos que acabam distorcendo a realidade para o grande público, que é o que e quem realmente interessa.

A cada mensagem errada mais de 80 recebem, entendem e acreditam. Mensagens corretas fazem o efeito desejado em menos de 5 pessoas.

Quem já trabalhou com segurança, qualquer que seja, sabe que "eu acho", o achismo, literalmente mata.

Sinto pela perda deste jovem e promissor pai de família, mas antes de falar e apontar culpados urge saber o que realmente aconteceu para só então definir em que sentido trabalhar para que não volte acontecer. O que a princípio parece lógico e solução nem sempre o é.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Papa Francisco. Melhor, Francisco, além da igreja e de seu futuro

Bergoglio, Papa Francisco. Agora Francisco. Foi diferente, teve coragem, falou e se posicionou muito pensando em e como Cristo, e menos como igreja. Disse algo como "tirar Cristo das igrejas e levar para as ruas, não manter Cristo trancado", em outras palavras, derrubar os dogmas da própria igreja. Como leigo nas questões religiosas eu diria "expulsar os vendilhões do templo". Não foi pouco.

O posicionamento de Francisco vai muito, mas muito além da religião ou de uma igreja, esta foi sua diferença, e que diferença!
Neste momento absurdo que vive o planeta, a perda deste Francisco é imensa. Vá em paz. Muito obrigado. E agradeço como gente, simplesmente gente.

A baderna que vivemos vem sendo estampada faz muito em todas as partes e pode bem ser definida na patética, inacreditável, foto de Trump vestido como papa, que fica mais absurda ainda, quando se sabe ter sido divulgada pela própria Casa Branca. Simples falta de respeito? Uma brincadeira de mal gosto? No caso não é mau, mas mal mesmo. Nada mais que um reflexo amplo de nossos dias. 
Penso que vivemos o fim de uma "neo belle epoque", um desvario total, com a diferença que o planeta está no limite e praticamente não temos mais espaço para recuperação, se é que temos qualquer.

A história mostra que o que conseguimos construir deve-se muito ao que aprendemos, e aprendemos ao usar rituais sociais apropriados para uma boa conversa, as ditas formalidades que são preciosíssimas e a cada dia são menos respeitadas. Religiões tem muito a ver com organização social, isto se não for só e simplesmente um código de conduta social, mas esta é outra história. E nada a ver com pensamento de direita, retrogrado, ou o que seja. O politicamente correto, que até onde sei é o fruto mais doce da atual esquerda ativa, não deixa de ser uma tentativa, para mim mal feita, dos rituais sociais, até com um forte viés que se pode dizer religioso, bem carola.

Muitos de nossos erros, de nossos desastres, ocorreram e seguem ocorrendo porque ritos e formalidades foram e continuam sendo usados para disfarçar ou esconder erros, malandragens, roubos e todo tipo de sacanagem, inclusive as inaceitáveis perceptíveis ou não. Não falo só da igreja, mas de tudo e toda a forma de agir da sociedade. Por que não incluir aí as praticas "politicamente corretas". Francisco, o Bergoglio, o Papa Francisco, não só gostava, como respeitava e usava a piada, o bom humor, em outras palavras, a comunicação inteligente, uma forma de chutar o pau da barraca de ritos e formalidades dogmáticos, ou politicamente corretos.

O pontificado de Papa Francisco apresentou uma saída, uma porta aberta para uma possível mudança social, porque mexeu para valer com códigos da igreja católica, derrubando muitos que estavam seguros. De novo, não falo sobre religião, mas sobre perspectiva social e, usando as palavras do próprio, "independente de credo ou religião". Lembre-se que o Vaticano tem um poder geo político que vai muito além do que é a igreja ou o Cristianismo.

Ninguém sabe o que vai dar a eleição do novo papa. Outro Papa Francisco é impossível, mas que não se dê um passo atrás no progresso que ele trouxe. Não é uma questão de religiosidade, nem de fé, nem de crença, mas consciência que no caos que vivemos não se pode perder mais uma peça neste tabuleiro alucinado do xadres.

Barbárie como regra social aceitada

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo 

O vigilante é atropelado, fica estendido gravemente ferido no chão, o motorista foge, aí, para completar a barbárie, vem um e o assalta, tira tudo que o vigilante moribundo tem? Prestam socorro horas depois, o que leva ao óbito. É inegável que este é o Brasil e não é de hoje. É o Brasil, inegável.

Em 1994 um caminhão de cerveja capotou na altura de Queluz. Em vez de socorrer o motorista, boa parte dos motoristas pararam para saquear a carga.

Histórias como esta se repetem com uma normalidade impressionante. Inaceitável em qualquer parte do planeta.

Enfiar o "berro" na cabeça e apertar o gatilho antes de anunciar o assalto é trivial. Mais um, adolescente agora se foi nesta "brincadeira".

Repito sempre: culpar as autoridades é negar a responsabilidade nossa de cada dia, e no final das contas a responsabilidade final é nossa, desta verdade não se pode fugir.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Miseráveis e moradores de rua, quem lucra?

Fórum do Leitor
SP Reclama
O Estado de São Paulo

Uma reportagem do SPTV sobre o triste absurdo de mais de 95 mil moradores de rua na cidade de São Paulo, e crescendo, colocou que uma das razões é o preço do aluguel de um quarto num cortiço: por volta de R$ 900,00/mês. Meu pai faleceu e vou ter que alugar o apartamento dele, que fica próximo ao Parque Ibirapuera e do metro Paraiso. Pelo que o mercado está pagando, não consigo mais que R$ 4.500,00, isto num apartamento de 100 m² com sala, dois quartos, cozinha, banheiro, lavanderia, grandes; mais lavabo, quarto e banheiro de empregada, vista livre, ótima ventilação e sol o dia todo. Fazendo as contas: 900 X 5 = 4.500. Ou seja, mesmo nesta conta rasa, sem incluir vários fatores, principalmente qualidade de vida, fica claro que os miseráveis pagam uma barbaridade para morar, e em condições precárias, sem nenhum luxo. Pior ainda se pensar que no apartamento de meu pai poderiam facilmente ser abrigadas bem mais que cinco famílias.
A mesma conta pode ser aplicada ao pequeno edifício da esquina das ruas Oscar Freire com Peixoto Gomide, que por uma briga entre seus proprietários virou um cortiço, sem luz, provavelmente sem água e esgoto. Já entrei lá e as condições de vida são para lá de precárias, verdadeiramente degradantes. É só uma invasão ou algum proprietário está ganhando muito ali, mais que se fosse alugado para famílias de classe média? Briga entre proprietários ou exploração de miseráveis? O que seja, não deveria ser permitido pelo poder público, se é que este tem algum interesse em comprir sua responsabilidade social definina na Constituição.
Lembrei também da história da Praça do Povo, que durante muitos anos foi também conhecida por "Clube do Mé" e seus campos de futebol. Quando a administração Serra decidiu tomar o espaço acabou-se descobrindo que tudo aquilo, que incluia uma pequena favela e uma grande academia de ginástica invisível, tinha um "proprietário", um paraibano (se não me falha a memória) que tirava algo em torno de R$ 500 mil/ano dali (publicado em matérias)
Com uma matéria sobre as enchentes no Jardim Pantanal que mostrava inquilinos nas áreas mais críticas, lembrei também que já faz muito ouço que muitos favelados da cidade vivem de aluguél e o preço é alto. 

Fato é que não é de hoje que se ouve sobre a exploração direta e indireta da miséria . Quem fabrica os saquinhos de balas e chicletes que são colocados nos espelhos dos carros em várias esquinas da cidade? Será rentável? É mentira que muitas invasões são organizadas e estimuladas? Para que fins? Quem tem poder para isto? Quem lucra?

São inúmeras as fontes que afirmam que negociar com pobre é muito melhor que com classe média ou rico. Pobre paga em dia, não falha, tem vergonha de dever. Mais, não sabe fazer conta e parece haver uma profunda má vontade em educá-los. Ninguém tem interesse e incluo, com certeza, os ditos protetores dos fracos e oprimidos. Desculpem, sim, são verdadeiramente oprimidos, mas de verdade quem?

O escândalo do INSS serve como prova?  Como bom exemplo, sim, serve.

domingo, 20 de abril de 2025

Violência

Fórum, do Leitor 
O Estado de São Paulo 



Extrapolando esta matéria fica a pergunta: a quem interessa este país bandido? Quem está tirando proveito? Quem não quer a pacificação? Quem lucra? E se sabe que lucra pesado, muito pesado. Estou falando de violência criminal, roubos, assaltos e outros? Não só. Está aí para quem quiser ver. You bet! Pode apostar nisto.


Óbvio que há interesse político em manter o que está aí, mas quanto ganha cada facção, e não falo de facção do crime organizado, mas da sociedade constituída, leia-se em particular política.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

A troca de semáforos resolve? Para quem? Para que?

Fórum do Leitor
SP Reclama
O Estado de São Paulo

Desde que convivi e aprendi com especilistas, holandeses em particular, sobre qualidade de vida nas cidades, a importância da forma de fluidez do trânsito e das mobilidades, venho pregando sobre a urgência urgentíssima de se trocar todo sistema de semáforos de São Paulo, isto faz duas décadas. 
Todos querem uma cidade mais fluida, mas ninguém fala uma palavra, pressionar nem pensar, para que se dê jeito na porcariada que temos aqui. Chuveu... O sistema não funciona faz muito e para tentar resolver foram fazendo ganbiarras, acho que só nas caixinhas de semáforo, que só serviram para jogar dinheiro no lixo. Choveu... (a rima fica para vocês). Agora parece que estão trocando, a passo de tartaruga, como o maldito trânsito que nos espera no dia a dia, mas estão trocando.

Óbvio que não se tem notícia da agenda, dos critérios e menos ainda dos custos. O que quer que se esteja fazendo não foi discutido com a população, ou pelo menos eu e meus amigos que nos interessamos pelo assunto não soubemos de nada.

O perfil dos transportes e mobilidades vem mudando com muita rapidez. O que se implanta é para solucionar problemas atuais ou futuros? Qual futuro?

Cidades européias tem sistemas semafóricos que priorizam o transporte de massa e as mobilidades ativas, sem grande prejuízo aos motorizados. Este é o caminho, mas alguém aqui sabe ou se interessa por isto?

Primeiro exemplo: trocaram os postes e semáforos da esquina da rua Oscar Freire com Casa Branca. Oscar Freire com Casa Branca? Não tem lugar com maior prioridade? A pergunta é, repito, qual o critério para da troca de semáforos para a melhora de fluidez da cidade?

Por que os das esquinas da Oscar Freire com Augusta e Ministro Rocha Azevedo, que têm muito mais fluxo de trânsito, ainda não foram trocados? Se foram, já deram pau com chuva. Estes novos são inteligentes, conectados com outros num sistema integrado? Todos semáforos novos vão ter semáforos e tempos para pedestres? Lembro que quando pedimos semáforo para pedestres nas esquinas da Oscar Freire com Augusta e Ministro Rocha Azevedo a resposta da CET SP foi que haviam feito inspeção e não notaram necessidade de semaforo para pedestres. Muito tempo depois instalaram os para pedestres. Foi pressão do supermercado da esquina?

Repito a pergunta: qual é a prioriadade para cada mudança específicaComo está incluída a questão das mobilidades ativas no processo? Terão tempos diferenciados para corredor de ônibus?

Fato, e exemplo: os pedestres que vem de seus trabalhos na Oscar Freire cruzam a Casa Branca fora da faixa de pedestre, e de certa forma eles tem lá sua razão. É o caminho reto, mais curto e lógico para entrar na rua Cravinhos que dá na av. Nove de Julho e seus pontos de ônibus. A cidade está lotada de situações como esta, onde o caminho mais prático e sensato para o pedestre não vale nada perante a manutenção da fluidez dos veículos motorizados. Pedestres atropelados? A culpa é dos pedestres, nunca da engenharia de segurança viária.
O cruzamento de pedestres na saída do Parque Ibirapuera para o ponto de ônibus da av. Pedro Alvares de Cabral sentido Centro que o diga. Mesmo depois de décadas com a posição da faixa de pedestres boa para o fluxo de trânsito, faz pouco foi parcialmente corrigido. Agora, depois de cruzar o primeiro trecho da avenida na faixa de pedestres para o canteiro central, o pedeste dá com o ponto de ônibus exatamente de frente, mas do outro lado da avenida. Daí é obrigado a caminhar uns 40 metros até a esquina, esperar um bommm tempo o semáforo dos motorizados fechar, finalmente cruzar a avenida e voltar mais uns 40 metros até o ponto. No ponto de ônibus vai assistir outros pedestres desconcertados com o caminho a seguir e alguns tantos que se arriscam no meio dos carros. 
Para os funcionários do HC acontece o mesmo no cruzamento de pedestres para o ponto de ônibus que fica no canteiro central da av. Rebouças. Apareça por lá na saída do trabalho e facilmente vai entender o que digo. Walter Hook e Michael King, do ITDP, vistoriaram o local e saíram dizendo que é um absurdo não ter uma faixa de pedestres com semáforo, o que não faria qualquer diferença na fluidez do trânsito. A passarela existente um pouco acima? De novo, se obriga ao pedestre caminhar 100 metros, ou mais, até a passarela, subir e descer a escada para chegar ao ponto de ônibus. No ponto de ônibus ficam vendo a rua de onde vieram bem em frente e alguns tantos, incluindo doentes, se arriscando a cruzar no meio dos carros.  
Sobre passarelas, por favor, procurem dados sobre passarelas e vão entender seus prós e contras, o porque a antipatia geral contra elas. Passarela não é caminho natural. Já ouvi de técnicos respeitados que "passarela não raro é razão de atropelamento". Pedestres a usam como sombra. Pergunte-se, mas por que? 

Perguntem-se também: por que o pedestre faz seus próprios caminhos? Por que não respeita o que as autoridades impõem? 
Quem respeita é respeitado. Pedestre é respeitado pelas autoridades? 
Qual é o tempo de semáforo para pedestres cruzarem a av. Rebouças? Qual é a recomendação internacional? Em quanto tempo a paciência do pedestre europeu acaba?

Voltando, qual é o critério geral adotado para a troca de sinalização na cidade? Só se está mudando para fazer funcionar bem? Funcionar bem para quem, para que? Com o que está sendo realizado quantos dos problemas crônicos de trânsito e mobilidade serão corrigidos? Não vão apagar ao sinal da primeira chuva? Isto basta? Quais são os dados que se tem para estabelecer o cronograma e a prioridade de troca? Foi informado? Se foi, foi muito mal informado. A informação que a cidade receberá semáforos novos não diz absolutamente nada. É sobre a cidade, é sobre a vida dos cidadãos, e não simplesmente sobre a troca de semaforização, que é um detalhe importantíssimo e parte da solução, repito: parte da solução. 
Só dará os resultados minimamente desejados caso o projeto de troca esteja integrado a uma política / estratégia muitíssimo maior. Neste sentido, imagino que o projeto esteja integrado a brutal mudança de densidade populacional que a cidade vem sofrendo com esta pandemia de edifícios novos. Está adensando, supõe-se que tenham recalibrado tudo que está debaixo da terra, água, esgoto, águas pluviais, energia, comunicações, gás... Como não vi uma obra de ampliação / adequação no subsolo, não será um novo sistema de semáforo que dará fluidez em ruas e avenidas quando estas forem esburacadas por obras futuras das concessionárias, que virão, virão, não tenham dúvidas. 

A bem da verdade, quem se interessa? Pelo silêncio ninguém. O pessoal deve achar uma delícia ficar encalacrado todos dias no trânsito. Eu não acho. 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Opção pelo atraso

Opção pelo atraso, preciso escrever mais?

O título desta postagem está esquecida nos rascunhos faz sei lá quanto tempo. O planeta virou de ponta cabeça desde então e continuamos, como sempre, dando piruetas no ar, na terra empoeirada, na poça de lama, pisando, escorregando, caindo de cabeça na bosta de vaca, batendo na cerca de arame farpado... e nada indica que vamos mudar. E tem tudo para piorar.

Peguei minha santa diarista espremendo a garrafa de detergente na panela e mais um pouco no prato. Tentei pedir para não fazer mais, mas comecei o pedido de forma torta e parei no meio do caminho. Quando ela foi para sua casa descobri que o galão de água sanitária praticamente acabou. Não deveria durar muito mais? Desde aquele dia  venho pensando como conversar com ela para explicar porque não se deve e não quero que se use barbaridades de produtos de químicos limpeza. Teresa virou para mim e disse que todas, as faxineiras e diaristas, fazem o mesmo, tudo para "ficar limpinho e mostrar serviço". Limpinho?

Detalhe? Não regra, deprimente regra.

Foi no Pacaembu que vi pela primeira vez o chão ser varrido com rodo. Uai? Rodo não é para puxar água? Fui até o funcionário que enfadonho varria com rodo e tentei conversar, e nas primeiras palavras ele pôs um ponto final: "É muito mais fácil (com rodo)", ponto final. Será? Tenho minhas sérias dúvidas. Se fosse as vassouras não estariam extintas?

A culpa é de nossa colonização pelos portugueses. É mesmo? Culpa velha, de 500 anos, ou 200 da independência, e neste meio tempo fizemos o que para mudar a situação? 

O buraco na formação do povo que temos no Brasil é absurdo. O sujeito é contratado para colocar placas de sinalização de trânsito. Tem um poste novinho, o sujeito é instruído sobre quais placas devem colocadas em que lugar, e apontadas para onde. Parece ser óbvio que as placas sejam direcionadas para o olhar dos motoristas, mas por alguma razão misteriosa uma das placas está direcionada para um muro, sim, você leu correto, direcionada para um muro. O motorista para vê-la tem que quebrar o pescoço, ou não vê. Aliás, literalmente não a vê. 

"Você não pode falar assim com eles! Não se pode invadir a verdade deles". Como assim? A afirmação me foi repetida inúmeras vezes por inúmeras pessoas sobre comentários ou reclamações minhas para erros de funcionários. Quando não é isto é o "Não adianta nada falar". Qual será pior?

A questão não é invadir a verdade do outro, passamos disto há muito, mas como mudar posturas e posicionamentos, como tirar o Brasil do atraso que a cada dia aumenta mais. 
Uma das melhores provas que se souber invadir os pilares dos outros com inteligência dá resultados maravilhosos tem nome: "EMBRAPA". Ou, outro exemplo, poderia chamar-se "Sistema ISO". No caso de milhares que trabalham sob o manto do Sistema ISO não consigo entender como alguém que trabalhe neste ou em outros sistemas de qualidade total chegue no seu bairro, na sua rua, em casa e não replicar nada. Como assim? Por que?

O planeta virou de ponta cabeça. As regras do jogo não valem mais. Nossa opção pelo atraso está exposta para quem quiser ver. Só manteremos o nariz fora d'água porque temos uns pouquíssimos setores de nossa economia onde a palavra atraso é vista com horror. Contra estes, os que poderão nos salvar, há uma horda que a opção pelo atraso é bem mais do que sua salvação.

O preço da dívida com o futuro vale a pena? Pergunte aos países desenvolvidos.




Quantos mais inteligentes melhor

Pragmatismo.

Quanto mais melhor. É assim e não é assim, ou pode não ser assim. Depende sobre o que se está falando. Agora, se tem uma coisa que é líquida e certa, quando se fala sobre inteligência e conhecimento o unidos venceremos é verdade da qual não se escapa, ponto final.

Eu copiei e colei aqui estes dois trechos de um artigo que fala sobre a bagunça que está estabelecida por Trump, uma análise fria sobre o que 'possivelmente' está por vir. Vale a pena lê-lo, mas esta é uma outra história. No meio da análise brilhante de Thomas Friedman está um pequeno detalhe: a China tem uma população de 1.4 bilhão o que oferece muito mais probabilidade de conseguir colher inteligências do que a maioria dos países. Esta fartura de inteligências, ou de potenciais, só terá algum efeito caso seja colhida com cuidado e receba incentivos para dar frutos.
Acho que está neste artigo, ou em outro qualquer, não importa, que o que fez dos Estados Unidos o que foram até ontem, foi o plantar, a colheita e o acolhimento do máximo de inteligências disponíveis não só no próprio Estados Unidos como de qualquer parte do planeta. Daí seu progresso e riqueza.

Num recente artigo de Friedman ele conta que foi perguntado na China se os Estados Unidos com Trump estão fazendo o mesmo que Mao Tsé-Tung fez na China: exterminar toda e qualquer oposição a suas vontades sem a mínima preocupação com o bem estar de toda a população. Não houve qualquer preocupação com inteligência e conhecimento. China só passou a se tornar o que é hoje, uma das potências mundiais, quando se terminou esta estupidez. Já faz tempo que toda e qualquer inteligência e conhecimento é muito bem vinda.

Quantos mais inteligentes melhor. Ponto final. Aliás não, quantos mais inteligentes bem aproveitados melhor, aí sim. Durante a Segunda Guerra Mundial os aliados tiraram proveito inclusive das mentes brilhantes que estavam presos, com ótimos resultados.   

Antes que leiam e digam que é discurso de esquerdista, aviso que não é. É pragmatismo:
(O pragmatismo é uma doutrina filosófica que se baseia na verdade do valor prático. Uma pessoa pragmática é aquela que busca resolver seus problemas de maneira ágil, prática, que visa mais as soluções do que os obstáculos.)
    
O Brasil tem uma população de mais de 200 milhões, para arredondar, sendo que declarados negros são mais de 50% da população. São aproveitados? Pelo que se apresenta, não. A bem da verdade nem os melhores brancos são bem aproveitados. Não chegamos ainda ao "o último que sair apaga a luz", mas já perdemos uma barbaridade de boas cabeças pensantes que jamais poderíamos ter perdido. E não conseguimos olhar com o devido cuidado (e respeito) para muito muito mais de 50% da população brasileira, e aqui não estou falando só da população negra, mas da imensa maioria que é invísivel aos olhos de uma elite boa parte mediocre. Leia-se "selfie". 

A bem da verdade, não me interessa o que eu penso, me interessa que as coisas andem para frente, que criem um futuro seguro, perene e para todos. Se quem está ao lado tem problemas é líquido e certo que uma hora estes problemas vão respingar em mim e nos meus, pensando com um pragmatismo frio. "Eu me viro" pode ter um toque de vencedor, de eu sou o bom, mas dificilmente se sustentará a longo prazo. Os exemplos são inúmeros, principalmente em negócios familiares, onde o patriarca ou a matriarca criam uma potência, mas centralizam tudo sem ser capaz de passar conhecimento e trazer inteligências para dentro, o que acaba matando toda a riqueza, não só material. Daí o dinheiro no Brasil mudar de mãos a cada 40 anos, segundo Eduardo Giannetti Fonseca, uma das maiores autoridades intelectuais do Brasil. Felizmente esta mentalidade está mudando aqui no Brasil. 

QI, quem indica, ou o amigo. Zero a ver com inteligência e conhecimento, tudo a ver com corporativismo e manter status quo, o poder, o nariz fora d'água. Acontece no mundo inteiro, mas muito muito mais aqui, neste Brasil do salve-se quem puder e eu quero o meu agora!

Pragmatismo: quanto mais inteligência e conhecimento melhor. Pelo menos estamos ouvindo com mais frequência a palavra "pragmatismo" nesta terra brasilis.

Sobre o que estamos vivendo, um ditado árabe:
"O que os sábios demoraram oito anos para construir, um imbecil destrói em oito minutos". Cá para nós, imbecis é que não faltam. E inteligência calada também sobra. Principalmente num país que tem uma péssima educação e não vê com bons olhos ciência e pesquisa.

E aí, o que vai ser?




quinta-feira, 3 de abril de 2025

Crescem os números de mortes no trânsito

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo
Rádio Eldorado FM

Foram divulgados o números de mortes no trânsito de São Paulo, e cresceram, muito, são os piores em muitos anos, uma  década. Aliás, cresceram como os números da violência urbana, das mortes por assassinatos. Triste coincidência? Não é, tem tudo para não ser. A meu ver são dados entrelaçados, reflexo da qualidade de vida geral que temos, ou, melhor, nos permitimos ter. É o que somos. 

O drama social do Brasil é de total responsabilidade de cada um de nós, do completo desinteresse dos brasileiros pelo coletivo, a única forma de resolver qualquer situação. Estou errado, a responsabilidade é das autoridades, como insistem? É mesmo? Quais são as outras hipóteses? Não existe outra hipótese? Eles são os únicos culpados? É mesmo? Só passando para lembrar que o que chamamos de autoridades são funcionários públicos, explicando melhor, os que exercem cargos delegados por nós, cada um de nós, o povo em geral. É mais complicado do que isto? É, mas em última estância é isto, eles são funcionários que contratamos para nos servir, nada mais. Pois então, de quem é a responsabilidade?

Alguém aí está realmente preocupado com a morte do próximo? Se estiver, explica, porque no silêncio, na mudez, não dá para ouvir e entender. Se não se entende, se não se explica, como se pode acreditar?

Os números divulgados sobre mortes no trânsito, ruins, são os brutos, mas... Quais são os dados particulares? Onde, quando, quem, como e por que? Alguém sabe? É fácil criar imaginários em cima de números brutos, uma imagem inacabada da realidade. É muito mais difícil de ser enganado quando a informação vem bem investigada, detalhada, aprofundada.
 
A quem interessa números brutos? 

Como vieram os dados da pesquisa tirados polícia técnica e legistas? Aliás, alguém os viu? Como e por quem foram analisados? Alguém sabe? 
Deixar um morto no meio da rua por horas para só então fazer a perícia é o ideal? Não se perde detalhes que podem mudar a sequência dos fatos que resultaram o acidente e o óbito?

Trânsito pode ser analisado como um jogo onde todos participantes devem respeitar regras e principalmente os outros participantes. A ciência, através dos dados que fartamente coletados em diversas partes do planeta e não só em relação ao trânsito, reza que quanto mais tranquilo, mais calmo for o jogo, menor a quebra do respeito às regras e normas de segurança, portanto menor a possibilidade de acidentes. 
Paz no trânsito, menos acidentes, menos mortes. Por isto a opção pelo acalmamento de trânsito, técnica usada e aprovada em todas partes do mundo onde a acidentalidade é baixíssima. 
Está provado que segregação, qualquer que seja, cria castas, privilégios, o que contribui para uma segurança particular, individual, não coletiva, que numa análise mais profunda não se sustenta para qualquer sistema de segurança. Trânsito incluído.  

Se há uma forte pressão, válida, pelo fim da discriminação, segregação e privilégios, por que no trânsito a opção é por segregar? Sim, eu sei, há situações que separar, segregar, é a única alternativa de segurança, pelo menos por um determinado momento, então pelo menos que se segregue onde de fato é necessário, não indiscriminadamente. Os dados sobre pais super protetores que estão vindo a tona ultimamente colocam este comportamento como um erro crasso. 

Minta, minta, minta mil vezes e a mentira se tornará verdade. Ciclovias e ciclofaixas são seguras. É mesmo? Quem disse? A fonte é segura? Sim, dão mais segurança ao ciclista, mas como, quando, por que e principalmente com que efeitos colaterais? A pergunta que fica: quanto ciclovias e ciclofaixas tem responsabilidade sobre os índices de acidentalidade? Nada a ver? Não mesmo?

Minta, minta, minta! Faz décadas que a melhor opção para a segurança individual foi (e segue sendo) a construção de muros, segurança particular, barreiras e outras medidas segregatórias de contensão. Pergunto: funcionou? A segurança de todos aumentou? Que sociedade temos?

A cidade é a resposta para nosssos dramas. Que cidade queremos? Segregada? Discriminatória? De privilégios? É o que seguimos construindo.

Na Holanda surgiu uma cidade onde se extinguiu as ruas como as conhecemos, ou seja, sem calçadas, sarjetas, ruas, faixas de sinalização, sinais, semáforos, ou qualquer outro elemento que separe, segregue. Foram transformadas em espaços públicos indiscriminado, realmente para todos. O que parece uma loucura para a maioria, e não é, os números provam, é o aprofundamento do conceito de cidades acalmadas que há muito se pratica. Quando implantaram pela primeira vez foi uma gritaria: vai matar muita gente! Muito pelo contrário, diminuiu drasticamente o número de acidentes, e mortes. É aplicável em todo e qualquer lugar? Não, mas é o caminho. Aliás, é sim aplicável, depende da inteligência de quem aplicará. 

Ciclovias e ciclofaixas são necessárias? Sim, certamente são, mas definitivamente não são 'a' solução para a segurança de ciclistas, e não o são porque os dados que se tem são muito direcionados para o que se quer publicitar e ver, exatamente da mesma forma que muros 'são' seguros para seus moradores.

Por que temos toda esta vergonhosa insegurança? O que fizemos deu certo? Não estará na hora de pensar alternativas? Não passamos da hora de ter um olhar mais profundo sobre o que nos afeta? 

Vi este vídeo a seguir sem som, e mostra bem como pode ser a transformação das vias, leia-se espaços públicos, de uma cidade, da organização habitual e tradicional, para as ruas "espaços públicos", sem divisões, sem segregações, sem privilégios. É só um exemplo, nada mais. Por favor assistam, simplesmente assistam, sem 'nós ou eles'. 

Antes de assistir lembre-se que nós, brasileiros, (paulistas, paulistanos, no meu caso) somos seres humanos. A voz corrente que nós somos diferentes se sustenta? A meu ver definitivamente não. Se as cidades são todas semelhantes, se usam praticamente os mesmos conceitos e praticas para se organizar, crescer, fortalecer e enriquecer, porque não se pode usar as mesmas boas práticas experimentadas?

 






quarta-feira, 26 de março de 2025

Degradação da seleção brasileira é reflexo do que?

Fórum do Leitor 
O Estado de São Paulo 

Nosso futebol vem sendo degradado faz muito. Não deixa de ser reflexo de um pais que vem sofrendo uma degradação social espantosa. Os bons números da economia mascaram o nosso fracasso geral como sociedade. Faça um bet, quem será o próximo assassinado? Faça outro bet, quem será o vencedor do BBB de bandidagem e ladroagem? A seleção brasileira é só um reflexo do que é o país. De vergonha em vergonha, de derrota em derrota, sigamos em frente sem olhar para o passado de glórias. Aliás, olhar para trás, quem se importa, quem se interessa, quem sente alguma vergonha.

E no final, selfie!

terça-feira, 25 de março de 2025

Padarias, pães quentes e muito pedal atrás deles

Minha vida nos pedais se consolidou pegando pães saídos do forno e descobrindo novas padarias. Meu santo irmão, dez anos mais velho, comprou uma bicicleta, uma Caloi SS aro 27 sem marchas, em 1976 ou 77. Digo santo porque provavelmente ele tinha consciência que a bicicleta não acabaria dele. Na mosca! Pelo menos eu perguntava "posso dar uma volta?"

Ainda morávamos todos juntos, minha mãe, meu irmão, minha irmã e eu, mais a santa empregada, que era um tanto da família. Na hora do almoço minha mãe vinha e avisava que o almoço já ia sair e pedia o "vai pegar o pão", o que me fazia sair feliz da vida e trazer de volta para casa pão quente, muitas vezes baguete italiana saída do forno que era devorada por completo no almoço, todos juntos, sentados, entre as conversas mais variadas que não terminavam. Delícia! Que saudades.

A 1 km de casa ficava a Padaria Vesúvio, talvez o melhor pão italiano que comi na vida. Sempre estava no caixa um dos donos, José ou Napolitano. Nas vezes que tive esperar a delícia sair do forno os dois davam boa prosa. Foram eles que me deram uma boa noção do que é uma padaria, como funciona e suas dificuldades. Um dia venderam a padaria e não demorou muito os novos donos arrebentaram com o negócio. Com muita tristeza vi o mesmo acontecer com outras padarias. A Colony, na rua Suzano, foi a mais dolorida. Discreta, numa rua passava só o trânsito do bairro, pouco mesmo na hora do rush, tinham um pão preto e um croissant divinos, que demoraram muito para reaparecer na cidade. Não demorou muito para falir.

Pouco tempo depois do desaparecimento da Vesúvio, Colony e da Regente, na esquina da rua Sampáio Vidal com Groelândia, e de outras tantas, a qualidade geral do pão paulistano degringolou por completo. Começaram a produzir pães franceses enormes, turbinados a promato, com gosto para lá de duvidoso, que depois de frio esfarelava, virava pó. Eu odiava, mas era o que o povo queria, era o que vendia. Nunca entendi tanta ignorância palatar. Um horror.

Com meu caro amigo Tio Lu, que conhecia para valer a cidade de ponta cabeça, saíamos para pedalar longe, eu, ele, e Teresa, volta e meia mais alguém, e pelo caminho íamos pingando aqui e ali, pagando pedágio nas padarias. Não faço ideia de quantos cafés por km pedalados fazíamos, e quantas degustações, mas foi aí que conheci várias padarias paulistanas longe de casa e pude ter uma noção clara do gosto paulistano. A maioria era e segue sendo padaria de bairro, nada especial, mas aqui e ali encontramos umas poucas que valem conhecer. Quais? Não digo. O divertido, além do pão, é a descoberta. Não espere que todos os pães expostos sejam maravilhosos. Via de regra sempre há uma especialidade da casa. Aliás, se quiser saber qual o babado da padaria não vá para os recheados, os cheios de fricotes. Para saber a verdade peça um pão com manteiga e um expresso, ou café com leite. Se tirarem o miolo e colocarem margarina saia correndo.

Vale uma explicação. Quem não deu com pães vermelhos, laranjas, pretos ou com formas exóticas? Em grandes padarias esta é uma técnica para chamar clientes. O pessoal compra? Pelo que ouvi dos donos da Galeria dos Pães, não. Boa parte vai para o lixo. Aliás, esqueci de citar a Padaria Dengosa da rua Melo Alves, dos mesmos donos, onde começaram, uma das que fez de São Paulo referência em padarias. Os pães eram muito bons e o sanduiche... ah! o sanduiche. Eles tinham um chapeiro, o Pereirinha, um gênio dos sanduiches, mas cheio das suas. Um dia um dos donos perdeu a paciência de vez e colocou Pereirinha para correr no meio do atendimento e casa cheia.  

Falando desta época, ou de antes, não posso deixar de citar o Beijamin Abraão, provavelmente a figura mais importante da história da padaria paulistana, talvez até brasileira. Minha mãe conhecia e falava muito bem da sua primeira padaria, a Barcelona, numa travesa da Cardoso de Almeida. Não sei quando ele abriu a Beijamin Abraão na rua Maranhão, próxima a casa da FAU USP, onde meu irmão dava aulas. Seu Abraão não só tinha o melhor conjunto de pães da cidade, como criou um curso de padaria que formou toda uma geração, a que tirou São Paulo da deprimente era do bromato e nos trouxe de volta "pães". Um dos crimes que cometi nesta vida foi não ter conhecido pessoalmente o Sr. Beijamin Abraão, ouvido suas histórias, apertado sua mão em eterno agradecimento.

Um dia, já sem o saudoso Tio Lu, fomos pedalando até a São Domingos, que é das mais antigas, conhecidas e respeitadas padarias de São Paulo, pão italiano referência. Tive a sorte de encontrar a senhora que era casada com um dos fundadores, ou dono, sei lá, da deliciosa casa, e ela no meio da conversa perguntou se eu gostaria de conhecer os fornos. Que dúvida? Lá fui eu. Para minha surpresa o discreto sobrado da rua São Domingos que atende o público no que originalmente deveria ser uma garagem, se perde para o fundo em vários níveis e incontáveis fornos. Pedi autorização e ela me permitiu pegar um filão que tinha acabado de sair do forno. "Você vai queimar a mão", me avisou, mesmo assim peguei, voltamos para a loja com o filão sendo jogado para o alto para não queimar, e lá comprei provolone, que derreteu deliciosamente num sanduiche crocante que aí sim queimou minha boca.   

Foram raras as noites que passei em festas ou gandaia. Em Cambuquira, sul de Minas, quando ainda era adolescente, depois de sair da boate, fui pegar pão saído do forno para levar para meu tio e primos. Entrei pela porta de serviço, pedi para acompanhar os trabalhos, põe e tira pão do forno. Xereta, fui olhar a espátula entrando no forno e largando os pães para assar. O padeiro puxou rapidamente a espátula para trás e acertou no meu saco. Foi um dia dolorido, começando com um café da manhã elogiado por todos, as gargalhadas, óbvio. 

quinta-feira, 13 de março de 2025

Bonita? Por favor, olhemos o que realmente importa

Fórum do Leitor 
Rádio Eldorado FM 
O Estado de São Paulo 

Muito muito antes de ouvir a palavra feminismo, praticamente ainda bebê, entendi o valor das mulheres e apoiei toda minha vida em valores de inúmeras tias, amigas, primas, irmã e sobretudo mãe, ou mães, muitas delas seres de rara inteligência, sabedoria e fortaleza. Não só apoiei, como no que pude agi.
Muito antes de Lula ser conhecido ouvia histórias dele e suas negociações estranhas a portas fechadas com a Villares. Meu pai foi o terceiro piloto do avião da empresa e amigo dos Villares.
Muito antes da oficialização do PT fui impedido de participar das reuniões formadoras do novo partido por usar mocassins. Parece piada, mas não é mesmo.


Bonito é um adjetivo que significa agradável à vista, ao ouvido ou ao espírito. Pode também significar formoso, belo, lindo, generoso, bom, vantajoso, nobre. 
Exemplos de uso 
"Ele é muito bonito!"
"Que bonitinha essa sua pulseira, onde você comprou?"
"Aii, que bonitinho o presente que ele te deu!"
Sinônimos de bonito 
Atraente, Encantador, Formoso, Airoso, Elegante, Esbelto, Garboso, Galante, Bem-apessoado.
Origem da palavra
A palavra "bonito" vem do termo latino bonus, que significa "bom". Entrou no português no século XVI, provavelmente depois de ter ido buscar o sufixo diminutivo ito no espanhol


Ou seja, desde criancinha posso dizer que sou pró mulheres, se quiser usar o termo "feminista", ok. 
Tenho várias razões para não morrer de amores pelo semi-deus Lula, salvador das boas causas, e pelo politicamente correto PT. Tenho sérias restrições com o populismo, aliás também com o politicamente correto. Salve Chico Anísio.

O que vem matando o futuro do Brasil são os exageros, inclusive da imprensa, quando urge gastar tempo, espaço e inteligência com o que realmente importa.

O significado de "bonita" no dicionário vai além de dondoca, minha tradução para o que jornalistas estão batendo. 
Por favor, gastemos saliva com o que fará diferença. Deixem para Janja acertar as contas com Lula a quatro paredes. Para isto ela servirá.

quarta-feira, 12 de março de 2025

Atentado na Estação Pinheiros?

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo 

Dois pacotes ou caixas suspeitas foram encontrados na Estação Pinheiros lá pelas 6h00 da manhã. Soube do fechamento do terminal e ouvi a detonação de um dos pacotes. O que quer que tenha sido, quem quer que tenha feito, neste momento plantar algo numa estação é de uma falta de noção completa do que é contexto histórico, coisa de ignorantes, que é o que mais temos neste Brasil. Ofensa minha? Definitivamente não. Os números oficiais do Governo Federal assinam em baixo por mim.

Estou farto de boçalidade dita revolucionária. Quem viveu tempos passados sabe o que falo. Quem não, que ouça Revolution 1 dos Beatles. 
Não entendeu ainda. Ouça o que diz Gabeira sobre estas "ideias revolucionárias". 

Só vamos resolver está baderna quando decidirmos pensar. E eu duvido que aconteça.



terça-feira, 11 de março de 2025

1.000 km? Ou traffic calming?

Já contei várias vezes isto, mas vale relembrar sempre.

Terminada a administração Haddad fui procurado por seus partidários que haviam trabalhado no projeto cicloviário, leia-se 400 km, e me disseram que pelo menos 25% do que havia sido implantado não servia para nada. Passado um tempo um deles, gente que sabe o que fala, afirmou que 25 desperdiçados era pouco. Mais, ninguém sabia e continua não sabendo quanto custou.

Agora estão forçando para chegar aos 1.000 km. Quantos km não servirão para nada? O que do que foi feito realmente vale o quanto foi gasto? Tem dinheiro sobrando? Quais são as prioridades urgentes urgentíssimas dos cidadãos e da cidade para o parco dinheiro?

"Nós (holandeses) pedalamos. Americanos usam capacete".
A ironia, se é que se pode dizer isto, pendurada em grandes placas nas locadoras de Amsterdam, é de um humor inteligente tipicamente holandês, de gente que sabe o que fala quando o assunto é qualidade de vida urbana, cidade e bicicleta, nesta ordem. 
Os holandeses constroem cidades de alta qualidade de vida. Nós brigamos por quando mais melhor.

Nós, paulistanos, não conseguimos nos livrar de nossas tacanhices. Nos recusamos a ver e aprender com o que está estabelecido e apresenta resultados positivos inequívocos. No caso da bicicleta, ou da mobilidade alternativa, continuamos a cacarejar o discurso ciclovias e ciclofaixas, sem saber exatamente sobre o que se fala, mas crendo piamente que é certo, que é verdade. Felizmente sobre o capacete diminuiu a histeria.

Relembrei a crítica sobre os 25% agora porque, muito tarde, se está acertando a geometria viária do cruzamento da esquina da rua Estados Unidos com Canadá. Ou seja, acalmamento de trânsito, traffic calming, a solução que oferece de fato segurança para pedestres, as grandes vítimas de nosso trânsito, também para ciclistas, e todos os outros cidadãos, memo aqueles que muitos ciclistas afirmam que não o são. 
Traffic calming. É o que se faz em todas as cidades civilizadas. Aqui? Acertar a geometria das esquinas, uma cá, outra lá, muito aos poucos enquanto os mortos não esperam, com critério de implantação que não consigo entender bem qual ou para que?

1.000 km de ciclovias e ciclofaixas. Pedestres? Que olhem com atenção para os dois lados.
Se é para falar em números, quantos traffic calming foram implantados?

O uso de bicicleta cresceu 18%? Tenho perguntas. Como? Onde? Por que? O que, ou quanto o sistema cicloviário tem a ver com isto? Quantas perguntas não estão respondidas? 

O número de atropelados também cresceu. Não quero ver o número, mas onde é por quem foram atropelados?

Sou contra ciclovias, ciclofaixas e capacetes? Não, definitivamente não, repito.
Sou contra fazer pelo fazer, fazer da forma como foi feita, quando há provas sólidas e irrefutáveis que há técnicas de engenharia de trânsito para segurança muito mais eficazes para se chegar aos resultados desejados.

É burrice minha ficar batendo na mesma tecla. Confesso estar exausto, mas o que devo fazer? Calar? Nunca!

Estamos assistindo de deprimente camarote a derrocada de um império que se curvou ao populismo da pior espécie. Ignóbil! Populismo da pior espécie são todos.

Aqui estamos. Vamos fazer São Paulo melhor de novo. Acho que já ouvi isto antes.

A ignorância é uma benção... para o populismo.   


segunda-feira, 10 de março de 2025

'cê tenta

'cabou o 'cê senta, começa o 'cê tenta,  que de interessante termina num 69 e inicia o nós que aqui estamos por vós esperamos", inexorável. Não, não é só o que pensa, mas também o chamado da melhor idade, que cansei de ouvir e rir de quem nela está: Melhor idade é a puta que o pariu.

Como dizia meu pai, depois dos 50 se você acordou sem dores é porque está morto. 

Passei do tempo, devo ter um pé no céu e outro no inferno, isto quando as câimbras não me deixam duro. Pelo menos algo ainda fica duro, sempre a perna esquerda.

Primeiros minutos deste dia festivo, acordo suado, calor infernal, ligo a luz e dou com uma senhora barata subindo na cama. Até agora me pergunto que presságio foi aquele.

Obrigado 





sexta-feira, 7 de março de 2025

Calor infernal

Uma das mais antigas recordações que tenho de minha infância é ser colocado para dormir tendo um inseticida espiral, o tradicional fumacinha, no móvel de cabeceira entre um quase grudado no meu nariz e uma janela escancarada um pouco mais a frente. Eu achava reconfortante o forte cheiro daquela fumaceira numa noite de calor e umidade infernais típicos de verão do litoral, ainda por cima sem vento.

Anos mais tarde lembro de estar na casa de minha avó em Santos, também numa noite de calor insuportável, sem vento, tentando dormir num quarto com mais dois primos, tudo escancarado, janelas, porta, ventilador no máximo e na orelha, o que sempre me incomodou muito, mas ali achei uma benção. Renato e Ricardo, meus primos, embalaram logo, eu rebolei no suor dos lençóis por um bom tempo amaldiçoando a lua cheia, maravilhosa por sinal.

E cá estou eu em mais uma noite de calor infernal na finada terra da garoa. Que saudades dos tempos que isto aqui era fresquinho. Acordei com o travesseiro tão molhado quanto as boias salva-vidas que me obrigavam a vestir quando criança. Preferia morrer afogado.
 
Ah! São Paulo da garoa! Que prazer estar no meio da névoa fria, algumas vezes gelada, daquela São Paulo da garoa que se foi. Ir agasalhado para a avenida escondida na névoa gelada pegar o ônibus para a escola. Primeiro se ouvia o barulho invisível dos ônibus e carros vindos de longe, e só muito em cima, uns 30 metros se tanto, rompiam a névoa como vindo do além. Adorava o som dos ônibus elétricos, o leve ronco do motor e as antenas escorregando na fiação elétrica. Era fácil reconhecer o meu da escola por seu motor impecavelmente regulado. Na escola o recreio era de camiseta num geladinho que a correria não fazia sentir e só estimulava mais correria. Coitado do paciente bedel.

Calor, ufa!, calor. Rio de Janeiro 40 graus..., (mais quente do que a música!) Falo de um Rio com 45 graus, onde sair para rua de dia, debaixo do sol, era um suplício. E por isto, cinemas cheios em plena tarde de trabalho, ah! santo ar condicionado! Filme? Que filme? Poltronas e poltronas em ronco solto. O mesmo vivi em Recife. Quem se importa o que passa na tela? Em Recife assisti vários filmes "culte" que nem em São Paulo passavam. Por que? Provavelmente porque o público estava querendo ar condicionado, não importa o que estivesse na tela, e para o cinema o custo de filme culte devia ser muito mais barato. O que o calor infernal não faz com a vida!

Rio 40 graus, a noite vinha um refresco, não muito, nada que permitisse bocejar com prazer. Janelas escancaradas, todas, sem exceção, um ventinho abafado, pesado, que pouco ou nada servia. Dormir... só mais tarde,  bem mais tarde, muita TV ou leitura a espera da madrugada... abafada. Dormir? Acordando várias vezes para um banho gelado. Corpo estendido um pouco sobre a cama, vira de cá, vira de lá, leçol ensopado e se joga para o duro tapete empoeirado destendido sobre o chão de pedra, uma benção de sono até doer o corpo e voltar para o quente colchão. Mais alguns banhos gelados pela meio da noite. Gelado não, porque a água vinha morna, menos que o suor, mas refrescante. Mal dormido acordava com os primeiros raios de sol. Pequeno café da manhã e o mais nú possível para praia, aproveitar enquanto as areias não escaldam os pés. Fritam, melhor.

Olho os que trabalham e seguem trabalhando debaixo do racha coco, como conseguem? 
Outro dia ouvi pela primeira vez de uma madame sentada num sofá frente ao furacão do ventilador "Como eles conseguem trabalhar neste calor? Agora entendo porque a produção em áreas tórridas é tão baixa." 

Mas o calor pode ser pior, muito pior, só quem experimentou sabe. Experimente um navio cargueiro, cruzando o equador. Vai entender o real significado e insuportável. Fomos avisados pela tripulação, ao meio dia não toquem nas paredes externas, e na cabine cuidado para não queimar a mão ou o corpo com o vapor que vai sair da torneira ao abri-la. "Gire a torneira só um pouco com o corpo longe da pia e deixe o vapor sair". Dormir? Fácil. Tudo estanque, ar condicionado forte e geladinho, mas se tocar as paredes vai sentir calor.

Aprendi que portas e janelas abertas para circular o vento é um erro grave, só piora o calor dentro de casa. Quem sabe, mede a temperatura dentro e fora da casa para saber onde está mais fresco e abre ou fecha tudo. Funciona, ou melhora muito.

Corumbá, Corumbá, sem dúvida a noite mais difícil de minha vida. Calor e unidade sem igual. Aceitei uma gentileza e fui dormir numa casinha de gente bem simples, pobre mesmo, que com muito esforço construiu um espaço reduzido de paredes finas e telhado de zinco. Não queira saber o que é estar debaixo de um telhado de zinco com janela que abre pouco.  
Das boas recordações que tenho desta vida foi ter deixado o calor absurdo de Corumbá e chegado ao banho congelante que tomei em Santa Cruz de la Sierra. Nunca uma água que doeu na pele foi tão agradecida. 

Em Corumbá começou minha preocupação, minha dor no coração, com a vida dos favelados. Como se permitiu o absurdo urbano que milhões vivem?

Tem gente que gosta calor, inclusive de fritar ao sol. Afirmo que meu corpo definitivamente não gosta, aliás, para de funcionar a partir de uns 25, 27 graus. Pedalando ainda vai, aguento, mas quando paro... desmonto. Na estrada de Itu para Jundiaí, a que mais sofri, pedalei com 'deliciosos' 40 e tantos graus, fora o bafo vindo do asfalto. Como aguentei? Não faço ideia. Sei que quando cheguei, tomei litros e litros de tudo quanto fosse líquido e gelado, um banho gelado, cai duro na cama. No dia seguinte quase chamei uma funerária.


"Vai pela sombra" dita a velha recomendação. Vergonhosamente tenho cumprido a risca. Outro dia fui repreendido por um senhor por estar pedalando na calçada. Parei, pedi desculpas, e lembrei-o o "vai pela sombra". Ele imediatamente desanuviou-se. E seguimos cada um para seu lado pelo que na rua resta de sombra e algum frescor. Frescor?

segunda-feira, 3 de março de 2025

País que não se fala si trumbica

Fórum dos Leitores
SP Reclama
O Estado de São Paulo

Está nas primeiras páginas: os ministérios não se falam e atrapalham projetos importantes para o Brasil, as polícias não se falam e prejudicam a segurança da população, a família não se conversa olho no olho e a educação vai mal, com celular os namorados não se falam... e arrisco dizer, com bom e longo conhecimento de causa, que os departamentos das empresas também mal se conversam e que se dane o consumidor. Os casos são muitos e frequentes. Agora fiquei sem internet por 6 dias. Como brasileiro sei que o normal é esperar que problemas demorem para serem resolvidos, quando os são. Custo Brasil, com muita frequência é destaque nas primeiras páginas de todos jornais. Bom aplicativo, excelente atendimento (realmente) das meninas do 1058 (Vivo), bom atendimento na loja, técnico rápido, educadíssimo e eficiente, que veio no último minuto da prorrogação do sexto dia por boa vontade própria. E a certeza que minha espera vem de um precário relacionamento entre departamentos. Típico de grandes empresas. No terceiro dia ligou da Vivo uma senhora, que pela voz e forma de falar é gente grande dentro da empresa; pediu mil desculpas e jurou a solução no dia seguinte, mas nada, óbvio. Mandaram, e obedeci, fiquei 4 dias em casa esperando. O problema que tive com a Vivo é muito simbólico do Brasil disfuncional que vivemos: com medo de perder o emprego, boa parte se esforça e faz bem seus trabalhos entre a cruz e a espada, sem que suas vozes sejam de fato ouvidas por superiores e ou outro departamento. Por sua vez, seus superiores, que costumeiramente dizem conhecer tudo e mais um pouco, não tiram a bunda da cadeira para entender o que realmente acontece no fronte. Num outro caso, com uma outra empresa, subi o tom, inclusive com carta para o Estadão, e consegui que alguém do primeiro escalão tirasse a bunda da cadeira e fosse sentir o problema como cidadão comum. Quando voltei ao hotel fui recebido (sem exagero) em festa e agradecimentos pelos funcionários. O problema foi aos poucos sendo resolvido em todos os hoteis da rede. Muito do custo Brasil, que é muito alto, se deve ao silêncio da imensa maioria dos brasileiros consumidores e cidadãos. Ou cala ou tem chilique. Cristina mudou-se para Londres faz 36 anos. Ela desabafou que a maior diferença entre cá e lá é que lá, por pior que seja a situação, se vai atrás de uma saída na conversa. Aqui, por mais banal que seja a questão, descamba para a gritaria generalizada. Mentira? Sabe com quem está falando?

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Postagem 1500, fiz o que luto contra

Exatamente nesta postagem, a de número 1.500, venho a público pedir desculpas. (Deveria ter pedido muito antes.) Gravei um vídeo e enviei para um grupo com uma tremenda besteira (que novidade!). Em vez de calar a boca e dar um tempo para ver, analisar, entender, buscar mais informações, mandei mensagem de bate pronto. Bingo! Bati exatamente onde vivo criticando.

Ontem foi uma ventania danada aqui. Caiu a energia por conta de uma rede de proteção da obra de um edifício em construção que saiu voando e caiu na fiação. Foi uma beleza... E, para espanto geral da nação, leia-se moradores das ruas escuras (sem energia), os caras vieram e religaram a energia meia hora antes do que foi dito.

No meio deste apagão comecei ouvir de casa uma senhora lá na Estação Pinheiros gritando para o povo pegar o Paese. 'Uai? Trem ou metrô, quem parou?'

Pela manhã descobri que a grade da ponte passarela recém inaugurada estourou, caiu e foi parar na linha do trem. Fui lá ver. E aí comecei a ter um surto de boçalidade. Olhei, olhei, olhei, tirei conclusões apressadas, gravei alguns vídeos sem pensar e soltei. Coloquei na rede besteira explícita.
Felizmente não demorou tive uma luz e percebi o tamanho do erro. Mais um vídeo e alguns áudios tentando corrigir, mas sem saber o que fazer ao certo com toda besteirada dita. Catar os cacos e colar? Dependendo da situação não dá.


Fatos:
Um dos lados da grade de proteção que fica em cima da linha férrea não aguentou a ventania e caiu sobre a rede elétrica.
A gritaria foi geral porque a ponte passarela foi inaugurada faz só 40 dias.
Por lei a norma técnica de qualquer viaduto,  ponte ou passarela, é obrigatório ter uma área de proteção mais ampla que o gradil e parapeito no espaço que fica sobre a linha férrea, o que foi respeitado. Duas, uma de cada lado. Uma destas proteções não aguentou a forte ventania.
Por que uma só?  

Sai de casa com a informação que o corrimão estava solto. Estranho, eu vi sendo soldado. E está aparafusado e soldado para não ser roubado.

Prestei mais atenção nas marcas de terra e deformações na grade causadas pelo vento do que deveria, sem olhar para a solda recém feita na base da grade que indicava que havia sido reinstalada. Não sabia que tudo havia despencado, nem pensei na hipótese.
Os vídeos que fiz foram em cima de uma análise rasa preocupada com as marcas de terra no corrimão, o que foi causado pela queda da estrutura no gramado da linha férrea e ciclovia. Burrice minha.
O que refresca minha consciência, se é que refresca, é que jornalistas tarimbados falaram também um monte de besteiras.

O que foi feito está mal feito? Não. Então por que estourou e caiu? Por que não aguentou a ventania? Posso até não gostar da qualidade do material usado nas grades e corrimões, mas quem sou eu para fazer esta análise.

Meu palpite é que houve uma forte turbulência junto a grade de proteção causada pela proximidade desta com a Ponte Bernard Goldfarb. Há vários vídeos, de várias partes do mundo, mostrando ruptura de elementos por terem entrado em ressonância causada por turbulência de vento. Um deles mostra a causa da queda de um avião comercial em razão da turbulência vinda do avião que decolou a frente. Alguns filmes mostram pontes entrando em ressonância e colapsando. 
Dá para prever? Deve dar, mas é um estudo complicado, caro, que só se faz em situações muito específicas, não para uma grade de ponte passarela.  

Quando passei de novo por lá a tarde conversei com um engenheiro e ele também acredita em turbulência. Enquanto conversava com ele,  a grade de proteção do outro lado da ponte passarela, intacta, estava sendo retirada. Absurdo. Um elemento de proteção obrigatório por lei foi retirado por que a imprensa diz que está mal feito? Mais, num dos jornais televisivos o apresentador afirmou que a construtora deveria ser proibida de fazer obras públicas. Como é que é?
Numa das entrevistas passadas na TV um conhecido disse que não se sentia seguro ao cruzar a ponte passarela. Não acreditei.

É insegura? A pergunta só pode ser brincadeira. 

E eu envergonhado com minhas besteiradas. Sim. Continuo. Errar acontece, mas não deveria, e que sirva de lição.