quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Postagem 1500, fiz o que luto contra

Exatamente nesta postagem, a de número 1.500, venho a público pedir desculpas. (Deveria ter pedido muito antes.) Gravei um vídeo e enviei para um grupo com uma tremenda besteira (que novidade!). Em vez de calar a boca e dar um tempo para ver, analisar, entender, buscar mais informações, mandei mensagem de bate pronto. Bingo! Bati exatamente onde vivo criticando.

Ontem foi uma ventania danada aqui. Caiu a energia por conta de uma rede de proteção da obra de um edifício em construção que saiu voando e caiu na fiação. Foi uma beleza... E, para espanto geral da nação, leia-se moradores das ruas escuras (sem energia), os caras vieram e religaram a energia meia hora antes do que foi dito.

No meio deste apagão comecei ouvir de casa uma senhora lá na Estação Pinheiros gritando para o povo pegar o Paese. 'Uai? Trem ou metrô, quem parou?'

Pela manhã descobri que a grade da ponte passarela recém inaugurada estourou, caiu e foi parar na linha do trem. Fui lá ver. E aí comecei a ter um surto de boçalidade. Olhei, olhei, olhei, tirei conclusões apressadas, gravei alguns vídeos sem pensar e soltei. Coloquei na rede besteira explícita.
Felizmente não demorou tive uma luz e percebi o tamanho do erro. Mais um vídeo e alguns áudios tentando corrigir, mas sem saber o que fazer ao certo com toda besteirada dita. Catar os cacos e colar? Dependendo da situação não dá.


Fatos:
Um dos lados da grade de proteção que fica em cima da linha férrea não aguentou a ventania e caiu sobre a rede elétrica.
A gritaria foi geral porque a ponte passarela foi inaugurada faz só 40 dias.
Por lei a norma técnica de qualquer viaduto,  ponte ou passarela, é obrigatório ter uma área de proteção mais ampla que o gradil e parapeito no espaço que fica sobre a linha férrea, o que foi respeitado. Duas, uma de cada lado. Uma destas proteções não aguentou a forte ventania.
Por que uma só?  

Sai de casa com a informação que o corrimão estava solto. Estranho, eu vi sendo soldado. E está aparafusado e soldado para não ser roubado.

Prestei mais atenção nas marcas de terra e deformações na grade causadas pelo vento do que deveria, sem olhar para a solda recém feita na base da grade que indicava que havia sido reinstalada. Não sabia que tudo havia despencado, nem pensei na hipótese.
Os vídeos que fiz foram em cima de uma análise rasa preocupada com as marcas de terra no corrimão, o que foi causado pela queda da estrutura no gramado da linha férrea e ciclovia. Burrice minha.
O que refresca minha consciência, se é que refresca, é que jornalistas tarimbados falaram também um monte de besteiras.

O que foi feito está mal feito? Não. Então por que estourou e caiu? Por que não aguentou a ventania? Posso até não gostar da qualidade do material usado nas grades e corrimões, mas quem sou eu para fazer esta análise.

Meu palpite é que houve uma forte turbulência junto a grade de proteção causada pela proximidade desta com a Ponte Bernard Goldfarb. Há vários vídeos, de várias partes do mundo, mostrando ruptura de elementos por terem entrado em ressonância causada por turbulência de vento. Um deles mostra a causa da queda de um avião comercial em razão da turbulência vinda do avião que decolou a frente. Alguns filmes mostram pontes entrando em ressonância e colapsando. 
Dá para prever? Deve dar, mas é um estudo complicado, caro, que só se faz em situações muito específicas, não para uma grade de ponte passarela.  

Quando passei de novo por lá a tarde conversei com um engenheiro e ele também acredita em turbulência. Enquanto conversava com ele,  a grade de proteção do outro lado da ponte passarela, intacta, estava sendo retirada. Absurdo. Um elemento de proteção obrigatório por lei foi retirado por que a imprensa diz que está mal feito? Mais, num dos jornais televisivos o apresentador afirmou que a construtora deveria ser proibida de fazer obras públicas. Como é que é?
Numa das entrevistas passadas na TV um conhecido disse que não se sentia seguro ao cruzar a ponte passarela. Não acreditei.

É insegura? A pergunta só pode ser brincadeira. 

E eu envergonhado com minhas besteiradas. Sim. Continuo. Errar acontece, mas não deveria, e que sirva de lição.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Lugar e momento certos, ou errados

A execução absurda de Vitor Medrado, que com certeza estava no lugar e momento errado, me tirou fora do ar. Aliás, meio que ainda estou. Este é um exemplo horroroso que jamais gostaria de postar aqui. Doi muito.

"Nesta vida você precisa sorte, competência e estar no lugar certo e hora certa". Verdade verdadeira que já ouvi de vários conhecidos, entrevistados e exemplos. O inverso também vale, e como! 

O título deste texto saiu de uma conversa sobre o abençoado que me sinto e sou. Sou de uma das gerações do pós WWII, 1955, que  viveram o que de melhor este planeta podia oferecer e o ser humano podia deleitar sem culpa (na época). Mais, nasci classe média alta na América Latina, um dos poucos pedaços deste planeta que não foram afetados pela barbárie dos dois maiores conflitos que este planeta sofreu em sua história. Mais ainda, exatamente por esta distância dos países conflituosos do hemisfério norte, alguns países do hemisfério sul tiveram a grande vantagem de serem fornecedores de alimentos e matérias primas durante e, mais ainda, no imediato pós guerras. Argentina muito em especial e Brasil bem menos. Sou paulista, paulistano, outra sorte, além de tudo tive mais sorte ainda de ter convivido com muitos dos que construíram este país moderno, em vários sentidos, dos ditos de direita, centro e esquerda, intelectuais e outros mais. Posso dizer que, com raríssimas excessões, gente boa, trabalhadora, responsável, civilizada e cidadã.

Hoje deito todos dias e agradeço as bençãos que tive e tenho. Religioso? Não, definitivamente não. Acredito. Yo no creo en brujas, pero que las hay las hay! Ou seja, acredito que tem alguma coisa, uma magia (ou não), um estar no lugar certo na hora certa que é dfinido sei por o que ou quem.
Olhando para meu passado, confesso que não consigo entender como ainda estou vivo, qual é a "benção".: aquilo que vem a calhar, que é oportuno, benéfico, de grande ajuda; bem.

"A tua missão é que define tua sorte". Cuma? Missão? Que missão? MIssão definida pela religião, a igreja, os crentes na fé? Se tenho uma missão nesta vida eu prefiro defini-la no "Yo no creo en brujas, pero que las hay las hay!". Sorte, seria? 

Agradeço porque olho para os outros, ou pelo menos procuro olhar e fazer comparações. Confesso que não tenho como agradecer e não tenho como sentir (culpa?) pelos que não são tão agraciados (?) como fui.

Corri uma São Silvestre com costela quebrada. Não ia correr, mas fui tomar um expresso com um tio e vi a largada dos deficientes físicos, como eram conhecidos e chamados então. Passou de tudo. Meu queixo quase caiu vendo aqueles bravos guerreiros da vida, herois, passarem e a pergunta caiu na minha cabeça como uma bomba: Estou com uma única costela quebrada e fazendo cú doce (para correr)? Telefonei para meu médico e ele disse que fora a (discreta) dor, não haveria outros problemas. Lá fui eu. Só de raiva fiz meu melhor tempo. Como meu médico disse, descer a av. Consolação é que seria divertido (bem dolorido), depois esquentava e ia. Fui.

Quantas oportunidades perdi pela vida por não saber avaliar bem? Quantas vezes estive no lugar e hora certa e deixei passar. O simples fato de digitar isto me revira o estômago. Hoje tenho consciência das besteiras sem fim que fiz.
Será que em nossa educação geral somos educados para perceber as oportunidades? Tem alguma forma de se educar para esta sensibilidade? 

Um dos fatos que mais me marcaram foi a história da Escola Base. Uma série de informações erradas levaram ao linchamento de seus donos, absolutamente inocentes. Os donos estavam no lugar e momento errados. 
Vi e convivi com tristeza pela vida muitos que tiveram a mesma sorte, sorte de urubu (o de baixo caga no de cima), não necessariamente numa situação tão grotesca quanto dos donos inocentes da Escola Base. 

Meu pai foi embora deixando para trás uma vida repleta, bem vivida, mas também alguns passivos chatos que nem sei se ele percebeu ou se interessou. As informações que tive sempre me levaram a fazer um juízo. Várias informações e fatos concretos construíram uma história, a dele, e por consequência a minha. E só agora alguns fatos vieram a tona e mostraram que o que se sabia não era bem como se pensava. A história dele não foge a regra geral do que se sabia. Não sabemos nada de ninguém e religiosamente julgamos sem levar em consideração o lugar, o momento e contexto. Acabei descobrindo que parte do que sempre tive como certo sobre ele não era bem assim. Ele foi brilhante no aprovitar as oportunidades que o bom viver lhe deu, o resto talvez tenha sido o resto para ele, nunca saberei, nunca conversamos aberta e honestamente. 

O lugar e o momento certos não vem de conversas abertas e honestas, mas da capacidade de julgamento da situação que se vive. Em outras palavras, educação cultura, e uma sensibilidade específica, sem o que não se pode ter uma percepção correta do que está acontencedo e o que dali pode surgir.

Lugar e momento certo em nosso tempo está muito ligado à vitória, ao vencedor. Besteira. Óbvio que tem quem nasça para midas e os nascem para merdas, mesmo sendo competentes. Não tem nada a ver com ser ou não vencedor ou  perdedor. Quem ou que se é nesta vida vem sofrendo um julgamento muito muito raso, a beira do estúpido, se não completamente estúpido. 

Os grandes fatos históricos vem sendo revisitados, reavaliados e tendo seus fatos colocados nos devidos lugares. Muito dos vencedores (e perdedores) estão sendo reposicionados na ordem dos fatos. Alguns nem mesmo continuam sendo vencedores.

Sorte estar no lugar e momento certo da vida? Não só. Entra neste cálculo muito o fator "quem não chora, não mama" e esforço, persistência. Como sempre ouço: "os chatos conseguem mais fácil". Ou correm atrás de seu lugar e momento. Não é simples assim, pero "no creas solamente en brujerias. Pero que las hay las hay"

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Brasil, ame-o ou deixe-o?

O Brasil aceitou a troca de todas tomadas em nome da segurança de seus cidadãos. Dentre outras "melhorias" apareceu o terceiro pino, o terra. Para que serve se a imensa maioria das residências não tinham e seguem não tendo fiação terra e muito menos aterramento que funcione? Boa pergunta. Melhorou a segurança da população? É mesmo? Não é o que os números do Governo Federal apontavam. Não acabaram os gatos, nem a falta de padronização do sistema elétrico. O único lugar do planeta que usa este padrão de tomada é o Brasil. Antes fazíamos parte de um grupo de 34 países que continuam usando o padrão que aqui foi trocado na marra, na base da ameaça do Governo Federal, sem que ninguém entendesse porque e sem que houvesse uma manifestação coletiva para frear o absurdo. 
A melhor definição, trágica, de como foi eficiente a ação em nome da segurança de todos, foi o Museu Nacional ter virado cinzas.
De quem é a responsabilidade? Teria sido do silêncio geral? Da aceitação coletiva de cabaça baixa?

Em 2012 fiz um curso e nos três meses que estive fora minha casa foi invadida quatro vezes. Quando voltei descobri que mais quatro terrenos, ou casas, como queiram, vizinhos, tinham tido problemas semelhantes. O mesmo ocorrera do outro lado da rua, onde mais outras cinco casas vizinhas, ou terrenos contiguos, como queira, também tinham sofrido ação da bandidagem no mesmo período. Dos dez invadidos fui o único que fez B.O.. 

No dia do desmoronamento das obras do metrô terminal Pinheiros, homens da PM tiveram que obrigar funcionários de um escritório da rua Capri  a deixar o imóvel antes de terminar uma reunião de trabalho e sair da casa. Protestaram, mesmo sabendo que estavam praticamente pendurados na imensa cratera que seguia ruindo. 
No edifício Passareli, que também beirava a instável cratera, a rampa do estacionamento congestionou e parou, mesmo sob a ordem para todos deixarem tudo para trás e evacuar imediatamente o local. 
No meio do caos generalizado das ruas do entorno da cratera que se abrira, um morador do bairro ficou na esquina da rua Para Leme com Eugênio de Medeiros organizando o trânsito. Chegou um carro da Choque e um dos PMs ordenou que ele saísse de lá ou seria preso. O povo que estava em volta só olhando falou em alto e bom tom que ele estava ajudando e que se tentassem prender iria ter confusão. O homem continuou cumprindo meu dever de cidadão. Eu não entendi se a reação foi pelo bem de todos ou porque quem ordenara tinha sido um PM. De qualquer forma, o sujeito ficou ali só, com todos em volta olhando a confusão sem fazer absolutamente nada.

São inúmeros os casos onde o brasileiro simplesmente se omite, diz que não é problema dele, mesmo quando pode e deve agir ou reagir. Não resta dúvida que muito dos dramas que estamos vivendo são resultado direto da negativa de entender e assumir o básico: unidos venceremos. 
Como é cada um por si, e todos com medo de reagir, o pior da bandidagem não só faz o que quer e bem entende numa festa macabra, como deve estar rindo da covardia. Quem ganha? Alguém tem dúvida?

Em 1975 três rapazes de classe média foram metralhados e mortos pela ROTA 66, uma gota d'água num processo de saturação social com os acontecimentos de então, principalmente com a violência. O assassinato de Wlado Herzog no mesmo ano foi bem mais que do que simplesmente outra gota d'água, mas um transbordar do copo, da pia, da banheira... A partir daqueles e de outros fatos a população reagiu e acabou dando um fim na ditadura. 
Eu conhecia de vista os três, sendo que vez ou outra conversava com Pancho, um deles. Estive na missa de 7º dia numa igreja pequena de Higienópolis. Fato é que a sociedade reagiu e começou a por fim, pelo menos diminuir e muito, a violência policial.

A manifestação contra a violência realizada pelos amigos, conhecidos de Vitor Medrado, mais cidadãos, reuniu 400 ciclistas, o que gerou notícias em todos meios. 

"Não pode continuar assim! Temos que fazer alguma coisa!" ouví de vários. 

Em dois palitos chegaram à primeira pessoa que pode ter relação com a execução. A notícia só não teve mais repercussão porque o ex prefeito de sei lá onde encomendo um auto atentado.
E no Rio estão tentando a todo custo prender um traficante que, pelo que entendi, criou o TC, Traficante de Cristo, numa área ou bairro chamado "Israel". Acredite se quiser.

"Brasil, ame-o ou deixe-o", adesivo da época da ditadura.
Desculpem, mas este caos completo que vivemos não é uma continuação macabra de nossas opções?

   

A história do cornowagen e o que somos


Lhes apresento o "cornowagen". 
Mas não é um Fusca? perguntarão.
Sim, é um Fusca com teto solar original de fábrica. Foi fabricado no Brasil em 1966. Foram vendidas algumas unidades, mas logo foi retirado de produção. 
Por que? perguntarão.
Simples, no Rio de Janeiro apelidaram o bendito Fusca de cornowagen, a piada colou, e ninguém mais queria ter ou comprar um. 
Para mim a história do cornowagem define com perfeição o que somos nós, brasileiros, e faz tempo, muito tempo, afinal, num país tropical, quente, uma piada matar um carro que com teto solar aberto era uma delícia rodar, só aqui. A piada foi boa, o comprar a besteira como verdade foi uma vergonha, um símbolo inequivoco de ignorância e insegurança sem tamanho.  
Detalhe: não se fazia a mesma piada com os carros importados. Muito pelo contrário, aí teto solar era chique, objeto de desejo. Corno rico é outra coisa? 
O modelo da fotografia é alemão. O brasileiro tinha uma segunda barra de proteção no para-choque.

Que Brasil você quer?
Que cidade você quer?

Quantos de nós seremos ameaçados, espancados ou executados por um celular?

Não entendeu o que o cu tem a ver com as calças? 
O Brasil é o país das jabuticabas, dos jabotis que sobem em árvores. Esta é nossa escolha. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Vitor Medrado. Mais um assalto? Ou excução? Quem se importa?

SP Reclama
Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Vitor Medrado sofreu um latrocínio ou uma execução? A filmagem mostra Vitor parado ao lado de sua bicicleta, desce o carona da moto, levanta o braço e dá um tiro, Vitor cai e o atirador se abaixa para pegar algo. A cena é brutal, remete a tantas histórias que se tem ouvido cada dia com mais frequência, primeiro atira, depois assalta, violência pura. Sou de uma época que mesmo bandido sabia de limites que não devia passar - até no meio dele. Não existem mais. Por que? O que fazer? Se está dando um revide contra as ações policiais desmedidas na periferia e favelas? O que interessa, e não é de agora, é encontrar uma forma de parar com a barbárie institucionalizada e geral, e só vai parar quando soubermos o que realmente está acontecendo. Por que esta mudança de comportamento? Sem o fortalecimento da perícia, legistas e investigação não se vai conseguir dados. Sem a troca de dados entre polícias, estados e federação não teremos dados confiáveis. Sem dados corretos e confiáveis até a justiça não consegue executar a contento seu trabalho. A quem interessa? Pelas notícias políticas que temos é justo desconfiar. A questão, de novo, não é esta. É dar um basta, que não se dá. É apavorante! Apavorante não é mais a barbárie, mas o silêncio da sociedade. Então vem a pergunta pertinente que não quer calar: quem será a próxima vítima de latrocínio ou execução? Aguardem, porque virá, isto é líquido e certo. Sem dados, sem conhecimento, sem universalidade, ou, sem saber o que está realmente acontecendo, mostramos que aceitamos isto tudo como normal.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Educação digital aqui e no Uruguai

O JN / TV Globo fez uma série de matérias sobre a nova era digital e como estamos o Brasil. Digo eu: mal, muito mal. A matéria comparando a educação no Uruguai com a que temos aqui no Brasil nos diz que temos uma uma situação vergonhosa, em vários sentidos. A meu ver, a Globo suavizou um pouco o que acontece por aqui, mas faz parte do jogo. 
Foi uma semana de matérias de 10 ou 15 minutos cada, enfocando diversos aspactos da situação geral do que acontece no setor digital,  e porque não dizer, de nosso futuro. Uma destas matérias, a das centrais de super computadores, eu comentei em um post passado. 
Para mim foi um choque a comparação entre a educação digital no Uruguai e aqui. Aliás, não foi muito porque conheço o Uruguai e as diferenças gritantes entre nós e eles começam, ou passam, ou terminam na educação formal, informal, e social dos dois países. Me foi comentado que eles são um país pequeno e que administrar e resolver problemas fica muito mais fácil, o que está correto, mas está longe de ser o âmago da questão.

Fato é que, aqui nem quando entram numa escola e depredam ou roubam a reação da sociedade é a devida, lembrando que polícia, investigadores, e justiça são parte do que se chama sociedade, fora o povo, que se entendesse de fato sobre o que se trata educação e o valor de uma escola jamais permitiria tantas barbaridades.

Os governos querem o povo educado? Tudo indica que não, inclusive aqueles que se dizem donos da justiça social. Se quisessem de fato boa parte de nossos problemas estariam resolvidos, inclusive a alfabetização, o b a ba, o 2+2=4, coisas assim. Dizer-se protetor dos fracos e oprimidos e com 20 anos de governo não ter mudado radicalmente os números vergonhosos que temos é o que? A universidade nos salvará? Piada! 

Educação digital? Mais que urge, mas quanto se tem que corrigir para não ser um simples ato de populismo? Notebook em escola que é um forno e tem goteiras, quando não falta energia ou internet? Quando não entram e roubam tudo? Etc...
(Esquece o esgoto. Não dá para ver. O que não se vê não dá voto)

Eu recomendo muito, para quem se interessa pelo assunto, que busque as matérias do JN TV Globo. Ótimas!






quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

O que fazer com o Jardim Pantanal?

Rádio Eldorado FM 
SP Reclama
Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Passou e muito a hora de discutir a sério o problema das águas. Melhor, água não é problema, é solução, a questão é a forma como é pensada, tratada e trabalhada. Parece que ainda não aprendemos isto. Jardim Pantanal é um ótimo exemplo do que nunca deveria ter acontecido. Permitir que uma população se instale num local que inevitavelmente vai inundar não deixa dúvidas sobre a forma displicente, para dizer o mínimo, como foram e continuam sendo tratadas não só as águas, mas tudo. Empurra-se com a barriga, todos calam, soluções mágicas e populistas saem aos montes, dinheiro público é jogado pela janela ou vai sabe-se lá para onde, e assim vamos. Dinheiro público mal aplicado é um crime contra o futuro. A cada enchente quem sofre, e muito, são os moradores locais, mas quem acaba pagando a conta dos desvarios é a cidade, em outras palavras, somos todos nós. Se temos algum respeito pelos outros, pelo menos pelo próprio bolso, urge retirar toda aquela população do Jardim Pantanal, mas retirar da forma correta, com dignidade, pagando o que for necessário. Pechinchar neste caso é burrice. O que está em jogo é o recado que se dará a todos, ao futuro da cidade. Mantê-los lá é sinalizar que a cidade continuará tentando corrigir dramas crônicos que inevitavelmente voltarão a ocorrer, sob os custos e o futuro de todos contribuintes, sem exceção, aliás, principalmente em cima dos mais necessitados. O verdadeiro futuro está em saber dar um basta e encarar situações difíceis com medidas até desagradáveis. O lenga lenga do populismo mata, não tenham dúvida. 


Qual é o custo para toda cidade remover todos com diginidade do Jardim Pantanal? Ouvi que são 45 mil habitantes. Mesmo que sejam mais, estão numa área que foi, é e será alagadiça, ponto final, portanto o drama é eterno. Usar as técnicas holandesas? Não é a técnica, é a postura da população dos Países Baixos, dentre eles os holandeses, que consegue conter as águas. Contem se as águas nos Países Baixos porque eles vivem sob o manto da qualidade total. E nós? Vai dar certo aqui? 
Removendo aquela população, qual o recado seria dado para futuras invasões em áreas de proteção ambiental ou alagadiças? Sejam elas legais ou ilegais.
Qual é a quantidade de água que se retem na área do Jardim Pantanal? Qual o reflexo que aquela área desocupada e alagadiça, como deve ser, vai ter em outras áreas da cidade? Qual a diferença de tempo para a chegada das águas em áreas alagadiças rio abaixo? Qual a diferença que faz na prevenção e socorro para quem está rio abaixo?
Quanto foi gasto pelo poder público nestes 40 anos na prevenção e recuperação pós enchente do Jardim Pantanal?
Quantas perguntas não estão respondidas? Como estão sendo tomadas as decisões? Por que não sabemos de praticamente nada?

A história do Jardim Pantanal vem sendo contada sem detalhes. Até agora não sei se foi ou é invasão, se é escritura passada, de quem eram os terrenos, quem e porque permitiriu que o pessoal se instalasse lá. Quem apoiou a permanencia e novos habitantes lá?    

Jardim Pantanal é a pauta do dia. Por que não ir fundo? Por que não divulgar como se chegou a isto, dando nomes aos bois? Por que não discutir o tema sem papas na língua?

Por que não ir para o radical? Assume a várzea do rio para a cidade. Assume o erro brutal do passado. Assume o que especialistas sempre disseram: roubaram a várzea do rio, esta é a causa das enchentes. No caso do Jardim Pantanal o agravante é que, pelo que se ouve das notícias, o terreno é mais baixo que o rio. 

Não estou falando em chutar a população atingida, mas que todos, a população da cidade, se responsabilizarem pelo erro absurdo cometido no passado.
Eles merecem respeito, assim como todo o resto da população merece. Pensar isolado é não pensar na cidade. Não dá mais para "deixa assim, com sorte não vai acontecer nada". É um posicionamento completamente estúpido, improdutivo, sabotador do futuro.
A questão toda é que se continua pensando local, quando o problema é macro.
Tenho 70 anos e estou farto de ver soluções improdutivas e populistas.

Eldorado FM teve muita importância sobre a mudança do entendimento do que deveria ser os rios e as águas. Por que não aproveitar a oportunidade e levantar a questão das áreas alagadiças? E os córregos? As nascentes?

Não é sobre o Jardim Pantanal, é sobre a cidade.
Até quando vamos ficar pagando por erros de outros, não importa se de boa ou má fé? Basta!

SPTV, 06 de fevereiro de 2025: 71% dos moradores do Jardim Pantanal são mulheres e 32% crianças. Mais uma razão para tirar todos de lá o mais rápido possível. A questão é tirar com respeito, não dando esmola.
Aliás, se o problema se arrasta a 40 anos, como não se fez algo para definir, ou resolver definitivamente o problema?
A discussão sobre o que fazer fica mais insustentável. Tem que ir e resolver, ponto final.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

"O desafio do ambientalismo responsável", Estadão

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo


"O desafio do ambientalismo responsável" publicado no Opinião do Estadão deveria ser matéria de capa. Somos a sociedade dos exageros, em todos sentidos. Quanto mais melhor, e desta verdade não escapamos sequer quando o assunto é sério e nos afeta profundamente. Tenho 70 anos, o que me fez ver uma transformação ambiental que, sem exageros, se pode dizer assustadora - para pior. Mas bem antes da minha terceira idade (?), e por causa da sua consequente maturidade (?), caiu a ficha que para resolver de verdade um problema se deve buscar olhar para tudo que é correlato, e tentar avaliar causas e consequências. Fazer no impulso ou com miopia não raro não resolve como agrava a situação. Trabalhei uns 30 anos com segurança no trânsito para ciclistas, ou como prefiro dizer, a transformação do meio ambiente, leia-se cidade e cidadãos, para o bem de todos, sem excessão, através da implementação do uso racional e sensato dos modos ativos de transporte, incluindo a bicicleta. Modos ativos eram então chamados de "não motorizados", o que incluia pedestres, o que diz muito sobre aqueles tempos. Misturar segurança de ciclistas com "quantos km a mais, melhor" incorre em vários erros, inclusive na segurança do próprio ciclista, mas não vamos entrar aí. É necessário ter consciência de pelo menos as variáveis momento / viabilidade / custo / benefício. Muito além do politicamente correto "um carro a menos", como é o discurso corrente entre ciclistas. O ideal é ter muito muito menos veículos particulares circulando, ninguém nega, mas como, de que forma? Eis a questão. O que se discute há tempo é raso, cheio de propostas mágicas, inconsistentes da forma como são apresentadas. É óbvio um monte de coisa que se fala, a princípio e sem uma análise mais apurada. O que em toda a questão de transformação ambiental urgente não foi nada óbvia foi o como fazer com inteligência, sabedoria e sensatez. O "engulam por que é legal" definitivamente não é legal, mais, é sabidamente improdutivo. Passamos da hora de ouvir, entender, conversar e acertar, em tudo, não só na urgente causa ambiental. O buraco é muito mais embaixo, o que dá medo, o que leva a acreditar em contos da carochinha.
Parabéns pelo sensato texto publicado. A única crítica é que, um texto como este, pela sua importância, deveria ser aberto a todos, não só assinantes.