sexta-feira, 26 de julho de 2019

Gentileza gera gentileza

Hoje pela manhã mandei uma rosquinha, aquele sinal que se faz com a mão, vulgo vai tomar no cu, para uma mulher que dirigia um carro. Fiquei bem mal. Tive que ir para o meio da rua porque tinha um carro estacionado na ciclofaixa e ela buzinou para que eu voltasse para o lugar dos ciclistas. Estava pedalando na velocidade do trânsito, ela estava longe, não atrapalhei ninguém, e estava com saco na lua por causa de algumas encheções familiares. O ponto é que ela simplesmente não tem nada a ver com meu mau humor e como motorista pode reclamar que estou fora do espaço que foi criado para ciclistas. Amigos e amigas ciclo ativistas gritaram e repetiram a exaustão "lugar de ciclista é na ciclovia"; pois então, a senhora que dirigia o carro estava absolutamente correta. Também está no CBT que diz que havendo local próprio para circulação de ciclistas é lá que devem circular. Eu saí um pouco antes do carro estacionado sobre a ciclovia, o que não deveria ter feito segundo o CTB. Não há o que discutir, menos ainda xingar. Aliás xingar está tipificado como infração no CTB e em outras leis. 
Mas sabe porque fiquei mal mesmo? Primeiro porque estupidez com o outro não serve para nada. Quando eu, como ciclista, tenho uma reação destas crio problema para outros ciclistas. A motorista provavelmente passará pelos próximos ciclistas que encontrar sem a menor boa vontade e simpatia. Naquele momento, com a reação que tive, fui para a motorista o representante de todo e qualquer ciclista. Não foi o Arturo que mandou uma rosquinha, mas foi um ciclista. "Ciclistas são todos iguais" ouço todos dias. Assim como "Motoboys são loucos", "Motoristas são assassinos", "A pior raça que existe são os taxistas"... e assim vamos, só depende de que lado se está. Os outros são sempre os ruins e nós os bons. Será? 
"Gentileza gera gentileza" deixou grafitado num viaduto do Rio de Janeiro José Datrino, o Profeta Gentileza. Nada mais verdadeiro, nada mais eficiente, nada mais coletivo. Trânsito é um jogo coletivo. O valor de reconhecer os próprios erros faz milagres. Quer pedalar seguro gere gentileza. Isto contamina e vai ajudar a sua segurança e de todos ciclistas.
Domingo passado Teresa e Vera passaram pela mesma situação na av. Sumaré, onde está cada dia mais difícil pedalar na ciclovia, tomada por tudo e todos, até por bicicletas. Quando pararam a frente conversaram com o motorista explicando porque se sentiam mais seguras junto aos carros. O motorista ouviu e foi embora em paz. Gentileza gera gentileza. 
De minha parte ainda quero encontrar a motorista para pedir desculpas. Nunca é tarde.

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