terça-feira, 21 de agosto de 2018

Yellow bike: sucesso, ciclistas novatos, depredação, roubo

As bicicletas comunitárias sem estação Yellow estão por todas partes aqui em São Paulo. O projeto está funcionando. O número de ciclistas no contador da av. Faria Lima, próximo ao largo da Batata, o único que conheço, aumentou mais ainda com elas. Já tinha dado um belo pulo com as novas bicicletas do Itaú. Ótima notícia.
Quem não está muito feliz com esta história são os pedestres. Não estar muito feliz é de uma delicadeza sem fim. Tem usuário de bicicletas comunitárias em tudo quanto é calçada, pior, muitos sem dar a mínima para os pedestres. E tem cada dia mais pedestre nas ciclovias, diga-se a verdade. 
Não sei porque, mas entre os usuários das Yellow tem um monte de novato, uns tantos aparentemente fazendo sua primeira experiência tentando pedalar uma bicicleta não no trânsito, na calçada. 
Ontem uma jovem mulher muito bem vestida que vinha de frente com uma Yellow do nada quase caiu. Não entendi nada. Pelo menos ela conseguiu não ir de nariz no cimento, parou de pernas abertas e uma das mãos no chão. Desajeitada tentou levantar a bicicleta que rodou sobre a roda dianteira e parou deitada no meio da ciclovia lotada quase derrubando o pelotão desvairado que vinha atrás. Felizmente tinha gramado dos dois lados e desviaram. Eu, de frente, praticamente parei, fui bem devagar para ver se precisaria de ajuda, mas ela, sem o menor pudor, ergueu a bicicleta 45º ainda ocupando metade da ciclovia, segurou-a com uma mão e com a outra disparou a digitar no celular fazendo cara de xingamento a todos que passavam curiosos e silenciosos por ela. 
Na calçada apertada da rua Butantã uma menina vestida num preto básico chique, salto 10 fino, meias escuras, desesperada não sabia para onde olhar, se procurava o pedal ou para o povo passando a pé. Simplesmente não conseguiu colocar a bicicleta para rodar. Empurrou até a ilha e voltou a suas tentativas apavorantes. A luta com a bicicleta foi dura, demorada, e uma hora lá foi ela cambaleando. Devia estar pensando "Estes pedestres não vão sair da frente?"
Depois de quase capotar de frente com sua dobrável a pequena senhorita que pedalava com um vigor incrível acalmou-se. Achei melhor acelerar e deixa-la para trás. Quando saí da ciclovia a esquerda, com tempo justo, mas com o trânsito que já chegava, percebi de canto de olho que a garota veio junto, numa manobra a beira da irresponsabilidade completa. Eu tinha espaço, ela ficou exposta aos carros e motos. Já na rua ela me passou sorrindo completamente inocente, desapercebida de sua própria besteira, e seguiu a minha frente pedalando muito forte num zig-zag que denunciava sua completa falta de noção do que estava fazendo na bicicleta. 
E os homens? Estes são piores. Tem que mostrar sua masculinidade ao pedal. Sai da frente! Sai do lado! Não fique atrás. Não esboçam qualquer vergonha, muito pelo contrário. 
Situações como estas está cheio. Espero que ganhem prática e segurança rapidamente e sem acidentes, o que acho difícil, mas este é nosso tempo.
Passamos por uma primeira etapa quando foram implantadas as "ciclovias" do Haddad e ninguém recebeu o menor treinamento ou folheto educativo. Foi um tempo de muitas barbeiragens, mas um pouco mais tranquilo que agora, talvez porque a bicicleta lhes pertencesse. Entramos numa segunda etapa, das bicicletas coletivas, onde a bicicleta é de todos, em se tratando de Brasil leia-se: de ninguém. Imagino que seja o tempo dos que tinham pânico de bicicleta e foram convencidos pelos fatos que a coisa não é tão perigosa como os cicloativistas pregaram aos 4 ventos. Do jeito que este pessoal pedala a bicicleta é sim perigosa, se não para o louco inconsciente que está sobre a bicicleta, mas com certeza para todos que estão próximos. Qualquer veículo mal conduzido é perigoso. Para este pessoal novo tomar jeito é uma questão de tempo - espero.

Roubo e depredação:
Num domingo em Paris não consegui encontrar Velib para sair. Comecei a andar atrás das estações, a maioria vazia, até que encontrei uma das grandes, perto da La Grand Épicerie de Paris (o paraíso da gastronomia) com 25 bicicletas, todas depredadas, todas. Deprimente, mas mais ou menos comum. Acontece em todas partes. É muito comum ver bicicleta com roda amassada em todas as grandes cidades europeias. Bêbados ou imbecis pseudo anarquistas? Não sei, mas adoraria entender o que leva qualquer um a depredar algo que só faz bem a todo mundo.
Infelizmente tenho visto algumas Yellow com rodas tortas sem qualquer sinal de colisão ou qualquer outra marca de acidente. Acredito que tenha sido pé na roda mesmo. Deprimente. Mais triste ainda é que soube de boa fonte que já aconteceram roubos e que estão sendo vendidas em feiras de rolo.
Acabo de ter a confirmação das depredações, mais do que esperado; dos roubos; da feira do rolo; e felizmente a recuperação de praticamente todas. Triste.

Um comentário:

  1. Recebi uma mensagem da Yellow sobre o texto acima que reproduzo aqui. Agradeço a atenção da Yellow e seu comunicado

    A Yellow, pioneira no ramo de soluções de mobilidade urbana individual no Brasil, afirma que os números de casos de vandalismo ou furtos às bicicletas na cidade de São Paulo estão abaixo do previsto e não preocupam as operações da empresa.
    Ainda ressalta que, para evitar casos como estes, as suas bicicletas foram desenvolvidas com peças exclusivas, que não se adaptam a outros modelos. Além disso, todas as bicicletas Yellow são rastreadas por sistema GPS - o que já evitou episódios indesejados e ainda levou à recuperação de bicicletas e à apreensão de pessoas envolvidas nesses casos.
    O diálogo da Yellow com as autoridades competentes, como as Polícias Civil e Militar e a Guarda Municipal, é muito próximo, assim como o trabalho com os ‘Guardiões Yellow’, que circulam todos os dias da semana pela cidade contribuindo para a melhor distribuição e posicionamento das bicicletas, além de apoiar usuários e garantir as boas práticas.

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