domingo, 20 de julho de 2025

O abismo de comunicação

"O agro negócio tem um ponto positivo inquestionável, a entrada de dólares no país, e inúmeros pontos negativos que um conhecido,  engenheiro agrônomo, poderia enumerar. Um deles é a periferia das cidades grandes, em parte consequência da expulsão da população interiorana pelo modelo de negócio agrícola de grande escala",  segundo meu interlocutor.
 
E segue ele, "O país (Brasil) tinha uma extensa rede ferroviária que acabou por causa da indústria automobilística".

E termina, "A solução para o caos da cidade está nas mobilidades ativas e no transporte coletivo".

E aproveitando a 'sabedoria' popular, "Todos problemas vêem de políticas públicas erradas, da má fé. Tem que mudar".

E, E, E e E.... e poderia terminar com o usual "entendeu?".

Dito e feito. Dito e feito?
Como? O que?

Primeiro, as afirmações acima são verdadeiras, mas... não estão completas. Começando por elas e entrando a fundo em cada uma das questões surgem detalhes que, estes sim, podem levar aos resultados esperados.

Provavelmente já responderam ou ouviram alguém iniciar a resposta com um ".... sim, não, sim..." Brasileiro talvez seja o único povo que responde positivamente começando com um "...sim..., não, sim". Se for uma negativa é o contrário, não, sim, não. Eu faço isso. Estou cansado de ouvir esta resposta. Estou me patrulhando e estou tirando sarro de quem responde assim. Tenho dado boas risadas, mas o causo é sério.

Comunicação correta. Tai algo que nós, brasileiros, não somos educados e treinados para fazer. Sim, não, sim, respostas com frases incompletas, pensamentos que deixam para o outro completar ou subentender, e o infalível "entendeu?". É vício nacional. No final fica tudo num limbo além da imaginação.
Como isto influencia na comunicação de assuntos que demandam precisão, seriedade, e tomada de decisão correta? Não sei, mas tudo me leva a crer que é um dos mais graves desvios para construir resultados. 

Saindo do povão, me incluo aí, e entrando no mundo dos especialistas e conhecedores, aqueles que têm capacidade e podem resolver problemas, aposto que há um abismo absurdo na forma como expõe suas razões para o público, e esta é uma das razões pelas quais estamos vivendo estas graves crises com seguidos vôos de galinha.

Faz 50 anos que estamos gritando sobre a gravidade da questão ambiental, por exemplo. Ora, se a gritaria tem tanto tempo e não alcançou os resultados esperados, algo está muito errado, e sem muita dúvida, uma delas é a forma de comunicação. 

O causa esta tremenda dificuldade de definir uma posição? Por que navegamos no talvez? Não aprendemos onde isto nos traz?

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