E vou desejar o que? Que o 2024 seja uma merda? A bem da verdade nem para os inimigos; seria de uma burrice extrema.
Então vou passar num réveillon, que gosto tanto que sei lá como se escreve? Felizmente não. Acho um porre. Não gosto de champagne, que na verdade é um frisante, portanto a festa já começa com uma meia verdade. Sinto dores no ouvido quando os convivas desandam a cantar "Feliz Ano Novo, adeus ano velho...". Os abraços... ai! os abraços, a maioria é sincera, deliciosa, mas tem alguns que mesmo que tente disfarçar saem rápidos, só encostados, desfazendose o mais rapidamente possível. Como é bom dar um abraço apertado, daqueles que grudam, e como é difícil ser cínico nesta hora, do abraço. Não dá para disfarçar, principalmente quando o próximo será para valer.
De vez em quando a gente comete deslizes que caem na mais explícita sinceridade. Na fila de cumprimentos de uma missa de sétimo dia dei um beijo triste na viúva e olhando nos olhos dela dei o parabéns, o que gerou um sincero sorriso de "acertou na mosca" com uma contenção providencial de uma gargalhada de desabafo, porque não dizer alegria. O finado pelo jeito estava mais para defunto, e pelo esforço da viúva em manter-se dentro dos ditames sociais, eu diria que o desejo não era só dela, mas de muitos que ali estavam, que o teriam chamado sem constrangimento de presunto, e se fosse defumado já iria queimando para o inferno. De qualquer forma o que estava atrás de mim na fila de cumprimentos riu baixinho de minha suposta gafe e um pouco mais a frente desfez meu mal estar segurando meu braço e falando em voz bem audível: Foi tarde! Pena que não tenha ido muito antes!
2023 não foi tão ruim assim. Foi um tanto atropelado. Quando me dei conta já era Natal. E não só eu, um monte de gente viu o calendário voar. Como assim, Natal? talvez tenha sido a conversa mais frequente nestes últimos dias. Não é o caso de se olhar para o ano que se vai como um presunto, nem como um defunto, mas como um ano que passou tão rápido que... Alguém viu 2023 por aí?
2024 vem chegando com ventos bem mais promissores. Assim espero. Assim esperamos.
Está decidido, como em anos passados vou passar dormindo. Provavelmente acordarei com o foguetório, mas volto a dormir em paz. Eles que se divirtam.
01 de janeiro, o vulgo primeiro de janeiro, é o melhor momento do ano para quem gosta de uma vida calma numa cidade tranquila, uma espécie de bom presságio para o que se deseja que venha. O hospício chamado São Paulo vira um paraíso. Na manhã de 01 de janeiro deste ano que agora acaba, eu, de farra, deitei e tomei banho de sol no meio de uma rua muito movimentada durante o resto do ano. Por uns bons 30 minutos não passou um carro, e quando apareceu, o sujeito diminuiu, desviou, parou do lado, abriu o vidro e perguntou sorrindo se eu queria companhia. "Bem vindo". Ele disse que ia pegar uma caipirinha e já voltava. Espero que tenha voltado com cadeira de sol, infelizmente não pude esperar.
A todos, independente, que tenham um bom 2024, com alegrias e tristezas equilibradas. Extremos faz mal.
Meu maior desejo é que em 2024 o nós e eles vá desaparecendo e no final se restrinja ao grupelho.
Unidos venceremos. Paz. Somos todos humanos, diferentes, mas tão iguais.
Feliz Ano Novo, sem cantoria, por favor, ficando só nos bons votos.
Abraços e beijos, sinceros