Como seria se o Brasil caísse na guerra civil que imaginavam, pretendiam, desejavam alguns e preocupou tantos? O que você faria se sua cidade entrasse em colapso? Como sobreviveria, como conseguiria comida, água e outros itens os mais básicos possíveis? Como cuidaria da segurança sua e dos seus? Não preciso ir tão longe; o que você deve fazer se estiver com sua família no meio de um tiroteio com fuzis? O que faz se errar o caminho e entrar numa favela a noite com seu carro? O que faria numa enchente, desmoronamento, tornado, ou em qualquer situação sobre a qual não tivesse controle?
Perguntas mais bestas? A temporada de enchentes começou em Santa Catarina e Blumenau já submergiu. Aqui em São Paulo Socorro também inundou. Os catarinos estão acostumados (?!?) e aprenderam a lidar com a situação, assim como tem muito carioca que se acostumou com tiroteio, mas e nós que vivemos nesta aparente tranquilidade?
Como você lida com a queda da Internet? E se cair por mais de 10 minutos? Ficar instável? Situação besta que já leva ao chilique muita gente, muita gente.
Estamos doutrinados para o marasmo, a vida na alegria, as coisas fáceis na mão. Não somos treinados para controlar situações adversas. Você já participou de algum treinamento dos bombeiros para situações de incêndio?
Um dos livros que ainda procuro para ler é como sobreviver numa situação de caos completo, como está vivenciando a população no meio da guerra na Ucrânia. Consegui um livro que conta a história do que foi para a população europeia civil viver durante e depois da II Guerra Mundial e acho que vou pega-lo hoje. Não faço ideia do que me aguarda.
Por que pensar no pior? Não, a ideia não é esta.
Definitivamente não sou neurótico, paranoico ou apavorado, simplesmente acho que situações anormais podem fazer, melhor, fazem parte da vida e é bom ter pelo menos uma noção de como lidar com elas. E não tenho a menor sombra de dúvida que aprender técnicas avançadas ou extremas faz com que a gente tenha mais controle nas coisas mais triviais do dia a dia.
Absolutamente ninguém sabe ao certo o que vem pela frente, mas todos sabem que tocar a vida não vai ser a moleza que vivemos hoje. Este meio século pós II Guerra Mundial foram os mais leves, os mais fáceis de viver da história da humanidade até mesmo para os mais pobres e necessitados; não sou quem diz, mas historiadores e especialistas.
Saber além, ter conhecimento mais aprofundado, sempre é muito melhor que ser pego de calças abaixadas.
Lembrei de uma história que vai quebrar o clima aqui. Tínhamos voltado da praia, Tina pediu para ser a primeira a tomar banho, ficamos todos na sala. Pouco depois ouvimos urros desesperados de Tina que entra correndo na sala completamente nua e apavorada. Minha irmã a cobriu com sua tanga e meu irmão foi ver o que a tinha apavorado. Ela sentou na privada sem ver que tinha uma perereca que pulou e grudou na bunda dela. A situação gerou gargalhadas por todo dia, nada mais.
Quantas pessoas tem pavor de barata, rato, cobra...? Tina não tinha medo de sapos ou pererecas, mas foi pega desprevenida, saiu correndo e gritou. Numa situação de real emergência teria sido o primeiro passo para aumentar as consequências do acidente. Sair correndo de um bujão de gás pegando fogo só aumenta os riscos de um acidente grave. Um simples pano de chão molhado resolve o problema, basta joga-lo sobre o fogo, simples assim. Já passei por esta situação, fugiram gritando todos, exceto um metalúrgico treinado para este tipo de incêndio.
Quando falo em saber lidar com situações extremas e sobrevivência não falo em virar um Rambo, Tarzan, super-herói, pegar em armas, sair atirando, virar um personagem de filme de ação de Hollywood, mas conhecer técnicas básicas que podem ajudar hoje, agora, já, no dia a dia. Conhecer o básico é ter posicionamentos de vida mais práticos, a pensar estratégias de ação no dia a dia em bases mais solidas, organizar as atividades de maneira mais produtiva; e numa eventualidade excepcional ter uma ideia de como agir.
Meus netos não são meus netos, são agregados, netos de coração. Não tenho poder legal sobre eles, se o tivesse eu os faria, no mínimo, fazer um intercâmbio com um favelado, eles lá, o favelado cá, ou quem sabe manda-los para a periferia do Rio, antes ou depois de um intercâmbio internacional, não sei bem, para entenderem é o que o "real life". E ainda procuro um livro sobre procedimentos básicos de sobrevivência em conflitos.
Outro dia conversando com Tereza sobre netos ponderamos o que os prepararia melhor, se uma vida de boa qualidade ao estilo classe média chuchu beleza ou que se virem a partir (de praticamente) zero. Fato é que a concorrência que eles vão enfrentar daqui para frente será brutal e que ficar indo do condomínio fechado para a escola particular com segurança, dali para o shopping, de lá para o clube, de volta para casa para o game e o celular..., enfim, ficar na vidinha de classe média pode não ser um tiro nos dois pés juntos.
Educação, vivência e treinamento: uma dá as bases, viver mostra a realidade, treinamento limpa ou minimiza os erros; vale para os esportes, vale para a vida, vale para a responsabilidade coletiva, vale para a sobrevivência.
Bem no comecinho desta guerra estúpida na Ucrânia coloquei no papel um breakdown com pontos que me vieram à cabeça de bate pronto. Passado todo este tempo de barbáries tenho certeza que jamais conseguiria e ainda não consigo ter um olhar minimamente inteligente sobre a devastação que vem acontecendo e sobre a loucura que a vida de todos, os que fugiram e os que ficaram, está sendo. A pergunta que me faço é o que faria para proteger os meus e sobreviver.
notícia
tomar conhecimento dos fatos em várias fontes
tentar checar os fatos
dialogar, saber como estão os outros,os vizinhos, parentes, o que pretendem
acalmar, pensar alternativas,
se possível dividir opiniões, ouvir os outros, anotar, trabalhar em conjunto, em grupo
ver os buracos do que foi colocado, o que não faz sentido, do que foi dito e pensado - colocar no papel
se possível parar por um tempo, guardar distância e tentar desligar
rádio de pilha
lanterna de pilha
e muitas pilhas
ouça, veja, sinta
prestar atenção nos animais e pássaros
olhar nuvens
tempo do som - 337 m a cada segundo; 1.000 metros = 3 segundos
óculos e óculos reserva
preparar o local onde está ficando ou saindo
o que é necessário e o que dispensável
onde colocar cada uma das coisas necessárias ou não - perto da porta?
não misturar
caso esteja em grupo definir tarefas e objetivos
quanto tempo de reação e início de ação
organizar a saída, necessário e não necessário - estrito necessário
antes de começar agir, olhar, respirar, pensar, revisar
sair ou ficar?
do lado de fora repassar tudo - o famoso "não esqueci nada?"
(procedimentos que se deve fazer antes de uma viagem de férias, mas poucos de nós fazemos)
mínimo necessário
básico de sobrevivência
água, comida, remédios básicos, higiene
roupas próprias para a situação, cobertores, capa chuva...
olhar para os seus
levar em consideração habilidades específicas de cada um
sentir, acalmar, ponderar individualmente
prioridades: quem vive, quem sobrevive, quem vai primeiro, quem leva o que...
quem não consegue
quem vai junto
o que vai junto
porque vai junto
quantos vão juntos
perfil de cada um
quem é independente, quem é dependente
dar conhecimento sobre o que o espera
orientar sobre o que é real e o que fantasia
a caminho
respirar, baixar a ansiedade
pensar próximo passo
quem está junto, como anda, como está a cabeça
olhar a paisagem - ver as pessoas - procurar informações não faladas
condições meteorológicas
tempo de viagem, distância, condições do caminho
condição emocional dos outros
em que estágio estavam as economias de Ucrânia e Rússia?
pobreza
cidades
periferias
estabilidade social
projetos de transformação dos espaços públicos e privados
transportes
aquecimento
meio ambiente
distribuição alimentos
educação
crianças / jovens / adultos / idosos / deficientes
homens / mulheres / outros
estabilidade emocional agora > tempo de perda de estabilidade
efeitos psicológicos da pandemia
efeitos psicológicos das notícias / realidade
estar acostumado a tudo fácil > reação aos tempos de privação
corrupção
força pública
governos / prefeituras
gabinetes de guerra / urgência