Consertar o eixo traseiro quebrado e um pneu furado, nada mais.
Infelizmente a bicicleta foi montada com cubos roletados chineses que tem um
eixo muito fino e frágil, difícil de ser encontrado com blocagem (trava
rápida), mas passível de troca se a opção for com eixo de rosca e porca. Cai na
besteira de dizer para o dono da bicicleta, filho de um amigo, leva-la para a
bicicletaria e pedir para trocar o eixo por um com porca. Fui buscar a
bicicleta e para minha imbecil surpresa veio o óbvio: a bicicleta com dois
cubos Shimano novos, o traseiro de cassete, relação nova; tudo trocado. “A
troca foi autorizada”, respondeu o funcionário. O que deveria ser um conserto
de menos de R$ 50,00, quando muito, custou a bagatela de R$ 275,00. Qual a
moral da história?
Como a maioria dos ciclistas não
faz a mais remota ideia de como funciona uma bicicleta, fica fácil para o
funcionário da bicicletaria fazer um simples conserto se transformar numa proveitosa
troca. Conserto da transmissão é o clássico. Um trouxa (como diria Harry
Potter) entra e diz que “as marchas estão pulando”. Depois de ouvir uma longa
explicação sobre a rebiboca da parafuseta o conjunto completo do sistema de
marchas vai para a troca. Fácil como tirar pirulito de bebe! Em muitos casos uma
boa regulagem ou a simples troca da corrente resolveria o ‘causo’. E assim vai.
O que facilita este troca-troca (sem
sacanagem) é que há muita peça que sai de linha ou fica difícil de encontrar
nos bairros chiques; o que não quer dizer necessariamente que não exista reposição
ou não tenha conserto. Hoje temos basicamente dois tipos de bicicletarias: as
que trabalham com material de segunda linha porque sabem que o cliente acha
normal a bicicleta quebrar a cada pedalada; e as que forçam trocas porque sabe
que a maioria dos clientes aceita.
Quem administra bem uma
bicicletaria sabe que trocar peças é mais rápido e dá mais lucro que ficar
lutando contra um rejuntado de peças de baixa qualidade, o que não deixa de ser
uma bicicleta barata, que nunca fica perfeita e acaba voltando porque o
conserto não ficou bom. Felizmente o público está tomando consciência que
bicicleta não tudo igual e que as baratinhas (sem trocadilho) são uma fria, um
péssimo negócio, aliás, um verdadeiro risco para saúde. Ótimo, mas esta mudança
está mudando o perfil dos mecânicos, que estão virando trocadores de peças e estão
perdendo a capacidade do um bom jeitinho brasileiro. O setor está mais
sofisticado e ao mesmo tempo vem empobrecendo suas habilidades mecânicas rapidamente.
O número de reclamações que tenho
ouvido vem crescendo, mas há uma lanterna no fim do túnel. Algumas
bicicletarias afeitas ao troca-troca empurra-empurra estão perdendo clientes.
Acredito mesmo que brasileiro está aos poucos aprendendo a não ser trouxa.
Sinceramente o brasileiro esta cansado de ser trouxa e tem se mobilizado para mudar.
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