Amsterdã vai
muito além do centro histórico – turístico rico e de rara beleza que está no
imaginário da maioria. Nada a ver com algumas ruas onde se encontra prostitutas
sentadas em vitrines, com cafés que servem maconha. Ai Amsterdã não difere em
praticamente nada do resto do mundo; a não ser que jogam aberto, dentro da lei
e tiram proveito da situação com inteligência, ordem e respeito. O grande
charme é que de fato uma cidade livre, como talvez nenhuma outra.
Amsterdã, como
todos os Países Baixos (Holanda), sempre usou a bicicleta no que ela oferece de
melhor: modo de transporte. Como no resto do mundo, no início dos anos 70 o
carro estava em alta e a bicicleta em baixa. Com a crise do petróleo de 1972 a
bicicleta foi retomada, a sério. Um parto dolorido, com problemas de trânsito,
ciclistas machucados e mortos, protestos, pressões dos proprietários de
automóveis... Enfim, a história se repete, mas quem tem coragem e usa o
bestunto acaba na frente. Enfim: Amsterdã hoje é conhecida mundialmente como a
cidade das bicicletas. Há muitas cidades que têm o mesmo índice de uso, umas
poucas até maior, incluindo no Brasil, mas Amsterdã ganhou a fama, e com isto
muito dinheiro com turismo.
Já estive aqui
três vezes, o que dá uns quase 40 dias caminhando, pedalando e muito bonde.
Hoje conheço boa parte da cidade, do centro à periferia. Caminhar ou pedalar no
centro histórico está muito chato, algumas horas até desagradável, por conta da
quantidade absurda de turistas. Meus últimos três dias foram feriado na Europa
e algumas ruas pareciam uma 25 de Março em época de Natal. Desagradável. Infelizmente
este público não conhece nem tem interesse no resto da cidade, que em alguns
pontos é de uma riqueza urbana difícil de encontrar. Quem gosta de art-decot
tem um prato cheio. Ou arquitetura moderna inteligente, uso do solo, mobiliário
urbano, tratamento paisagístico... Amsterdã tem uma qualidade de vida de dar
inveja. Escolha seu modo de transporte, que não um carro ou moto, e divirta-se
muito.
A grande mudança
na paisagem de Amsterdã é a quantidade de scooter pequenas, abaixo de 50CC,
trafegando nas ciclovias; o que me incomodou demais. Um policial de trânsito me
disse que a partir do ano que vem será obrigatória carta para condução, o que
não creio que resolva problemas futuros que certamente irão aparecer. Ciclovias
devem ser exclusivas para ciclistas, principalmente os mais sensíveis e frágeis,
como crianças, mulheres e idosos. As pequenas scooter devem rodar junto ao trânsito
motorizado, até para forçar a diminuição geral da velocidade em ruas e avenidas
e aumentar a segurança de todos. Espero que um dia seja resolvido o problema da
poluição sonora delas, que é muito alto. O mesmo para algumas motos. Em cidades
silenciosas incomoda demais. Amsterdã é deliciosamente silenciosa.
O trânsito de
bicicletas é grande, rápido e fluido. A maioria pedala forte e usa da melhor
forma possível a inércia da bicicleta. Tudo vai se ajeitando e usasse pouco os
freios, pelo menos onde não há semáforo. Onde há, se estiver vermelho, a
maioria para e espera normalmente, mesmo entre os esportistas e suas bicicletas
de estrada em ciclovias de bairro ou periferia. Como em qualquer país
civilizado a lei e os policiais são respeitados. Quem não conhece pensa que é
fácil pedalar ali, mas não é tão fácil. Conversei com vários turistas que
alugaram bicicleta e boa parte estava assustada.
Peguei uns dias
bons, até um pouco de sol. É divertido sentar num bar de esquina, pedir uma
ótima cerveja, e ficar olhando as belas mulheres passando em suas bicicletas.
Muitas estão com mini saias e suas maravilhosas pernas de fora. Não me lembrava
que as meninas de Amsterdã fossem tão lindas. Algumas são imensas para o padrão
feminino brasileiro e é fácil encontrar as que tenham 1,85m ou mais. É raríssimo ver uma gorda (ou um gordo). É
muito provável que o intenso uso da bicicleta, desde muito pequenos, tenha a
ver com a beleza dos corpos claramente sadios.
Amsterdã tem um
bom espírito. Seus habitantes são educados, simpáticos, demonstram estar bem
resolvidos, felizes. É uma cidade é leve, agradabilíssima (pelo menos com
temperaturas quentes). O que se vê claramente em cada rosto, palavra,
expressão, é fruto de uma cidade, um país, que foi criado e existe porque teve
lutar contra a água para existir. Só se controla a água quando todos estão
juntos envolvidos no mesmo trabalho, destino. Todos! Para isto é necessário
conviver e tolerar, o que a bicicleta naturalmente oferece ao usuário; ao
contrário do transito motorizado e individual que só isola. Por incrível que
possa parecer, os Países Baixos tem um dos maiores índices de motorização do
planeta. A opção pela bicicleta é resultado de racionalidade.
Bom, enfim, “I
Am sterdan”. É uma daquelas experiências que não podem passar em branco na
vida.
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