sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

doce Natal, feliz Natal



As crianças estavam alegres. Uma hora antes eu havia recebido a ligação de Eric e falado com Cláudia. Podia ouvir as vozes de toda família Ferreira ao fundo, Helena, Maria e os pais de Eric. E falar com Claudia foi um presente. Passado o furacão ela está bem, falando leve e brincando como sempre. Um simples telefonema e sinto um Feliz Natal. Liguei para o Daniel e para mais ninguém, mas pensei em todos amigos, alguns que não vejo a mais de 30 anos, mas agora me veem à cabeça. Feliz Natal a todos, desta vez em silêncio.
Saio para rua pedalando num fim de tarde de 24 de Dezembro de ruas vazias, comércio já fechado. Lembro de natais passados e toda a confusão até mais que passado o último minuto. Aquilo sempre me incomodou. Não é Natal. Todos deveriam estar em casa com os seus e não comprando ou vendendo, embrulhando. Embrulhando. Embrulhos, muitos embrulhos. Viva a comida, viva o sentar todos juntos. As ruas estão tão vazias que me lembro da delícia que era pedalar na década de 70. Foi meu presente inesquecível da vida. E lembro dos natais que reuniam todos Whitaker, mais de 300 pessoas numa única casa. “Crianças não corram” era o grito mais ouvido e seguíamos correndo por todas as partes. Numa das vezes me escondi debaixo da mesa grande onde todos os mais velhos comiam. Via só pernas, calças, sapatos, a longa toalha que cobria a mesa. Um guardanapo caiu no chão e uma carona me descobriu. “O que está fazendo ai? Vai brincar com seus primos”.
Cada Natal com sua história.
Este Natal de 2015 é mais morto que vivi. Pedalando ou caminhando pela cidade sempre é possível ouvir ou ver pequenos detalhes dos convivas festejando através das janelas, nas sacadas e terraços. Caminhei solitário de uma festa de Natal para outra. Quero ver todas famílias, todos amigos, pelo menos tento. “Emedaram o fim de semana (com o Natal), por isto (a cidade está completamente vazia).” De qualquer forma é estranho, triste. Passei pela av. Paulista na esquina onde até o ano passado um banco montava um dos Presépios mais concorridos de São Paulo. Não há Presépio, a casa está cercada por grades, não é mais um banco, e mais triste, de lá se vê que a Paulista não terá o palco de shows para o Ano Novo. Foram-se todos e onde estejam espero que passem bem as festas.
Exagerei, exagerei para valer. Repeti o mil folhas 3 vezes bem servidas, pavê de doce de leite e bolo de chocolate mais duas. A comida nos une; gula é pecado; ninguém é de ferro, hoje é festa, amanha será uma puta ressaca.
Meu tio chamou toda a família e com uma grande felicidade anunciou a gravides de Mariana. Lá vem mais uma vida sagrada nesta família. Bem vinda!
Voltei caminhando para a primeira festa de Natal. Fazer a digestão, eis a questão. Os doces saem pelos ouvidos. Pelo amor de Deus, alguém me serve um expresso? Chego e vejo a família no portão se despedindo. As crianças estão felizes, é o que importa.

Feliz Natal a todos

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