sábado, 27 de fevereiro de 2021

Empoderou? Democracia?

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Lendo um jornal jogado no chão da oficina sobre o Scandinavian Day, (Estadão, caderno especial Mídia Lab, 27 de novembro de 2020) dei de cara com o verbo "empoderar" que me causa arrepios e nunca soube por que. E caiu a ficha: a saída não está em conceder, dar ou ter poder, o que é a definição de "empoderar", mas em direitos, deveres, senso de coletividade, equidade, legitimidade. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa completamente diferente.  
Democracia, da forma como tem sido usada e abusada, é outra palavra que a cada dia me dá mais arrepios. Não é a palavra democracia, muito menos o que deveria ser a democracia, mas a vulgaridade e falta de respeito com que é tratada. Repetem a besteira como se repetindo sem parar as pessoas um dia aprendam o que é democracia e como ser um democrata. Opa! voltamos a minha escolinha de infância onde o que valia era o decoreba? Até vejo a professora na lousa mandando a classe repetir. Pelo amor de Deus, não! Deus está contigo e está conosco até o pescoço cantava Elis Regina na maravilhosa música Cartomante de Ivan Lins, um dos hinos da queda da ditadura. O discurso "democracia" que temos faz muito, um pouco mais de 10 anos, cheira tanto a ditadura, que por sua vez pode ser traduzido em populismo. O que temos hoje então.... que horror.
Não é um jogo de poder, mas a construção de um coletivo equilibrado e autossustentável. Não é empoderar, não é direito, (não é ciclovia, não é segregar, não ter poder segregado,) não é impor democracia goela abaixo, mas construir. Em sociedade que duvida ou critica, praticamente a mesma coisa, que 2+2=4 poder vira arma de luta. Aí está o erro, crasso!
Os países nórdicos e os Países Baixos, leia-se Holanda, viraram referência porque são coletivos. Coletivos! no sentido literal. O mesmo para onde haja a liberdade de uma democracia de fato. O resto é resto.


domingo, 21 de fevereiro de 2021

Tijolada na testa

Faz uns dias um ciclista tomou uma jaca no meio da moleira - literalmente. Foi no Rio de Janeiro, na Vista Chinesa. Uns dias antes parado numa esquina esperando o sinal abrir tomei uma goiabada na face e ombro. Era hora do almoço, fome, o cheiro da goiaba delicioso, mas não deu para seguir, tive que fazer meia volta para casa para trocar a camisa e lavar o rosto. Lendo a notícia sobre a jaca da Vista Chinesa lembrei de minha goiabada e me perguntei se seria uma jaca mole ou dura. Rachou o capacete, devia ser dura. 

Estou lendo "Adeus, Columbus", livro de estreia de Philip Roth, um dos melhores e mais renomados escritores americanos. Já é tarde, pelo menos para mim, 23:10 h, e abri o computador para escrever o croqui deste texto, coisa que antes de ir para cama não faço mais. De qualquer forma não vou conseguir dormir depois de ler de uma tacada só o segundo conto do livro, A conversão dos Judeus, história de um adolescente e a relação com sua mãe e seu rabino. Me faz lembrar minha pré adolescência no colégio de padres, o que não foi uma experiência muito fácil. 
Normalmente leio mais de um livro por vez. O outro é "Competência social: mais que etiqueta uma questão de atitude" de Lícia Egger-Moellwald e Hugo Egger-Moellwald. O título diz tudo; o livro é divertido, fala sobre obviedades que nem sempre as fazemos óbvias. Deveria tê-lo lido quando pequeno e tudo teria sido bem mais fácil. Se há uma coisa que não tive foi competência social. Melhorei muito, mas ainda continuo duro de roer. O custo foi e continua sendo alto.

Lá pelo começo dos anos 90, naesquina da avenida Ipiranga com São Luís, também parado esperando o sinal abrir, com um motoboy a minha esquerda e um (ônibus) elétrico a minha direita fui bombardeado no ombro com um omelete completo. Olhei para os céus, procurando em conjunto com o motoboy e o motorista do ônibus, e vimos o urubu cagão. Caímos os três na gargalhada, daquelas de lágrimas nos olhos e tirar o fôlego. Quando cheguei em casa minha mãe teve dois ataques, um ao ver o estado de minha camisa e o segundo, às gargalhadas, ao saber da causa.

Já engoli mosca - literalmente - pedalando. Morro abaixo, freio solto, a milhão, boca aberta, o inseto bateu no fundo da garganta, dói e dá nojo. Dizem os médicos e treinadores que não se pode mastigar; ou cospe inteiro ou engole. Engoli. Bah! Não sou sapo.

O livro Competência social tem sido um pesadelo para mim. Me senti como se estivesse no confessionário e o padre por trás da treliça estivesse lendo os primeiros capítulos e perguntando "Meu filho, você já fez este pecado (toca leitura do competência social)" e eu, profundamente consternado, suando frio, respondo "Sim, fiz, fiz, fiz!" com dor no estômago e uma série de filmes, Pesadelo 1, Pesadelo 2, Pesadelo 3... passando pela consciência. 
A falta de cuidados básicos com as formalidades sociais me fez comer muita mosca, quando não engolir sapos. Jaca na cabeça seria moleza, dura ou mole, a jaca, não a cabeça.

Olhando para trás na minha vida vejo os erros que fiz pela vida e me arrependo muito, muito mesmo. O tempo não volta. E neste exato momento, depois da leitura do conto de Philip Roth, uma maravilhosamente bem escrita paulada na minha cabeça, vejo que com relação à bicicleta e ao pedalar fui bem correto, o inverso do que fiz com meu social.  Como ciclista urbano me arrependo de pouco, o que me deixa feliz. Daí talvez o porque da necessidade de pedalar e a liberdade que me traz.

Li de enfiada o "História politicamente incorreta do mundo" de Leandro Narloch que me aliviou a angústia no peito das duas outras leituras diminuindo meu sentimento de culpa com meu passado. Deveria ter lido quando novo e não teria cometido tantos erros porque não teria mistificado tanto pessoas e situações.

Amadureci, isto é que importa. 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Acharam minha carteira...

- Quantos litros você está usando para descarga?
- Depende. Tem merda que vai mais fácil e outras que ficam boiando; Titanic total, demora mais vai. É uma merda; tem que jogar mais de um balde (de água). Mas normalmente vai com um balde só. Descobri que o ângulo e velocidade que você joga a água faz muita diferença. 
- Já consegui até com 7 litros.
- Estou tentando técnicas diferentes, mas não cheguei a uma conclusão
- Por sinal, quer mais um tonel de água? 220 litros.
- Opa!

Parece conversa de loucos, mas não é. É coisa séria. Nossas represas estão muito baixas. É um erro falar que "está chovendo muito" e imaginar que podemos desperdiçar água. Mesmo com as represas cheias São Paulo tem pouca água por habitante. Temos que racionalizar o seu uso em tudo; no meu caso, diabético que vai "n" vezes por dia ao banheiro, não usar água tratada da SABESP para dar descarga é uma medida de economia para lá de sábia.   

Fui pegar mais um tambor reciclado de 250 litros para estocar água de chuva. Já tenho três, mais que suficiente para estação das chuvas, mas insuficiente para os longos meses de seca. Vou ter um pouco menos de 750 litros de água captada da chuva, uma boa medida. Antes dos baldes de água de chuva gastava 6 metros cúbicos / mês, agora gasto 2 m², se tanto.
 
Fui pedalando. Na volta, com o tambor pendurado em minhas costas toca o celular e excepcionalmente atendo. 
- Sr. Arturo?
- Quem gostaria de falar?
- Achei sua carteira, diz uma voz de senhora. Meu filho achou sua carteira (ouço enquanto coloco a mão no bolso e me dou conta que é verdade). Um minuto que ele vai falar.
- Obrigado
- Sr. Arturo, achei sua carteira no chão da rua Pirajussara com Dr. Dráusio. Onde o senhor está?
- Estou num cruzamento da av. Eliseu de Almeida com... com.. espera um pouco, deixa ver. Olho para os lados buscando os nomes das ruas, não vejo direito, gaguejo um pouco, mas falo; rua Mariani.
- Estou a duas quadras do senhor. Também sou ciclista. Um minuto e chego ai; e fico imaginando que ele virá lá de onde peguei o tambor, uns 3 km. Vai demorar, resmungo.
De longe vejo uma figura caminhando e pronto para cruzar a rua e a avenida no meu sentido. Deve ser ele, penso, olho mais um pouco e ele acena. Definitivamente é ele, e aceno também. 
Sorridente me entrega a carteira e agradeço. Começa a falar como se já tivéssemos nos conhecido, não o reconheço, mas ele conta onde mora e fala com paixão sobre sua linda Barra Circular que um dia parei e elogiei muito, e então me lembro.

Nos despedimos. Sigo em frente com o tambor pendurado às costas. É impressionante como esta situação não chama mais a atenção. Bicicleta virou coisa normal. Interessante, muito interessante. No sinal fechado para cruzar a Francisco Morato para ao meu lado um conhecido, que também não reconheço a princípio, mas ele fala comigo e logo lembro. Saímos juntos, cruzamos a ponte Euzébio Matoso conversando e pedalando forte, entramos na Marginal e passamos por baixo dela, e seguimos pedalando e conversando. Entro em minha rua, ele segue em frente. Óbvio que vergonhosamente não me lembro mais do nome dele. 
Chego em casa com o imenso tambor de 250 litros. Quando solto a mochila onde ele está amarrado dou conta que estava preso a minhas costas por um fio. Não saiu rolando no meio do trânsito por puro milagre. Imagine um trambolho destes rolando solto no meio da ponte ou marginal.  
Alguém lá em cima me ajuda, não é possível. A carteira, depois o barril que não caiu. Quem quer que seja tem um saco de ouro comigo. Anyway muitíssimo obrigado. De alguma forma retribuo. E desculpe pelo trabalho.

Vou colocar o baril no lugar correto para captar água da chuva. Seu interior tem uma espécie de gel sem cheiro, mas me dá uma leve coceira. O que será? Fico preocupado mesmo sabendo que a casa onde comprei é tradicional e deve ter licença ambiental; ...imagino eu.



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Chick Corea

Estou sentado no aeroporto de Houston esperando a conexão quando se aproxima um grupo que vem e senta ao meu lado. Um deles carrega uma caixa fora dos padrões da segurança aeroportuária que se parece com um porta instrumento, provavelmente um metal, um trompete alto. Pergunto ao senhor que o acompanha e senta ao meu lado se é instrumento e ele responde que sim. Diz que vão fazer um show em Boston e iniciamos uma breve (agora sei que foi breve) e simpática conversa. O alto falante chama os passageiros e eles se despedem. Acompanho a caixa de instrumentos que entra pelo finger e desce para o avião. Me pergunto como deixam uma caixa daquelas ir na cabine. A resposta veio a noite no noticiário da TV: era Chick Corea e sua banda.
Hoje foi anunciada a morte de Chick Corea, uma senhora perda para a humanidade e a música. Adoro sua música. Fico feliz de ter conversado com o ser humano Chick Corea, não com o artista que adoro. Óbvio que meu emocional teria sido afetado e conversa também; sou gente. Para eles, artistas famosos, faz muita diferença um minuto de respiro onde conseguem sair do famoso para voltar a vidinha que nós mortais levamos.
Obrigado Chick Corea
Tempus Fugit


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Ciclofaixas no Alto de Pinheiros / Pinheiros e a circulação de ônibus por ali

Rua Sumidouro, corredor de ônibus a duas quadras da Estação Terminal Pinheiros. Do outro lado da rua a ciclofaixa Costa Carvalho - Eugênio de Medeiros

Rua Paes Leme, corredor para os ônibus que saem do Estação Terminal Pinheiros sentido Centro e outros destinos, passando pelo Largo de Pinheiros onde os defeitos no concreto aumentam. Não há dinheiro para fazer os reparos?

Ciclofaixa rua Eugênio de Medeiros, uma quadra acima da Estação Terminal Pinheiros, zero ciclistas.

Novas ciclofaixas no Alto de Pinheiros
Av. Antônio Batuíra que liga a Marginal Pinheiros (av. Dra. Ruth Cardoso) à Praça Panamericana. Passo por lá com muita frequência e é raro ver um ciclista pedalando. Tem o Clube Alto dos Pinheiros, para onde vão alguns pouquíssimos ciclistas.

Olhem a sequência de fotos
O comportamento destes dois ciclistas é o mesmo aqui ou em qualquer parte do planeta quando o caminho que ele tem pela frente não faz sentido ou privilegia os automóveis. 
Os ciclistas descem pela av. dos Semaneiros, que sai da Praça do Pôr do Sol e termina na Marginal Pinheiros (av. Dra. Ruth Cardoso). Um cruza a Pedroso de Moraes e segue em frente, o outro pega a ciclovia da Pedroso no sentido Praça Panamericana.









Para os ciclistas quando não havia a ciclofaixa era mais fácil e seguro cruzar. O complicador são os carros que dobram a direita, principalmente à tarde, para pegar a av. dos Sesmaneiros e acessar a Marginal Pinheiros. Mesmo neste horário é raro ver ciclista. Na esquina da Marginal está o Clube Alto dos Pinheiros, mas a rua Guerra Junqueiro onde está a portaria do clube, e o paraciclo, tem mão contrária para quem desce a Sesmaneiros. Também próximo à Marginal está a Ponte Cidade Universitária. Passando por baixo da ponte se tem acesso a Ciclovia do Rio Pinheiros, apelidada Ciclovia Capivara. O acesso é feito pela calçada que é estreita e tem muito trânsito de pedestres, um triste caos. 
Reforço que o trânsito de carros ou de ciclistas na av. Semaneiros é muito baixo, muito baixo mesmo, para justificar uma ciclofaixa.

Rua Simão Alvares
Nunca vi trânsito suficiente ou perigos que justificassem a implantação de ciclofaixa na rua Simão Álvares. Aliás, a bem da verdade, nunca vi trânsito. Já na rua Inácio Pereira da Rocha (o cruzamento da primeira foto), onde passa um tanto de ciclistas não se fez nada, e confesso que não sei o que faria porque o trânsito é intenso praticamente o dia todo. Mas gastar dinheiro na Simão Álvares, para que?

Rua Simão Álvares com cruzamento da Inácio Pereira da Rocha. A ciclofaixa de mão dupla termina na Teodoro Sampaio (segunda foto, ao fundo), uma das ruas mais movimentadas do bairro por onde passa a maioria das linhas de ônibus que sobem para a av. Dr. Arnaldo, av. Paulista e av. da Consolação sentido Centro e outros. Na Teodoro circulam muitos ciclistas sem espaço. Não entendo porque a ciclofaixa de mão dupla da Simão termina na Teodoro.
Passando a Teodoro Sampaio o ciclista entra num trecho sinalizado para trânsito partilhado com os automóveis, o que não vejo problema para quem está no sentido da mão. O que não dá para entender é como o ciclista que quer ir no sentido contrário, para Vila Madalena, deve se comportar saindo da Artur de Azevedo, já que a ciclofaixa de mão dupla só começa 300 metros depois.



Como já disse, o trecho sinalizado termina na rua Artur de Azevedo, uma ciclofaixa que é bem usada. Seguindo em frente mais um quarteirão o ciclista chega na rua dos Pinheiros, linha reta entre o Largo de Pinheiros e a esquina da Rebouças com Brasil, cheia de bares, cafés, lanchonetes e restaurantes, desde sempre cheia de ciclistas, na mão, na contramão, nas calçadas, vindos de todas as partes. Estranhamente na rua dos Pinheiros não há qualquer sinalização sobre ciclistas. Nem paraciclos. Ok, há um trecho de ciclofaixa entre a Cunha Gago e a Faria Lima, mas dou a dica para fique uns minutos na esquina da Artur Azevedo com a rua dos Pinheiros para ver o que acontece.

Voltando a Simão Alvares; quero ver o que vão fazer no início dela, na rotatória que há em Vila Madalena. Aliás, quero ver onde termina esta história. Infelizmente não acredito na controladoria do estado.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Ciclofaixas no Alto de Pinheiros - Av. Diógenes Ribeiro de Lima

Ciclofaixa na Av. Diógenes Ribeiro de Lima
Tirem suas conclusões


Av. Diógenes Ribeiro de Lima a uns 500 metros do Cemitério da Lapa. Ciclistas circulam pela área, tenho amigos ciclistas que mora por lá, inclusive Teresa D'Aprile que está sempre bem informada, e nunca ouvi uma palavra sobre acidente envolvendo ciclista. O convívio com os motoristas é tranquilo.


Av. Diógenes Ribeiro de Lima e ponto de ônibus


Av. Diógenes Ribeiro de Lima e ônibus parando no ponto. O embarque / desembarque foi demorado. O ciclista vai esperar ou vai contornar? Se não esperar vai passar o ônibus pela rua ou no estreito espaço entre a banca de jornais e o comércio?


Av. Diógenes Ribeiro de Lima e pequeno shopping. A visibilidade dos motoristas na saída deste shopping é reduzida para o trânsito que sobe a Diógenes. Aliás, a visibilidade dos motoristas que descem esta rua que se vê a esquerda da foto também é complicada. É descida e os ciclistas vão ter uma aproximação rápida.


Av. Diógenes Ribeiro de Lima e saída do shopping. A visão dos motoristas que se aproximam desta saída não é das melhores por ser em curva e subida. A árvore é um obstáculo visual que diminui o tempo de reação dos motoristas. Se o ciclista tiver que desviar...


Av. Diógenes Ribeiro de Lima com rua Pio XI. É um dos poucos pontos da Diógenes que hoje apresenta alguma tensão. Na esquina há um supermercado e vizinho um posto de gasolina, ou seja, constantes entradas e saídas de veículos. Ademais a Pio XI é uma descida acentuada que vira e mexe despenca um ciclista. O semáforo da Pio XI é de três fases, o que complica um pouco mais a situação. A quantidade de pedestres, muitos idosos, circulando e cruzando as ruas é grande e já hoje a situação para eles está longe de ser a ideal.


Av. Diógenes Ribeiro de Lima com rua Pio XI olhando sentido shopping


Av. Diógenes Ribeiro de Lima com rua Pio XI olhando sentido contrário.


Av. Diógenes Ribeiro de Lima com ponto de ônibus em frente ao conjunto BNH. Um pouco antes deveria ter um cruzamento de pedestres na rua Ariqueme, um dos acessos ao BHN e esquina com uma das saídas do Condomínio Ilhas do Sul.


Av. Diógenes Ribeiro de Lima descida sentido Praça do Pôr do Sol. É quase plana, o ciclista pedala numa velocidade compatível com a velocidade do trânsito. Como será pedalando no sentido contrário dos ciclistas que sobem?


Av. Diógenes Ribeiro de Lima cruzamento com rua Murajuba onde estão trabalhando para instalar acalmamento de trânsito, ou seja, vão estreitar o acesso à Av. Diógenes Ribeiro de Lima



Av. Diógenes Ribeiro de Lima cruzamento com rua Japiaçoia e mais três ruas. Semáforo de três fases. O ciclista a minha frente tomou um susto com o carro fazendo a convergência à esquerda. A sinalização não está completa, mas não será fácil de resolver já que também os ônibus convergem.


Ciclista na hora do susto

Ciclista com filha pequena na cadeirinha cruzando a mesma esquina. Esta ciclofaixa junta-se a ciclovia que dá no Colégio Santa Cruz

Ainda não foi implantada as pontas da Diógenes. Tenho curiosidade para saber como vão resolver o cruzamento com a Queiros Filho, como farão para quem quer descer sentido Ponte Jaguaré. Na outra ponta a Diógenes fica intensa a partir da Praça do Pôr do Sol até a Pedroso de Moraes, intensa e estreita. E o que farão com os ciclistas que querem pegar a Pedroso de Moraes sentido Rebouças, onde dependendo do horário o trânsito é pesado.

Sempre teve movimento de ciclistas circulando em toda A. Diógenes Ribeiro de Lima, de seu começo na Av. Pedroso de Moraes, um pouco acima da av. Faria Lima, até a Queirós Filho / Cemitério da Lapa e nunca ouvi falar sobre problema. Faz algum tempo morreu um ciclista que segundo disseram, passou batido no sinal vermelho, caso isolado.

São inúmeros os caminhos alternativos para os ciclistas, agradabilíssimos e não raro mais rápidos que a ciclovia da Pedroso de Moraes porque não tem semáforos. Bastaria acertar três cruzamentos nas avenidas que saem da Praça Panamericana, o que ajudaria muito a vida dos inúmeros pedestres que circulam por lá. Estão sendo perdidos porque seus moradores estão conseguindo o fechamento de alguns trechos. A saber, mais movimento de pedestres e ciclista diminuem os problemas com violência.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Ciclofaixas na av. Rebouças?

Para quem não é de São Paulo, av. Rebouças é a continuação da av. Francisco Morato, que por sua vez é a continuação da Rodovia Regis Bitencourt. É um dos eixos que ligam norte - sul. É uma das avenidas mais movimentadas da já muito movimentada capital paulista, dia e noite. 

A primeira coisa que me veio à cabeça quando vi as ciclofaixas implantadas na av. Rebouças foi "E os motociclistas, como ficam? O espaço para eles circularem entre os carros já era estreito, agora como fica?" Começo por aí.

Errado, eu estava errado. 
... e este texto ficou um bom tempo no Rascunho do Blog, um bom tempo, e aí me pergunto: Ou não, eu não estava errado?

Normalmente demoro para soltar os textos para fazer correções, quando não até modificações no sentido do que estou pensando e escrevendo. É o que deve acontecer aqui.

A circulação de ciclistas pela av. Rebouças é um fato consumado, e vem aumentando principalmente depois que implantaram as ciclofaixas na av. da Consolação, algo que eu não teria feito. Bom, e daí, o que fazer com a Rebouças? Implantar a ciclofaixa seria uma das possibilidades, mas... confesso que não gosto, me preocupa. E lá está ela.

Pedalei subindo e descendo pelas ciclofaixas implantadas e foi tudo tranquilo. Desci pensando no que ouvi um pouco antes de um ciclista: “Não gosto de ver ciclista descendo a milhão neste estreito cheio de tachões...”

Hoje almocei com Renata Falzoni, Fabio Minori e... e... uma simpática menina (que mais uma vez não sei o nome), e Teresa D'Aprile. Conversamos exatamente sobre implantar ciclofaixas ou alcalmamento de trânsito e eles defenderam pesado a segregação repetindo em moto perpétuo "tenho filho, tenho neto, tenho medo, agora não dá, mais para frente...". “Tenho medo” é mote generalizado e até entendo, mas os números não dão razão para tal. Aliás, estranho que haja tanta história sobre acidentes em ciclovias e ciclofaixas e curiosamente também não haja números, estatísticas.

Considero segregação um erro que vai cobrar um preço mais para frente. Eu só segregaria onde não há outra alternativa, o que pode ser o caso na Rebouças; mas...

Aprendi pela vida que usar a inteligência faz bem. Aceitar o que parece óbvio nem sempre é a melhor opção. Pensar não mata ninguém. (Ou mata?) Pavlov responde? Quem sabe?

Fui diversas vezes acusado de ser "ciclista profissional (obrigado pelo elogio indevido) que não sabia ver (creio que era esta a palavra) a segurança do ciclista comum".

Caraca! pelos critérios de segurança para os ciclistas que estão adotando hoje não tenho a mais remota sombra de dúvida que eu tinha muito mais preocupações do que os que me chamavam de "ciclista profissional (agradeço, é chiquérrimo, mas é indevido)" que não pensa no ciclista comum. Eu não teria culhões para implantar muitas destas ciclofaixas estão espalhadas pela cidade, muito menos na Rebouças. Agora está quase pronta a da av. Diógenes Ribeiro, ex Estrada da Boiada, uma insanidade.

O que teria feito na Rebouças? Acalmar o trânsito, diminuindo a velocidade na descida e sinalizar a obrigatoriedade do motorista que trafega na faixa da direita de se manter atrás do ciclista até a av. Henrique Schaumann onde começa o plano, aliás, o que acontecia quando não existia a ciclofaixa. O diferencial de velocidade entre ciclista, até os mais lentos, e motorizados não é grande.

O maior problema para a segurança do ciclista é o diferencial de velocidade entre ele e o automóvel. Quanto maior o diferencial, maior a possibilidade de acidente e mais grave o resultado. Numa descida o problema é a velocidade do ciclista em si. Ciclista em alta velocidade deve manter-se longe de obstáculos. Pedalar a milhão junto ao meio fio dá arrepios em qualquer ciclista que tenha um mínimo de conhecimento do que é uma bicicleta.

Os veículos na Rebouças passam pelo HC, onde a avenida é mais larga e há um ponto de ônibus no canteiro central, em alta velocidade, e logo diminuem bem velocidade tanto pelo estreitamento da avenida quanto em razão de um radar existente próximo a al. Lorena, uns 300 metros abaixo do HC. Este trecho sempre acomodou os ciclistas entre os carros.

Deveria ser instalado um semáforo com faixa de pedestres para os inúmeros pedestres que trabalham no Hospital das Clínicas acessarem o ponto de ônibus, o que chegou a ser recomendado pelo ITDP e Michael King. Hoje os que saem pela avenida do HC cruza pela passarela e muitos trabalhadores que saem por baixo do HC, 100 metros abaixo, se arriscam no meio dos carros. Este semáforo poderia ser o acalmamento de trânsito que os ciclistas necessitam.

Subida da Rebouças: o problema é que ciclista sobe muito lento e a diferença de velocidade para o trânsito motorizado é alta, o que em termos de segurança no trânsito não é recomendável. Me preocupa a situação do ciclista, mesmo circulando em faixa segregada. 

A novidade, previsível, é que os ciclistas estão descendo a milhão pela ciclofaixa de subida.

O ciclista sobe quase na velocidade do pedestre. A calçada é bem larga em quase toda a subida, com exceção da proximidade com a Gabriel Monteiro da Silva. Na esquina da Oscar Freire tem a estação metro Oscar Freire e o cruzamento de pedestres na Rebouças é agitado, mas há espaço na calçada para trânsito partilhado. Alargar a calçada sobre a ciclofaixa e segregar o ciclista sobre a calçada, fazendo com que ele subisse o resto partilhando a calçada?

Mas, é óbvio, os ciclistas estão descendo a milhão na contramão da ciclofaixa de subida, um PQP de perigo. Como não fazer com que os ciclistas desçam a milhão pela calçada, o que já acontecia? Com acalmamentos. Ou usando o bestunto para pensar em outra solução. Educação com certeza, mas provavelmente educação dá menos ibope que ciclofaixa, então seja o que Deus quiser.

E a Rebouças no plano, entre a Brasil / Henrique Schaumann e a Euzébio Matoso, esta sim já faz tempo com muito ciclista circulando? Minha resposta está no que escrevi: a Euzébio Matoso, esta sim já faz tempo com muito ciclista circulando. As ciclofaixas terminam antes da Faria Lima e, pior, antes da Euzébio que tem um trânsito pesadíssimo. Bom, também não lembraram da ponte.

A ciclofaixa está implantada, diminuiu o espaço para os motociclistas, e olhando com calma não sei se isto será bom ou ruim, se aumentará ou diminuirá a segurança deles. Provavelmente vão demorar mais para cruzar a Rebouças, o que também não sei que consequência terá. Bom ou ruim só se definirá com a coleta de dados sobre os acidentes. À primeira vista os motociclistas estão trafegando mais devagar, o que deve diminuir os acidentes, mas esta é uma observação empírica, ou seja, sujeita a erros crassos.

Sobre a segurança dos ciclistas? Quem sou eu para falar? Como ciclista fui desqualificado; como cidadão ainda posso me manifestar e digo que o tempo dirá: o que estão fazendo é um erro. Repetindo sempre: não é quanto, é de que forma, é com qualidade. A história não mente.