sexta-feira, 2 de março de 2018

Técnica de pilotagem limpa e durabilidade da bicicleta

Fiquei feliz em ter de volta mais uma das bicicletas que foram usadas por courriers. Para mim foi e continua sendo um valioso aprendizado ver o que restou delas. Sei exatamente o que foi entregue para cada um dos courriers porque quem fez a montagem e ajuste em todas fui eu. Mais, antes de entregar as bicicletas rodei o suficiente para que apresentassem algum defeito ou necessitassem de um ajuste fino final  (shakedown). Esta que voltou agora é uma das duas Decatlhon Rockrider 300, modelo básico e barato que aguentou muito mais do que eu podia esperar. A outra Rockrider 300 ficou com um ciclista que a usou com o canote de selim além do limite até partir o quadro. Ele foi avisado para não pedalar daquela forma ou daria problema, não deu ouvidos e depois de quebrar o quadro fez cara de "que se dane!". Claro, a bicicleta era da empresa, não dele.

Detalhes dizem muito sobre a forma como o ciclista pedala. Eixo traseiro quebrado deixa claro que o ciclista descia meio fio e passava por buraco sem técnica nem piedade. Garfo um pouco torto para trás indica falta de preocupação com "puxar a frente (da bicicleta)" ao passar em buraco ou subir uma guia mais alta. Pobre bicicleta! Por incrível que pareça os aros sobreviveram em bom estado, mesmo um fora de centro. 
O sistema de transmissão está uma meleca só. Não adiantou nada explicar ao ciclista que corrente tem que ficar seca por fora e lubrificada por dentro. A quantidade de sujeira misturada com óleo nas engrenagens e polias é nojenta, tanta que tive mandar para uma revisão completa - leia-se banho completo - coisa que mui raramente faço. Só depois é que vou saber como está a relação. Assim de olho e no teste do lápis (para medir o desgaste da corrente) parece que a relação não se perdeu, que ainda vai muitos bons quilômetros antes da troca. A corrente... esta vai para direto para o lixo. Maldita lubrificação porca!

Dei treinamento, explicações e tive conversas com os ciclistas courrieros. Parece que o que falei entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Tenho minhas dúvidas sobre o que aprenderam. "O senhor não sabe o que é pedalar 100 km por dia todos dias" disse um deles na minha cara, olhos nos olhos. Sei, como sei, mesmo que ele não acredite. 

A maioria dos ciclistas não dá a mínima para técnica de pilotagem, até mesmo para os conceitos mais básicos e essenciais tanto para a bicicleta como para a segurança do ciclista. Não precisa ter conhecimento profundo sobre mecânica, basta ser atencioso, interessado em refinar-se, em aprender, melhorar a cultura geral. 
Quanto mais consciente o usuário, melhor o trabalho ou resultado, maior é durabilidade do equipamento usado. Vale para qualquer atividade humana, inclusive ciclismo. 
Com um mínimo de cuidado esta mesma Rockrider 300 vai rodar mais algumas dezenas de milhares de quilômetros - fácil. Porque não?

Quase me esqueci. O maior crime do ciclista foi ter tirado os refletores dianteiro e traseiro da bicicleta. Por mais eficientes que pareçam ser as luzinhas dianteira e traseira, e são quando funcionam bem ou a pilha está nova, a segurança oferecida pelo conjunto de refletores de boa qualidade, leia-se importados, é insuperável. A maioria dos acidentes acontecem porque o ciclista é invisível no escuro. Você pode até esquecer de acender a luzinha que o refletor sempre irá brilhar para o farol do carro. Dianteiro, traseiro, de pedais e rodas, segurança completa.

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